E-toupeira: Paulo Gonçalves condenado a pena suspensa

O ex-assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves foi condenado a 2 anos e 6 meses de prisão com pena suspensa por um crime de corrupção no caso E-toupeira. José Augusto Silva também foi condenado.

O ex-assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, foi condenado a pena suspensa no âmbito do caso E-toupeira, tal como o ex-funcionário judicial José Augusto Silva, avançou a Sic Notícias. Por outro lado, Júlio Loureiro, ex-funcionário judicial, foi absolvido. A leitura da decisão decorreu esta quarta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa.

Com pena suspensa, Paulo Gonçalves foi condenado a dois anos e seis meses de prisão por um crime de corrupção ativa. Já José Augusto Silva foi condenado a cinco anos, também com pena suspensa.

Este caso remonta a 2018 quando o Ministério Público acusou os dois funcionários judiciais, Paulo Gonçalves e a SAD do Benfica de vários crimes. Contudo, em dezembro desse ano, a decisão instrutória acabou por não pronunciar para julgamento a SAD ‘encarnada’.

Segundo a acusação do Ministério Público, Paulo Gonçalves, enquanto assessor da administração da Benfica SAD, e no interesse da sociedade, solicitou aos funcionários judiciais Júlio Loureiro e a José Silva que lhe transmitissem informações sobre inquéritos, a troco de bilhetes, convites e ‘merchandising’.

Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico da SAD do Benfica, estava acusado de seis crimes de violação do segredo de justiça, 21 de violação de segredo por funcionário, nove de acesso indevido, nove de violação do dever de sigilo, em coautoria, além de um crime de corrupção ativa, dois de acesso indevido e dois de violação do dever de sigilo.

Já o funcionário judicial Júlio Loureiro estava acusado de um crime de corrupção passiva, enquanto José Augusto Silva respondeu por um crime de corrupção passiva, seis de violação do segredo de justiça, 21 de violação de segredo por funcionário, nove de acesso indevido, nove de violação do dever de sigilo, 28 de acesso ilegítimo e um de peculato.

O julgamento teve início no dia 29 de setembro de 2021. Nas alegações finais, o procurador Luís Ribeiro defendeu que os três arguidos deveriam ser condenados, embora sem definir a duração das penas.

O magistrado do Ministério Público alegou então que “a atuação de Júlio Loureiro, em conjunto com José Augusto Silva, correspondeu como contrapartida de Paulo Gonçalves um tratamento preferencial, consubstanciado em bilhetes, convites, acesso ao parqueamento e ‘merchandising’ do clube”.

O pedido de condenação dos três arguidos pelo MP foi também acompanhado pelos assistentes do processo: o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça e os ex-árbitros Bertino Miranda e António Perdigão.

As defesas dos arguidos refutaram a maioria dos crimes imputados e pediram a absolvição. Para o advogado do ex-dirigente do Benfica, Tiago Rodrigues Bastos, o caso E-toupeira é “uma mão cheia de nada”, aludindo a “prova proibida” e à declaração de inconstitucionalidade da designada Lei dos Metadados, proferida em abril de 2022 pelo Tribunal Constitucional.

Rui Pedro Pinheiro, advogado de Júlio Loureiro, reiterou também a inocência do funcionário judicial neste processo, sublinhando que “não há nada com relevância criminal”. Já o advogado Paulo Gomes, mandatário de José Augusto Silva, admitiu uma eventual condenação, mas realçou o caráter do funcionário judicial e a sua integração na sociedade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Young Lions desafia jovens profissionais a “entrar para a história”

Portugal é o segundo país mais premiado do mundo nos Young Lions. As inscrições para a edição deste ano acabam de abrir e o +M apoia, como media partner, esta iniciativa.

Entra para a história. Este é o desafio que a organização nacional do Young Lions está a lançar aos profissionais mais jovens da indústria da comunicação.

No ano em que o Cannes Lions celebra os 70 anos, este é o mote da campanha da edição deste ano dos Young Lions Portugal. “Com um visual renascentista, mas com símbolos do presente e do futuro, o conceito desta edição revisita ícones históricos numa alusão a personagens do nosso imaginário coletivo que fizeram história, ao mesmo tempo que nos transporta para a atualidade numa fusão irreverente de cenários contrastantes entre a roupa e adereços dos personagens“, começa por explicar a organização.

A campanha tem ainda a particularidade de ter como atores Patrícia Cordeiro e Cláudio Soares, antigos Young Lions que trouxeram para para Portugal a medalha de prata na competição internacional do Young Lions, em Cannes. O conceito e a identidade visual da campanha, tal como nos últimos anos, foram desenvolvidos pela FullSix, responsável também pela amplificação no digital. A Show Off assinada a realização do filme.

“O mote da campanha deste ano vai muito além do apelo à participação, é um apelo aos jovens talentos nacionais para fazerem história, ao poderem inscrever os seus trabalhos na memória coletiva de todos nós”, diz Ana Paula Costa, representante do Lions Festivals, sobre a campanha. “A candidatura ao Young Lions neste ano especialmente importante para o festival que comemora sete décadas de vida, pode ser o primeiro passo para ganhar o reconhecimento e visibilidade, tanto nacional como internacional. É a oportunidade de entrar para a história”, prossegue a responsável.

Ana Paula Costa, que representa desde o início os Young Lions em Portugal, mostra-se otimista quando aos níveis de adesão. “Temos sempre ótimas expectativas em todas as edições, no que respeita às candidaturas por parte de todos aqueles que têm a ambição de representar Portugal num dos palcos do setor com maior prestígio mundial. Este ano serão um pouco mais elevadas, pois é uma oportunidade única para os vencedores das competições nacionais participarem numa edição memorável do festival que há 70 anos tem vindo a premiar as boas ideias, os GroundBreakers, que têm vindo a fazer história na indústria da criatividade em comunicação”, diz ao +M/ECO.

