As sete medidas da TAP para enfrentar a vaga de cancelamentos
A comissão executiva responsabiliza o controlo de tráfego aéreo e o "handling" por 40% dos cancelamentos. Medidas incluem redução no número de bilhetes vendidos.
Os cancelamentos no aeroporto de Lisboa têm sido diários. Uma visita à página das partidas e chegadas no site da ANA indicam 12 cancelamentos, cinco deles da TAP. A situação levou a comissão executiva da transportadora aérea a fazer um ponto de situação numa mensagem aos trabalhadores, onde refere várias medidas já adotadas. Uma delas é a redução na venda de bilhetes, medida que está a ser tomada também por outras companhias.
A equipa liderada por Christine Ourmières-Widener começa por assinalar que a TAP não é “a única companhia da Europa com grandes índices de disrupção”, existindo outras transportadoras e aeroportos com “cancelamentos duas ou três vezes superiores”. No caso particular da TAP, cerca de 40% dos cancelamentos “têm origem no Controlo de Tráfego Aéreo (ATC) e no handling, não só em Lisboa, como também noutros aeroportos europeus”, aponta a mensagem a que o ECO teve acesso.
A CEO informa que para fazer face à situação foi criado um grupo de trabalho interno, “com o objetivo imediato de identificar as principais ações a tomar e estreitar o contacto com todos os stakeholders, para que rapidamente possamos melhorar o nosso serviço e a satisfação dos nossos clientes”.
Algumas medidas, diz a companhia, estão já em prática:
- Contratação de 70 tripulantes de cabine até ao final do verão, em regime temporário, “para fazer face ao pico de absentismo e consumo de recursos pela disrupção atual”. Ao que o ECO apurou o absentismo chega aos 20%, o que por vezes compromete a possibilidade de ter o número mínimo de tripulantes para o voo se realizar.
- A Groundforce, a empresa que faz o handling da TAP, “desencadeou um plano de contingência para reter e recrutar mais trabalhadores e equipamentos“.
- A implementação pela NAV e a Força Aérea Portuguesa de um protocolo para a otimização do uso do espaço aéreo e consequente redução dos atrasos devido ao controlo de tráfego. A nova carta de operações entrou ontem em vigor e prevê “cedências de espaço em períodos temporais nas áreas militares de Monte Real e de Sintra”, o que permitirá “novas rotas de acesso ao espaço aéreo nas áreas circundantes ao aeroporto Humberto Delgado”.
- No âmbito do Acordo de Emergência, os trabalhadores da Manutenção e Engenharia têm uma redução no horário de trabalho. A comissão executiva diz que está em discussão o regresso ao regime de full time, o que também permitirá reforçar a operação. Alguns cancelamentos têm tido origem na indisponibilidade de aeronaves devido justamente à manutenção.
- A pressão acrescida sobre os colaboradores será recompensada, promete Christine Ourmières-Widener, através de “um programa para premiar o esforço dos trabalhadores operacionais da TAP”.
- A companhia aérea tem vindo a recorrer a aeronaves em regime de ACMI (sigla em inglês para avião, tripulação, manutenção e seguro). Uma espécie de serviço tudo incluído, que já foi contratado com a Air Bulgaria e Eastern, tendo motivado críticas dos pilotos. A estes junta-se também a Hi Fly, contratada durante um mês para operar nas rotas de Punta Cana (rota sazonal), Varsóvia e Viena (potencial adicional de carga). Esta solução permite “libertar avião para recuperar atrasos e cancelamentos”, aponta a TAP.
- À semelhança de outras companhias aéreas, a TAP está também a ajustar a capacidade para alguns destinos. Está também a proceder ao “bloqueio de vendas adicionais, por forma a ter espaço para reacomodar os passageiros com voos cancelados”.
Numa entrevista ao Jornal de Notícias, publicada hoje, Christine Ourmières-Widener afirma que a “disrupção” deverá continuar por mais algumas semanas: “A nossa previsão é de que de julho a meados de agosto continue a haver problemas de cancelamentos. Esperamos que em meados de agosto esteja mais estabilizado”.
A presidente executiva reconhece que os cancelamentos vão ter impacto nas contas da TAP. “Quando se cancela um voo, temos de pagar compensações e cumprir os regulamentos europeus. Isto não é bom para nenhuma companhia, porque tem impacto na reputação, na imagem, na fidelização do cliente…”, afirma na entrevista.
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