Exportações de vinhos portugueses sobem 1,5% e atingem recorde em 2022

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

Uma das maiores subidas foi verificada no mercado angolano, ao contrário do que tinha acontecido no ano anterior, que mais do que duplicou (103,6%) o valor das exportações.

As exportações de vinhos portugueses subiram 1,5% no ano passado, atingindo um recorde de 941 milhões de euros, destacando-se mercados como França, EUA e Reino Unido, segundo dados da ViniPortugal. Em 2022, “as exportações chegaram aos 941 milhões de euros, o que representa um aumento de 1,52% comparativamente ao período homólogo”, indicou, em comunicado, a ViniPortugal – Associação Interprofissional do Vinho.

No que se refere aos principais mercados de destino, França surge em destaque, com 111 milhões de euros, mais 3,2% do que em 2021. Seguem-se os Estados Unidos (105 milhões de euros) e o Reino Unido (83 milhões de euros). De acordo com a ViniPortugal, uma das maiores subidas foi verificada no mercado angolano, ao contrário do que tinha acontecido no ano anterior, que mais do que duplicou (103,6%) o valor das exportações, seguido pelo México (+74,6%) e pelo Japão (+24,6%).

“[…] Estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos, tendo em consideração que foi o ano em que se deu início a uma guerra, que ainda continua, e que nos trouxe fragilidades económicas e até de acesso aos mercados”, afirmou, citado no mesmo documento, o presidente da associação, Frederico Falcão.

O responsável da ViniPortugal referiu ainda que o objetivo para 2023 é atingir 1.000 milhões de euros de exportações, “assentando este crescimento no aumento do preço médio”. Frederico Falcão disse que a ViniPortugal está a trabalhar nesse sentido, através da promoção nos mercados tradicionais e da abertura de novos mercados “onde o potencial de crescimento é grande”.

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Governo está a “desmanchar” Ministério da Agricultura e ministra é o “carrasco”

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

Mais de 300 tratores agrícolas e 1.200 agricultores protestaram esta quinta-feira as ruas de Portalegre contra as políticas do Governo para o setor agrícola.

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou esta quinta-feira que o Governo está a “desmanchar” o Ministério da Agricultura e que a ministra do setor é o “carrasco” desta ação “imaginável” para os produtores agrícolas. “Está [o Governo] a desmanchar ou a deixar desmanchar o Ministério da Agricultura, transformou a ministra da Agricultura num carrasco”, lamentou Eduardo Oliveira e Sousa.

Para o líder da CAP, que falava à agência Lusa no decorrer de uma manifestação de agricultores promovida pela CAP em Portalegre, o Governo está a “cortar” o Ministério da Agricultura “aos pedaços”, numa situação “imaginável, inqualificável, inadmissível”. De acordo com números fornecidos pela organização, mais de 300 tratores agrícolas invadiram esta quinta as principais ruas da cidade de Portalegre, numa ação de protesto contra as políticas do Governo para o setor agrícola.

A manifestação, que contou ainda com a presença de mais de 1.200 agricultores e representantes de 60 associações daquele setor, centrou as suas críticas na ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes. Do vasto leque de críticas lançadas ao Governo, o presidente da CAP centrou a sua ação numa posição contra a extinção das Direções Regionais de Agricultura (DRA) e a sua integração nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), bem como na ausência nesta altura de um secretário de Estado da Agricultura.

Não é possível não termos diretores regionais, agora não temos secretário de Estado, ministra já não temos há tempo, porque ela faz figura de ministra, mas não é ministra, não tem capacidade para ser ministra e menos ainda capacidade para ser uma secretária de Estado”, disse. “O lugar de secretário de Estado tem de ser ocupado por alguém que tenha conhecimentos na matéria, conhecimentos de regulamentos, que entenda o mundo rural e a agricultura e, esta senhora, não tem essa capacidade”, acrescentou.

Para o presidente da CAP, a ministra da Agricultura apenas tem capacidade para fazer “aquilo que alguém mandou fazer”, que é “destruir o ministério” e “desarticular” a agricultura em Portugal. Em declarações à Lusa, o secretário-geral da CAP, Luís Mira, sublinhou que a manifestação em Portalegre foi a “maior de sempre” naquela região, sendo um indicador em relação à “indignação” com que vivem atualmente os agricultores.

Luis Mira defendeu ainda a execução do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR), lamentando que estão por executar no âmbito deste plano “1.300 milhões de euros” disponibilizados por Bruxelas. “O Governo não foi capaz de colocar [verbas] nos agricultores”, lamentou.

