Marcelo tem de escolher entre “mal menor”, mas dissolução parece provável. Novo OE só após abril

Tanto dissolver Parlamento como pedir ao PS para formar Governo têm "custos e benefícios", apontam politólogos. Mas eleições antecipadas dariam "legitimidade política" a novo líder.

A demissão do primeiro-ministro veio abalar o mundo político e será Marcelo Rebelo de Sousa a determinar o rumo da governação portuguesa nos próximos tempos. O Presidente tem dois cenários à frente, mas tudo aponta para que avance uma dissolução do Parlamento, segundo indicam os politólogos ouvidos pelo ECO. Se o Orçamento do Estado, que estava em discussão na Assembleia da República, cair, um novo documento não deverá emergir antes de abril.

Para a politóloga Paula Espírito Santo, o Presidente vai ter de fazer a “escolha do mal menor”, já que “nenhuma das soluções é ideal”. A dissolução da Assembleia da República, que levaria a eleições antecipadas, parece ser o cenário mais provável, ainda que nada esteja excluído, sinaliza ao ECO.

Por um lado, a dissolução do Parlamento tem a vantagem de permitir a “legitimação do líder que for designado”, já que terá a “legitimidade política de ser um processo feito de acordo com os trâmites e que ofereça aos eleitores a possibilidade de escolha, incluindo figuras que fazem parte dos partidos e que consideramos que possam ser primeiro-ministro”.

Em contrapartida, tem a desvantagem de o “país demorar um tempo — desde a marcação de eleições até à tomada de posse dos deputados e designação e constituição do Governo — até estar operacional do ponto de vista político”. Este tempo “não vai permitir que se tomem decisões mais rápidas e urgentes e particularmente no caso da gestão corrente que derivam do OE, diz a investigadora e docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Existem também decisões que “estavam a ser pensadas em termos dos grandes processos como TAP, PRR, todas as outras também negociadas como saúde, educação e todos os outros que contestavam”, que ficam em suspenso.

Hugo Ferrinho Lopes, investigador de Doutoramento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, nota ainda ao ECO que “o cenário de eleições antecipadas — o mais provável, mesmo que não certo — traz outro risco para Marcelo Rebelo de Sousa e para a configuração do sistema partidário em geral: não se sabe qual a performance que o PSD terá sozinho, nem qual a nova expressão eleitoral da direita radical, que poderá aumentar o número de mandatos, algo que o Presidente aparenta ter procurado evitar”.

Já a opção de “pedir ao partido maioritário no parlamento que forme novo governo está dentro das regras constitucionais e da prática parlamentar, mas colocaria o Presidente da República numa contradição, uma vez que foi o próprio que estabeleceu o critério de que dissolveria a Assembleia da República se António Costa abdicasse da suas funções de Primeiro-Ministro”, aponta, destacando que ambas as opções têm “custos e benefícios”.

Foi na cerimónia da tomada de posse do Governo, em março de 2022, que Marcelo deixou o aviso: “Agora que ganhou, e ganhou por quatro anos e meio, tenho a certeza de que Vossa Excelência sabe que não será politicamente fácil que essa cara que venceu de forma incontestável e notável as eleições possa ser substituída por outra a meio do caminho”.

Paula Espírito Santo salienta que as vantagens e desvantagens deste cenário são as inversas à dissolução. A figura eventualmente escolhida pelo PS “não seria a que foi sufragada do ponto de vista eleitoral”, algo que “fragiliza politicamente”. É um caso que já aconteceu quando Durão Barroso foi para Bruxelas e foi designado Pedro Santana Lopes, algo que “trouxe alguns dissabores a Jorge Sampaio”, que era Presidente na altura.

A vantagem, por outro lado, seria o tempo que o país não fica em duodécimos e com um governo de gestão, nota, “na medida em que há continuidade do projeto do Executivo e pode-se colocar em prática aquilo que estava a ser acordado”.