Ana Paula Costa, representante do Lions Festivals

O 70º aniversário do Cannes Lions vem na sequência de um ano de 2022 em que Portugal obteve o melhor resultado de sempre naquela que é a competição de criatividade, comunicação e marketing mais importante da indústria. Ganhou pela primeira vez um Grande Prémio, aos quais se juntaram dois leões de ouro, um leão de prata, quatro leões de bronze e cinco Shortlists. Resultados que “galvanizam todos os profissionais do setor, contribuindo naturalmente para o entusiasmo dos mais jovens ao sonharem também de alguma forma, em alcançarem reconhecimento internacional“, prossegue a responsável.

As competições da secção Young Lions em Cannes começaram em 1995 e Portugal participou pela primeira vez no ano seguinte. “Podemos dizer que desde 1998, ano em que Portugal ganhou a primeira medalha de ouro, obtivemos regularmente bons resultados”, recorda a responsável. Nos últimos anos, contudo, os resultados têm vindo a ser consistentes. Ana Paula Costa justifica-os com duas ordens de fatores. Por um lado o crescimento das categorias, que passaram de uma para sete. Por outro, o método de seleção dos representantes nacionais, implementado desde 2016.

“Procuramos premiar o percurso profissional dos candidatos, bem como avaliar as suas capacidades de trabalho sob pressão, visto que em Cannes têm apenas 24 horas para responderem a um briefing“, concretiza. Os resultados falam por sim, com Portugal a ocupar “uma honrosa 2ª posição” do ranking internacional dos países mais premiados do mundo.

A prestação nacional nos Young Lions é, inclusive, melhor do que na competição principal. “Não podemos partir para uma mesma base de comparação relativamente aos resultados obtidos por Portugal na secção principal e na secção Young Lions”, alerta, no entanto, a responsável. Isto porque, “na primeira, os países partem para uma competição em condições que se prendem com a dimensão dos respetivos mercados, com a sua capacidade de investimento nas candidaturas, quer em qualidade quer em quantidade, bem como na sua promoção, junto dos vários meios internacionais do setor”. Na secção Young Lions, estas variáveis não se verificam, “todos competem numa mesma base, onde só o talento criativo faz a diferença”, reforça Ana Paula Costa.

Com categorias como marketing, media ou as relações públicas a integrar nos últimos anos a competição, Ana Paula Costa refere que tem havido uma média de 150 candidaturas aos Young Lions. Destes são selecionados 14 vencedores, sendo a participação no bootcamp desempenhada em dupla. A primeira fase das candidaturas decorre até 20 de março e podem inscrever-se profissionais até aos 30 anos, através do envio do portefólio e/ou CV, nas áreas de publicidade, media, design, relações públicas e marketing.

As candidaturas serão avaliadas e votadas por um coletivo de jurados indicados pelas associações do setor (APAN, APAP, APAME, APCE, APECOM e Clube da Criatividade), que selecionam 70 profissionais para passar à fase seguinte. No bootcamp, durante 48 horas, as 35 duplas de profissionais respondem a um briefing apresentado por marcas nacionais, decidindo-se, nesta fase, quais os 14 vencedores que viajarão até ao Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, em representação de Portugal. O festival terá lugar de 19 a 23 de junho, em Cannes.

A Central de informação é a agência responsável pela comunicação institucional da iniciativa e a Mediabrands a agência de media parceira para a promoção publicitária da campanha junto dos meios. A MOP é a entidade associada à organização da competição Young Lions, no âmbito da representação do LionsFestivals. O +M apoia a iniciativa como parceiro de media.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

HEF lança fórum de ofertas de trabalho e oportunidades de negócio no setor equestre

As duas novas plataformas servirão para encontrar oportunidades de trabalho e de negócio, dinamizando a economia do cavalo em Portugal.

O Horse Economic Forum (HEF) lançou duas novas ferramentas no seu site, que funcionarão como fóruns de partilha de ofertas de trabalho e oportunidades de negócio no setor equestre. A plataforma pretende contribuir para a formação de um novo circuito de negócios no setor, dinamizando a economia do cavalo em Portugal.

“Estas duas ferramentas, disponíveis na Alter Agenda, no site do HEF, são mais um contributo importante para dinamizar a economia do cavalo. Portugal tem de estar focado nas enormes oportunidades que existem por explorar no mercado europeu, pela proximidade óbvia que lhe assiste, mas deve estar igualmente atento a mercados emergentes, em franco crescimento ou já com enorme expressão, como são exemplos os EUA, a China ou países africanos”, explica Raquel Palmeiro, vereadora do Município de Alter do Chão, em comunicado.

O Horse Jobs pretende afirmar-se como o primeiro fórum de oferta e partilha de oportunidades de emprego na área, com expressão não só no país, mas também no contexto internacional.

Já Gilberto Filipe, cavaleiro bicampeão do mundo de equitação de trabalho, sublinha a importância de “numa única plataforma se congregarem duas ferramentas importantes e que fazem falta, quer do ponto de vista dos negócios – compra e venda de cavalos -, quer da procura e oferta de emprego, uma carência que se regista e que é preciso ajudar a colmatar no setor equestre”.

O Horse Economic Forum é a maior iniciativa realizada em Portugal sobre a economia do cavalo e vai, pela primeira vez, avaliar o impacto económico deste setor. O Annual Report deverá ser divulgado em maio de 2023.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Antiga sede da Ageas no Porto comprada pela Osborne

  • Mariana Marques Tiago
  • 22 Fevereiro 2023

O edifício no Campo Alegre, com 15 mil metros quadrados, foi vendido à Osborne, naquele que foi o "primeiro passo" da estratégia da promotora imobiliária em Portugal.

A antiga sede da Ageas no Porto foi vendida à Osborne, naquele que foi o “primeiro passo” da estratégia da promotora em Portugal. Com a transação do edifício Campo Alegre fica fechada a venda do portefólio Invictus, pertencente à seguradora que concentrou as operações num único edifício, inserido num empreendimento promovido pela Civilria junto ao Nó de Francos.

