Yerbo. Esta plataforma quer combater burnout das equipas tech
Português Francisco Vieira Mendes é o responsável pelo crescimento da Yerbo, plataforma para gerir o bem-estar mental dentro das equipas de tecnologia e evitar cenário de esgotamento.
Nasceu em plena pandemia e quer ajudar a combater o burnout nas equipas tech. Mas não só. A Yerbo, conta já com mais de 200 mil utilizadores, sobretudo na América do Norte e da América Latina, e tem o português Francisco Vieira Mendes entre os fundadores.
“Construímos um software que permite a gestão do bem-estar mental dentro das equipas de tecnologia e não só. Também trabalhamos com pessoas que estão em frente ao computador para evitar esgotamento crónico laboral (burnout) e também para proativamente gerirem o seu bem-estar. Assim, poderão atingir os seus objetivos de alto desempenho, que continuam a ser necessários, mas evitando os comportamentos que podem levar ao esgotamento”, explica o português, Francisco Vieira Mendes, um dos fundadores da plataforma.
A startup foca-se no indivíduo e nas suas equipas. “Quando a situação chega aos recursos humanos, normalmente já é demasiado tarde”, nota Francisco Vieira Mendes.
A Yerbo conta com a opção gratuita e a versão paga. A opção gratuita marcou o arranque da startup, em março de 2020, com o lançamento do Burnout Index. “É um índice que permite a qualquer pessoa, de forma gratuita, aferir o seu risco de estar num processo de stress crónico laboral”. Nas primeiras duas semanas, 100 mil pessoas participaram no inquérito, que coincidiu com a eclosão da Covid-19 no mundo.
O produto definitivo da tecnológica foi disponibilizado no mercado no final de 2020 e é de uso individual. A plataforma conta com três secções de perguntas, elaboradas por uma equipa de ciência comportamental: “na primeira, os utilizadores indicam como se estão a sentir e abrem as suas emoções. Depois, medimos a questão do compromisso laboral com três fatores: foco, propósito e energia. No final, medimos o risco de esgotamento.”
Com mais de 200 mil utilizadores, a solução também emite alertas preventivos, caso alguém esteja com um nível de exaustão superior a um determinado patamar durante duas semanas. “Damos um alerta ao utilizador porque pode estar em risco de um esgotamento e sugerimos ações para combater isso — temos uma biblioteca de programas para trabalhar cada um destes fatores, como a exaustão e a auto-ineficácia.”
A versão paga conta com uma mensalidade e permite a um líder trabalhar com a sua equipa, embora os dados sejam anónimos. “Com base na informação coletiva, criamos um guião para a próxima conversa entre líder e um dos trabalhadores. Escolhendo alguém dentro da empresa, o sistema sugere que tópicos podem ser conversados durante uma reunião e com base nos dados dos inquéritos coletivos.”
América é o mercado e há mais capital a caminho
Até agora, a Yerbo tem apostado, sobretudo, nos mercados dos Estados Unidos e do Brasil, onde conta com alguns clientes corporativos. “Chegamos às empresas depois de os trabalhadores terem começado a preencher os inquéritos.”
O trabalho é totalmente remoto porque “o talento chega de qualquer lado” e “pode-se ser produtivo em qualquer tipo de ambiente”. Para Francisco Vieira Mendes, não haveria hipótese de implementar o modelo de trabalho híbrido. “A maior dificuldade seria termos 90% da equipa presencial e os restantes estariam espalhados, porque torna mais difícil as pessoas serem parte integrante da equipa.”
Com cerca de 650 mil euros já arrecadados, a Yerbo prepara-se para levantar uma ronda seed (semente) com um objetivo claro. “Aumentar a equipa e dar mais resposta ao mercado. Queremos ser 25 pessoas até ao final de 2023 para podermos dar resposta aos pedidos dos nossos utilizadores”. Maior automatização da plataforma e integração noutras aplicações são os principais pedidos dos clientes.
Do Porto para Bogotá
Natural do Porto, Francisco Vieira Mendes é a única pessoa da Yerbo na Colômbia, país onde esteve pela primeira vez há praticamente dez anos, no âmbito de uma candidatura ao programa internacional de estágios InovConacto. “Entrei na edição de 2013 e fui para Bogotá trabalhar para uma empresa de software de recursos humanos.”
Seis meses depois, o empreendedor foi contratado e, entretanto, tornou-se sócio da empresa tecnológica, criando toda a estratégia de marketing e de vendas. Em 2015, Francisco trouxe a empresa para Portugal, ocupando um escritório na comunidade de empresas tecnológicas Founders Founders, no Porto.
Mais tarde, Francisco acabou por voltar para Bogotá e acabou por ajudar a fundar a Yerbo, por causa do “histórico familiar de esgotamento”.
O regresso à Invicta não está a ser considerado, por questões pessoais. “Gosto muito de vir ao Porto mas também já sinto Bogotá como parte da minha vida.” Mais depressa, o empreendedor português admite vir a ser um nómada digital durante alguns meses e continuar a contribuir para prevenir problemas de saúde mental no mundo tecnológico.
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