Após dissolução, novo orçamento “nunca antes de abril”

Tem-se colocado também a questão de deixar cair ou não o Orçamento do Estado para 2024, que já tinha sido aprovado na generalidade no Parlamento e seguia agora para a especialidade — sendo que alguns constitucionalistas consideram que a proposta cai quando o Presidente aceitar a demissão de Costa. De qualquer forma, se avançar a dissolução do Parlamento, um novo Orçamento do Estado depende da data mas não chegara “nunca antes de abril”, considera Hugo Ferrinho Lopes.

O calendário apenas se tornará mais claro quando Marcelo explicitar a sua decisão, já que “depende da data, não só das eleições, mas da formação de um novo governo”. Mesmo assim, o investigador alvitra que “certamente nunca antes de abril” estará aprovado.

Se nos seguirmos pela última dissolução da Assembleia, que resultou do chumbo do Orçamento do Estado para 2022, as eleições realizaram-se a 30 de janeiro, o Governo tomou posse dois meses depois, em março, e o Orçamento do Estado foi aprovado no final de maio — entrando em vigor em junho.

Desta vez, também é expectável que — a avançar a dissolução — o Presidente dê tempo ao PS para se reorganizar. Isto até tendo em conta que “na altura [da dissolução de 2021] esperou que o PSD se reorganizasse internamente”, recorda a politóloga. “O PS precisa de uma nova liderança e isso implica eleições internas e depois formar listas a nível dos ciclos eleitorais para a Assembleia”, nota.

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Bruxelas pede informações a Espanha sobre amnistia de independentistas

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

Comissário europeu de Justiça, Didier Reynders, pediu informações a Espanha sobre a lei de amnistia de independentistas que os socialistas, no governo, estão a negociar com partidos catalães.

O comissário europeu de Justiça, Didier Reynders, pediu informações a Espanha sobre a lei de amnistia de independentistas que os socialistas, no governo, estão a negociar com partidos catalães, argumentando que está a gerar “sérias preocupações”.

“Agradeceria que me enviasse informação mais detalhada, em particular sobre o alcance pessoal, material e temporal desta prevista lei”, escreveu o comissário belga numa carta dirigida a dois ministros espanhóis, citada pelos meios de comunicação social de Espanha.

Didier Reynders disse ao ministro da Presidência do Governo de Espanha, Félix Bolaños, e à ministra da Justiça, Pilar Llop, que apesar de ainda não existir “uma proposta formal”, a eventual lei de amnistia “transformou-se num tema de considerável importância no debate público” e “um grande número de cidadãos pôs-se em contacto com a Comissão”.

“Manifestam-se sérias preocupações em relação aos debates em curso”, acrescentou o comissário.

Fontes do Governo de Espanha e do partido socialista (PSOE) citadas pelos meios de comunicação espanhóis desvalorizaram o pedido de informações e asseguraram que a futura lei de amnistia respeitará a Constituição nacional.

As mesmas fontes consideraram ainda “insólita” a iniciativa do comissário europeu, que pergunta por algo que “não existe”, não havendo sequer uma proposta de lei do Governo ou dos partidos entregue no parlamento.

Na sequência das eleições espanholas de 23 de julho, o PSOE, liderado por Pedro Sánchez, está a fechar acordos com partidos nacionalistas e independentistas catalães, bascos e galegos que incluem uma amnistia para independentistas da Catalunha que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da região em 2017.

A amnistia é criticada pelos partidos de direita e tem originado protestos nas ruas.

Se todos os acordos se confirmarem, Pedro Sánchez poderá ser reconduzido como líder do Governo de Espanha.

Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.

Na mesma carta enviada aos ministros espanhóis, o comissário Didier Reynders reiterou, por outro lado, o apelo a Espanha para “dar prioridade à situação do Conselho do Poder Judicial”, um organismo da magistratura cujos elementos têm o mandato caducado há cinco anos, por falta de acordo entre os dois maiores partidos espanhóis em relação aos nomes dos novos elementos.

O bloqueio deve-se ao Partido Popular (PP, direita), que recusa fazer acordos com o PSOE por o Governo espanhol fazer pactos e negociar com partidos independentistas que querem “romper Espanha” e atentam contra a Constituição.

