Subida dos juros afeta menos empresas portuguesas do que da Zona Euro
Análise do Banco de Portugal concluiu que as empresas portuguesas são menos afetadas pela subida das taxas de juro em comparação com Zona Euro. Aperto tem maior impacto na indústria do que serviços.
A subida das taxas de juro afeta menos as empresas portuguesas do que as empresas da Zona Euro e tem um maior impacto no setor da indústria do que dos serviços, de acordo com uma análise divulgada esta sexta-feira pelo Banco de Portugal.
Enquanto o aumento das taxas de juro procura aumentar a poupança, restringir a procura por bens e serviços e, assim, reduzir a pressão sobre os preços, o seu choque tem impactos diferentes tanto ao nível das geografias como entre setores de atividade.
Desde julho do ano passado, o Banco Central Europeu (BCE) levou a cabo o maior aperto financeiro ao subir as taxas de juro em mais de 400 pontos base, depois de a inflação na Zona Euro ter disparado para valores recorde. Há duas reuniões seguidas, contudo, que mantém o nível dos juros, perante o alívio na subida dos preços, perspetivando-se os primeiros cortes no próximo ano.
“Tal como era esperado”, o Banco de Portugal concluiu que o choque da política monetária “tem um impacto negativo e estatisticamente significativo” no Valor Acrescentado Bruto (VAB) da indústria e dos serviços. E, embora não haja grandes diferenças nos impactos máximos no setor da indústria e dos serviços, “este é mais imediato na indústria”, revela o supervisor na análise que apresenta no Boletim Económico de dezembro.
Em Portugal, a redução máxima do VAB no setor da indústria é de 0,25% após seis trimestres, enquanto nos serviços é de 0,22% após 19 trimestres a seguir ao choque. “Esta diferença é mais forte no caso da área do euro já que o choque tem um impacto máximo na indústria de -0,55% após sete trimestres, enquanto nos serviços é de -0,31% após dez trimestres”, revela ainda o estudo.
Assim, prossegue a análise, “o impacto da política monetária parece ser mais forte na área do euro do que em Portugal”. Porquê? “A literatura que aborda os efeitos diferenciados da política monetária entre países apresenta como possíveis causas para esta evidência, entre outras, o mix industrial de cada economia, a flexibilidade do mercado de trabalho e a importância das exportações”, explica o Banco de Portugal.
Em relação ao facto de a indústria ser mais afetada do que os serviços, tal terá a ver com o facto de o setor da indústria ser “tipicamente mais intensivo em capital do que o setor dos serviços e, por isso, está mais exposto às alterações de condições de financiamento nas decisões de investimento e produção”.
Além disso, acrescenta o supervisor, “o consumo de bens industriais por parte das famílias, particularmente de bens duradouros, envolve mais frequentemente o recurso a crédito do que o consumo de serviços”. Pelo que tende a cair mais quando o crédito bancário se torna mais caro.
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