Presente também na manifestação, o líder parlamentar do partido Chega, Pedro Pinto, manifestou-se “solidário” com os agricultores nesta luta, defendeu a demissão da ministra Maria do Céu Antunes e acrescentou que, num “futuro acordo” de governação com o PSD, o Chega vai “exigir” a pasta da agricultura.

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África do Sul em estado de calamidade nacional para colmatar crise de energia

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

Presidente da África do Sul indicou ainda a nomeação de um ministro da Eletricidade na presidência, "a tempo inteiro", por forma a "garantir" o fim da crise energética que o país enfrenta desde 2007.

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa anunciou esta quinta-feira, no Parlamento, na Cidade do Cabo, a declaração do estado de calamidade nacional, com efeito imediato, para colmatar a crise de eletricidade no país. “Começará com efeito imediato, para fornecer medidas práticas em termos de infraestruturas críticas, e acelerar os projetos de energia e aquisições”, salientou o chefe de Estado sul-africano.

Ao anunciar vários planos, além do estado de calamidade, Ramaphosa indicou ainda a nomeação de um ministro da Eletricidade na presidência, “a tempo inteiro”, por forma a “garantir” o fim da crise energética que o país enfrenta desde 2007. “Em tempos de crise, é necessário haver uma estrutura de comando única, e de marcha única”, declarou o Presidente sul-africano, acrescentando que “a crise evoluiu para impactar todos os setores da sociedade”.

No discurso do estado da nação, Ramaphosa disse que os cortes constantes de eletricidade, desemprego, pobreza, crime e corrupção são “prioridades urgentes” no curto prazo para o Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder na África do Sul desde 1994, e do qual é também presidente.

O Presidente sul-africano indicou que o seu discurso seria de “esperança”, com foco na prioridade mais imediata, que é a segurança energética no país.

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Costa disponibiliza a Zelensky rede diplomática em África e América Latina

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

Costa garantiu ainda a Volodymyr Zelensky o contributo português em três temas: segurança alimentar, segurança energética e combate ao ecocídio.

O primeiro-ministro disponibilizou esta quinta-feira, em Bruxelas, ao Presidente ucraniano a rede diplomática portuguesa, nomeadamente em África e na América Latina, para apoio logístico a ações diplomáticas de Kiev, segundo fonte oficial.

Além de disponibilizar a rede de embaixadas e consulados para dar apoio logístico a ações diplomática que a Ucrânia queira desenvolver, António Costa garantiu ainda a Volodymyr Zelensky o contributo português em três temas: segurança alimentar, segurança energética e combate ao ecocídio, isto é, a destruição dos recursos naturais, e manifestou-se disponível para participar na fórmula de paz desenhada por Kiev.

No encontro com Zelensky, na quarta ronda de encontros multilaterais à margem da reunião do Conselho Europeu, o primeiro-ministro português considerou, segundo a mesma fonte, “fundamental evitar efeitos colaterais indesejados das sanções, como na segurança alimentar”.

No que respeita ao alargamento da União Europeia à Ucrânia, António Costa disse que Lisboa está “disponível para continuar a apoiar”, salientando que o trabalho de casa não está só do lado de Kiev, a UE tem também de se preparar “a nível institucional e orçamental”. Portugal confirmou ainda o apoio militar à Ucrânia.

A mesma fonte adiantou que António Costa ofereceu a Volodymyr Zelensky uma fotografia de um mural em Kiev da autoria do artista português Alexandre Farto, conhecido como Vhils, de Serhiy Nigoyan, o primeiro ativista morto durante a onda de protestos verificada na Ucrânia, em 2014, a reclamar a integração europeia.

 

Zelensky esteve em Bruxelas no âmbito de um périplo europeu que incluiu passagens na quarta-feira por Londres e Paris, tendo discursado numa sessão extraordinária do Parlamento Europeu e participado numa reunião, também extraordinária, do Conselho Europeu.

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EUA sancionam nove empresas por comercializarem petróleo iraniano

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

As empresas sancionadas são seis fabricantes petroquímicos com sede no Irão ou suas subsidiárias e três empresas na Malásia e em Singapura.

Os Estados Unidos sancionaram nove empresas que desempenharam um papel fundamental na produção, venda e exportação de produtos petroquímicos iranianos no valor de centenas de milhões de dólares, anunciou esta quinta-feira o Departamento do Tesouro norte-americano.