Perante a falta de acordo, não há no Conselho do Poder Judicial, atualmente, juízes indicados desde 2019, desde que os socialistas governam, mantendo-se no organismo uma “maioria conservadora”, conectada com o PP.

A adiada renovação daquele organismo “é uma questão de longa data que suscita sérias preocupações e para a qual a Comissão pediu soluções em múltiplas ocasiões”, lembrou o comissário europeu Reynders, na carta hoje conhecida.

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Certidão que visa António Costa já está no Supremo Tribunal de Justiça

  • ADVOCATUS
  • 8 Novembro 2023

Prova indiciária reunida contra António Costa no âmbito do processo do lítio já está no serviço do Ministério Público do STJ. Procuradora-geral Lucília Gago validou o envio da certidão.

A certidão com a indiciação imputada a António Costa já está no Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Ao que o Observador apurou, os autos já foram enviados pela Procuradoria-Geral da República para o Supremo e chegaram esta terça-feira aos serviços do Ministério Público no STJ.

A partir daqui, já estão reunidas as condições para que se inicie a investigação contra o primeiro-ministro demissionário. Desconhecem-se o crime ou os crimes que são imputados a Costa.

Assim sendo, o Supremo Tribunal de Justiça irá analisar suspeitas de que Costa terá intervindo para “desbloquear” os negócios do lítio, hidrogénio e data center que estão a ser investigados.

“No decurso das investigações surgiu (…) o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido”. Tal como manda a lei, “tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça”, diz o comunicado da PGR, enviado esta terça-feira às redações.

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Assis quer PS sem medo de eleições e unido por nova liderança agregadora

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

Francisco Assis advertiu que o país vive "um tempo excecional que reclama um especial sentido de responsabilidade individual e coletiva".

O ex-dirigente socialista Francisco Assis defende que os mais altos responsáveis do PS devem entender-se em torno de uma nova liderança “agregadora”, de unidade e “sem medo” de enfrentar eleições legislativas antecipadas.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo atual presidente do Conselho Económico e Social (CES), que tem sido apontado por membros da chamada “ala moderada” dos socialistas como um dos possíveis candidatos à sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral do PS, a par do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

“Nas presentes circunstâncias políticas pede-se aos mais altos responsáveis do PS que tudo façam para que haja um entendimento em torno de uma candidatura à liderança do partido. O PS não deve ter medo de enfrentar eleições antecipadas e deve unir-se em torno de uma nova liderança agregadora e combativa”, sustentou Francisco Assis.

Na mesma declaração à agência Lusa, Francisco Assis advertiu que o país vive “um tempo excecional que reclama um especial sentido de responsabilidade individual e coletiva”.

Não podemos passar a ideia de que estamos agarrados ao poder e com receio do voto popular. O PS é um grande partido democrático e tem todas as condições para enfrentar com sucesso os desafios do futuro”, acrescentou.

Na terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente do PS, Carlos César, afirmou que os socialistas estão preparados para qualquer cenário: Eleições ou mudança de liderança do Governo.

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Parlamento reúne conferência de líderes na sexta-feira

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

A conferência de líderes vai reunir-se na sexta-feira sobre "eventuais consequências para os trabalhos parlamentares decorrentes da decisão do Presidente da República".

A conferência de líderes vai reunir-se na sexta-feira sobre “eventuais consequências para os trabalhos parlamentares decorrentes da decisão do Presidente da República”, na sequência da demissão do primeiro-ministro, disse hoje à Lusa fonte oficial do parlamento.

De acordo com o gabinete do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, a reunião vai acontecer na sexta-feira de manhã e tem como objetivo avaliar o impacto que a crise política aberta na terça-feira poderá vir a ter nos trabalhos parlamentares.

Esta reunião acontecerá no dia seguinte à comunicação ao país que o Presidente da República já anunciou que fará na quinta-feira, depois de ouvir o Conselho de Estado que convocou para uma eventual dissolução do parlamento.