O espaço em questão tem 15 mil metros quadrados e pode vir a receber mais de 600 colaboradores, distribuídos por sete pisos. A transação “corresponde às expectativas” que a Ageas tinha para a conclusão de um processo que incluía três espaços na cidade Invicta.

Para o grupo segurador, a aquisição do edifício Campo Alegre pela Osborne vai contribuir para uma cidade cada vez mais regenerada. “Estamos muito contentes pela aquisição deste edifício emblemático, o primeiro passo da nossa estratégia em Portugal. O nosso vasto track-record global na promoção de edifícios de escritórios de vanguarda contribui de uma forma decisiva para o desenvolvimento sustentável das cidades, cumprindo com os requisitos ESG”, considera o responsável da Osborne+Co em Portugal, Fernando Caldas.

A venda do edifício foi assessorada pela CBRE, que se diz orgulhosa por “contribuir, de uma forma decisiva, para a regeneração do centro do Porto, que tem conseguido atrair uma grande diversidade de investidores e promotores muito motivados pelo grande dinamismo na ocupação de escritórios da cidade“, adiantou o Head of Development Properties da consultora. Miguel Alvim nota que esta operação concluiu a venda do portefólio Invictus, pertencente à Ageas.

O último ano foi marcado por vários negócios no Porto, principalmente no segmento de reabilitação de escritórios. No total, contabiliza a CBRE, foi transacionada uma área superior a 35 mil metros quadrados, com um valor que ascendeu a aproximadamente 30 milhões de euros. Entre os principais negócios, a consultora destaca as vendas de escritórios na Rua Latino Coelho e do edifício Via Gaia.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“A promoção da equidade de género promove o desenvolvimento da própria economia”

  • Trabalho + CIP
  • 22 Fevereiro 2023

Tânia Lucas, Head of Private Label na Sonae, é a oitava convidada do Promova Talks II. A importância da promoção da igualdade de género e o seu impacto na economia foi destacada pela responsável.

O tema da igualdade de género é o mote da série “Promova Talks”. Trata-se do espaço de debate do Projeto Promova, uma iniciativa da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, que visa sensibilizar para o tema e alargar o acesso das mulheres a cargos de liderança nas empresas portuguesas.

Tânia Lucas, Head of Private Label na Sonae, foi a convidada deste oitavo episódio da II temporada do “Promova Talks”. Neste podcast, a responsável da Sonae apresentou os vários programas que a empresa tem vindo a desenvolver com o objetivo de ser mais equitativa e ainda referiu a importância que esta igualdade traz para a economia do país. Veja abaixo a entrevista completa.

Em Novembro passado, a Sonae assinou um plano de igualdade que visa promover a igualdade entre homens e mulheres dentro do grupo. O que é que vos motivou a acionar este plano e quais os resultados que pretendem alcançar com ele?

A Sonae MC, não obstante de não ser uma empresa cotada, tem um plano de igualdade desde 2018 precisamente porque encara a diversidade, a equidade e a inclusão como parte daquilo que é o seu ADN. Aliás, isto está espelhado no nosso código de ética e de conduta, que pauta a forma como os nossos colaboradores atuam no âmbito da sua atividade profissional. Nós reconhecemos o benefício que estes valores trazem para a empresa – aptidões, conhecimentos e também diferentes pontos de vista, que resultam, obviamente, em melhores ideias e elevam-nos, também, para outros níveis de desempenho. E, quanto à diversidade, nós queremos que ela reflita aquilo que é a pluralidade do nosso grupo nos diferentes negócios, funções e geografias.

Somos um dos principais empregadores nacionais e, portanto, acreditamos que temos aqui um papel de responsabilidade e queremos ser agentes da mudança. Por isso, em 2020, lançamos a nossa estratégia de diversidade, equidade e inclusão, que veio clarificar o âmbito da nossa atuação, que não é só uma atuação na dimensão do género, mas também na dimensão das incapacidades, das nacionalidades, das etnias, das gerações. Acreditamos que esta estratégia veio dar-nos foco em toda a organização, que tem mais de 34 mil colaboradores, mas também introduzir rapidez neste processo, não só estruturando a nossa ambição e o nosso propósito, mas estabelecendo targets concretos que nos permitem fazer um seguimento e tirar conclusões das várias ações e projetos que vamos desenvolver.

Também é importante dizer que este plano é orientado num horizonte de curto e médio prazo. Nós estamos mesmo muito focados em criar impacto de forma o mais imediata possível, portanto não queremos estabelecer um plano com horizonte a 10 anos. Apesar de não estar focado apenas na dimensão do género, foi efetivamente no género onde sentimos que tínhamos de ter uma atuação muito mais imediata. Achamos que é um tema prioritário e que precisava de uma abordagem holística, sistémica, isto porque tem aqui várias dimensões a serem endereçadas, desde logo o emprego e a educação, mas também ao nível do recrutamento, como ao nível das promoções, áreas que estamos a analisar para garantir que temos esta pirâmide mais equilibrada.

Temos vários projetos que visam promover um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal porque acreditamos que temos impacto, não só na empresa, mas também na sociedade de uma forma geral. Sabemos que as mulheres, tradicionalmente e infelizmente, estão em posições mais vulneráveis, portanto, temos aqui programas de apoio internos e, depois, na visibilidade e nos role models. Portanto, eu acho que este programa reflete os nossos compromissos e valores, mas também o nosso sentido de urgência em atuar e criar aqui um impacto mais imediato.

Que medidas é que este plano ajudou a colocar em prática para promover a igualdade de oportunidades dentro da empresa?

No âmbito destas quatro grandes áreas de intervenção que eu falei – a promoção e igualdade de género; emprego e educação; equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; a proteção social, a visibilidade e os role models – nós temos encetado diversas ações e diversos projetos. Uma delas é a participação das mulheres MC no programa Promova. Nós consideramos, enquanto empresa, que isto é uma excelente formação que auxilia as mulheres no desenvolvimento da sua carreira e nós temos estado presentes, com muito orgulho, desde a primeira edição.

