Os próximos passos da OPA americana sobre a Greenvolt
O fundo KKR vai pagar mais de 1,1 mil milhões de euros para comprar a Greenvolt. OPA ainda não é certa, mas pode acabar com a empresa de energias renováveis fora da bolsa (dois anos após ter entrado).
O fundo americano KKR lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) geral voluntária sobre a Greenvolt, depois de ter chegado a um acordo com os sete acionistas de referência para a compra de 60% do capital da empresa de energias renováveis.
A oferta de 8,30 euros por ação avalia a Greenvolt em 1.155 milhões de euros, praticamente o dobro do valor a que entrou em bolsa há apenas dois anos. Mas a operação – que poderá culminar com a saída da empresa da bolsa — vai ainda no início do seu caminho.
Quais são os próximos passos?
De Portugal à Bulgária, autoridades têm de dar luz verde ao acordo
Desde logo, o acordo entre a KKR e os sete acionistas – Actium Capital, Caderno Azul, Livrefluxo, Promendo Investimentos, V-Ridium, KWE Partners, 1 Thing Investments – tem de passar no crivo das autoridades e governos em Portugal, Roménia, Irlanda, Reino Unido, Alemanha e, potencialmente, Bulgária.
A KKR adianta que a compra dos 60% não irá acontecer antes de 31 de maio. E estabelece o dia 30 de setembro como prazo máximo para ter todas as aprovações.
As autoridades da concorrência de Portugal, Roménia, Irlanda e Reino Unido terão de aprovar a operação se considerarem que não coloca em causa as condições concorrenciais do mercado.
Por outro lado, a KKR terá de obter autorizações da parte de vários governos: do Ministério Federal Alemão dos Assuntos Económicos e da Ação Climática no âmbito da lei relativa ao comércio externo; do secretário de Estado do Reino Unido ao abrigo da lei sobre a segurança nacional e investimento; do Ministro da Irlanda para as Empresas, Comércio e Emprego caso a lei irlandesa sobre o investimento estrangeiro entrar em vigor antes de a KKR comprar os 60%.
As autoridades da Bulgária também poderão ter uma palavra a dizer, ao abrigo de uma lei sobre o investimento direto estrangeiro que pode entrar em vigor após a concretização do acordo entre o fundo americano e os sete acionistas da Greenvolt.
OPA só avança depois
A KKR adianta que a OPA só avançará se conseguir que o acordo com os acionistas de referência seja aprovado pelas autoridades e governos daquelas jurisdições.
Mas há mais dois fatores que serão determinantes para o avanço da OPA: a concretização da aquisição dos 60% no âmbito do acordo com os maiores acionistas e ainda o registo prévio na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Oferta torna-se obrigatória após KKR controlar mais de 50%
A OPA da KKR sobre a Greenvolt é geral e voluntária, mas tornar-se-á obrigatória a partir do momento em que os americanos passarem a deter pelo menos 50,1% das ações da Greenvolt, como mandam as regras da bolsa.
KKR paga juro de 7% a partir de 1 de junho
O fundo americano comprometeu-se a pagar uma taxa de juro anual de 7% aos acionistas de referência caso o acordo para a aquisição dos 60% do capital da Greenvolt não seja concretizado até ao dia 31 de maio.
A chamada “ticking fee” começa a contar a partir de 1 de junho até à data de transmissão das ações ao abrigo do acordo.
Nessa medida, a contrapartida de 8,30 euros na OPA poderá vir a ser reforçada caso a OPA passe a obrigatória depois de 1 de junho para igualar o montante que for pago aos acionistas de referência (incluindo a ticking fee).
Por outro lado, a contrapartida da OPA também será ajustada caso a Greenvolt decida distribuir dividendos ou reservas, entretanto.
Saída da bolsa à vista
Se passar a deter 90% ou mais dos direitos de voto da Greenvolt após a OPA, a KKR vai lançar uma oferta potestativa para comprar as ações que ainda não detiver nessa altura. Isto irá resultar na exclusão da Greenvolt da bolsa “com efeitos imediatos” — isto depois de ter estreado na bolsa em 2021.
Caso não consiga atingir os 90%, a KKR poderá requerer a convocação de uma assembleia geral para “aprovar a exclusão voluntária de negociação das ações” da Greenvolt do mercado.
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