Na agenda do parlamento, onde está a decorrer a discussão do Orçamento do Estado na especialidade, estava apenas prevista uma reunião da conferência de líderes para o dia 14 deste mês.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.

O Presidente convocou hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira, dia em que está previsto falar ao país.

António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.

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Cofina já mudou de mãos e ofereceu prémio de 1.250 euros a cada trabalhador

O Correio da Manhã, Record e Jornal de Negócios já tem novos donos. Para a despedida, e como agradecimento, o grupo presidido por Paulo Fernandes atribuiu um prémios de 1.250 euros a cada funcionário.

A Cofina Media já é oficialmente de Luís Santana, Ana Dias, Octávio Ribeiro, Isabel Rodrigues, Carlos Rodrigues, Luís Ferreira, Carlos Cruz, Cristiano Ronaldo, Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira.

A nova dona do Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Record ou Sábado é a Expressão Livre II – SGPS SA, avançou esta quarta-feira a Cofina SGPS, informando que “cessou a relação de grupo ao momento existente entre a Cofina SGPS e a Cofina Media”.

Tal como o +M já tinha avançado, o internacional português é representado na Expressão Livre II por Miguel Paixão dos Santos.

No conselho de administração surge ainda Mário Leite da Silva, e Filipa de Alarcão, esta última em representação de João Borges de Oliveira, que não integra os órgãos sociais da nova empresa. Carlos Rodrigues, diretor do Correio da Manhã e coordenador editorial da Cofina, também não integra a administração. Não é conhecida a participação de cada um dos acionistas na sociedade.

Esta quarta-feira, e como agradecimento, o grupo presidido por Paulo Fernandes atribuiu um prémio de 1.250 euros a cada funcionário.

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Câmara de Lisboa aprova projeto para sede do grupo Jerónimo Martins na Praça de Espanha

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

A proposta foi viabilizada em reunião privada do executivo municipal, com os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP e do PS e os votos contra dos restantes. Edíficio vai ter 13 andares.

A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira o projeto de arquitetura para a construção da sede do grupo Jerónimo Martins no antigo mercado da Praça de Espanha, prevendo-se um edifício com 13 pisos acima da cota de soleira.

“A presente operação urbanística visa a colmatação da malha urbana, rematando a frente da Avenida Columbano Bordalo Pinheiro e do impasse da rua Professor Lima Bastos, consistindo no remate do novo espaço urbano através da construção de um edifício isolado, destinado à sede do grupo Jerónimo Martins, e do espaço público imediatamente confinante”, lê-se na proposta da câmara.

Apresentada pela vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” – PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), a proposta foi viabilizada em reunião privada do executivo municipal, com os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP e do PS e os votos contra dos restantes, designadamente PCP, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

De acordo com a proposta, a aprovação é condicionada à resposta dos pedidos resultantes dos pareceres, nomeadamente a apresentação do “projeto de arquitetura revisto, considerando a redução dos lugares de estacionamento privado para o máximo de 177 lugares, e destinando o espaço remanescente em cave ao incremento dos lugares para bicicletas e motociclos”.

Com uma área total de 3.785,00 metros quadrados (m²), o prédio onde será construída a sede da Jerónimo Martins encontra-se atualmente ocupado com um parque de estacionamento provisório de ambulâncias, ao serviço do IPO – Instituto Português de Oncologia.

O novo edifício, com uma área de implantação de 1.501,82 m² e uma área de construção de 41.217,70 m2, desenvolve-se em 13 pisos acima da cota de soleira e seis pisos em cave e apresenta uma altura máxima de edificação e de fachada de, respetivamente, 74,56 m e 73,25 m”, refere a proposta, indicando que a edificação se destina ao uso terciário, afeto a serviços.

Os pisos em cave, ainda que contenham áreas técnicas, destinam-se maioritariamente a estacionamento, em que o acesso será assegurado através da Rua Professor Lima Basto, indica a proposta, adiantando que “face à muito boa cobertura da rede de transportes públicos naquele local […] não se justifica ultrapassar os 177 lugares de estacionamento privativo” para satisfazer as necessidades do empreendimento. Em relação ao estacionamento para uso público, prevê-se o máximo de 45 lugares, a que acrescem 30 lugares para responder às atuais necessidades do IPO.