As empresas sancionadas são seis fabricantes petroquímicos com sede no Irão ou suas subsidiárias e três empresas na Malásia e em Singapura envolvidas na facilitação da venda e embarque de produtos petrolíferos e petroquímicos em nome da Triliance Petrochemical, já referenciada em 2020 pelo Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla inglesa) norte-americano.

Em 2018, após o então Presidente norte-americano Donald Trump ter abandonado unilateralmente o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, Washington impôs um conjunto de sanções económicas a Teerão, que levaram ao congelamento de todos os bens iranianos em solo norte-americano.

As sanções congelam quaisquer ativos que as entidades ou os indivíduos sancionados possam ter nos Estados Unidos, impedindo-os igualmente de fazer negócios com os norte-americanos. Entre as empresas sancionadas está a iraniana Amir Kabir Petrochemical Company (AKPC), grande produtora de polietileno, pela compra de milhões de dólares em polietileno de baixa densidade (LDPE) para envio a compradores na China.

As empresas asiáticas designadas são a Asia Fuel PTE, com sede em Singapura, que, desde o final de 2021, facilitou o envio de milhões de dólares em produtos petrolíferos para clientes no leste da Ásia. Sancionada foi também a Sense Shipping and Trading, uma empresa de fachada da Triliance Petrochemical, com sede em Kuala Lumpur, Malásia, que facilitou o envio de dezenas de milhares de toneladas métricas de produtos petroquímicos para clientes no exterior.

Outra empresa visada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos é a Unicious Energy, também com sede em Singapura, que desempenha um papel significativo na rede da Triliance, coordenando milhões de dólares em pagamentos relacionados com produtos petrolíferos para outras empresas dentro da rede. A Unicious Energy é também acusada de auxiliar a Triliance na venda de centenas de milhões de dólares em produtos petrolíferos.

Em resultado, todas as ações e participações destas empresas que se encontrem nos Estados Unidos ou que sejam controladas por empresários, gestores ou intermediários norte-americanos devem ser bloqueadas e relatadas ao OFAC.

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Trabalhadores da TVI convocam greve para 8 de março

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

O pré-aviso de greve foi “aprovado em plenário por unanimidade pelos trabalhadores da TVI", que reivindicam um aumento salarial mínimo de 8% para todos.

Os trabalhadores da TVI aprovaram em plenário um pré-aviso de greve, de 24 horas, para o dia 8 de março, reclamando uma atualização salarial mínima de 8%, avançou à Lusa Rolando Santos, da Comissão de Trabalhadores (CT).

Segundo o jornalista, o pré-aviso de greve foi “aprovado em plenário por unanimidade pelos trabalhadores da TVI e, portanto, se até ao final do mês as reivindicações que os trabalhadores apresentam não forem atendidas por parte da administração”, os profissionais irão avançar com a paralisação. Questionado sobre as reivindicações, Rolando Santos disse que “o mais importante é o aumento salarial mínimo de 8% para todos os trabalhadores da TVI”, sendo que a administração fixou aumentos máximos de 8%.

De acordo com a mesma fonte, “8% é o mínimo aceitável, porque cobre a taxa de inflação”, indicando que “o historial da empresa é muito mau, com muitos anos sem qualquer tipo de aumento” que conduziu a uma “degradação salarial muito acentuada”.

Entre as outras exigências dos trabalhadores está a “atualização do subsídio de alimentação para o máximo permitido legalmente”, a “concessão de 25 dias de férias anuais e outras questões que têm a ver com o plano de carreiras”, destacou. Neste momento, a CT só recuará caso este caderno reivindicativo seja aprovado a 100%.

“Vamos tentar falar com a administração o mais depressa possível, temos uma reunião regular com eles mensal e tencionamos falar com eles nos próximos dias”, referiu Rolando Santos, assegurando que a CT espera uma resposta até ao início do mês. “O plenário teve uma participação muito grande e foi lá que surgiram estas propostas, que foram aprovadas depois, por unanimidade”, rematou.

Entretanto, já na manhã de sexta-feira, na inauguração do ciclo das feiras de queijo Serra da Estrela, em Celorico da Beira, no distrito da Guarda, Marcelo Rebelo de Sousa, foi questionado pela RTP sobre o aviso de greve na TVI. “Ando há anos a dizer que a comunicação social está a atravessar uma fase alertar para a precariedade de na comunicação social. Se a comunicação social não é forte a democracia não é forte“, respondeu.

