Esta é a versão final do Acordo de Rendimentos e Competitividade. Leia aqui

Aumentos anuais de salários, atualizações de escalões de IRS ou incentivos à contratação de jovens. Conheça a versão final do Acordo de Rendimentos e Competitividade.

Aumentos anuais de salários, atualizações de escalões de IRS ou incentivos à contratação de jovens. O Governo vai assinar este domingo com os parceiros sociais — à exceção da CGTP — a versão final do Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, Salários e Competitividade. Esta assinatura acontece na véspera de o Executivo entregar na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023).

“Vivemos um contexto internacional de enorme incerteza e tempos de grande exigência para responder aos desafios que enfrentamos”, começa por dizer o Executivo, no documento a que o ECO teve acesso.

três pontos essenciais, sublinhados pelo próprio Governo: evolução do salário mínimo nacional até aos 900 euros até 2026; incentivos às empresas na contratação e no aumentos de salários; e a valorização do rendimento dos jovens. Estes três pontos estendem-se através de várias medidas.

Valorização dos Salários

  • Aumento nominal das remunerações por trabalhador de 4,8% em cada ano, em média, entre 2023 e 2026. Este adicional representará um aumento mínimo de 20% do rendimento médio por trabalhador em 2026 face a 2022;
  • O valor da remuneração mínima mensal garantida atingirá o valor de, pelo menos, 900 euros em 2026760 euros em 2023; 810 euros em 2024; 855 euros em 2025 e 900 euros em 2026;

Jovens: atração e fixação de talento

  • Aumento do benefício anual do IRS Jovem para 50% no primeiro ano, 40% no segundo ano, 30% nos terceiro e quarto anos e 20% no quinto ano, e aumento dos limites máximos do benefício em cada ano;
  • Criação de programa anual de apoio à contratação sem termo de jovens qualificados com salários iguais ou superiores a 1.320 euros, nível remuneratório de entrada de um licenciado na carreira geral de técnico superior;
  • Extensão extraordinária do Programa Regressar durante a vigência do Acordo, adaptando as regras de acesso ao Programa, com o objetivo de assegurar que o mesmo se destina ao incentivo ao regresso de quadros qualificados e, em particular, de atração de jovens;

Trabalhadores: Rendimentos não salariais

  • Atualização em 2023 dos escalões de IRS com base no critério de valorização nominal das remunerações por trabalhador (5,1%), assegurando o princípio da neutralidade fiscal das atualizações salariais posteriores, com a atualização anual dos escalões de IRS;
  • Aproximação e, sempre que possível, eliminação da diferença entre a retenção na fonte de IRS e o imposto devido, evoluindo para um sistema de retenção na fonte que assegure que as valorizações salariais se traduzem em ganhos líquidos mensais para os trabalhadores;
  • Reformulação das regras de funcionamento do mínimo de existência para conferir maior progressividade ao IRS, passando de uma lógica de liquidação a final para uma lógica de abatimento a montante, beneficiando os rendimentos até 1.000 euros por mês e eliminando a distorção atual de tributação a 100% dos rendimentos imediatamente acima do salário mínimo;
  • Criação de um Incentivo de Regresso ao Mercado de Trabalho, direcionado a desempregados de longa duração, permitindo acumulação parcial de subsídio de desemprego com o salário pago pela entidade empregadora.
  • Aumento da remuneração por trabalho suplementar a partir das 100 horas — 50% pela primeira hora ou fração desta; 75% por hora ou fração subsequente, em dia útil e 100% por cada hora ou fração, em dia de descanso semanal, obrigatório ou complementar, ou em feriado. Adicionalmente, é reduzida a taxa de retenção na fonte de IRS para metade, nestas horas suplementares;
  • Atualização do valor de isenção do subsídio de alimentação para 5,20 euros;
  • Avaliação e operacionalização do enquadramento fiscal próprio para bonificar ao trabalhador a frequência de formação profissional certificada, a implementar na vigência do Acordo;
  • Avaliação do impacto do aumento dos custos com a habitação. Para as situações em que se verifique um acréscimo significativo da taxa de esforço dos clientes nos contratos de crédito, Governo apresentará uma iniciativa legislativa para que as instituições de crédito e sociedades financeiras avaliem esse impacto na capacidade financeira dos clientes e, mediante a verificação de condições, formulem propostas adequadas;
  • Aprofundar a progressividade do IRS, continuando a garantir o desagravamento fiscal sobre os rendimentos do trabalho;
  • Aumento da compensação por cessação de contrato de trabalho para 14 dias nas situações de despedimento coletivo ou extinção do posto de trabalho;
  • Extensão da isenção da taxa liberatória de IRS aplicável aos trabalhadores agrícolas não residentes às primeiras 50 horas de trabalho suplementar;

Empresas: Fiscalidade e Financiamento

  • Majoração em 50% dos custos com a valorização salarial (remunerações e contribuições sociais), em sede de IRC, para todas as empresas que tenham contratação coletiva dinâmica, valorizem anualmente os salários em linha ou acima dos valores constantes no Acordo e reduzam o leque salarial, considerando-se para o efeito o rácio entre a parcela da remuneração base dos 10% de trabalhadores mais bem remunerados em relação ao total e a parcela de remuneração base dos 10% de trabalhadores menos bem remunerados em relação ao total;
  • Criação do Regime Fiscal de Incentivo à Capitalização de Empresas (ICE);
  • Reformulação do sistema de reporte e dedução dos prejuízos fiscais gerados em exercícios financeiros anteriores;
  • Redução seletiva de IRC para as empresas que invistam em Investigação e Desenvolvimento (I&D), reforçando as condições do Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE II) na componente do investimento direto;
  • Em 2023, aumento do limite da matéria coletável a que se aplicam as taxas especiais de IRC para Pequenas e Médias Empresas (PME), bem como para empresas em atividade nos territórios do Interior, de 25.000€ para 50.000€, alargamento às Small Mid Caps e, durante o período de vigência do Acordo, alargamento da aplicação da taxa reduzida por dois anos a empresas que resultem de operações de fusão de PME;
  • Prorrogação para os anos de 2022 e 2023 da regra constante do artigo 375.º da Lei n.º 75/2020, de 31 de dezembro, no sentido do não agravamento de 10 pontos percentuais das tributações autónomas para as empresas com prejuízos fiscais;
  • Redução imediata de 2.5 pontos percentuais das taxas de tributação autónoma aplicáveis ao custo associado a veículos híbridos plug-in e redução das taxas de tributação autónoma aplicáveis a veículos ligeiros movidos a Gás Natural Veicular (GNV);
  • Criação de um incentivo financeiro a instrumentos de formação à medida;
  • Operacionalização de medidas de apoio às empresas, no âmbito de formação certificada em contexto de trabalho, de forma a promover a requalificação dos recursos humanos e preservar a manutenção de emprego e a capacidade produtiva;
  • Em 2022 e 2023, reforço de 20% para 40% da majoração, em sede de IRS e IRC, dos gastos com rações para animais, fertilizantes e adubos, corretivos orgânicos e minerais e extensão para a água para rega;
  • Implementação de um plano de abate de automóveis ligeiros de passageiros em fim de vida;
  • Apoio extraordinário imediato aos agricultores para mitigar o aumento do preço dos combustíveis, equivalente à taxa de carbono, à redução da taxa unitária do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) do gasóleo agrícola para o mínimo legal e a uma compensação pelo IVA, no total de 10 cêntimos por litro tendo em consideração os consumos de gasóleo agrícola reportados ao último ano completo;