Por proposta do BE, o executivo aprovou a realização de “um estudo externo sobre a sustentabilidade do modelo de turismo”, incluindo o número máximo de empreendimentos turísticos que a cidade deve ter e os modos de mitigação do impacto na população, na autenticidade sociocultural, na habitação e no impacto ambiental.

Essa proposta foi viabilizada com a abstenção de PSD/CDS-PP e PS e os votos a favor dos restantes, enquanto a ideia do BE de implementação de uma moratória ao licenciamento de novos hotéis até que seja apresentado um estudo sobre a sustentabilidade do modelo de turismo foi rejeitada com os votos contra de PSD/CDS-PP e PS e a abstenção do PCP.

O Bloco de Esquerda não irá desistir da aplicação da moratória a novos hotéis e apresentará uma moção para esse efeito ainda em 2023”, indicou a vereação do partido, em comunicado, referindo que o número de hotéis em Lisboa duplicou numa década. “Existiam 105 unidades hoteleiras em 2008, subindo para 204 em 2017. Só no ano de 2022 foram criados seis novos hotéis em Lisboa, com mais 1.256 camas. No fim de 2022 existiam 238 hotéis com 45.130 camas”, apontou o BE.

Com a abstenção dos vereadores do Cidadãos Por Lisboa e os votos a favor dos restantes, a câmara aprovou a celebração de um protocolo com a União de Associações de Comércio e Serviços (UACS) para as iluminações de Natal na cidade, no montante de 749.500 euros, valor semelhante ao de anos anteriores.

O executivo da Câmara de Lisboa é composto por 17 membros, dos quais sete eleitos da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos e governam sem maioria absoluta –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

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Do hidrogénio à autoestrada, isto é tudo o que se sabe sobre o caso que derrubou Costa

Duas concessões de lítio, um projeto de hidrogénio em Sines e um projeto de centro de dados de Sines da Start Campus estão na mira da justiça portuguesa.

Já passava das 9 horas quando, na terça-feira, nos media soavam os primeiros alertas das buscas à residência oficial do primeiro-ministro e de diversas buscas e detenções de ex e atuais membros do Governo levadas a cabo pela PSP. Em causa estão negócios relacionados com a área de energia. Apesar de pouco se saber, relativamente à prova indiciada, estes passos da justiça portuguesa provocou um “terramoto” político em Portugal e culminou no pedido de demissão do primeiro-ministro de António Costa.

As suspeitas do Ministério Público (MP) neste processo recaem sobre atuais membros do Governo – como João Galamba -, mas também sobre antigos governantes e não só. Em causa estarão alegadas “irregularidades” em investimentos em projetos de exploração do lítio, hidrogénio e da construção de um data center, que podem ter superado os 1.000 milhões de euros.

Mas vamos por partes. Existem três frentes sobre as quais incidem esta investigação: duas concessões de lítio – um das minas do Romano, em Montalegre, e outra na mina do Barroso, em Boticas; um projeto de hidrogénio, em Sines e um projeto de centro de dados de Sines da Start Campus.

Reuniões secretas e almoços pagos pela Start Campus

Reuniões informais, almoços e jantares, foram alguns dos encontros que despertaram a atenção do Ministério Público. Os protagonistas? Esses são vários, mas entre os principais e únicos detidos, até agora, estão Diogo Lacerda Machado, um grande amigo de Costa, Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, Afonso Salema e Rui de Oliveira Neves, respetivamente CEO e administrador da Start Campus. João Galamba, ministro das Infraestruturas, não foi detido mas é arguido no processo.

Afonso Salema, Diogo Lacerda Machado, Nuno Mascarenhas, Rui de Oliveira Neves, Vitor Escária: os detidos pela PSP.