 

(notícia atualizada às 11h15 com o comentário de Marcelo Rebelo de Sousa)

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EDP Renováveis inaugura no Brasil o seu maior complexo eólico com 580 MW

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

O complexo composto por 14 parques eólicos poderá produzir energia suficiente para abastecer mais de 1,5 milhões de pessoas por ano.

A EDP Renováveis, subsidiária do grupo português EDP, inaugurou esta quinta-feira no Brasil o seu maior complexo de energia eólica renovável no mundo, composto por 14 parques eólicos com uma capacidade instalada combinada de 580 megawatts (MW) .

Num comunicado, a empresa explicou que o complexo está localizado no estado do Rio Grande do Norte, entre os municípios de Lajes, Pedra Preta, Pedro Avelino e Caiçara do Rio do Vento, e poderá produzir energia suficiente para abastecer mais de 1,5 milhões de pessoas por ano na região na qual a empresa possui mais de 800 MW instalados e outros 300 MW em construção.

“Com a liderança do Estado do Rio Grande do Norte na expansão das energias limpas no Brasil, a EDP Renováveis está orgulhosa por poder inaugurar o maior complexo renovável da companhia aqui na região”, afirmou no comunicado Paula Dalbello, country manager da EDP Renováveis no Brasil.

“Estes parques vão contribuir para o consumo de energia sustentável, para um estado com menos emissões de carbono e ainda o desenvolvimento económico local, motivos de orgulho para nós. Reafirmamos o nosso compromisso em deixar um legado positivo na região, na qual continuaremos a investir”, acrescentou a executiva.

Durante a construção dos parques, a EDP informou que criou mais de 3.000 postos de trabalho, bem como outros 80 permanentes que se encarregarão da operação e manutenção do complexo. No Brasil, a EDP Renováveis já instalou 1,1 GW de renováveis para promover a transição energética do ‘gigante’ latino-americano, onde tem um portfólio de projetos solares e eólicos em desenvolvimento de mais de 7 GW que entrarão em operação nos próximos anos.

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Governo de Passos validou negócio de Neeleman na TAP com parecer da Vieira de Almeida

No dia em que o Governo de Passos fechou a operação de privatização, a Vieira de Almeida entregou um parecer à TAP e para consulta da Parpública, que suporta juridicamente o uso dos fundos da Airbus.

A aquisição de 61% da TAP pela Atlantic Gateway de David Neeleman e a capitalização da companhia aérea, com base num negócio de compra de 53 aviões da Airbus, seria do conhecimento do acionista Estado, através da Parpública, empresa tutelada pelo Ministério das Finanças, à data liderado por Maria Luís Albuquerque.

Os 226,75 milhões de dólares em prestações suplementares que o empresário de nacionalidade norte-americana e brasileira colocou na TAP SGPS e que garantiram a privatização vieram diretamente da Airbus, como indica uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM) revelada pelo ECO. Dinheiro que terá sido entregue em contrapartida de um negócio de compra de 53 aviões ao fabricante europeu, fechado pelo próprio David Neeleman, e que segundo os advogados pôs a companhia aérea a pagar a sua própria capitalização, violando o Código das Sociedades Comerciais. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tem já a decorrer um inquérito com base nestes indícios.

Para aferir a legalidade da operação, foi pedido pela companhia aérea em 2015 um parecer jurídico à Vieira de Almeida (VdA), que além da TAP SGPS podia ser consultado pela Parpública, a empresa que gere as participações do Estado, tutelada pelo Ministério das Finanças e acionista da transportadora. O documento, a que o ECO teve acesso, tem a data de 12 de novembro de 2015, precisamente o dia em que se consumou a privatização, e refere expressamente a disponibilização dos “Fundos Airbus” à DGN de David Neeleman, e desta à Atlantic Gateway, para a capitalização da companhia aérea.

Refere também a desistência do contrato para o leasing de 12 aeronaves A350 e a celebração de outro para 53 novas aeronaves. Um negócio que terá lesado a TAP num valor que pode ascender a 444 milhões de euros, segundo a consultora Airborne.

O parecer indica de forma clara que, “segundo a Airbus, a disponibilização dos Fundos Airbus à DGN funda-se na relação comercial de longo prazo entre a DGN e a Airbus; no apoio ao turnaround plan da Atlantic Airways para a TAP, incluindo a renovação da frota (com aviões Airbus); a substituição da encomenda dos A350 por A330 Neo e a compra incremental de novos aviões A330neo e A320 neo”.