Para além disso, o facto de termos definido targets de mulheres em cargos de liderança foi fundamental para nós porque exigiu muito alinhamento interno entre as várias áreas da empresa, e, dentro de uma empresa desta dimensão, o alinhamento e o foco são muito relevantes, desde logo porque os assumimos nas promoções e no recrutamento.

Também temos imensos programas de mentoria internos e participamos, também, num programa de mentoria à escala internacional com o Lead Network. A par disso, desenvolvemos medidas de flexibilidade que, não sendo exclusivas para mulheres, acabam por ser solicitadas, na maioria das vezes, por mulheres. Falamos de medidas como a FlexFriday, onde damos meio dia da sexta-feira livre para utilizarem naquilo que bem entenderem, horários de trabalho mais flexíveis, licenças sem vencimento, portanto, medidas que promovam o work life balance.

Neste âmbito, também lançamos campanhas de consciencialização interna para estes temas da diversidade, com o mote de “É de mulher”, protagonizada por mulheres da MC, que apresentava factos muito concretos que mostravam que esta igualdade de género ainda não é uma realidade e trazia uma mensagem de empoderamento feminino. São factos tão relevantes e que, às vezes, nos passam ao lado no nosso dia-a-dia, tais como a maioria das pessoas continuar a acreditar que as mulheres devem estar preparadas sacrificar a carreira em detrimento da família ou que, aos seis anos, as meninas já acreditam que os rapazes são mais inteligentes e mais aptos para desempenhar determinadas atividades que sejam mais complexas.

A nossa ideia é, por isso, criar consciência na organização porque o que nós entendemos é que a mudança parte de todos e, portanto, é responsabilidade de todos e beneficia toda a organização. Nós queremos, também, que as pessoas estejam atentas a isto na sua esfera de influência e na sua esfera de atividade profissional no dia-a-dia porque acreditamos que cada pessoa tem que assumir o seu papel individual na prossecução desta cultura de maior inclusão.

Dentro da empresa, entre os colaboradores, já se percebem resultados efetivos dessa consciencialização?

Sim. A empresa fala disto abertamente, põe targets concretos e promove ativamente que as pessoas falem sobre este tema, mas, além disso, nós vamos começando a ter cada vez mais pessoas jovens nas nossas estruturas e esta mudança geracional tem acelerado estes comportamentos. Eu acho que isto cria uma cultura de confiança para as pessoas não se retraírem e para exporem os seus pontos de vista.

Claro que sabemos que isto é uma coisa que não se muda de um dia para outro. É preciso falar sobre as coisas, encará-las de frente, definirmos os nossos objetivos e empurrarmo-nos porque, às vezes, também sinto que nos desresponsabilizamos e culpamos a sociedade e as empresas. Mas a sociedade e as empresas somos todos nós, por isso está ao nosso alcance mudarmos, sermos agentes conscientes da mudança que nós queremos ver a acontecer.

Um dos objetivos do grupo era ter 40% de mulheres em cargos de liderança até 2023. Neste momento têm 39,7%, mas, ainda assim, este é um número que continua a mostrar a prevalência de homens nestes cargos. Pretendem, por isso, aumentar o objetivo para 50% para igualar?

Não sei se vai ser 50%, mas, neste momento, nós estamos muito perto de alcançar o objetivo a que nos propusemos e estamos a definir os novos targets para 2026, que serão divulgados em breve. E eu não tenho dúvida nenhuma que serão targets ambiciosos. Mas acho que o número não é um fim em si mesmo. Acho que é um meio necessário, consciente, intencional, que tem como objetivo promover uma organização mais equilibrada e mais equitativa, o que o torna num mal necessário, de forma a empresa alcançar mais imediatamente esta equidade.

A ideia é que a organização seja capaz, através desta diversidade, de tomar melhores decisões que resultem em melhores produtos, em melhores serviços, numa melhor proposta de valor, num benefício económico para a companhia, que não tem só a ver com a empresa, uma vez que acaba por ser gerador do progresso social.

Por trás deste forcing das mulheres em cargos de liderança, obviamente que a Sonae vê aqui um benefício para a empresa, mas nós também acreditamos que tem aqui muitas vantagens do ponto de vista social. Há muitos estudos a este respeito que revelam que a promoção da equidade de género promove o desenvolvimento da própria economia. Isto porque, tipicamente, as mulheres investem uma maior percentagem dos seus ganhos nas famílias, nas comunidades, quando comparadas com os homens. E isto acelera o desenvolvimento das sociedades, melhora os níveis de pobreza, reduz as inequidades.

Por isso, certamente que agora havemos de traçar objetivos igualmente ambiciosos para 2026, mas acho que a taxa que vamos certamente anunciar, para mim, não é um fim em si mesmo, é apenas um meio para atingir aquilo que nós queremos, que é ter melhores empresas e também sociedades mais desenvolvidas e mais equitativas.

Enquanto participava no projeto Promova foi promovida pela Sonae. Houve alguma relação entre esta promoção e a sua participação no programa?

Não posso dizer a 100% que houve uma relação direta, mas acho que as empresas que participam neste programa têm uma intencionalidade de acelerar a carreira das mulheres que são propostas a participar no projeto. E eu tive a felicidade de esse ser o meu caso.

Efetivamente, eu fui promovida enquanto ainda decorria o projeto Promova, mas o que eu percebi desde logo, quando fui proposta para candidata a este projeto, foi que havia um claro reconhecimento da empresa sobre o meu percurso até então e uma vontade enorme de acelerar o meu desenvolvimento. Isso foi muito gratificante, independentemente de, no final, o prémio ser ou não uma promoção. Mas, obviamente que a promoção foi muito bem recebida e foi reveladora daquilo que foi o meu percurso, e acho que, neste nível, o projeto também ajudou a acelerar as competências que eram necessárias para assumir um cargo de maior responsabilidade.

