Centeno otimista em Davos admite que Zona Euro escape à recessão
Mário Centeno espera boas surpresas na economia este ano. No Fórum Económico Mundial, o governador do Banco de Portugal destacou ainda a emissão de dívida conjunta na UE como um salto na integração.
Mário Centeno está otimista quanto à evolução da economia europeia, apontando que o desempenho “tem sido surpreendente” e poderá trazer melhores resultados do que o esperado. Declarações feitas durante um painel no Fórum Económico Mundial, em Davos, no qual, ainda assim, o governador do Banco de Portugal e membro do conselho executivo do Banco Central Europeu referiu preocupações com os níveis de confiança das famílias e empresas.
“O primeiro trimestre na Europa ainda deve ser positivo. Talvez sejamos surpreendidos e vejamos uma retoma” económica, adiantou o economista português no painel Staying Ahead of a Recession (Ficar à frente de uma recessão, em tradução livre), inserido no Fórum Económico Mundial.
Centeno admite que “o abrandamento é natural”. “Após a pandemia, temos uma guerra na Europa e temos uma crise na energia que atingiu a Europa fortemente”, estando “mais exposta que os EUA”, explica. “Mas, mesmo assim, “com todos ingredientes, o crescimento – mesmo baixo – que vemos é reconfortante”, diz. Já na inflação, os sinais de abrandamento também começam a aparecer.
O governador assegura que os bancos centrais vão “continuar a lutar contra a inflação”, porque é esse o “mandato” que têm, mas rejeita a hipótese de que vão ser os bancos centrais a começar uma recessão, “porque a inflação também não é boa para a economia”. Novamente nesta área, Centeno está confiante de que a subida dos preços vai aliviar.
Apesar deste otimismo, o antigo ministro das Finanças aponta, ainda assim, preocupações com os níveis de confiança: “Ainda não recuperámos do choque de fevereiro, ao contrário do que aconteceu na pandemia de Covid-19″, aponta. “Está a atingir o investimento”, assume.
Ainda assim o “mercado laboral está muito forte”. O emprego está a aguentar por agora: “Em Portugal estávamos muito mais bem preparados desta vez para a crise do que em 2008 ou 2011, na crise da dívida soberana”, salienta, com uma redução de risco generalizada e os negócios a acumularem “mais poupanças do que dívida” entre 2019 e 2022.
Emissão de dívida conjunta foi “dos maiores saltos na integração na Europa”
“Temos instrumentos dentro dos negócios e também politicamente”, assegura o governador, reiterando que agora, ao contrário do passado, a “política económica na Europa é uma fonte de estabilidade”. Centeno mostra-se confiante nas instituições europeias, destacando mesmo a emissão de dívida conjunta pela Comissão Europeia como “um dos maiores saltos na integração na Europa hoje”.
O governador do Banco de Portugal reitera que os sinais que estão a ser enviados às empresas e negócios é que a “política é mais forte”. “Não mostramos sinais de ansiedade”, diz, algo que advém das lições aprendidas nas últimas crises. E “somos também mais positivos”, aponta.
Perante este quadro europeu mais forte, “os negócios responderam” e mostram resiliência, salienta Centeno. Desta forma, “a economia ainda está a crescer um pouco”, ainda que o ambiente seja “muito difícil para a Europa”.
No campo da resposta à crise e da atuação dos bancos centrais, sublinha ainda que “a normalização da política monetária era mesmo necessária na Europa”. “Tínhamos de nos livrar das taxas negativas e criar margem para futuras intervenções” no caso de crise, conclui.
(Notícia atualizada às 8h50)
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