Simplificação Administrativa e Custos de Contexto

  • Criação do Regime Geral de Taxas;
  • Eliminação e simplificação de processos burocráticos no âmbito da Reforma dos Licenciamentos;
  • Reconversão do Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) para permitir às empresas que para ele tenham contribuído, nomeadamente financiar a qualificação e a formação certificada dos trabalhadores; apoiar a autonomização dos jovens trabalhadores, suportando uma parte dos encargos com habitação. e o reforço do Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho (FGCT) com transferência excecional do FCT;
  • Fim das contribuições para o FCT e, durante a vigência do acordo, a suspensão das contribuições mensais para o FGCT;
  • Simplificação do regime que permite a regularização do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) relativo a créditos de cobrança duvidosa;
  • Eliminação da obrigação de comunicação mensal das declarações retributivas à Segurança Social por parte das entidades empregadoras passando a existir o princípio de necessidade de comunicação à Segurança Social, somente em caso de alterações;
  • Eliminação da obrigação de declaração trimestral à Segurança Social por parte dos trabalhadores independentes;
  • Criação de novos canais de pagamento à Segurança Social, nomeadamente online, o que permitirá simplificar o pagamento mensal;
  • Acordar termos de sustentabilidade e competitividade do setor da saúde;
  • Implementação de um plano de pagamento de dívidas de saúde, no âmbito dos Hospitais E.P.E., assegurando-se para este fim, no prazo de três anos, a injeção de 1.500.000.000 euros;
  • Reporte periódico do Governo da aplicação da comporta regulatória;
  • Alargamento do mecanismo de reembolso do montante equivalente ao IVA em projetos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) às associações empresariais e às associações de empregadores e de trabalhadores;
  • Limitação, para micro, pequenas e médias empresas (MPME), em 50% do 3.º Pagamento por Conta de IRC de 2022;
  • Avaliação, no âmbito do Fórum das Confederações junto da Autoridade Tributária e Aduaneira, de medidas de simplificação fiscal;
  • Implementação de mecanismos de simplificação de procedimentos de licenciamento para produção de energia e eficiência energética e hídrica;
  • Reforço da medida APOIAR.PT dirigida ao setor do alojamento, restauração e similares, e de outras atividades turísticas;
  • Reforço das verbas de promoção do destino Portugal 2022-2025 em mercados de elevado potencial, designadamente no atual contexto económico e financeiro internacional, ou que contribuam para a redução da sazonalidade e dispersão territorial dos fluxos turísticos;
  • Efetivação do mecanismo de restituição do IVA suportado e não dedutível com as despesas relativas à organização de congressos, feiras, exposições, seminários, conferências e similares, nos termos do n.º 2 do artigo 21.º do Código do IVA, avaliando a possibilidade de evolução do regime;
  • Aprovar a Agenda para a Competitividade do Comércio e dos Serviços, assente em crescimento e inovação (capacitação, transições verde e digital) e competitividade urbana e coesão territorial (conhecimento e informação – cadastro comercial, regeneração urbana das áreas comerciais e promoção e marketing);
  • Adicionalmente, o Governo adotará novas medidas no quadro da mitigação do aumento dos custos de energia para as famílias e para as empresas, num total de cerca de 3.000 milhões de euros;

Leia aqui na íntegra o Acordo de Rendimentos

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Agricultores vão ter apoio “imediato” no combustível

  • Lusa
  • 9 Outubro 2022

Apoio equivale a dez cêntimos por litro, tendo em consideração os consumos de gasóleo agrícola reportados ao último ano completo.

O Governo vai avançar com um apoio “imediato” aos agricultores com o objetivo de mitigar o aumento do preço dos combustíveis, no total de 10 cêntimos por litro de gasóleo agrícola, segundo o acordo de Concertação Social, assinado este domingo.

O acordo de médio prazo para melhoria de rendimentos, salários e competitividade é esta tarde assinado entre o Governo e os parceiros sociais, à exceção da CGTP, que deverá ficar de fora, numa cerimónia no Palácio Foz, em Lisboa, com o primeiro-ministro, António Costa. A versão final do documento, a que a Lusa teve acesso, prevê um “apoio extraordinário imediato aos agricultores para mitigar o aumento do preço dos combustíveis”.

O apoio é “equivalente à taxa de carbono, à redução da taxa unitária do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) do gasóleo agrícola para o mínimo legal e a uma compensação pelo IVA, no total de 10 cêntimos por litro tendo em consideração os consumos de gasóleo agrícola reportados ao último ano completo“, lê-se no documento.

O acordo estipula ainda, para 2022 e 2023, um reforço de 20% para 40% da majoração, em sede de IRS e IRC, dos gastos com rações para animais, fertilizantes e adubos, corretivos orgânicos e minerais e extensão para a água para rega.

Já no âmbito da mobilidade sustentável, o acordo prevê a implementação de um plano de abate de automóveis ligeiros de passageiros em fim de vida e o alargamento do gasóleo profissional ao transporte público coletivo de passageiros e a criação do “Gás Profissional” para o transporte pesado de mercadorias.

Ainda entre as novidades da versão final do documento está uma “extensão da isenção da taxa liberatória de IRS aplicável aos trabalhadores agrícolas não residentes às primeiras 50 horas de trabalho suplementar“.

Por sua vez, na medida que prevê o aumento das indemnizações de 12 para 14 dias nas situações de despedimento coletivo ou extinção do posto de trabalho deixou de constar o prazo para implementar a mesma, que estava previsto na versão anterior (a partir de 2023).

No documento, também as alterações que estavam propostas na versão anterior em relação ao Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) são modificadas. Os parceiros irão discutir a reconversão do FCT para permitir às empresas “financiar a qualificação e a formação certificada dos trabalhadores” ou “apoiar a autonomização dos jovens trabalhadores, suportando uma parte dos encargos com habitação”.