O que eu trouxe do Promova vai muito para além da minha capacitação do ponto de vista profissional. Eu acho que, primeiro que tudo, o programa está muito bem desenhado – trabalha numa lógica 360, numa lógica holística, que aborda não só o desenvolvimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. E isto faz sentido, até porque nós não somos unidimensionais, ou seja, eu não sou uma Tânia no trabalho e depois sou outra Tânia em casa, e isto tem que fazer tudo sentido.

Relativamente a esta ótica de conciliação da visão profissional com o pessoal, o programa arranca com o módulo do propósito, no qual aproveitamos para refletir um pouco sobre o que é que nos faz felizes, onde nos vemos no futuro, quem somos e que marca queremos deixar no mundo. Este módulo, acompanhado da vertente do coaching, com autorreflexão, autoconhecimento, também me ajudou no momento em que fiz esta transição de carreira, ajudou-me também a estruturar um bocadinho esse processo e foi muito transformador.

Destacaria, também, o tema do companheirismo. Mais do que o networking, que, obviamente, é determinante nos dias que correm e que está subjacente como benefício e como vantagem no Promova, destaco o companheirismo, que implicava ver mulheres de diferentes setores, com diferentes backgrounds, com diferentes experiências de vida, a partilhar ali um momento de comunhão neste processo. Foi muito empoderador para mim fazer parte deste grupo de mulheres e de me inspirar nelas, de me rever nelas, e acho que isso é uma parte muito relevante da experiência.

Com todo este impacto que o Promova lhe trouxe, considera que existe um antes e um depois do projeto na sua vida?

O Promova, para mim, foi transformador. O que ele me trouxe foi este sentido de maior necessidade de urgência sobre esta temática da igualdade de género, um empoderamento pelo convívio com estas mulheres tão fantásticas, e eu acho que me reforçou a ideia de que a mudança também está em nós, quer seja na nossa esfera profissional, quer seja no nosso contexto social e familiar. Reforçou uma responsabilidade acrescida que eu sinto porque também sou mãe, sou mãe de duas meninas, e quero que as minhas filhas sejam capazes, independentes, que não lhes sejam impostas nenhumas barreiras pelo seu género. Acho que o programa me ajudou a ter uma maior consciência da necessidade de urgência de atuação em todas as dimensões da minha vida, além de todas as outras variáveis tão positivas que já falei.

Que mensagem gostaria de deixar às futuras participantes do projeto Promova?

Gostava de deixar a mensagem para se entregarem a 100% a este processo desde o primeiro dia, para se deixarem emergir no projeto. Eu acho que devem libertar a agenda, seguramente preenchida, para absorver ao máximo todos os dias em que estão no Promova. E, sobretudo, que desfrutem muito desta viagem porque vai ser uma viagem seguramente transformadora na vida delas.

Ouça aqui o episódio:

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

O Projeto Promova conta com o apoio da ANA Aeroportos, da EDP, da Randstad e da SONAE.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Cork Supply consegue financiamento sustentável de 10 milhões de euros com BPI

  • Joana Abrantes Gomes
  • 22 Fevereiro 2023

O financiamento está indexado ao desempenho da empresa de rolhas em baixar as emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 35% até 2027 e em concretizar iniciativas de bem-estar corporativo.

A Cork Supply e o BPI (Grupo CaixaBank) lançaram uma operação de financiamento sustentável no valor de 10 milhões de euros, através de um empréstimo obrigacionista com maturidade em 2029, informou o banco esta quarta-feira.

Em comunicado, a instituição que assessorou a especialista em rolhas naturais e técnicas para vinhos e espumantes explica que o financiamento, realizado no âmbito da “Sustainability-Linked Bond Framework” da Cork Supply, está condicionado a dois objetivos que visam “acelerar a utilização de fontes de energia renováveis para a produção de energia elétrica e continuar a melhorar o impacto ambiental das suas operações”.

O primeiro objetivo passa por reduzir as emissões de gases com efeito de estufa diretas (scope 1) e indiretas resultantes do consumo de energia (scope2) em, pelo menos, 35% até 2027, comparativamente a 2022. O outro prende-se com a realização até 2027 de um mínimo de 15 iniciativas do We Care, um programa da Cork Supply que visa a promoção do bem-estar corporativo e de uma cultura organizacional preocupada com a saúde, segurança e qualidade de vida dos trabalhadores.

“Com esta operação, a Cork Supply consolida a ligação entre o seu custo de financiamento e o seu desempenho ao nível da sustentabilidade, reforçando e demonstrando a sua relevância estratégica e o compromisso, a todos os níveis da organização, em atingir metas best in class em indicadores ESG (Environmental, Social and Corporate Governance)”, lê-se no comunicado.

Jochen Michalski, fundador e presidente da Cork Supply

O BPI refere ainda que, com esta operação, consolida a sua posição de financiador de referência das empresas portuguesas, através da “adoção de soluções inovadoras e assentes em princípios de sustentabilidade”, reforçando ao mesmo tempo o posicionamento do Grupo CaixaBank em Sustainable Finance a nível global.

“A sustentabilidade é central à nossa natureza e à forma como conduzimos os negócios”, afirma Jochen Michalski, fundador da Cork Supply, citado no comunicado, reiterando o empenho “em avaliar e melhorar continuamente as práticas ambientais” da empresa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alerta vermelho a 15 investimentos do PRR. Capitalização de empresas e metro de Loures são os mais atrasados

Os pontos críticos citados pela comissão de acompanhamento do PRR são as medidas e capitalização das empresas por parte do Banco de Fomento e a expansão do metro ligeiro de superfície Odivelas/Loures.

A Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) considera que existem dois investimentos cujo alinhamento com os objetivos definidos é crítico, havendo 13 que são preocupantes, revelou Pedro Dominguinhos na apresentação do relatório anual deste organismo.