Para o MP, entre Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária existiram diversas “reuniões suspeitas” na residência oficial do primeiro-ministro. Mas não só. Segundo o mandado de detenção, a que o ECO teve acesso, estas reuniões, ou “encontros”, também eram marcados nos escritórios da Start Campus, em Lisboa, ou em momentos esporádicos, como jantares e almoços, que eram pagos por Afonso Salema e/ou Rui de Oliveira Neves, da Start Campus e sócio da Morais Leitão. Nestes encontros também estavam presentes Galamba e Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que, segundo o DCIAP, “almoçavam e jantavam sem pagar nada”.

A Start Campus, da qual fazem parte da administração dois dos visados e detidos no processo, tem sede em Sines e dedica-se a energias renováveis e à construção de ecossistemas verdes, tais como a exploração de hidrogénio. A empresa está a finalizar a construção do primeiro de nove edifícios alimentados a 100% por energias renováveis a instalar até 2028 em Sines. A Start Campus é controlada pelos fundos Davidson Kempner e Pioneer Point Partners, onde neste último Diogo Lacerda Machado é consultor.

Ou seja, o MP acredita que o amigo de Costa foi contratado pelos investidores da Start Campus e depois diretamente pela empresa, através do CEO Afonso Salema, para “aproveitar” a relação que tinha como o primeiro-ministro e com Vítor Escária. O objetivo era pressionar o Governo e entidades como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o autarca de Sines para acelerar e dar seguimento a assuntos de interesse da Start Campus, como o megaprojeto para a construção de um grande centro de armazenamento de dados digitais.

O projeto Sines 4.0 é um dos quatro negócios ligados ao setor da energia investigados neste inquérito. Ligado a ele está a exploração das duas minas de lítio e o projeto de hidrogénio em Sines.

Os negócios investigados

Eram as “estrelas” da transição energética do Governo, mas acabaram por se tornar uma grande “dor de cabeça”. Estamos a falar do dois projetos de lítio, um de hidrogénio e outro de um centro de dados, os negócios que estão sob a mira da justiça portuguesa.

Concessões de lítio

Um dos projetos em causa é da autoria da empresa Lusorecursos, que se propõe a explorar a mina do Romano, em Montalegre, da qual pretende extrair lítio, mas não só. O projeto mais alargado prevê a construção de uma refinaria de lítio no local e de uma fábrica de reciclagem de baterias, a qual poderia extrair lítio usado e voltar a refiná-lo. Além disso, sendo que a extração de lítio implica também a extrações de outros materiais usados na indústria cerâmica, a Lusorecursos vê espaço para a criação de uma fábrica de cerâmica.

Com o lítio avaliado em 30.000 dólares por tonelada, uma estimativa que a Lusorecursos considera conservadora, o projeto da empresa deverá atingir os 510 milhões de dólares de volume de negócio ao longo dos 10 anos previstos para a exploração, o que se traduz em cerca de 200 milhões de dólares de lucro, ou seja, o equivalente a 182 milhões de euros, indicou a empresa ao ECO.

A empresa é liderada por Ricardo Pinheiro e fechou um contrato de concessão de exploração com o Estado em 2019. É na assinatura deste contrato de concessão que reside a polémica. João Matos Fernandes e João Galamba, que ocupavam, respetivamente, os cargos de ministro do Ambiente e secretário de Estado da Energia em 2019, defenderam que, apesar da contestação das populações e de polémica na estrutura acionista da empresa (que foi criada três dias antes da assinatura deste contrato), a decisão do Governo limitou-se a cumprir a lei.

Nós fomos obrigados a dar a concessão [da exploração de lítio em Montalegre à Lusorecursos]“, afirmou Galamba no programa Prós e Contras, emitido pela RTP em novembro de 2019. O então secretário de Estado remeteu para o Decreto-lei 88/90, que determina que “a empresa detentora de prospeção e pesquisa tem o direito de requerer a exploração”, seguindo-se a avaliação ambiental.