Para discussão ficará também o reforço do Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho (FGCT) “com transferência excecional do FCT, de forma a garantir capacidade de resposta face ao histórico de sinistralidade”. O acordo define ainda o “fim das contribuições para o FCT e, durante a vigência do acordo, a suspensão das contribuições mensais para o FGCT”.

No âmbito da fiscalidade, o novo documento introduz como medida a “efetivação do mecanismo de restituição do IVA suportado e não dedutível com as despesas relativas à organização de congressos, feiras, exposições, seminários, conferências e similares (…), avaliando a possibilidade de evolução do regime”.

O Governo e os parceiros sociais, à exceção da CGTP, chegaram no sábado a um acordo de médio prazo para a melhoria dos rendimentos, salários e competitividade, que tem a validade da legislatura (até 2026). Entre as medidas previstas no acordo está ainda uma valorização dos salários de 5,1% em 2023, de 4,8% em 2024, de 4,7% em 2025 e de 4,6% em 2026. “A valorização anual tem como objetivo assegurar um aumento não inferior a 20% do rendimento médio por trabalhador em 2026 face a 2022”, sublinha o Governo.

O documento define ainda a evolução do salário mínimo nacional, dos atuais 705 euros para 760 euros em 2023, para 810 euros em 2024, para 855 euros em 2025 e para 900 euros em 2026. Além do Governo, integram a Concertação Social a CIP – Confederação Empresarial de Portugal, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação do Turismo (CTP), a Confederação dos Agricultores (CAP), a UGT e a CGTP.

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Parceiros sociais acordam plano de pagamento de dívidas de saúde de 1.500 milhões

  • Lusa
  • 9 Outubro 2022

Acordo prevê um plano de pagamento de dívidas de saúde em três anos, no âmbito dos hospitais EPE.

O acordo de Concertação Social, que será assinado este domingo entre parceiros e Governo, prevê a injeção de 1.500 milhões de euros para um plano de pagamento de dívidas de saúde em três anos, no âmbito dos hospitais EPE.

A medida consta da versão final do acordo de médio prazo para melhoria de rendimentos, salários e competitividade, a que a Lusa teve acesso, que esta tarde será assinado pelo Governo e parceiros sociais, à exceção da CGTP, que deverá ficar de fora, numa cerimónia com o primeiro-ministro, António Costa, no Palácio Foz, em Lisboa.

O documento prevê a “implementação de um plano de pagamento de dívidas de saúde, no âmbito dos Hospitais E.P.E. [Entidades Públicas Empresariais], assegurando-se para este fim, no prazo de três anos, a injeção de 1.500 milhões de euros“. Este plano de pagamento será depois definido com os parceiros sociais, em sede da Comissão Permanente de Concertação Social.

Os parceiros sociais comprometem-se ainda a “acordar termos de sustentabilidade e competitividade do setor da saúde em que as empresas se comprometam no esforço de limitação do crescimento da despesa pública”.

As empresas do setor da saúde devem ainda contribuir para “os objetivos de eficiência energética” e o Estado ponderar “a revisão dos preços regulados dos bens e serviços da saúde”, apoiando a internacionalização das empresas, indica o documento.

O Governo e os parceiros sociais, à exceção da CGTP, chegaram no sábado a um acordo de médio prazo para a melhoria dos rendimentos, salários e competitividade, que tem a validade da legislatura (até 2026). O acordo será assinado esta tarde no Palácio Foz, em Lisboa, numa cerimónia com o primeiro-ministro, António Costa, na véspera da entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2023 no parlamento.

Entre as medidas previstas no acordo está ainda uma valorização dos salários de 5,1% em 2023, de 4,8% em 2024, de 4,7% em 2025 e de 4,6% em 2026. “A valorização anual tem como objetivo assegurar um aumento não inferior a 20% do rendimento médio por trabalhador em 2026 face a 2022”, sublinha o Governo. O documento define ainda a evolução do salário mínimo nacional, dos atuais 705 euros para 760 euros em 2023, para 810 euros em 2024, para 855 euros em 2025 e para 900 euros em 2026.

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De Portugal para a Antártida, o novo navio de luxo que custou 90 milhões

Novo navio oceânico World Traveller custou 90 milhões de euros, excedendo o orçamento inicial. Criou 120 postos de trabalho, gerando impacto económico no país e colocando-o no mapa mundial.

“Infelizmente com os preços a subir e a inflação, o orçamento do World Travellerultrapassou os 90 milhões de euros, excedendo [o orçamento inicial]. Mas é um investimento interessante para Portugal”, tendo em conta que cria “impacto económico, porque envolve milhares de técnicos e profissionais, e no mínimo 80 empresas portuguesas que contribuíram para o sucesso e construção deste navio”, começa por afirmar o empresário Mário Ferreira ao ECO/Local Online.

Além dos 120 postos laborais que este navio cria em alto mar, também gera “um grande impacto económico nacional e internacional, porque a empresa [Mystic Cruises] tem sede em Portugal, mas tudo o que vende nos EUA vem para as contas portuguesas e para Portugal”, assegura o presidente do grupo Pluris Investments, através do qual detém uma posição no capital da TVI e a empresa de cruzeiros Douro Azul.

Outra cartada a favor de Portugal é o navio — que vai viajar sobretudo para Antártida com partida do sul da Argentina –, ser uma montra de produtos nacionais ao utilizar, por exemplo, peças da Vista Alegre, uma marca de renome de Ílhavo, mostrando todo o potencial do território português. “O World Traveller é também um embaixador de produtos portugueses“, frisa o empresário após a tradicional cerimónia de troca de placas comemorativas desta 1ª visita ao quarto navio oceânico, no Terminal do Porto de Leixões, em Matosinhos, construído pela West Sea – Estaleiros Navais, em Viana do Castelo, para reforçar a frota da Mystic Cruises.

Mário Ferreira adianta ainda que já está em construção, no estaleiro de Viana de Castelo, um quinto navio, envolvendo o mesmo valor de investimento do World Traveller que, este sábado, foi visitado por 1200 pessoas. “O futuro paquete vai estar pronto a navegar no verão de 2024“, avança o empresário, enquanto percorre os luxuosos corredores do navio, decorado com com fotografias de emblemáticas embarcações e requintados apontamentos de decoração.

Sem querer adiantar muito sobre as dificuldades que a West Sea – Estaleiros Navais já viveu e a alavanca que a construção destes navios tem sido para a empresa de Viana do Castelo, Mário Ferreira sublinha apenas: “Não tenho dúvidas de que contribuímos para o sucesso do estaleiro“.

Estas viagens são muito caras para a maioria da bolsa dos portugueses, tendo em conta que “uma noite pode rondar entre os 800 e os mil dólares por pessoa.