A Parpública era liderada desde o início de 2014 por Pedro Ferreira Pinto, nomeado por Maria Luís Albuquerque, que em julho do ano anterior tinha entrado para o lugar de Vítor Gaspar no Ministério das Finanças do primeiro Executivo de Pedro Passos Coelho. A secretária de Estado do Tesouro era Isabel Castelo Branco. Do lado da tutela setorial, a privatização foi conduzida pelo Ministério da Economia, liderado por António Pires de Lima, com o seu secretário de Estado das Infraestruturas, Sérgio Monteiro, a assumir o protagonismo. O decreto-lei da privatização, de 24 de dezembro de 2014, é assinado por Pedro Passos Coelho e os dois ministros referidos.

A 12 de junho de 2015 o Conselho de Ministros seleciona como vencedora da privatização a proposta da Atlantic Gateway, que além de David Neeleman é detida em 50,1% por Humberto Pedrosa. Pelas regras europeias uma companhia aérea não pode ser controlada por um acionista de fora da UE. Três dias depois, Sérgio Monteiro vem defender que a proposta de David Neeleman é aquela que “atende de forma mais conseguida e mais rápida os desafios que a empresa tem de enfrentar no curto prazo”, argumentando que representa “mais dinheiro, mais cedo no tempo para fazer face aos desafios de tesouraria que a TAP tem”.

No dia seguinte, a DGN assina um memorando de entendimento com a Airbus, que mais tarde vem a resultar na entrega dos 226,75 milhões de dólares e no negócio dos aviões, segundo a cronologia que consta da análise legal preparada para a TAP em agosto de 2022 pela Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM). A 24 de junho, é celebrado o acordo de venda direta das ações da TAP entre a Parpública e a Atlantic Gateway. Tudo no espaço de 12 dias.

Privatização com novos protagonistas

Ainda que o processo já estivesse definido, a privatização será concretizada já no segundo Governo de Passos Coelho, com alguns novos protagonistas. Se Maria Luís Albuquerque se mantém como ministra das Finanças e Isabel Castelo Branco como secretária de Estado do Tesouro, na Economia passa a estar Miguel Morais Leitão, escolhido pelo CDS, com Miguel Pinto Luz, atual vice-presidente do PSD, como secretário de Estado das Infraestruturas.

O novo Executivo da coligação PSD/CDS aprova o fecho da operação contratualizada em junho a 12 de novembro, dois dias depois de o Governo ser chumbado pela esquerda na Assembleia da República. A resolução de Conselho de Ministros realça que “a entrada imediata de fundos na companhia constitui uma necessidade urgente, imperiosa e inadiável”, que a conclusão da privatização “viabiliza”. No final da reunião, Isabel Castelo Branco e Miguel Pinto Luz anunciam a decisão em conferência de imprensa. Três dias antes terá sido feita uma apresentação pela Atlantic Gateway onde é descrita a disponibilização dos fundos Airbus e o negócio dos aviões. A SLCM não indica, no entanto, quem esteve nessa apresentação.

Também a 12 de novembro são formalmente transmitidos da Parpública para a Atlantic Gateway os 61% da TAP e é eleito um novo conselho de administração, para onde entram Humberto Pedrosa, como chairman, e David Neeleman, como não executivo. Fernando Pinto mantém-se como CEO, sendo acompanhado na comissão executiva por David Pedrosa (filho de Humberto Pedrosa) e Maximilian Otto Urbahn. É já esta administração que aprova o cancelamento do contrato para os 12 A350 e aprova a aquisição de 53 novas aeronaves, após parecer favorável do conselho fiscal, onde tinham assento Sérgio Rodrigues, a Baker Tilly, PG & Associados e Maria Susana Almeida Rodrigues.

Aquela é também a data do parecer da Vieira de Almeida, que ao contrário da SLCM considera não existir uma violação do artigo 322.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC), que proíbe uma sociedade de conceder empréstimos ou, por qualquer forma, fornecer fundos ou prestar garantias para que um terceiro subscreva ou, por outro meio, adquira ações representativas do seu capital. A sociedade advogados argumenta que a DGN e a AG não estão a usar os Fundos Airbus para comprar as ações da TAP mas para realizar a capitalização.

A Vieira de Almeida entende também que não existe uma violação do artigo 397.º, que estabelece a proibição da realização de determinados negócios entre a sociedade e outras das quais os seus administradores também sejam administradores. Isso só aconteceria “se a aquisição futura dos aviões pela TAP SA no âmbito do contrato não fosse realizada a preços de mercado”. A documentação entregue pela TAP à sociedade de advogados juntava a avaliação de três appraisers para o valor das aeronaves a receber, indicando que o preço cobrado pela Airbus estava abaixo do valor de mercado. O que veio a ser contestado em 2022 pela Airborne, que discorda do método de avaliação adotado, concluindo que a TAP pagou mais do que as concorrentes pelas mesmas aeronaves.

