Mota-Engil monta programa para recrutar trabalhadores em África
Projeto da construtora para combater falta de mão-de-obra e “imigração irregular e de risco” começa com formação no país de origem e acaba com um contrato, visto e integração nas obras em Portugal.
A Mota-Engil estabeleceu uma parceria com o Instituto de Formação dos Países de Língua Oficial Portuguesa (IF-CECPLP) para promover a integração em Portugal de trabalhadores dos países da CPLP. O primeiro grupo de operários contratado ao abrigo deste programa, proveniente da Guiné-Bissau e especializado nas áreas da carpintaria e alvenaria, vai ser integrado em três obras que a empresa está a desenvolver em Lisboa.
“Com uma seleção criteriosa, a iniciativa da Mota-Engil e da IF-CECPLP decorrerá com um programa de formação e capacitação no país de origem dos trabalhadores, facilitando a sua integração social e profissional em Portugal, contribuindo, desta forma, para o combate à imigração irregular e de risco e com vista à resolução da necessidade de trabalhadores no setor da construção civil em Portugal”, refere a empresa nortenha.
Numa nota enviada ao ECO, a construtora liderada por Gonçalo Moura Martins sublinha que estes trabalhadores vão ser integrados na empresa com um contrato de trabalho e visto de trabalho de um ano (renovável), acrescentando que este programa pretende igualmente “fortalecer as relações bilaterais, promovendo o acordo de mobilidade entre os países dos Estados Membros da CPLP”.
A apresentação desta parceria está agendada para o dia 20 de julho, às 10h, no Estaleiro da Mota-Engil no Porto Alto (Samora Correia), estando prevista a presença dos secretários de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, e dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André; do secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa; e ainda do presidente do conselho de administração do Grupo Mota-Engil, António Mota.
A Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), que está a concluir o processo de fusão com a lisboeta AECOPS, reclama que este setor, que emprega cerca de 400 mil pessoas, sofre com a escassez de mão-de-obra desde 2008. O organismo liderado por Manuel Reis Campos estima que neste momento faltam perto de 80 mil trabalhadores para dar resposta às necessidades atuais das empresas portuguesas.
Novos concursos em África
Em junho, a empresa anunciou ter vencido um contrato na Guiné para a construção de um estádio para a Taça das Nações Africanas e outras estruturas, com início previsto para julho de 2022 e duração de 24 meses. Já na semana passada, o governo nigeriano colocou a construtora sediada no Porto entre as 16 empresas pré-selecionadas para a privatização de cinco projetos energéticos neste país em que está presente desde 2018 e obteve o maior contrato de sempre: a construção de uma linha ferroviária, no valor de 1.820 milhões de dólares.
No ano passado, a Mota-Engil reportou um crescimento do volume de negócios de 9%, para 2.656 milhões de euros, passando de prejuízos a lucros de 22 milhões, dos quais resultaram a proposta de distribuição de 15,9 milhões aos acionistas, num dividendo de 5,175 cêntimos por ação. Em assembleia-geral foi já aprovada a possibilidade de virem a ser entregues quase 5,3 milhões de euros adicionais no próximo outono (1,725 cêntimos por ação), caso o grupo venha a obter lucros superiores a 10,8 milhões nos primeiros seis meses de 2022.
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