Centeno espera descida nos preços ao consumidor “a breve prazo”
Governador do Banco de Portugal deixou avisos a empresas e trabalhadores: qualquer ganho de 1% nas margens de lucro ou salários agora vai ser anulado rapidamente pela inflação que vai criar no futuro.
Mário Centeno espera que os consumidores possam “a breve prazo” ter um alívio nos preços, na sequência da queda dos preços das matérias-primas que se verifica nos mercados internacionais e que são de “mais do que um dígito”. O governador do Banco de Portugal deixou avisos a empresas e trabalhadores: qualquer ganho de 1% nas margens de lucro ou salários agora vai ser anulado rapidamente pela inflação que vai criar no futuro.
“Os preços internacionais das matérias-primas estão a cair. Mais do que um dígito, temos quedas de mais de 10%. A eletricidade na Alemanha estava a cair cerca 65% em termos homólogos há dois dias. É importante ter a noção de que estes preços têm de se traduzir no preço ao consumidor”, avisou o governador do Banco de Portugal esta sexta-feira.
“Não é uma pressão para a qual precisemos de vigilantes. Mas é uma coordenação do processo económico normal, numa sociedade e economia madura, que deverá traduzir-se a breve prazo”, acrescentou na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de março que prevê uma redução da inflação para 5,5% este ano.
Para Centeno, se o choque de preços que sofremos há um ano reverteu, então “é expectável que todos os preços que dependem destes preços possam também reverter nos próximos meses”. “Temos uma descida generalizada dos preços das matérias-primas. E temos uma apreciação do euro que deverá contribuir para o alívio da inflação”, apontou o governador do banco central.
Em relação à medida de IVA zero nos bens alimentares, Mário Centeno espera para ver como vai funcionar e a sua eficácia. Mas diz já que seria mais fácil adotar medidas fiscais noutras áreas, como dos combustíveis, que “tem um mercado mais regulado e segue os preços internacionais”.
Do ponto de vista da redução dos preços, Centeno deixou outras duas mensagens. A primeira sobre os salários, que não devem crescer acima da produtividade, “porque colocarão, nesse contexto, uma pressão sobre os preços e uma pressão sobre a politica monetária, que não é uma pressão sobre os bancos centrais, mas sobre todos nós”.
A segunda foi para as empresas: se aumentaram as margens de lucro nos últimos anos, agora deverá ocorrer “um processo de acomodação à nova fase (…) que não se compadece com aumento das margens de lucro”.
“1% nos salários ou nas margens de lucro vai se refletir inexoravelmente nos preços e criar resistência para que a inflação desça, vai colocar pressão na política monetária. É um comportamento míope que, no médio prazo, vai reverter qualquer ganho quer salarial ou margem de lucro que trabalhadores ou empresa possam almejar com esta estratégia”, alertou o governador, no dia em que Fernando Medina anunciou um novo aumento de 1% dos salários da Função Pública.
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