A Vieira de Almeida realça que a sua análise é estritamente jurídica, não se pronunciado sobre o mérito económico ou financeiro da capitalização ou da utilização dos Fundos Airbus. A análise também não inclui a ponderação do risco jurídico ou do impacto financeiro na TAP SGPS e suas subsidiárias decorrentes da estrutura contratual erigida pela DGN, a AG e a Airbus com vista à disponibilização dos fundos. Observa ainda que não tem capacidade para verificar a idoneidade dos appraisers ou a qualidade das suas avaliações.

Em outubro do ano passado, depois de o atual Governo ter enviado a nota legal da SLCM e a avaliação Airborne para o Ministério Público, David Neeleman veio garantir que toda a estrutura contratual relativa à compra dos novos aviões entre a Airbus, Atlantic Gateway e TAP, bem como todos os passos necessários, “foram dados a conhecer aos intervenientes e decisores relevantes, em momento anterior à privatização e no momento da reorganização acionista e foram, como tinha de ser, objeto de análise posterior pelo Tribunal de Contas”. Os juízes não identificaram qualquer irregularidade.

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Milhares protestam em Lisboa por melhores salários

Os manifestantes seguravam cartazes a criticar o "orçamento do empobrecimento" e alertavam para "emergência nacional" de aumentar os salários e as pensões.

Milhares de trabalhadores desfilaram esta quinta-feira em Lisboa do Largo Camões até à Assembleia da República num protesto organizado pela CGTP contra o aumento do custo de vida e por aumentos salariais e das pensões. A manifestação arrancou perto das 15:10 e chegou cerca de uma hora depois a São Bento e pelo caminho ouviram-se palavras de ordem como “o custo de vida aumenta e o povo não aguenta”, “não podemos aceitar empobrecer a trabalhar” ou “para o país avançar, salários aumentar”.

Manifestação da CGTP - 09FEV23
Manifestantes exigem melhores condições laborais e aumento dos salários.Hugo Amaral/ECO

À frente da manifestação, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, ladeada por vários dirigentes sindicais, entre os quais Mário Nogueira, da Fenprof, seguravam uma faixa vermelha onde se lia “pelo aumento geral dos salários ” e “contra o aumento do custo de vida e pelo controlo dos preços”. Os manifestantes seguravam cartazes a criticar o “orçamento do empobrecimento” e alertavam para “emergência nacional” de aumentar os salários e as pensões numa altura em que o poder de compra está a diminuir.

Na manifestação esteve a líder do BE, Catarina Martins, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que saudaram os manifestantes.

Manifestação da CGTP - 09FEV23
Manifestantes alertam para a diminuição do poder de compra.Hugo Amaral/ECO

“É impossível o Governo dizer que está tudo bem e depois quem vive dos seus salários enfrente dificuldades todos os dias”, disse Catarina Martins, defendendo que são precisas medidas “urgentes” como controlo dos preços e atualização dos salários e pensões. “Quem vive do seu trabalho tem cada vez mais dificuldade todos os dias e é por isso normal que a contestação social aumente”, acrescentou a coordenadora do BE.

Por seu lado, o secretário-geral do PCP realçou a “grande jornada de luta” e a “determinação” dos trabalhadores” considerando que esta é “uma luta que é mais que justa” pelos direitos “de quem produz a riqueza no nosso país e que merece uma vida melhor”.

Na manifestação estiveram trabalhadores de diferentes idades e de vários setores, entre eles, João Gonzalez, 24 anos, trabalhador-estudante, a tirar um mestrado, que está a recibos verdes no município de Lisboa há quase dois anos. “É altura dos jovens saírem às ruas paras reivindicarem melhores salários, melhores direitos laborais” numa altura em que “é muito difícil comprar casa” e “uma fração muito mínima da população jovem é que se consegue endividar”.

Manifestação da CGTP - 09FEV23
Protestos em frente da Assembleia da República.Hugo Amaral/ECO

Também Ana Almeida, 45 anos, assistente operacional há 22 anos no Hospital Dona Estefânia, considerou importante estar na manifestação, sublinhando que recebe o salário mínimo estando no quadro há 20 anos.