Mário Ferreira

CEO da Mystic Cruises

Depois do World Explorer entregue em 2019, o World Voyager em 2020 e o World Navigator em 2021, a empresa tem agora este novo navio de luxo. Ainda assim, estes não são cruzeiros para a carteira de qualquer pessoa. É o próprio Mário Ferreira que o admite: “Estas viagens são muito caras para a maioria da bolsa dos portugueses, tendo em conta que “uma noite pode rondar entre os 800 e os mil dólares por pessoa“. O empresário explica que a empresa não vende estas viagens em Portugal, mas sim, nos EUA”.

Afinal, o que torna este navio tão diferente em relação aos demais existentes? “Existem muito pouco navios oceânicos no mundo com esta qualidade de interiores, este luxo e conforto“, além de ter a capacidade de empreender viagens de expedição em mares longínquos e de difícil navegação, responde o empresário ao ECO/Local Online entre apertos de mão e abraços de parabéns pela embarcação.

“Tem 126 metros de comprimento, um casco que foi feito para poder andar em águas com gelo, e a proa está preparada para quebrar gelo até um metro de altura, além de chegar a zonas da Antártida, Gronelândia, Antártico ou Noruega. Vamos a portos onde os grandes navios não entram”, destaca Mário Ferreira.

Outro dos trunfos deste navio é a aposta na sustentabilidade ambiental. “As águas residuais são tratadas, recolhidas e o que sai é uma água limpa. Nada é despejado para o mar. Os lixos são todos reciclados”, resume o empresário que entregou o design de interiores à imaginação e criatividade da dupla Artur Miranda e Jacques Bec, da empresa de arquitetura de interiores Oitoemponto que fez uma visita guiada ao ECO no navio.

Desde o glamour à seleção da paleta cromática, entre o azul, o branco e o amarelo, as 1200 pessoas que visitaram o World Traveller puderam constatar o toque pessoal de Artur Miranda e Jacques Bec nesta embarcação com cem quartos e capacidade para 200 passageiros.

Tem 126 metros de comprimento, um casco que foi feito para poder andar em águas com gelo, e a proa está preparada para quebrar gelo até um metro de altura, além de chegar a zonas das Antártida, Gronelândia, Antártico ou Noruega. Vamos a portos onde os grandes navios não entram.

Mário Ferreira

CEO da Mystic Cruises

“Tem um look moderno, simples, alegre e mediterrânico“, descreve Artur Miranda enquanto mostra os vários espaços dos sete decks do navio. A dupla precisou de dois anos para realizar o projeto de decoração das várias valências, desde um anfiteatro com capacidade para mais de 180 pessoas que funciona como sala de cinema ou espaço para outros espetáculos, além da piscina, sauna, SPA, ginásio, quartos de luxo, bar e restaurantes. Um médico e um enfermeiro deverão estar sempre a bordo durante os cruzeiros.

A primeira viagem teste está já agendada para o próximo fim de semana, entre Lisboa e Cádiz, e com uma tripulação de várias nacionalidades e com as mais variadas experiências em alto mar. E com toda a segurança, segundo garante o empresário. “Tem tecnologia de topo, desde radares, câmaras térmicas, umas cartas especiais assim como o sonar que encontra gelo que podemos não ver à noite“, descreve o capitão Albuquerque que já é um veterano nestas andanças. “O primeiro navio de cruzeiros que comandei foi em 1990. Já comandei viagens desde a Europa, passando pelo Brasil, EUA, África. Já percorremos o mundo“, lembra com emoção por agora embarcar nesta nova aventura.

Tem sido uma experiência enriquecedora. “Independentemente da responsabilidade, contactamos com várias culturas de diferentes países e isso é uma experiência única e também temos tripulação de várias nacionalidades”, lembrando que a viagem mais longa que fez durou 30 dias. Agora, o capitão está pronto para “governar o navio ou fazer leme” e viver novas experiências. Adianta, contudo, que “há cada vez mais procura de passageiros alemães, americanos e canadianos“.

Já a segunda oficial Melissa, por exemplo, é das tripulantes mais novas, e está na ponte que é a “área que se pilota, que faz com que o navio ande”, explica enquanto descreve que marca rotas, faz itinerários, apontando para a tecnologia de ponta à sua frente.

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Acordo de Concertação Social prevê mais 3.000 milhões no gás e eletricidade

  • Lusa
  • 9 Outubro 2022

Governo compromete-se a adotar novas medidas com vista a mitigar o aumento dos custos de energia para famílias e empresas.

O Governo vai injetar mais 3.000 milhões de euros nos sistemas de eletricidade e gás para limitar os preços da energia, prevê a versão final do acordo de Concertação Social que será assinado este domingo pelos parceiros sociais.

Segundo o documento final do acordo de médio prazo para melhoria dos rendimentos, salários e competitividade, a que a Lusa teve acesso, o Governo compromete-se a adotar novas medidas com vista a mitigar o aumento dos custos de energia para famílias e empresas.

“Em conjunto com as medidas regulatórias, serão injetados nos sistemas de eletricidade e de gás cerca de 3.000 milhões de euros adicionais, limitando assim o aumento dos preços da energia”, pode ler-se no acordo que hoje será assinado entre o Governo, as quatro confederações patronais (CIP, CCP, CTP e CAP) e a UGT, devendo a CGTP ficar de fora.

Segundo o Executivo, “estas medidas traduzem-se em reduções significativas do custo da eletricidade consumida pelos setores económicos, nos quais se incluem os grandes consumidores”.

As poupanças serão comunicadas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) no dia 15 de outubro, prevendo-se reduções de cerca de 40 euros por megawatt-hora (MWh) para o gás consumido pelas empresas não abrangidas pela tarifa regulada (até 80% do seu consumo), “o que permite uma poupança de cerca de 20% a 30% face ao preço esperado em 2023”, lê-se no acordo.

O Governo e os parceiros sociais, à exceção da CGTP, chegaram no sábado a um acordo de médio prazo para a melhoria dos rendimentos, salários e competitividade. O acordo será assinado esta tarde no Palácio Foz, em Lisboa, numa cerimónia com o primeiro-ministro, António Costa, na véspera da entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) no parlamento.

Entre as medidas previstas no acordo estão ainda uma valorização dos salários de 5,1% em 2023, de 4,8% em 2024, de 4,7% em 2025 e de 4,6% em 2026. “A valorização anual tem como objetivo assegurar um aumento não inferior a 20% do rendimento médio por trabalhador em 2026 face a 2022”, sublinha o Governo.

