Costa revela que propôs Mário Centeno como primeiro-ministro interino a Marcelo
"O país não merecia ser chamado a eleições", disse Costa, depois de revelar que avançou com o nome do governador do Banco de Portugal para lhe suceder. Galamba pode ser ainda demitido.
O primeiro-ministro demissionário revelou que tinha proposto ao Presidente da República o nome do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, para o suceder em São Bento. “O país não merecia ser chamado a eleições”, disse António Costa, esta quinta-feira, aos jornalistas na chegada à sede do PS, no Largo do Rato, acompanhado pela sua mulher Fernanda Tadeu, para participar na reunião da comissão política do partido.
“Num contexto em que há ainda uma guerra violentíssima na Ucrânia, com um conflito novo no Médio Oriente, a economia à escala global a retrair e em recessão, aquilo que precisávamos era de ter um Orçamento aprovado e aproveitar a estabilidade que existe e mudando o primeiro-ministro, aproveitar renovar o Governo, dar nova energia e nova alma”, defendeu Costa. “Estou certo que Centeno teria todas as qualidades para o poder fazer”, poupando “o país a meses de paralisação” sendo “uma personalidade que merece a confiança, o crédito e a admiração dos portugueses”, acrescentou.
No entanto, “essa proposta não foi aceite pelo Presidente, que optou por outra solução”. Recorde-se que Mário Centeno, antigo ministro das Finanças de governos socialistas, não é militante do PS nem foi eleito deputado.
Questionado pelos jornalista se sabia que o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, tinha cerca de 76 mil euros na residência oficial de São Bento, Costa foi perentório e frisou: “É evidente que não sabia e, assim que soube, fiz o que obviamente se impunha, que foi demiti-lo”. O primeiro-ministro exonerou esta quinta-feira Vítor Escária – constituído arguido – das funções de chefe de gabinete e nomeou para o lugar o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa.
Além disso, admite ainda demitir João Galamba, dizendo que “ficou de falar” com o Presidente da República sobre esse assunto. O ministro das Infraestruturas foi também constituído arguido no âmbito da ‘Operação Influencer’, que precipitou a demissão de António Costa como primeiro-ministro.
As declarações de Costa foram feitas minutos depois de o Presidente da República ter anunciado que ia dissolver a Assembleia da República no início de dezembro, depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2024, e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.
O primeiro-ministro aproveitou ainda a ocasião para agradecer os elogios de Marcelo e fez saber que não tem “ansiedade nenhuma” para sair do cargo e que “cá está” para se “manter nas funções até ao final”.
Sobre o seu processo-crime concreto, Costa repete que só tem sabido de informações através da comunicação social e que nada lhe “pesa na consciência sobre ter praticado qualquer ato ilícito ou até qualquer ato censurável”, acrescentando que “se a justiça entende que há alguma suspeita a meu respeito, o dever que tem é de investigar e devemos deixar o sistema de justiça funcionar”.
António Costa prestou declarações aos jornalistas à porta da sede do PS antes da reunião da comissão política sendo que a direção do partido vai propor que o congresso do partido se realize a 6 e 7 de janeiro, em Lisboa, e que as eleições diretas para o cargo de secretário-geral se realizem a 15 e 16 de dezembro.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Costa revela que propôs Mário Centeno como primeiro-ministro interino a Marcelo
{{ noCommentsLabel }}