Ex-ministro João Leão defende que CGD deve aumentar juros dos depósitos
Antigo governante defende, em entrevista, que o banco público devia dar o sinal ao mercado no aumento das taxas de juro nos depósitos, que atualmente são próximas de zero na banca comercial.
Numa altura em que a banca tem sido criticada por demorar a subir os juros aplicados aos seus depósitos, João Leão considera que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) devia ter um “papel importante de ir aumentando a remuneração” neste campo, pois “é nesse sentido que o mercado estaria a funcionar de forma regular”. Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, o ex-ministro das Finanças diz também que as taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) e as Euribor ainda deverão aumentar “cerca de um ponto até ao verão”, podendo começar a descer, “se tudo correr bem”, a partir de 2024.
“As famílias agora vão ser muito afetadas pelo aumento das prestações”, admite o antecessor de Fernando Medina, ressalvando, porém, que “do ponto de vista de longo prazo, as famílias que estão endividadas beneficiarão com a inflação, porque a inflação ajuda os devedores“. “As famílias vão sentir muito a dor, mas daqui a uns anos vão sentir que as prestações pesam menos nos seus salários. (…) Quem vê um futuro negro à frente está a olhar muito com o retrovisor para trás. 2023 será um ano transição”, sustenta.
Questionado se se podem esperar mais apoios do Governo este ano, João Leão sublinha a necessidade de ter em atenção as “situações de vulnerabilidade”. Ainda assim, reconhece que “parte destas famílias vão começar já em janeiro a ter uma melhoria do seu rendimento real“, exemplificando com o “mais de um milhão de trabalhadores [que] vai ter um aumento do salário mínimo próximo dos 8%”, “o aumento do IAS [Indexante dos Apoios Sociais, que] também vai afetar um conjunto de trabalhadores” e os salários mais baixos da função pública que “também vão aumentar de forma significativa”.
Sobre a possibilidade de ser indicado pelo Governo para ocupar o lugar de juiz do Tribunal de Contas Europeu, o antigo governante responde que não tem “fundamento”, nem há “nada de concreto”.
Noutra parte da entrevista (acesso pago), João Leão diz que a administração da TAP falhou ao não reportar às Finanças o pagamento da indemnização a Alexandra Reis, ex-administradora da companhia aérea. Quanto ao papel do ex-ministro das Infraestruturas, refere que não esteve “diretamente envolvido” no caso TAP, mas que “é importante” esclarecê-lo, sendo que a decisão da rescisão devia ter sido tomada “em conjunto com a tutela setorial”. Uma comissão de inquérito à TAP não irá penalizar Pedro Nuno Santos, nem “afetará significativamente” a privatização da transportadora, conclui.
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