O documento define ainda a evolução do salário mínimo nacional, dos atuais 705 euros para 760 euros em 2023, para 810 euros em 2024, para 855 euros em 2025 e para 900 euros em 2026. O acordo entre os parceiros prevê ainda a avaliação, na Concertação Social, do impacto do aumento dos custos com a habitação no orçamento familiar, “no sentido da construção de medidas que mitiguem estes mesmos impactos, até ao final do ano de 2022”.

“Paralelamente, para as situações em que se verifique um acréscimo significativo da taxa de esforço dos clientes nos contratos de crédito para aquisição ou construção de habitação própria permanente, em resultado da variação do indexante de referência, o Governo apresentará uma iniciativa legislativa para que as instituições de crédito e sociedades financeiras avaliem esse impacto na capacidade financeira dos clientes e, mediante a verificação de condições, formulem propostas adequadas à situação do cliente”, pode ler-se no documento.

Além do Governo, integram a Concertação Social a CIP – Confederação Empresarial de Portugal, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação do Turismo (CTP), a Confederação dos Agricultores (CAP), a UGT e a CGTP.

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Já há acordo na concertação social. CGTP fica de fora

  • ECO
  • 8 Outubro 2022

O Governo conseguiu fechar um acordo de concertação social, sem a CGTP, antes da apresentação do orçamento. António Costa apresenta detalhes este domingo.

O Governo e os parceiros sociais chegaram a um acordo de médio prazo sobre rendimentos, salários e competitividade, que será apresentado no domingo pelo primeiro-ministro, disse à Lusa fonte do executivo e o ECO confirmou junto de dois parceiros sociais.

O acordo alcançado este sábado envolve as confederações patronais (CIP, CAP, CTP e CCP) e a UGT e será apresentado por António Costa no domingo, às 15h00, no Palácio Foz, em Lisboa, disse ainda a fonte do gabinete do primeiro-ministro, sem precisar pormenores sobre o documento.

O que se conhece foi apresentado aos parceiros sociais na passada quinta-feira. Entre as principais medidas propostas estão o aumento nominal das remunerações por trabalhador de 4,8% em cada ano, em média, entre 2023 e 2026. Este adicional representará um aumento de aproximadamente 20% do rendimento médio por trabalhador em 2026 face a 2022. Por outro lado, o valor da remuneração mínima mensal garantida atingirá o valor de, pelo menos, 900 euros em 2026, salvaguardando o poder de compra dos trabalhadores e assegurando a trajetória de crescimento iniciada em 2016 – 760 euros em 2023; 810 euros em 2024; 855 euros em 2025 e 900 euros em 2026.

Por outro lado, foi proposta a atualização em 2023 dos escalões de IRS com base no critério de valorização nominal das remunerações por trabalhador (5,1%), assegurando o princípio da neutralidade fiscal das atualizações salariais posteriores, com a atualização regular dos escalões de IRS.

Nesta proposta, o Governo apresentou a possibilidade de redução seletiva do IRC para empresas com contratação coletiva dinâmica, com valorização de salários e diminuição do leque salarial.

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Congelamento das rendas comerciais é mais um “golpe na credibilidade do mercado”

Vice-presidente da Square AM defende que impôr limites à atualização das rendas "não é lógico" para os grandes inquilinos.

O congelamento de 2% na atualização das rendas em 2023 continua a dar que falar. O vice-presidente da Square Asset Management (Square AM), gestora de dois mil ativos, incluindo vários espaços comerciais espalhados pelo país, defende que este limite imposto pelo Governo vai afastar investidores internacionais e não deveria ser aplicado ao imobiliário comercial. A aplicar-se, pelo menos deveria deixar de fora os grandes inquilinos.

“É, mais uma vez, um golpe na credibilidade do mercado e na transparência”, diz Pedro Coelho, em entrevista ao ECO. “Nós, portugueses, estamos mais habituado a viver com isto e estranhamos menos, mas os investidores estrangeiros estranham mais, porque não estão habituados”, completa o gestor, explicando que “houve outros países em que houve esse cap das rendas para o residencial, mas não para o comercial”.

Para Pedro Coelho, “ou não se aplicava” de todo este congelamento ou, “no limite, aplicava-se” apenas aos pequenos inquilinos. “Se calhar os pequenos lojistas, até X euros de faturação, precisavam de ajuda e, eventualmente, de ter esse cap. Mas para os grandes inquilinos não é lógico”, diz. Além disso, continua, quando o coeficiente de atualização das rendas “foi zero, durante muitos anos, não houve aumentos de rendas”.

A somar a isso, o responsável nota que a Square tem contratos com alguns retalhistas, “não muitos”, que previam um “cap de 3%” para a atualização das rendas. “Mas é um contrato entre privados que os dois aceitaram fazer”, diz.

E uma das consequências deste congelamento poderá ser a não renovação dos contratos de arrendamento por parte dos senhorios. “Claro que não é instantâneo porque nem todos os contratos terminam na mesma altura, mas nos contratos que podem, os senhorios não renovam”, diz. Apesar disso, Pedro Coelho afirma que isso “é mais difícil” no mercado comercial “porque as rendas não tinham subido tanto”.

“Estávamos preparados para este ano, se o aumento das rendas fosse o que deveria ter sido”, negociar com os inquilinos a atualização das rendas. E o vice-presidente da Square recorda como, durante a pandemia, o Estado decretou a suspensão do pagamento da renda fixa nos centros comerciais – medida que foi, entretanto, declarada “parcialmente inconstitucional” pelo Tribunal Constitucional. Pedro Coelho adianta ao ECO que, na sequência desse parecer, a Square está a “ponderar” avançar com uma ação contra o Estado.

Leia a entrevista completa aqui

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📹 Este é o oitavo pacote de sanções à Rússia

Do teto ao preço do petróleo à proibição de europeus ocuparem a direção de empresas estatais russas, conheça as novas medidas da UE para “fazer com que o Kremlin pague" pela guerra na Ucrânia.

A União Europeia aprovou esta semana o oitavo pacote de sanções à Rússia, depois de Vladimir Putin ter promulgado a anexação à Rússia das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia. Saiba mais no vídeo.

http://videos.sapo.pt/aDwR6za2qGwwZ292HT3U

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OE2023: BE vai propor passe nacional de nove euros para todos os transportes públicos

  • Lusa
  • 8 Outubro 2022

Bloquistas querem "permitir às pessoas utilizarem todos os transportes dos concelhos e das áreas metropolitanas, mas também os transportes rodoviários e os comboios".

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, apresentou este sábado em Setúbal a primeira medida de alteração de especialidade no Orçamento de Estado para 2023 (OE2023) que visa criar um passe nacional para os transportes públicos de nove euros por mês.