Na apresentação do relatório, o presidente da Comissão revelou que os dois pontos críticos são as medidas e capitalização das empresas por parte do Banco de Fomento e a expansão do metro ligeiro de superfície Odivelas/Loures, devido à alteração do traçado e porque é necessário que as autarquias encontrarem financiamento para o mesmo. No caso do Banco Português de Fomento, “apesar da elevada procura, o número de empresas que beneficiou da recapitalização estratégica é manifestamente reduzido”, sublinhou o presidente da Comissão de Acompanhamento, recordando os prazos apertados para os novos programas lançados como o deal-by-deal e venture capital.

Já no caso da linha violeta do Metropolitano de Lisboa, Pedro Dominguinhos sublinha que já manifestou a sua preocupação junta da Comissão interministerial, porque, tratando-se de um metro de superfície, exigirá uma intervenção grande no espaço público. Quanto ao financiamento por parte das autarquias, o responsável aponta que um empréstimo do Banco Europeu de Investimento pode ser uma das soluções, já que a parte do Metro está assegurada pelo PRR. O vice-presidente do BEI, Ricardo Mourinho Félix, a semana passada admitiu que o banco poderia precisamente completa o financiamento dos projetos que não eram assegurados pela bazuca.

Os atrasos na avaliação de candidaturas de empresas, a ausência de modelo de acompanhamento das Agendas Mobilizadoras, as florestas e a descarbonização da indústria são outros investimentos que levam a Comissão a lançar mais sinais de alerta.

“Globalmente, os investimentos estão classificados com uma apreciação mais positiva”, resume Pedro Dominguinhos. “É quase um iron man, é uma pressão alta durante cinco anos”, acrescentou comparando o PRR com a desafiante prova desportiva. “Este é um processo permanente. No terreno percebemos as exigências de cada entidade a cada momento”, acrescentou.

No relatório de 2022, a CNA criou uma escala com quatro níveis que aplicou a 69 investimentos — os restantes 83 a Comissão não teve tempo de analisar — onde considera que 33 investimentos estão alinhados com o planeamento, 21 necessitam de acompanhamento, 13 são preocupantes e dois críticos. Por preocupante a comissão entende que apesar de não ser impossível o cumprimento dos matos e metas definidos são “identificados sinais preocupantes em termos de concretização junto dos beneficiários finais ou no âmbito de resultados expectáveis”, como por exemplo atrasos na comunicação e resultados de candidaturas ou assinaturas de contratos. Já a avaliação crítica é reservada às medidas e investimentos cujo cumprimento dos marcos e metas se identifiquem como muito difíceis de ser cumpridos “quer pela forma como foram definidos, quer pelo desenvolvimento das atividades até ao momento”. E por isso, “carecem de intervenção de fundo por parte da tutela, do modelo de gestão, ou de redesenho das medidas”.

A CNA manifestou uma forte preocupação com a demora na avaliação das candidaturas porque isso compromete os efeitos do PRR na economia e, por isso, aconselhou um reforço das equipas nos organismos responsáveis por a analisar. Um reforço que já começou a acontecer como é o caso do IAPMEI, tal como o ECO já noticiou. O responsável defende que casos como o dos Bairros Digitais não podem acontecer, já que os interessados tiveram apenas um mês para se candidatarem, mas os resultados só serão conhecidos, na melhor das hipóteses em setembro.

Pedro Dominguinhos reconhece que, em termos genéricos, a comissão faz uma avaliação positiva da implementação do PRR — embora esta não se possa basear apenas na execução das metas e dos marcos, como é o caso da compra de computadores, o seu efeito só será sentido depois de estes serem utilizados — mas deixa 13 recomendações que passam por:

  • Acelerar o processo de avaliação de candidaturas;
  • Agilizar processos de autorizações administrativas e legislativas e promover maior cooperação entre entidades públicas;
  • Introdução de mecanismo de consulta pública na preparação dos Avisos;
  • Aumentar percentagem de reembolso dos adiantamentos;
  • Reforçar e melhorar processo de comunicação;
  • Melhoria dos tempos de resposta e reforço da interoperabilidade das plataformas;
  • Reforçar a informação territorial dos investimentos e harmonização nos conceitos de reporte por parte dos BD e BI;
  • Definir modelo de acompanhamento das Agendas Mobilizadoras;
  • Apesar do reforço da informação no Portal Mais Transparência, deve reforçar-se o investimento na usabilidade, aspeto gráfico e criação de indicadores e dashboard;
  • Atendendo ao processo de reprogramação em curso, sugere-se a recalendarização de alguns investimentos, o reforço financeiro, bem como algumas metas;
  • Definição de programa e reforço de atividades dirigido à atração de RH;
  • Definição de uma Agenda de Avaliação do PRR, com incidência nos resultados e nos impactos;
  • Concretizar a execução do website da CNA-PRR.

(Notícia atualizada com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Universitários do Porto querem testar semana de quatro dias no Ensino Superior

A Federação Académica do Porto apresentou um projeto-piloto, que já foi recebido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

À semelhança do que está a aconteceu no mundo laboral, a Federação Académica do Porto, estrutura representante dos estudantes da Academia do Porto, quer testar e debater a semana de quatro dias no Ensino Superior. A proposta para um projeto-piloto já foi entregue ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

“A proposta desenvolvida não pretende que as Instituições de Ensino Superior (IES) funcionem apenas durante quatro dias por semana. Pretende uma reorganização da jornada de aulas”, começa por dizer Ana Gabriela Cabilhas, presidente da Federação Académica do Porto. “A sociedade tem evoluído de forma tão disruptiva que o país quer testar a semana de quatro dias de trabalho. Peço que o Ensino Superior integre, pelo menos, a reflexão. Se nunca testarmos, nunca saberemos se resulta”, continua.

Entre os principais motivos que justificam o piloto está a elevada carga horária — 21 horas de aulas semanais, contrastando com as médias de 16 a 18 horas da França, Bélgica e Países Baixos, as 14 a 15 horas do Reino Unido e Irlanda e as 10 horas da Suécia — bem como os níveis de burnout no Ensino Superior. Portugal está entre os países europeus com maior prevalência de perturbações do foro psicológico ou psiquiátrico, e a população estudantil não é exceção.