“Que grande dia de luta”, disse Isabel Camarinha em cima do palanque montado frente à escadaria da Assembleia da República, referindo que “em todo o país” os trabalhadores estão a mostrar o seu descontentamento.

A CGTP realiza esta quinta um dia nacional de protesto, com greves e manifestações em vários pontos do país, pelo aumento dos salários e das pensões, contra a subida do custo de vida e para reivindicar emprego com direitos. Estão previstas manifestações em várias cidades do país, entre elas, Lisboa, Porto, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Setúbal, Santarém, Portalegre, Viseu, Vila Real e Funchal.

O “dia de indignação” da CGTP incluiu manifestações em várias cidades do país, entre elas, Lisboa, Porto, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Setúbal, Santarém, Portalegre, Viseu, Vila Real e Funchal.

Manifestação da CGTP - 09FEV23
Isabel Camarinha discursou em frente à Assembleia da República.Hugo Amaral/ECO

Aos jornalistas, a líder da CGTP sublinhou que o protesto “teve uma expressão de muitos milhares de trabalhadores” e que “foi sempre a luta dos trabalhadores que obrigou a alterações, a mudanças, a tudo o que são transformações para melhor na nossa sociedade, nomeadamente no plano social e laboral”.

“A proposta que a CGTP faz de 10% ou um mínimo de 100 euros de aumento para todos os trabalhadores é a garantia de que no nosso país tiramos os trabalhadores da pobreza”, defendeu Isabel Camarinha.

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Receitas da Euronext sobem 13% para 1,4 mil milhões de euros

Com lucros superiores a 555 milhões de euros, a Euronext anunciou também que em maio irá propor em assembleia geral um dividendo de 2,2 euros por ação.

O grupo que gere as sete bolsas da Euronext (onde se inclui a praça financeira portuguesa) contabilizou receitas de 1,4 mil milhões de euros no ano passado. Trata-se de uma subida de 13% face a 2021.

De acordo com os resultados divulgados esta quinta-feira, o grupo Euronext gerou mais de 120 milhões de euros de receita adicional em 2022, ao mesmo tempo que o EBITDA ajustado subiu 11,7% para 861,6 milhões de euros, apesar da margem de EBITDA ajustada ter registado uma queda de dois pontos percentuais para 58,7%.

Os resultados da operação do ano passado revelam ainda um lucro líquido de 555,3 milhões de euros, 5,7% acima do contabilizado em 2021, que resultou num lucro por ação de 5,21 euros, menos 4,8% face ao ano anterior, “refletindo um maior número de ações em circulação em 2022 em comparação com 2021”, refere a empresa em comunicado.

Segundo a empresa liderada por Stéphane Boujnah, “na próxima assembleia geral anual, em maio, deverá ser proposto um dividendo de 2,22 euros por ação”, que se traduz num payout ratio de 43%. Com base na cotação desta quinta-feira dos títulos (75,06 euros), as ações da Euronext estão a transacionar com uma taxa de dividendos de 2,93%.

A Euronext revela ainda que o negócio de listagem nas suas bolsas cresceu 15,1%, “registando 83 novas admissões de ações em 2022, incluindo 20 empresas internacionais.”

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Funnyhow reforça direção criativa

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  • 9 Fevereiro 2023

A Funnyhow reorganizou a direção criativa, que passa agora a ser assumida pela dupla André Leite e Álvaro Silveira. César Sousa, nos últimos anos diretor criativo, sobe a chief creative officer.

César Sousa, Álvaro Silveira e André Leite

A Funnyhow reorganizou a direção criativa, que passa agora a ser assumida pela dupla André Leite e Álvaro Silveira. César Sousa, nos últimos anos diretor criativo da agência, sobe a chief creative Officer.

“O André e o Álvaro são, para além de profissionais de excelência, dois seres humanos excecionais, que moldaram e se tornaram parte integrante da cultura da Funnyhow. É um orgulho para todos nós, e para mim pessoalmente, poder entregar-lhes o leme da direção criativa”, diz citado em comunicado César Sousa, que para além do apoio à operação em Portugal vai “pôr o pé no acelerador no negócio internacional da agência”.

A prioridade é o mercado norte-americano e o angolano. No primeiro, a agência trabalha a conta da Fresh Del Monte USA e, em Angola, ganhou a Cerveja Tigra, da Refriango, desde o último ano representante e produtora da Coca-Cola Company no país.

A aposta numa tripla direção criativa surge num momento de um forte crescimento nacional e internacional da Funnyhow, com a conquista recente de contas como a Domino’s Portugal e a Colibri, do grupo Brisa, que se unem ao leque de clientes em carteira da agência”, enquadra a Funnyhow.