“O Bloco propõe que seja criado um passe nacional de nove euros que possa permitir às pessoas utilizarem todos os transportes dos concelhos e das áreas metropolitanas, mas também os transportes rodoviários e os comboios que fazem as ligações de médio curso em Portugal”, disse.

“Portugal é o único país na Europa em que, nos pacotes sobre a inflação, nunca houve uma medida real para baixar os custos dos transportes e para promover o uso do transporte coletivo”, acrescentou a coordenadora do BE, lembrando que “estamos a viver a combinação de três crises: a crise da inflação, o problema do acesso à energia e também o problema da guerra da Ucrânia”.

Para Catarina Martins, que falava numa iniciativa em Setúbal no âmbito do Roteiro pela Justiça Climática, organizado pelo BE, o novo passe de âmbito nacional não só facilitaria as deslocações de estudantes e trabalhadores através dos transportes públicos durante a semana, como também as deslocações de fim de semana daqueles que estudam ou trabalham longe das suas famílias.

O novo passe de nove euros, que, segundo a coordenadora do BE, seria suportado pelas receitas e impostos do Fundo de Fomento Ambiental, que financia o Programa a de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes (PART), “significava dinheiro na carteira de todos os trabalhadores, mais transportes coletivos, menos gasto de combustíveis e menos poluição, para responder à crise climática”.

“A nossa proposta não é particularmente inovadora. A Alemanha, durante os meses de verão, teve um passe a nove euros, que permitia a viagens de comboio em todo o país e que foi um sucesso muito grande na baixa das emissões de carbono, que é tão fundamental para responder à crise climática”, sublinhou Catarina Martins, defendendo que se a medida fosse aplicada todo o ano em Portugal havia uma redução da poluição e as pessoas poderiam utilizar mais os transportes coletivos.

Questionada pelos jornalistas sobre o OE2023, Catarina Martins disse que o Governo está resignado com a perda de poder de compra dos portugueses devido à inflação.

“O Governo já se resignou ao facto de quem trabalha, de quem recebe salário e pensão, já ter perdido para a inflação o equivalente a um mês de salário ou um mês de pensão. E o salário do próximo ano vai manter esta perda. O Governo fala-nos de aumentos que, do ponto de vista nominal, até parecem maiores do que no passado, mas, com a inflação tão alta, tudo o que o Governo está a anunciar é que vai haver uma perda real do poder de compra, tanto dos salários como das pensões, num país em que já é tão difícil a quem trabalha chegar até ao fim do mês”, disse.

“Para nós a solução era o Governo manter o que disse nos anos anteriores e a atualização das pensões e dos salários ser feita de acordo com a inflação do ano anterior, ou seja a inflação deste ano, o que significava que estávamos a falar de aumentos na casa dos sete ou oito por cento, tanto para os salários como para as pensões. Era a única forma, nem é de as pessoas viverem melhor, era, pelo menos, não como continuarem a empobrecer todos os dias”, defendeu Catarina Martins.

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Micrologística “treme” com filas, entregas grátis e devoluções

Do trânsito para entrar nas cidades ao stress financeiro e operacional com entregas grátis e devoluções, aumento do comércio eletrónico está a colocar operadores logísticos e retalhistas sob pressão.

Na disrupção logística que teve início com a pandemia, todo o foco das autoridades políticas e da indústria foi colocado na montagem e na adaptação das chamadas cadeias longas, sobretudo pela excessiva dependência de alguns meios de transporte e determinadas regiões do globo. Em simultâneo, e mesmo com o crescimento dos movimentos associados ao comércio eletrónico, impulsionados igualmente pela Covid-19, “as cadeias mais micro acabaram por ficar esquecidas”, aponta Raul Magalhães, presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística. Com a mudança de hábitos dos cidadãos, o responsável descreve “uma multiplicação de microcadeias nas cidades, o que coloca problemas novos” aos operadores.

E começam logo pelo “drama de entrar nas cidades”, com filas diárias no acesso aos principais centros urbanos. Humberto Cordeiro, diretor nacional de vendas da DPD em Portugal, pede aos autarcas uma “mudança radical no ordenamento do território”. Até porque, com os centros logísticos geralmente situados nas periferias, a aposta na mobilidade elétrica fica prejudicada: “25% ou 30% da autonomia dos veículos elétricos vai logo embora”. Até ao final do ano, cerca de 20% da frota utilizada pela empresa para a entrega das encomendas vai ser elétrica.

“Hoje sabemos que, para ter sucesso e manter a qualidade da entrega, precisamos de fazer a primeira entrega pelas 8h30. Se chegarmos às cidades às 9h30 fica tudo hipotecado. Temos de encontrar formas de estar mais próximos dos locais de entrega porque, ao final do dia, o cliente vai achar que estamos a prestar um mau serviço”, resume o responsável. A empresa englobada no grupo francês com o mesmo nome está apostada em expandir os pontos de proximidade, como as zonas de cacifos ou Click & Collect – em três anos conta dobrar as atuais mil localizações deste género que tem no país –, reclamando que estas “soluções mais sustentáveis não podem ser encaradas como o parente pobre” das entregas.

Enquanto na Europa, 35% a 40% das entregas são feitas em redes de proximidade, em Portugal não chega a metade dessa percentagem. Apesar de uma entrega num destes pontos reduzir em 90% as emissões poluentes associadas e custar 30% a menos do que se for feita em casa – esta tipicamente gera mais reclamações –, o porta-voz da DPD ainda ouve as empresas dizerem ‘não vou obrigar o meu cliente a deslocar-se para levantar uma encomenda’. “O raciocínio tem de mudar. Se informarmos as pessoas sobre as opções e lhes dermos a possibilidade de escolher, se calhar temos uma surpresa”, acrescenta, apontando as entregas gratuitas como outro tema “não só importante ou estratégico, mas crítico para a sustentabilidade das cidades e para a vida das pessoas”.

As soluções de entrega mais sustentáveis não podem ser encaradas como o parente pobre. Se informarmos as pessoas sobre as opções e lhes dermos a possibilidade de escolher, se calhar temos uma surpresa.

Humberto Cordeiro

Diretor nacional de vendas da DPD em Portugal

A espanhola Correos, que em 2019 comprou 51% da Rangel Expresso em Portugal, têm igualmente um serviço premium e outro standard, que é mais económico porque utiliza uma rede mais sustentável. Javier Garcia, subdiretor de planificação e processos, tenta fomentar o uso deste serviço mais sustentável através do preço, até porque “também é mais rentável” para a própria empresa. “As transportadoras não podem conseguir esse objetivo [da sustentabilidade] por si só, tem de ser com a ajuda dos nossos clientes. Temos de os educar. Querem rápido e gratuito, mas os clientes e destinatários têm de perceber que a logística não é gratuita e que as alternativas podem suportar custos associados”, sublinha.

