Exportações de gás russo para países “não amigos” caem mais de 45% desde janeiro
A Gazprom anunciou também que as exportações de gás para a China estão a crescer.
As exportações de gás da Gazprom para países não pertencentes à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), principalmente na Europa, diminuiu em 45,1% este ano, anunciou esta quinta-feira a empresa russa. Entre 1 de janeiro e 15 de dezembro, a Gazprom vendeu a países fora da CEI 97.800 milhões de metros cúbicos, o que representa menos 80.200 milhões de metros cúbicos em relação ao mesmo período de 2021.
Desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano, a Rússia diminuiu os seus fornecimentos de gás à Europa em reação às sanções que lhe têm sido impostas devido à guerra. Os países europeus também têm procurado reduzir a sua excessiva dependência dos fornecimentos russos, recorrendo a outros mercados, como os Estados Unidos.
Segundo os dados citados pela agência espanhola EFE, a Gazprom produziu 394.100 milhões de metros cúbicos de gás entre 01 de janeiro e 15 de dezembro, o que representa uma diminuição de 19,6% (ou 96.300 milhões de metros cúbicos) relativamente a 2021.
A Gazprom anunciou também que as exportações de gás para a China estão a crescer através do gasoduto “Power of Siberia” ao abrigo de um contrato de longo prazo com a China National Petroleum Corporation (CNPC). O gigante do gás russo argumentou que as entregas “excedem regularmente as quantidades diárias estipuladas no contrato”.
Algumas horas depois de terem sido divulgados os dados da Gazprom, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a Rússia vai aumentar o fornecimento de gás à Ásia para 88.000 milhões de metros cúbicos até 2030. “Um passo importante para reduzir o impacto das sanções e outras ações hostis contra a Rússia será o desenvolvimento de infraestruturas portuárias e de condutas no sul e no leste, incluindo o aumento da exportação de gás natural”, disse.
Putin referiu que o aumento será possível com projetos como o campo de Kovyktinskoye na Sibéria, o gasoduto “Power of Siberia 2”, que passará pela Mongólia até à China, e a rota do Extremo Oriente. Estes projetos aumentarão o fornecimento de gás à Ásia para 48.000 milhões de metros cúbicos até 2025, e 88.000 milhões de metros cúbicos até 2030, segundo Putin.
O líder russo disse também que os novos projetos de gás natural liquefeito em Yamal (norte) aumentarão a produção em 70.000 milhões de metros cúbicos até 2030, o que permitirá expandir a geografia das exportações. A venda de petróleo da Rússia para países amigos aumentou quase 25% nos primeiros nove meses deste ano, disse ainda Putin numa reunião do Conselho para o Desenvolvimento Estratégico e Projetos Nacionais.
Na sequência do limite imposto pelo G7, Austrália e União Europeia ao petróleo russo, bem como do embargo da UE ao petróleo bruto através do transporte marítimo, Putin disse que a Rússia redirecionará o fornecimento dos seus recursos energéticos para os mercados de países amigos. Continuará também a procurar novos parceiros promissores em regiões de rápido crescimento da economia mundial, designadamente, Ásia, América Latina, África e Médio Oriente, acrescentou.
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