João GalambaLusa

João Matos Fernandes defendeu que, no que diz respeito a Montalegre, “tudo aquilo que foi feito foi cristalino”. “Começou por ser atribuída uma licença para a prospeção [em 2012], a prospeção foi feita, foi feita de acordo com a lei que o Governo da direita fez, que diz que a seguir à prospeção há direito à exploração”, referiu Matos Fernandes, citado em novembro de 2019 pela Lusa.

A população tem vindo a contestar o projeto, alegando que não só põe em causa o bem-estar, tendo em conta o ruído e a possível contaminação das águas, como também a paisagem e portanto os projetos turísticos na região. Ambientalmente, a maior preocupação tem sido o lobo ibérico, uma espécie protegida que tem o espaço da mina como habitat.

Desde a assinatura do contrato de concessão, o projeto tem sido alvo de avaliações ambientais, e recebeu, no passado mês de setembro, uma Declaração de Impacte Ambiental favorável condicionada, que permite à mina ir para a frente se cumpridas as condições determinadas pela APA.

Este foi o segundo projeto a ter luz verde da APA em Portugal. O primeiro é promovido pela Savannah Resources, que se propõe a explorar a mina em Boticas e também está sob investigação. A 31 de maio deste ano, este projeto obteve uma Declaração de Impacte Ambiental favorável da parte da APA, também condicionada ao cumprimento de determinadas condições.

O projeto baseia-se num contrato de concessão mineiro de 30 anos (concedido em 2006), e pretende extrair lítio suficiente para suportar a produção de meio milhão de baterias para veículos elétricos por ano.

Numa entrevista recente ao ECO/Capital Verde, Diogo da Silveira, administrador não executivo da Savannah, indicou que o projeto prevê um investimento de 110 milhões na construção de infraestruturas e a criação de 215 empregos diretos e 2000 indiretos. Além disso, revelou que a empresa abriu um processo para avaliar possíveis parcerias (para a compra e exploração do lítio) que já conta com 60 candidaturas.

Imagem aérea das minas de lítio a céu aberto em Covas do Barroso, concelho de Boticas, 12 de janeiro de 2019. PEDRO SARMENTO COSTA/LUSAPEDRO SARMENTO COSTA/LUSA

Relativamente a esta mina, suspeita-se de alegados vícios, como o favorecimento da Galp por parte de uma atuação alegadamente concertada de Matos Fernandes, Galamba e Rui Oliveira Neves, na altura administrador da Galp. Segundo avançou o Observador, os investidores internacionais que dominavam o acionista maioritário Savannah Lithium Lda tiveram de aceitar a entrada da Galp na participação do capital daquela sociedade e firmar uma parceria entre a Northvolt e Galp.

Também sob Galamba recaem outras suspeitas sobre os negócios envoltos desta mina. Segundo o Observador, o então secretário de Estado terá alegadamente interferido indevidamente junto de diversas entidades do Ministério do Ambiente para que aprovassem documentos estruturantes da concessão em causa.

Projeto do hidrogénio

Por outro lado, temos os negócios ligados ao hidrogénio verde, que entrou na agenda mediática e económica em 2020, ano em que foi anunciado um megainvestimento de 1,5 mil milhões de euros nesta área, no âmbito do projeto H2Sines. O objetivo era “implementar um cluster industrial de produção de hidrogénio verde, com base em Sines” e “vocação exportadora”, escrevia na altura a EDP, em comunicado, no qual anunciava avançar em parceria com a Galp, a Martifer, a REN, a Vestas e diversos parceiros europeus.

Este foi um dos projetos selecionados pelo Governo para candidatar ao estatuto de IPCEI (’Important Project of Common European Interest’, ou Projeto Importante de Interesse Comum Europeu), tal como avançou na altura o Expresso.

Foi ainda em novembro desse ano que a revista Sábado noticiou que o projeto H2Sines estaria sob “forte escrutínio” do Ministério Público, e que as autoridades estariam a debruçar-se sobre “as relações entre membros do Governo e elementos de grandes empresas privadas do consórcio integrado pela EDP, Galp, REN, Martifer e Vestas”.

