Moody´s sobe rating de Portugal apesar da crise política
A agência norte-americana decidiu subir o rating da dívida soberana em dois níveis, de 'Baa2' para 'A3', com perspetiva 'estável'. É a terceira agência que revê em alta a notação do país este ano.
No meio da crise política, a agência norte-americana Moody’s decidiu subir em dois níveis, de ‘Baa2’ para ‘A3’, o rating de Portugal. É a terceira agência a rever em alta a notação da dívida portuguesa este ano, depois da Fitch e da DBRS. “É melhor registo desde 2011”, nota o ministério das Finanças, em comunicado às redações.
A Moody’s, que costuma ser a mais cautelosa das agências de rating, assinala no entanto que há “riscos políticos” – depois de António Costa se ter demitido por “investigações de corrupção” – que ensombram a tendência económica e orçamental no país. E estes riscos podem “retardar o progresso no investimento e nas reformas ligadas ao Plano de Recuperação e Resiliência [PRR]”. Ainda assim, a agência acredita que as instituições portuguesas resolvam a questão política “de forma eficaz e transparente”.
O facto do Presidente da República ter salvo o Orçamento do Estado para 2024, apesar da crise política, também não passou despercebido. A Moody’s crê que esta opção de Marcelo Rebelo de Sousa “fornece garantias” quanto à trajetória orçamental em 2024 e que a posição dos principais partidos políticos, nesta matéria, limita “mudanças significativas”.
A agência justifica a decisão de subir o rating do país com as perspetivas de médio prazo para o país apoiadas em “significativos investimentos privados e públicos, como a implementação de novas reformas estruturais, ambas ligadas ao PRR” e com o caminho feito a nível económico e orçamental, a “desalavancagem do setor privado e fortalecimento contínuo do setor bancário”.
O impacto negativo das tendências demográficas em Portugal, que a Moody’s faz questão de sublinhar, devem ser mitigadas pela “migração líquida sustentada” e um “aumento do crescimento da produtividade do trabalho”. Ao mesmo tempo, a agência sublinha que o crescimento “robusto” e os “orçamentos equilibrados” significam que a sobrecarga da dívida vai continuar “a cair um dos ritmos mais rápidos entre as economias avançadas, embora a partir de níveis elevados”.
Para este ano, a Moody’s estima um crescimento de 2,1%, que desacelera para 1,6% em 2024 e 1,9% em 2025. Nas finanças públicas, a agência aponta para um rácio da dívida pública “ligeiramente acima de 100% do PIB em 2024, ou seja, 16,4 pontos percentuais abaixo dos níveis pré-pandemia de 2019 e o mais baixo nível desde 2010”. Ainda assim, a Grécia, o Chipre e a Irlanda mostram um “declínio mais acentuado” entre as economias avançadas.
É uma “excelente notícia” para o país, diz Medina
Em comunicado, o ministro das Finanças afirma que esta subida no rating é uma “excelente notícia” para o país. “Portugal fica agora com uma notação de risco em patamares “A” por três agências de rating (Moody’s, Fitch e DBRS), o que abre a porta de um conjunto muito alargado de investidores à dívida pública portuguesa”, sublinha Fernando Medina.
Segundo o ministro, esta avaliação irá traduzir-se em juros mais baixos quer para o Estado, quer para as empresas e famílias, realçando esta importância num contexto de uma política do BCE de taxas de juro altas.
“O facto de esta decisão da Moody’s ter sido tomada já após a marcação de eleições legislativas antecipadas, demonstra que os fundamentais da economia são robustos e confirma que Portugal conquistou um lugar entre o grupo de países com maior qualidade creditícia e maior credibilidade internacional. Um lugar que é essencial preservar”, disse Medina.
No final de setembro, a Fitch também subiu o rating de Portugal, de ‘BBB+’ para ‘A-‘, com perspetiva da dívida portuguesa em “estável”. E, em julho, a agência canadiana DBRS melhorou a notação da dívida soberana portuguesa para ‘A’, com perspetiva “estável”.
Já a Standard and Poor’s, no início de setembro, melhorou a perspetiva para a dívida soberana de “estável” para “positiva”, no que costuma ser o passo anterior a uma revisão em alta da notação do país. A avaliação de rating desta sexta-feira foi a última prevista para este ano.
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