Javier Garcia, subdiretor de planificação e processos nos Correos

O porta-voz da empresa pública espanhola, que esteve recentemente em Matosinhos para participar na conferência “As Cidades e a Logística”, promovida pela APLOG no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, relata igualmente que tem “muitas dificuldades” no acesso congestionado às cidades e no chamado last mile, que é aquela que acarreta mais despesa para as operações. O desafio passa por “manter o serviço de qualidade aos clientes, mas com eficiência de custos”, sendo que nos envios do e-commerce trabalha com “margens mínimas”. Também no caso das devoluções, a solução passa por “educar o cliente”.

Temos de educar o cliente no caso das devoluções, cobrando ao destinatário. Pode soar duro, mas talvez seja uma das medidas mais eficientes. A logística inversa come-nos muitas margens.

Javier Garcia

Subdiretor de planificação e processos dos Correos

Como? “Cobrando ao destinatário. Pode soar duro, mas talvez seja uma das medidas mais eficientes. A logística inversa come-nos muitas margens. Estamos a procurar pontos de proximidade para reduzir os custos e ter uma logística mais sustentável, para conseguirmos manter as margens”, responde Javier Garcia. “Ir a casa de um cliente buscar um pacote aumenta o custo em 40%, face à rota normal. Altera a rota e não há efeito sinérgico da entrega. Além do problema do packaging e da integridade do artigo. Estamos a sensibilizar as empresas para a atenção a dar à qualidade do cartão e para o acondicionamento do produto”, concorda Humberto Cordeiro, diretor comercial da DPD em Portugal.

Retalhistas em “stress” com campanhas e stocks

Do lado dos retalhistas, em que a last mile é encarado como a ponte do iceberg em termos logísticos – antes disso já tiveram de lidar com os atrasos nos fornecimentos da Ásia ou com os custos dos contentores marítimos –, José Miranda, responsável pela área das entregas e cadeia de abastecimento na Leroy Merlin, conta que, ao fazerem inquéritos aos clientes, até dizem estar dispostos a pagar mais, se tiverem a certeza de que a entrega é sustentável. Porém, acabam a dar prioridade às entregas gratuitas, à rapidez e à opção mais barata. “É preciso uma consciência coletiva do impacto que isto tem na sustentabilidade e, por outro lado, que a sustentabilidade tem um custo”, resume.

As campanhas de free delivery aumentam 45% as vendas, mas depois temos um rasto de três a quatro semanas a tratar de devoluções e reclamações.

José Miranda

Responsável pelas entregas e cadeia de abastecimento na Leroy Merlin

O gestor da marca especializada em artigos de bricolage, construção, decoração e jardim, que pertence ao grupo ADEO, calcula que as campanhas com entregas grátis aumentam as vendas em 45%, mas reconhece que “[põem] em stress a própria empresa e os parceiros de distribuição”. E defende que essa é uma matéria que deve ser regulamentada pelas autoridades nacionais. “Depois temos um rasto de três a quatro semanas a tratar de devoluções e reclamações. Durante um mês ou mais andamos a tentar arrumar as operações”, nota José Miranda.

Pedro Santos, diretor de e-commerce da Sonae MC, sustenta que o free delivery é “uma forma de, no limite, até desvalorizar o serviço” e que muitas vezes “o próprio preço [do produto] acaba por ser desvirtuado” para esconder esse custo. “Preferimos uma proposta transparente. Com várias propostas de valor, mais caro se for mais rápido”, completa o gestor nortenho. Já no caso das devoluções “é tudo mau: [há] custos de entrega e de recolha, custos de processo e zero vendas”.

Nas devoluções é tudo mau: há custos de entrega e de recolha, custos de processo e zero vendas.

Pedro Santos

Diretor de e-commerce da Sonae MC

Quanto à introdução de novas regras que abranjam o e-commerce, Pedro Santos sublinha que não tem “fantásticas experiências com a qualidade da regulação, que dificilmente tem em conta as particularidades de cada negócio”. E lembra o caso da legislação para reduzir os sacos de plástico no retalho, um material que diz ser “ótimo” na vertente da segurança alimentar. “Aumentar as caixas de correio para poderem receber pacotes era uma boa medida ao nível da regulamentação. Há várias outras que podem integrar o packaginge a forma de receção dos artigos”, contrapõe o líder do Continente Online.

Raquel Santos, diretora de operações da Delta

No caso da Delta, a pandemia fez com que os restaurantes, cafés e hotéis passassem a comprar mais vezes e menos quantidades de cada vez, o que obrigou a mexer na cadeia que tinha montada. A diretora de operações, Raquel Santos, fala numa “mudança de paradigma” com estes clientes B2B (e que é já uma realidade a nível ibérico). Passou a operar num sistema de pré-venda com o objetivo de tentar obter economias de escala na distribuição, sabendo que “a eficiência no last mile é crítica”.

“Os clientes querem tudo para o minuto a seguir, mas temos de lhes lembrar o esforço financeiro e de sustentabilidade que isso traz”, destaca a gestora da Delta. E se anteriormente a regra eram as entregas mais curtas, em 12h a 24h, calcula que atualmente cerca de 90% das entregas no segmento Horeca são feitas num prazo de 48 horas. Para viabilizar essa mudança, Raquel Santos explica que o grupo do ramo alimentar está “a trabalhar junto dos clientes para haver uma otimização dos seus stocks” e, por outro, a afinar com a área comercial – introduzindo cada vez mais tecnologia – para ser mais eficiente nas rotas.

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Costa defende Pedro Nuno Santos na polémica que envolve a empresa do pai

Presidência do Conselho de Ministros esclarece que lei apenas se aplica a concursos feitos no âmbito do Ministério tutelado pelo membro do Governo.

A presidência do Conselho de Ministros veio este sábado “ilibar” Pedro Nuno Santos na história que foi divulgada esta sexta-feira, envolvendo a empresa do pai, onde o ministro tem uma participação de 1%. Em causa está um contrato público feito com a Tecmacal em julho deste ano.

De acordo com o Observador, Américo Augusto dos Santos, pai de Pedro Nuno Santos e dono de 44% da Tecmacal, assinou um contrato com o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado no valor de 19.110 euros, num ajuste direto para a compra de equipamentos no setor da marroquinaria. Pedro Nuno Santos, por sua vez, também tem uma quota na empresa, que seria de 1% a 28 de junho deste ano.

Ou seja, o ministro tem, assim, mais de 10% de uma sociedade “conjuntamente” com um ascendente, o que, segundo a lei, leva a que a empresa fique impedida de fazer contratação pública ao abrigo do novo regime. E a sanção prevista neste caso é a demissão do ministro.