Vamos continuar a criar ideias com bang, com impacto, mas também com o pensamento estratégico que nos ajuda a fazer com que possam ser levadas às administrações mais conservadoras e saírem de lá com ordem de marcha. É nisso que nos vamos concentrar, de palito na boca e caçadeira na mão”, diz André Leite, sobre esta nova etapa.

“A.I, ChatGPT, BARD, realidade aumentada, experiências imersivas, gamificação. A tecnologia evolui, mas o essencial mantém-se: só queremos ouvir uma boa história“, prossegue Álvaro Silveira, copywriter da Funnyhow há três anos e com um percurso de cerca de 15 anos na publicidade, com passagens por agências como Ogilvy e Bang Bang.

André Leite, que começou a carreira como estagiário na Funnyhow e regressa agora como diretor criativo, foi responsável pelo primeiro prémio internacional da agência e já trabalhou marcas como Betclic, Sagres, Guinness, Tanqueray, Lipton, Bial, Del Monte, Danone e Durex.

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Trabalhadores do Ensino Superior manifestam-se em Lisboa contra regime fundacional

  • Lusa
  • 9 Fevereiro 2023

Cerca de meia centena de trabalhadores do Ensino Superior, Investigação e Laboratórios do Estado reuniu-se junto à reitoria da Universidade de Lisboa para se manifestar contra o regime fundacional.

Cerca de meia centena de trabalhadores do Ensino Superior, Investigação e Laboratórios do Estado reuniu-se esta quinta-feira junto à reitoria da Universidade de Lisboa para se manifestar contra o regime fundacional, pedindo uma “melhoria generalizada das condições de vida”.

“[Os trabalhadores] têm reivindicações setoriais muito claras, uma delas é o fim do RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior), outra delas é a situação da dignificação dentro das suas funções, nomeadamente o número de trabalhadores com direito à carreira“, disse à Lusa Artur Sequeira, da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (FNSFP), à margem do protesto.

Segundo Artur Sequeira, são “variadíssimos” os problemas que afetam os trabalhadores não docentes que têm de ser resolvidos. “No que toca ao RJIES, no que toca na representatividade dos trabalhadores, não é uma obrigação, é uma decisão que é tomada nos órgãos da universidade, nós queremos que isto deixe de existir”, realçou.

“Primeiro que deixe de existir o RJIES. Que passe haver uma gestão participada, uma gestão colegial como deve ser e não uma gestão individual feita por um diretor. Depois é o direito à carreira que está posto em causa em todas as áreas. São três carreiras… Queremos que haja mais carreiras“, prosseguiu. À Lusa, Artur Sequeira disse que falta vontade para se investir no ensino público.

“É uma abertura à sua privatização através da criação de fundações”, o que cria “uma competição entre universidades públicas”.”Está-se a colocar o Ensino Superior num nível de competitividade como se fossem universidades privadas, não é aceitável. Isto torna o ensino mais caro para os alunos”, afirmou. Por sua vez, a técnica superior da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa Isabel Nicola Pires explicou que os trabalhadores lutam para “fazer face ao custo de vida que cada vez está mais alto”.

No nosso caso, da Nova e FCSH, estamos a lutar contra o regime fundacional. (…) Continuamos a ser trabalhadores da administração pública, mas não temos o vínculo devido”, indicou. Contando a sua experiência profissional, Isabel Nicola Pires referiu que começou a trabalhar em 2016 a “recibos verdes” e depois viu a sua situação “regularizada pelo PREVPAP” (programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração Pública).

“No entanto, como a Universidade Nova de Lisboa passou a fundação pública de direito privado em 2017, com a regularização do PREVPAP, eu e os meus colegas (…) em vez de sermos regularizados com vínculos em função pública, fomos regularizados com contratos individuais de trabalho”, acrescentou.

Esta manifestação inseriu-se no dia nacional de protesto promovido pela CGTP, com greves e manifestações em vários pontos do país, pelo aumento dos salários e das pensões, contra a subida do custo de vida e para reivindicar emprego com direitos.

Estão previstas manifestações em várias cidades do país, entre elas, Lisboa, Porto, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Leiria, Setúbal, Santarém, Portalegre, Viseu, Vila Real e Funchal. Este dia de luta abrange público e privado, estando previstas greves em vários serviços públicos e em vários setores da economia, como serviços ou indústria, apontou a dirigente sindical.

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