Amorim encaixa 270 milhões com venda da Tom Ford à Estée Lauder
Grupo Américo Amorim alienou a participação de 10% que tinha na empresa criada pelo designer norte-americano, que acaba de ser vendida à gigante mundial de beleza e cosmética Estée Lauder.
O Grupo Américo Amorim prepara-se para encaixar um valor a rondar 270 milhões de euros com a venda da Tom Ford à gigante mundial de beleza e cosmética Estée Lauder, que conta no seu portefólio com marcas como a MAC, Clinique, la Mer e Aveda, num negócio avaliado em 2.800 milhões de dólares (2.685 milhões de euros).
Segundo apurou o ECO, o grupo da família mais rica de Portugal acompanhou este mega acordo e alienou a participação de 10% que tinha na empresa de moda criada pelo estilista norte-americano. Num negócio impulsionado desde o início por Paula Amorim, que esteve na administração da Tom Ford International, começou por adquirir 25% da companhia em 2007. Há sete anos, a holding liderada por Marta Amorim – em 2020 substituiu a irmã mais velha (na foto) – vendera uma posição de 15% ao grupo italiano Zegna.
Esta operação, que será a maior realizada até à data pela Estée Lauder, está ainda pendente das necessárias autorizações, mas deverá ficar concluída no primeiro semestre de 2023. Em comunicado, o grupo de beleza promete que, ficando “sob a [sua] gestão”, garantirá “a continuidade e a evolução da marca Tom Ford” como uma das principais referências de luxo a nível mundial.
“Esta aquisição estratégica abrirá novas oportunidades e fortalecerá os nossos planos de crescimento para a Tom Ford Beauty”, afirma Fabrizio Freda, presidente executivo da Estée Lauder. “Também contribuirá para impulsionar o nosso crescimento na promissora categoria de beleza de luxo a longo prazo, ao mesmo tempo que reafirma o nosso compromisso de liderança global no segmento da beleza de prestígio”, acrescenta.
A Estée Lauder diz neste comunicado que pretende financiar a aquisição através de uma combinação de dinheiro e dívida e, ainda, de 300 milhões de dólares (288 milhões de euros) em pagamentos diferidos aos vendedores, com vencimento a partir de julho de 2025.
Nos termos do acordo, Tom Ford, fundador e CEO da Tom Ford International, irá manter-se como o responsável criativo da marca até ao final de 2023. O chairman Domenico De Sole permanecerá como consultor até à mesma data.
O grupo de cosmética sediado em Nova Iorque deverá pagar cerca de 2.300 milhões de euros (2.208 milhões de euros), após um pagamento de 250 milhões de dólares (240 milhões de euros) da fabricante italiana de óculos Marcolin, de acordo com o The Wall Street Journal.
Dona da Gucci também estava na corrida
Tom Ford, de 61 anos, ingressou na Gucci em 1990 como designer de moda feminina e, em 1994, foi nomeado diretor criativo, cargo no qual permaneceu por dez anos. Nesta altura, as vendas do grupo Gucci subiram de 230 milhões de dólares para 3.000 milhões de dólares, o que converteu a empresa numa das marcas de luxo mais lucrativas do mundo.
Natural do Texas, o designer lançou a sua própria empresa em 2005. Além das suas coleções de pronto-a-vestir de luxo, Ford deu também o seu nome a linhas de produtos de beleza, acessórios e óculos. Os perfumes e produtos de maquilhagem da Tom Ford Beauty estavam já, desde o seu lançamento, em 2006, ao abrigo de um acordo de licenciamento com a Estée Lauder, que prevê, dentro de dois anos, que esta área atinja vendas de 1.000 milhões de dólares (959 milhões de euros), contando, sobretudo, com o sucesso dos perfumes nos EUA e na China.
Eles [Estée Lauder] têm sido um parceiro incrível desde o início do meu negócio e estou muito feliz em vê-los tornar-se os luxuosos administradores deste novo capítulo da marca.
Com o negócio agora anunciado, a Estée Lauder adquire os direitos de propriedade intelectual de todas as linhas da Tom Ford, não tendo já de pagar royalties pela Tom Ford Beauty e podendo obter novas fontes de receita ao conceder, ela própria, licenças para uso da marca. O acordo prevê, nomeadamente, o prolongamento e expansão da licença concedida pela Tom Ford à Ermenegildo Zegna para as linhas de vestuário, acessórios e roupa interior. A licença atualmente concedida à Marcolin para os óculos Tom Ford será também será prolongada.
Num comunicado, Tom Ford considerou que a Estée Lauder era “a casa ideal” para a marca. “Eles têm sido um parceiro incrível desde o início do meu negócio e estou muito feliz em vê-los tornar-se os luxuosos administradores deste novo capítulo da marca Tom Ford”, disse. Segundo o Wall Street Journal, outros grupos estavam na disputa para comprar a Tom Ford, entre eles a francesa Kering, que já é dona das marcas Gucci, Saint Laurent e Balenciaga.
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