Dona do Pingo Doce lucra 261 milhões de euros, mais 40% em seis meses
Na primeira metade do ano, o grupo retalhista Jerónimo Martins, que tem também operações na Polónia e na Colômbia, viu o resultado líquido crescer 40% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os primeiros seis meses do ano foram de ganhos para a Jerónimo Martins. A dona do Pingo Doce comunicou uma subida dos lucros de 40,3%, com o resultado líquido a ascender a 261 milhões de euros e a comparar com os 186 milhões que tinha registado no mesmo período de 2021.
Entre janeiro e junho, as vendas consolidadas do grupo retalhista de origem portuguesa, que tem operações também na Polónia e na Colômbia, ascenderam a 11,9 mil milhões de euros. Equivale a uma subida de 20% em termos homólogos, de acordo com a informação prestada à CMVM, na qual reporta um crescimento de 19,1% do EBITDA do grupo que em Portugal detém o Pingo Doce e o Recheio.
Num “contexto de muita incerteza, com elevada inflação alimentar, uma crise energética sem precedentes neste século e disrupções ao nível das cadeias de abastecimento internacionais”, sublinha Pedro Soares dos Santos, este desempenho “reflete o acerto da aposta estratégica na defesa da competitividade de todas as companhias do grupo e a resiliência das suas próprias cadeias de abastecimento, bem como dos modelos de eficiência com que [opera]”, notando que o grupo está a “investir em margem como forma de mitigar o aumento dos preços alimentares e os seus efeitos no comportamento dos consumidores”.
“Apesar da acentuada queda da confiança dos consumidores polacos, o mercado alimentar na Polónia continuou resiliente, enquanto em Portugal e na Colômbia a inflação generalizada teve impactos mais imediatos sobre o consumo. Já a crise energética acarreta aumentos continuados e significativos nos custos de eletricidade e dos transportes, que exigem um foco acrescido das equipas na gestão rigorosa da produtividade e da eficiência. Esta situação aconselha prudência quando projetamos a evolução da inflação em geral e as suas consequências socioeconómicas”, avisa o presidente e administrador-delegado.
O esforço de contenção dos preços de venda será mantido, num contexto em que a inflação ao nível dos custos aumentará a pressão sobre as margens percentuais das insígnias.
E face aos efeitos do aumento da inflação e das taxas de juro no rendimento disponível das famílias e na confiança dos consumidores, Soares dos Santos refere nesta nota que “a competitividade de preço e a criação de oportunidades de poupança adicional tornam-se ainda mais preponderantes na agenda comercial e de marketing” destas marcas. E promete que “o esforço de contenção dos preços de venda será mantido, num contexto em que a inflação ao nível dos custos aumentará a pressão sobre as margens percentuais das insígnias” do grupo.
A dívida líquida da Jerónimo Martins ronda 1,9 mil milhões de euros, sublinhando o grupo que “o balanço permanece sólido, com a posição líquida de caixa (excluindo responsabilidades com locações operacionais capitalizadas) a cifrar-se em 593 milhões de euros no final de junho, já após o pagamento de 493 milhões de euros de dividendos realizado em maio“. O investimento rondou os 318 milhões nos primeiros seis meses deste ano.
Inflação pressiona consumo em Portugal
Em Portugal, a subida generalizada dos preços pressionou o consumo e originou trading down no setor alimentar (redução do número de artigos ou da qualidade, para diminuir o valor do cesto), tendo aumentado o peso das marcas próprias nas vendas totais. No caso do Pingo Doce, que na primeira metade do ano abriu três lojas e encerrou uma localização, as vendas cresceram 8,5% (+10,9% no segundo trimestre), para atingir os 2,1 mil milhões de euros.
Já o Recheio beneficiou com a recuperação do canal Horeca, contabilizando uma faturação de 513 milhões de euros. Ficou 29% acima dos primeiros seis meses do ano passado, que tinham ficado marcados pelas restrições ao funcionamento destes estabelecimentos de hotelaria e restauração, e pela quase ausência de atividade turística também por causa da pandemia.
Na Polónia, “a assertividade com que [a rede de supermercados Biedronka] assumiu o seu papel de ‘escudo anti inflação’ contribuiu decisivamente para o aumento das vendas em moeda local em 21,3% nos primeiros seis meses de 2022”, assinala no comunicado à CMVM. A outra insígnia polaca, a cadeia de beleza Hebe, beneficiou do levantamento de todas as restrições relativas à pandemia e registou igualmente um crescimento de vendas de 34,7% em moeda local (+40,4% no 2T).
Finalmente, na Colômbia, onde a inflação alimentar se mantém acima de 20%, a Ara “investiu em preço como forma de transformar as circunstâncias numa oportunidade para fortalecer a sua posição de mercado e o reconhecimento por parte dos consumidores”. Em moeda local, as vendas da retalhista sul-americana refletiram um aumento de 70,1% nos primeiros seis meses do ano.
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