Fed sobe taxa de juro em 75 pontos base para 4%
Jerome Powell, presidente da Fed, anunciou esta quarta-feira mais um aumento de 75 pontos base da taxa de juro do dólar, mas deu a entender que a subida das taxa de juro pode estar perto do fim.
A Reserva Federal norte-americana (Fed) aumentou novamente a taxa de juro de referência do dólar 75 pontos base para o intervalo 3,75% – 4%, o valor mais elevado desde dezembro de 2007, pouco antes de rebentar a crise do subprime.
A decisão tomada esta quarta-feira marca o sexto aumento da taxa de juro do dólar desde janeiro por parte do Comité Federal do Mercado Aberto da Fed (em inglês FOMC) e a quarta subida “jumbo” (de 75 pontos base) consecutiva. A Fed revelou ainda que a decisão foi tomada de forma unânime entre os vários membros da FOMC.
"Acreditamos que serão necessários aumentos contínuos das taxas de juro para alcançar uma posição política suficientemente restritiva para acabar por regressar a inflação para os 2%.”
O aumento de 375 pontos base da taxa de juro do dólar este ano só é comparável à escalada que Paul Vocker, enquanto presidente da Fed na década de 1980, potenciou há mais de 30 anos.
Por detrás da atual agressiva política monetária da Fed está a necessidade de estancar a taxa de inflação mais elevada nos EUA dos últimos 40 anos. E por essa razão a Fed reafirma que “o Comité está fortemente empenhado em devolver a inflação ao seu objetivo de 2%”, lê-se no comunicado publicado no site da Fed.
Com a maior economia do mundo a apresentar atualmente os valores mais baixos de desemprego dos últimos 50 anos e a Fed a não dar sinais de abrandar no combate à inflação, esta subida “jumbo” já era há muito antecipada pelo mercado.
Taxas de juro sobem numa escalada a pique desde janeiro
Fonte: Reuters.
A maior expectativa entre os investidores para a reunião desta quarta-feira da FOMC não era tanto se a taxa de juro iria ou não subir 75 pontos base, mas ler os sinais que Powell daria em relação à política monetária para os próximos meses, nomeadamente no que concerne ao ritmo que a autoridade monetária dos EUA pretende continuar a aumentar a taxa de juro. E neste campo, Powell não foi tão claro quando seria de esperar.
“Acreditamos que serão necessários aumentos contínuos das taxas de juro para alcançar uma posição política suficientemente restritiva para acabar por regressar a inflação para os 2%”, refere a Fed em comunicado.
Os futuros sobre a taxa de juro do dólar estão a apontar para que a taxa de juro do dólar suba até perto dos 5% até maio, significando que em dezembro poderá haver uma subida nova subida entre 75 e 50 pontos base
Apesar de não fazer qualquer projeção para a economia americana, os mercados leram as palavras de Powell como uma sinalização de que a Fed deverá começar a abrandar o ritmo de subida das taxas de juro já a partir da próxima reunião, que terá lugar em dezembro.
Os futuros sobre a taxa de juro do dólar estão a apontar para que a taxa de juro do dólar suba até perto dos 5% até maio, significando que em dezembro poderá haver uma subida nova subida entre 75 e 50 pontos base e em janeiro possa abrandar até à concretização de um último aumento, desta feita de 25 pontos base. A partir daí o mercado antecipa que a taxa possa manter-se estável durante algum tempo até a inflação estabilizar.
A mensagem de Powell foi particularmente bem recebida pelos investidores, com a yield das obrigações do Tesouro, particularmente a linha a dois anos a registar uma correção. O mesmo sucedeu junto dos principais índices acionistas americanos a passarem para terreno positivo após a declaração do presidente da Fed, depois de terem estado todo o dia a cair entre 0,2% e 1%.
No centro da política da Fed está também a intenção da autoridade monetária dos EUA continuar a reduzir a sua carteira de obrigações do Tesouro, como está descrito nos planos de redução do tamanho do balanço da Reserva Federal, que foram publicados em maio.
Na orientação da política monetária da Fed, não passa despercebido o facto de a curva de rendimentos dos EUA estar atualmente invertida, com a yield das obrigações do Tesouro norte-americano de mais curto prazo a apresentar valores acima das obrigações de longo prazo.
Por exemplo, de acordo com dados da Reuters, a meio da tarde desta quarta-feira as obrigações a 2 anos estavam a negociar com uma yield de 4,6%, enquanto as obrigações a 10 e a 30 anos apresentam uma taxa de 4,3% e 4%, respetivamente.
Este comportamento das taxas das obrigações revela que os investidores acreditam que o Tesouro norte-americano apresenta um maior risco creditício no curto prazo face ao longo prazo. Trata-se de uma situação incomum e vista no plano económico como um sinal de uma potencial recessão.
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