Demissão de Alexandra Reis foi a “única” decisão possível, diz Mariana Mortágua

A deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considera que a demissão de Alexandra Reis do cargo de secretária de Estado do Tesouro foi a “única” decisão possível. Para Mortágua, a “batata quente” está nas mãos do Governo, numa responsabilidade repartida entre o ministro das Infraestruturas e o ministro das Finanças.

“Esta decisão vem apenas corrigir um erro na medida em que a secretária de Estado nunca deveria ter sido contratada tendo em conta o seu percurso na TAP e na NAV“, sublinhou.

Mariana Mortágua alertou que existem coisas por esclarecer, tanto por parte da companhia aérea como por parte do Governo e dos dois ministros envolvidos. A deputada acredita que persiste na TAP um regime de “autêntico privilégio” e “desigualdade”.

“Temos por um lado cortes salariais e pessoas a serem despedidas. Temos uma empresa que está a ser recapitalizada com dinheiro público e ao mesmo tempo, temos um sistema de administradores pagos a peso de ouro e com quem foram acordados indemnizações milionárias caso decidam sair”, notou.

Para Mortágua, a situação agrava-se quando a tutela da TAP é o Estado Português, o Ministério das Infraestruturas e o Ministério das Finanças. “Como é que é possível uma administradora ser demitida de uma empresa que é tutela pelo Estado, com uma indemnização milionária, para logo a seguir ser contratada pelo mesmo Estado para presidir outra entidade regulatória. E, de tal forma competente era essa avaliação, é chamada para o ministério das Finanças”, acrescentou.

A deputada do Bloco de Esquerda caracteriza ainda esta situação como sendo de “completa contrariedade política” e um “problema de legitimidade política“. Mortágua acredita que este caso revela, por um lado, o regime de privilégio da TAP e, por outro, a “completa desorganização da empresa face a tutela do Estado”.

Esta terça-feira, Alexandra Reis apresentou o pedido de demissão, solicitado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina. A ex-secretária de Estado do Tesouro esteve envolvida nos últimos dias numa polémica relacionada com a TAP, após o Correio da Manhã ter noticiado no sábado que esta recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea.