Sánchez diz que banca e energia beneficiam com inflação e têm obrigação de ajudar
Numa altura em que a inflação atinge o valor mais alto em 38 anos, Sánchez defende que os bancos e as energéticas que beneficiam dos aumentos têm "a obrigação" de ajudar Espanha a sair desta crise.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse hoje que os bancos e as empresas energéticas estão a beneficiar com o aumento dos preços e que têm “a obrigação” de ajudar Espanha a sair desta crise.
“As dificuldades da maioria não podem ser as alegrias de uma minoria”, disse Sánchez, a propósito do imposto extraordinário e temporário que o Governo espanhol decidiu aplicar aos maiores bancos e companhias do setor da energia, sobre ganhos com juros e comissões e sobre as vendas em 2022 e 2023.
Para o líder do Governo espanhol, uma coligação do partido socialista (PSOE) com a plataforma de esquerda Unidas Podemos, trata-se de fazer uma “partilha mais justa” dos custos da guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com uma invasão da Rússia.
Sánchez lembrou “o impacto tão duro, tão contundente no custo de vida” que tem a escalada da inflação, agravada pela guerra na Ucrânia, depois de dois anos de pandemia e recordou as medidas que Espanha tem tomado para tentar responder à subida dos preços, com uma inflação que em julho se situou, no país, em 10,8%, o valor mais alto em 38 anos, segundo dados conhecidos hoje.
O Governo espanhol já adotou, desde o início da guerra, medidas de apoio a famílias e setores mais afetados pela inflação no valor de 30 mil milhões de euros, o equivalente a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) de Espanha, segundo Sánchez, que garantiu que sem estes apoios, a inflação estaria agora nos 15%.
O imposto sobre as maiores empresas do setor da energia e sobre os maiores bancos é, neste contexto, “uma medida de justiça social” e também uma “obrigação”, defendeu o chefe do Governo espanhol, que lembrou as ajudas estatais aos bancos na última crise financeira.
“Podem e devem ajudar o país a sair desta situação, exatamente como Espanha ajudou os bancos a sair da crise financeira e exatamente como estão a fazer outros países europeus”, afirmou, numa conferência de imprensa em Madrid para fazer um balanço do primeiro semestre de governação.
A banca e as empresas do setor da energia criticam o novo imposto, negam lucros extraordinários associados à inflação e ponderam recorrer à justiça para evitar a sua aplicação.
Para os bancos, o novo imposto é mesmo contraproducente, por retirar capacidade aos bancos de ajudar a economia num contexto de crise.
Espanha quer limite sobre preço das licenças de emissão de carbono
O Governo espanhol vai enviar uma proposta à Comissão Europeia que visa limitar os preços das licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2), numa tentativa de conter os aumentos dos preços da energia e os efeitos sobre a inflação.
Pedro Sánchez anunciou a medida esta sexta-feira, durante uma conferência de imprensa, onde explicou que o objetivo é propor “uma nova intervenção no mercado de energia com um teto sobre o preço de emissão de CO2” nos 27 Estados-membros, acrescentando que o seu governo também enviará ao executivo comunitário uma proposta para “reformar o mercado de eletricidade”. “Estas são medidas que vão ajudar a dobrar a curva da inflação e beneficiar a Espanha e a Europa”, disse Sánchez.
O preço sobre as licenças de carbono tem como objetivo fazer com que os poluidores assumam um custo proporcional às suas emissões de CO2, incentivando-as, assim, a reduzi-las.
No mesmo momento, o primeiro-ministro também anunciou que governo apresentará um novo plano de poupança energética na segunda-feira, mas não adiantou detalhes.
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