Mas Pedro Nuno Santos não partilha desse entendimento. Em reação à notícia, o gabinete do ministro começa por responder que “as questões agora colocadas são inteiramente coincidentes com as que motivaram, em 2019, a solicitação de um pedido de parecer do Governo ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, o qual conclui pela inexistência de incompatibilidades”.

Em comunicado enviado este sábado, e na sequência das notícias que foram divulgadas na imprensa, a presidência do Conselho de Ministros saiu em defesa do ministro das Infraestruturas e da Habitação. “Por força da Lei n.º 52/2019, de 31 de julho, os membros do Governo estão sujeitos, entre outras obrigações, ao impedimento de participar em atos de contratação pública”, começa por ler-se.

“Este impedimento também é aplicável às sociedades comerciais por si detidas em percentagem superior a 10% ou cujo capital social por si detido seja superior a 50.000€” e ainda “às sociedades comerciais cujo capital social seja detido, acima daqueles limites, pelo seu cônjuge, unido de facto, ascendente e descendente em qualquer grau (pais, avós, filhos, netos, etc.) e colaterais até ao 2.º grau (irmãos)”. Ora, em conjunto com o pai, Pedro Nuno Santos detém uma participação de 44%.

Contudo, refere o Conselho de Ministros, “em 19 de setembro de 2019, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República tinha esclarecido que tal impedimento apenas se verifica quanto aos procedimentos relativos a contratos públicos abertos ou que corram os seus trâmites sob a direção, superintendência ou tutela de mérito do órgão do Estado em que o titular de cargo político exerce funções“, ou seja, no respetivo Ministério.

E, refere o comunicado, “ainda que o parecer tenha sido emitido na vigência da Lei n.º 64/93, de 26 de agosto, a Lei n.º 52/2019 de 31 de julho, que a substituiu, não alterou as disposições à luz das quais foi emitido o referido parecer do Conselho Consultivo da PGR, que assim mantém plena atualidade, como o próprio parecer atesta, uma vez que a lei nova já era conhecida à data da sua aprovação unânime“.

“Este aspeto”, diz o Conselho de Ministros, é “central para a compreensão dos deveres a que estão sujeitos os membros do Governo e as limitações à liberdade de iniciativa económica dos seus familiares”. Aspeto esse que “tem sido, apesar de profusamente conhecido e transmitido pela comunicação social em 2019, lamentavelmente omitido nas notícias produzidas a este respeito“.

Marcelo recusa falar de “caso concreto”, mas não descarta fiscalização da lei

Em declarações aos jornalistas durante uma visita no centro histórico de Nicósia, em Chipre, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o caso que envolve o ministro das Infraestruturas e da Habitação. Na resposta, disse que “nunca” fala de “casos concretos”, reiterando que, nos “casos em abstrato”, “se a lei define determinadas regras sobre incompatibilidades, e há situações que são abrangidas por essas regras, então há que fazer cessar a incompatibilidade”.

“Há, no entanto, outras situações – não sei se porventura não é mesmo essa – em que não há incompatibilidades, porque a lei define determinadas percentagens de capital detido em empresas que celebram contratos públicos: se não se atinge essa percentagem, ou se não se atinge determinado valor no contrato, aí não se aplica a lei”, referiu.

No caso de Pedro Nuno Santos, o chefe de Estado considerou que “é preciso ver o que é que se passa, se sim se não [se aplicou a lei], para não haver generalizações”. “Penso que uma coisa é afirmação dos princípios, depois outra é a aplicação dos princípios aos casos concretos. E, muitas vezes, começa-se pela aplicação dos princípios aos casos concretos e depois é que se vai ver o que é que diz a lei”, referiu.

Questionado se, quando recebeu a atual lei, em 2019, não duvidou sobre a sua constitucionalidade, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que, na altura, não viu “razão para levantar a fiscalização preventiva, nem ninguém na altura viu”. “Na altura, todos ficaram muito satisfeitos com a solução a que tinham chegado, porque respondia a uma preocupação efetiva de ética e de moral política”, recordou.

No entanto, o chefe de Estado sublinhou que “a todo o momento é possível recorrer ao Tribunal Constitucional”. “Na altura, era o consenso – que me parecia sensato – não estar a levar essa matéria ao Tribunal Constitucional. Mas, como sabem, é uma questão que, em todo o momento, pode ser colocada em relação a qualquer lei”, referiu.

Interrogado assim se tenciona suscitar a fiscalização sucessiva da lei, Marcelo respondeu: “É uma questão que pode ser apreciada. Não ponderei”.

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SNS gastou 32,5 milhões de euros em medicamentos no primeiro semestre

  • Lusa
  • 8 Outubro 2022

Em média, venderam-se mais de 59.732 embalagens de ansiolíticos, sedativos, hipnóticos e antidepressores por dia, totalizando 10.871.282 nos primeiros seis meses do ano.

Os portugueses compraram nos primeiros seis meses do ano perto de 10,9 milhões de embalagens de ansiolíticos, sedativos e antidepressivos, o que representou um encargo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de cerca de 32,5 milhões de euros.

Em média, venderam-se mais de 59.732 embalagens de ansiolíticos, sedativos, hipnóticos e antidepressores por dia, totalizando 10.871.282 nos primeiros seis meses do ano, o que representa um aumento de 4,1% face ao mesmo período de 2021 (10.439.500), segundo dados avançados à Lusa pelo Infarmed, a propósito do Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado a 10 de outubro.

Segundo os dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, relativos a medicamentos prescritos e comparticipados, dispensados nas farmácias comunitárias, foram vendidas neste período 5.338.574 embalagens de ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, representando um encargo para o SNS de 10.300.100 euros.

No caso dos antidepressivos, a despesa foi maior, totalizando 22.244.076 euros, o que correspondeu a 5.532.708 caixas vendidas no primeiro semestre do ano, mais 8,2% comparando com o mesmo período de 2021 (5.329,397 embalagens. Comparando a evolução de vendas desde o último ano antes da pandemia – 2019 -, verifica-se que o consumo de antidepressivos esteve sempre a crescer.

Em 2019, venderam-se 9.368.788 embalagens, número que subiu para 9.803.223 no ano seguinte e para 10.499.231 em 2021, com um encargo neste último ano de cerca de 41,7 milhões de euros para o Estado, precisam os dados recolhidos a partir da informação disponibilizada pelo Centro de Controlo e Monitorização do SNS.

Relativamente ao consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos houve uma diminuição entre 2019 (10.329.106 embalagens) e 2020 (10.233.236), mas no ano passado foi registado um aumento, com a venda de 10.742.611 caixas, que representou uma despesa para o Serviço Nacional de Saúde de cerca de 20,5 milhões de euros.

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