“A redução da carga horária pode apresentar externalidades positivas no bem-estar físico e na saúde mental dos estudantes. A carga horária excessiva, a pressão relativamente à média final, a incerteza sobre o futuro profissional ou a dificuldade em conciliar a componente letiva com a participação em atividades extracurriculares e a prática frequente de exercício físico são algumas das variáveis apontadas pelos estudantes que motivam o aumento dos níveis de ansiedade e exaustão”, defende Ana Gabriela Cabilhas.

A libertação de um dia útil permitiria, assim, aumentar o tempo disponível para atividades de desenvolvimento transversal, de caráter formal ou informal, e para a participação em atividades desportivas, culturais, associativas ou de voluntariado, na IES ou na cidade de estudo.

“A valorização formal da aprendizagem não formal é essencial para que mais estudantes compreendam a importância de desenvolverem outras competências fora da componente letiva e a dedicação que esta exige. O desenvolvimento pessoal e interpessoal dos estudantes é fundamental para a inserção na vida ativa”, defende a Federação Académica do Porto.

A proposta, cujo modelo de adesão seria através de candidatura voluntária, sugere um semestre de implementação em modo piloto e destina-se aos 2.º, 3.º ou 4.º anos de licenciatura e mestrado integrado. Além da introdução de um dia livre comum na IES, para os ciclos de estudos abrangidos pelo projeto-piloto, bem como da redução efetiva da carga horária em contexto de sala de aula e adequação do número de ECTS ao volume de trabalho real de cada unidade curricular, estão também entre os principais requisitos ações de formação para o corpo docente, dedicadas à implementação dos métodos e metodologias mobilizadas para o projeto.

Os resultados do piloto seriam avaliados, posteriormente, em cada IES por estudantes, docentes e centro de investigação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CMVM espera que decisão sobre alegada infração da TAP “não demore muito”

Para Laginha de Sousa é um “dado” adquirido que a informação divulgada inicialmente pela TAP sobre a saída de Alexandra Reis “não era a que devia estar”. CMVM avalia eventuais consequências.

O regulador da bolsa espera que uma decisão sobre uma eventual infração da TAP na prestação de informação sobre a saída da ex-administradora Alexandra Reis “não demore muito tempo”. Para Luís Laginha de Sousa, é um “dado” adquirido que a informação inicialmente divulgada pela TAP sobre a saída da administradora “não era a que devia estar”.

A minha expectativa é que não demore muito tempo a ter esse resultado, mas não quero indicar uma data. Não estamos a falar seguramente de meses”, adiantou o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta quarta-feira na Comissão de Orçamento e Finanças (COF).

O líder da CMVM foi várias vezes questionado sobre o tema, perante a falta de respostas concretas. Inicialmente, Laginha de Sousa afirmou aos deputados que a CMVM “não demorará mais do que estritamente necessário” e que “o que venha a ser decidido será divulgado”.

“Demora o tempo que for preciso não é uma resposta satisfatória”, reclamou o deputado da Iniciativa Liberal, Cotrim de Figueiredo. “Se o mercado não é atrativo? Talvez porque a CMVM demora dois meses a tomar este tipo de decisões”, atirou.

Face à insatisfação dos deputados, Laginha de Sousa reconheceu que “teria sido muito conveniente” para ele que a situação já estivesse esclarecida antes de ser ouvido na COF. E argumentou que há informação que não pode partilhar porque tem regras a cumprir.

Contudo, explicou que “não é por falta de vontade das equipas de recolher e tratar a informação e proporem o que deve ser proposto” que ainda não há uma decisão da CMVM. Mas, em relação “às consequências ou não do ponto de vista de uma contraordenação, a análise tem de ser feita com todo o cuidado, com a recolha de toda a informação”, adiantou.

De todas as formas, Laginha de Sousa assume como um “dado” que se a TAP “corrigiu a informação, isso significa que em determinado momento a informação disponível não era a que devia estar”, sem classificar a informação inicial como falsa ou errada.

Em causa está o facto de a TAP, em fevereiro do ano passado, ter anunciado ao mercado que a saída de Alexandra Reis por renúncia. Esta informação foi posteriormente corrigida em dezembro, já depois de se saber que Alexandra Reis recebeu uma indemnização de 500 mil euros, com a companhia área a adianta que a renúncia tinha sido negociada entre as partes. Por conta disto, a CMVM abriu uma ação de supervisão que está “em vias de ser fechada”, de acordo com Laginha de Sousa.

Face a isto, a empresa pode incorrer numa contraordenação muito grave e a uma coima que poderá ascender a cinco milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucros da Iberdrola cresceram 11,7% em 2022, para 4.339 milhões de euros

  • Lusa
  • 22 Fevereiro 2023

A Iberdrola, que está presente em Portugal, diz que os resultados foram positivos em todos os mercados onde está presente menos em Espanha.

O grupo espanhol de energia Iberdrola teve lucros de 4.339 milhões de euros no ano passado, um aumento de 11,7% em relação a 2021, revelou a empresa.

A Iberdrola, que está presente em Portugal, diz que os resultados foram positivos em todos os mercados onde está presente menos em Espanha, onde os lucros diminuíram 19% no ano passado.

A empresa atribui estes resultados em Espanha a medidas de regulação e fiscais adotadas no país e a um aumento de custos, associados à inflação, que o grupo energético assegura não ter transferido para os clientes.

Os resultados em Espanha e a desaceleração no México foram compensados, segundo a Iberdrola, pelo desempenho nos Estados Unidos e no Brasil.

O resultado do grupo antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) alcançou os 13.228,1 milhões de euros em 2022, um crescimento de 10,2% em relação a 2021.

A empresa destaca, na informação divulgada hoje, que no ano passado, num contexto de inflação e crise energética, marcada por perturbações nas cadeias de abastecimento, aumentou os investimentos em 13%, para os 10.730 milhões de euros, um valor recorde na história da Iberdrola.

