Centeno é “competente e sério” e tentar afastar o governador “não ajuda à estabilidade”, diz líder da Caixa
Paulo Macedo não vê "incompatibilidade" em propor o governador do Banco de Portugal para primeiro-ministro. "Centeno é competente e sério", diz presidente da Caixa.
Paulo Macedo considera que Mário Centeno é “competente e sério” e não é o facto de ter sido proposto para primeiro-ministro que “representa uma incompatibilidade” com o cargo de governador do Banco de Portugal, até porque já foi ministro.
“Não me parece que seja uma questão do eventual conflito de interesses se coloque. (…) Há outra questão muito clara: não é afastar o governador que ajudará à estabilidade”, referiu o líder da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na apresentação dos resultados.
Para Paulo Macedo, que foi ministro da Saúde do governo de Passos Coelho, “os conflitos de interesses devem ser evitados antes e as pessoas serem escrutinadas”, mas “aumentar a instabilidade à instabilidade é tudo aquilo que menos precisamos”.
O PSD foi um dos partidos que criticou o facto de António Costa ter proposto ao Presidente da República o nome de Mário Centeno para liderar um novo governo com o suporte parlamentar do PS, em vez de convocar eleições antecipadas. Para o porta-voz da bancada social-democrata Joaquim Miranda Sarmento foi “mais uma demonstração – esta mais grave – da falta de independência do governador do Banco de Portugal”.
Costa apresentou a demissão na terça-feira depois das investigações sobre suspeitas de corrupção que envolvem o seu ex-chefe de gabinete, Vítor Escária, entre outros suspeitos.
“Dívida e superavit com mais importância agora”
Paulo Macedo considerou que os acontecimentos desta semana foram “negativos” e deixa o país debaixo dos holofotes internacionais. “Em termos económicos, Portugal fica mais debaixo de foco. Aspetos como a redução da dívida pública ou do ligeiro superavit passam a ter muito mais importância agora“, disse o gestor.
Apesar do cenário de instabilidade, o líder da Caixa acredita que a aprovação do Orçamento do Estado para 2024 vai trazer maior certeza, mas alertou para o facto de o governo estar limitado nas suas funções até às eleições e não quer que isso “sirva de desculpa” para que projetos como o PRR fiquem paralisados nos próximos quatro a cinco meses.
A Caixa anunciou esta sexta-feira lucros recorde de quase mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano e anunciou que vai pagar dividendos de 461 milhões de euros em 2024.
(Notícia atualizada às 17h51)
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