A União Europeia foi o destino da maior fatia desse investimento, 38%, com 3.000 milhões de euros a ficarem em Espanha e 1.200 milhões aplicados em países como Alemanha, França e Portugal.

Cerca de 25% do investimento de 2022 da Iberdrola foi nos Estados Unidos, 20% na América Latina, 13% no Reino Unido e os 4% restantes noutras regiões do mundo, como a Austrália.

A empresa sublinha que 90% de todos os investimentos foram em energias renováveis e redes novas de distribuição.

O grupo fechou 2022 com uma capacidade instalada de produção de energia com fontes renováveis de cerca de 40.000 megawatts (MW) em todo o mundo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

McKinsey planeia eliminar 2.000 postos de trabalho

Os despedimentos deverão afetar as posições de "backoffice", ou seja, os profissionais que desempenham funções que não exigem o contacto direto com os clientes.

A McKinsey planeia cortar cerca de 2.000 postos de trabalho, uma das maiores rondas de despedimentos da sua história. Os despedimentos deverão afetar as posições de “backoffice”, ou seja, os profissionais que desempenham funções que não exigem o contacto direto com os clientes, noticia a Bloomberg. (contéudo em inglês)

“Estamos a redesenhar, pela primeira vez em mais de uma década, a forma como as nossas equipas não pertencentes a clientes operam, para que estas equipas possam efetivamente apoiar e escalar com a nossa firma”, afirmou um porta-voz da companhia, sem fornecer mais pormenores.

A reestruturação irá afetar departamentos como o de recursos humanos, tecnologia e comunicação, mantendo intactas as equipas jurídicas e de compliance da consultora, segundo o Financial Times.

O objetivo é manter o nível remuneratório dos partners da consultora, num projeto interno chamado “Project Magnolia”.

A consultora conta atualmente com 45 mil funcionários, face a 28 mil em 2017 e 12 mil em 2012. Em 2021, teve receitas de mais de 15 mil milhões de dólares, um valor recorde que deverá ter sido superado no ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Inductiva Research Labs vence Prémio Únicos

A startup contará com um apoio de mais de 150 mil euros, entre 50.000 euros de investimento da Shilling, serviços e créditos Google Cloud e comunicação.

A Inductiva Research Labs é a grande vencedora do Prémio Únicos, uma iniciativa do The Next Big Idea, em parceria com a Google e a Shilling. A startup contará com um apoio de mais de 150 mil euros, entre 50.000 euros de investimento da Shilling, serviços e créditos Google Cloud e comunicação.

“O importante para nós é o reconhecimento que este prémio nos traz. O percurso que temos feito é de muita ambiguidade. É arriscado e há momentos na nossa jornada em que nos sentimos sozinhos. Estamos a tentar fazer algo grande e diferente, mas nem sempre é fácil comunicar essa visão”, afirma Luís Sarmento, cofundador e CEO da Inductiva Research Labs.

“Quando falamos com um investidor ou com outra startup que nos dá feedback positivo, isso deixa-nos mais confiantes no nosso percurso. Este prémio é isso, mas multiplicado por mil, e dá-nos muita confiança para continuarmos a ser ambiciosos e a acreditar que vale a pena arriscar”, acrescenta, em comunicado.

A Inductiva, explica, é “uma empresa que está a tentar democratizar o acesso a ferramentas de simulação”, permitindo a estados e empresas ter acesso de forma simples a ferramentas complexas, capazes de “prever cenários futuros, para diferentes tipos de situações, sejam industriais, médicas e até ecológicas”. Portanto, “estamos a usar uma API que permite às pessoas que não têm conhecimentos profundos em computação usar ferramentas sofisticadas de simulação e aplicar aos seus casos de uso, o que será importantíssimo para o futuro”, resume.

As outras duas finalistas do Prémio Únicos foram a Pluggable.AI — que desenvolve sistemas de notificação push não intrusivos a partir da Inteligência Artificial, capazes de inferir o momento ideal para interagir com utilizadores de smartphonese a Ritmoo — que desenvolveu uma plataforma colaborativa para equipas que trabalham remotamente, automatizando fluxos de trabalho.

“As startups são, por definição, um poderoso motor de transformação digital e também por isso a economia tecnológica portuguesa atravessa um excelente momento: no pelotão da frente da Europa, Portugal conta com um unicórnio por cada 1,5 milhões de habitantes”, refere Bernardo Correia, country manager da Google Portugal. E acrescenta: “O nosso papel na Google é apoiar as startups portuguesas a escalar rapidamente e chegar a novos clientes dentro e fora de Portugal.”

Já Hugo Gonçalves Pereira, managing partner da Shilling, vê na colaboração um ponto chave para o desenvolvimento de um ecossistema de empreendedorismo que reúne talento, know-how e capital. “A Shilling sempre foi um investidor que deu muita importância à necessidade de acrescentar valor ao ecossistema, temos sempre a porta aberta para dar feedback a empreendedores, mesmo que não sejam do nosso portfólio. Iniciativas como o projeto Únicos são super importantes. Nós, com fundo de venture capital, conseguimos reunir um conjunto limitado de pessoas, mas não conseguimos ter escala para impactar tanta gente de uma só vez. Iniciativas como esta têm uma projeção muito para além das pessoas que hoje se reuniram aqui”, defende.

“Um exemplo fundamental disso com as masterclasses que agora ficarão disponíveis e que são um ativo de partilha para o futuro que fica e potencia essa capacidade de colaboração”, sustenta Hugo Gonçalves Pereira.

No âmbito da iniciativa Únicos, ao longo das próximas semanas serão divulgadas 11 masterclasses no site do The Next Big Idea. Empreendedores como Diogo Mónica, Ricardo Marvão, Rui Bento, André Albuquerque, Cristina Fonseca, Miguel Santo Amaro, Humberto Ayres Pereira, Marcelo Lebre, Daniela Braga, Vasco Pedro e Gonçalo Gaiola partilham o percurso que os levou da ideia até à liderança de empresas que se destacam no mercado internacional.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.