No mesmo artigo, apontava-se que estaria a ser investigado o então ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba. “Ambos os governantes estão sob apertada vigilância das autoridades judiciais e policiais porque fazem parte do grupo de alvos principais num inquérito-crime que averigua indícios de tráfico de influência e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros“. Ambos os governantes rejeitaram as acusações.

Em junho de 2021, a EDP e a Galp decidiram abandonar o consórcio H2Sines, que ficou reduzido às empresas REN, Martifer, Vestas e Engie. Na altura, a EDP afirmou que, apesar de cortar laços com o consórcio, se manteria ativa na área do hidrogénio verde, mantendo “20 projetos sob análise”. A petrolífera justificou a decisão dizendo que queria “ir mais rápido” e, numa primeira fase, produzir hidrogénio para consumo próprio, e não para vender aos holandeses, como era desígnio do Governo.

Meses depois, em novembro de 2021, surge um projeto renovado: o GreenH2Atlantic, apoiado com 30 milhões de euros no âmbito do Horizonte 2020. Na ex-central termoelétrica de Sines da EDP Produção, a EDP, Galp, Engie, Bondalti, Martifer, Vestas, McPhy e Efacec são algumas das entidades que sustentam este projeto, um dos maiores em Sines. Terá uma capacidade de 100 megawatts (MW), um investimento superior a 150 milhões de euros e tem entrada prevista em operação no final de 2025. Não havendo registo de qualquer candidatura ao estatuto de IPCEI, este novo projeto não deverá estar sob a mira do Ministério Público.

O Ministro do Ambiente, Matos Fernandes, em entrevista ao ECO - 19OUT21

Segundo avança o Observador, os procuradores entendem que existe prova de que o promotor holandês Marc Rechter, através do Resilient Group, terá sido prejudicado pelo então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e Galamba. O MP considera que os membros do Governo terão imposto a Marc Rechter a integração da REN, EDP e Galp no seu consórcio denominado de Green Flamingo. A justificação de Matos Fernandes e Galamba para a exclusão da lista de projetos elegíveis para ser um IPCEI foi o alegado fundamento de que o consórcio Green Flamingo estaria identificado com o projeto da REN, EDO e Galp denominado H2 Sines.

Para além disto, e segundo o Observador, entre as desconfianças do MP está também a passagem de Matos Fernandes do Governo para a sociedade Copenhagen Infrasctrutures Partner, onde a Vestas investiu no final de 2020, e a contratação do ex-ministro do Ambiente por parte da Abreu Advogados, uma vez que presta serviços à Copenhagen Infrasctrutures Partner. Depois da publicação da notícia, a Copenhagen Infrastructure Partners desmentiu “categoricamente que tenha existido qualquer relação de trabalho direta com JPMF, e recusa qualquer intencionalidade na contratação de serviços de trabalho com ex-governantes.”

Centro de dados em Sines

Também em Sines nasceu o centro de dados Start Campus, igualmente contemplado nas investigações que agora decorrem. Um complexo de nove edifícios, apoiado em 495 megawatts (MW) de potência, num investimento global de cerca de 5,7 mil milhões de euros. Uma das últimas comunicações presentes no site da empresa, dá conta que o primeiro edifício da Start Campus deveria começa a “operar parcialmente” em outubro, estando a decorrer o licenciamento para a segunda fase do projeto.

Envolta do data center estão suspeitas da alegada prática dos crimes de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, entre outros.

Segundo o Observador, o favorecimento no centro de dados está ligado com a dispensa de procedimento de uma Análise de Impacto Ambiental relativamente à primeira fase do projeto, bem como em relação à Declaração de Impacto Ambiental favorável com condições. Para o MP, estes procedimentos não cumpriram a lei. Alegadamente, Galamba, Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, e Lacasta fizeram um favor à Start Campus.

Também sobre Nuno Mascarenhas recaem suspeitas de que tenha alegadamente favorecido a empresa em diversos projetos urbanísticos relacionados com o data center.

A estrada prometida por Galamba

O atual ministro das Infraestruturas, João Galamba, também foi alvo de buscas na passada terça-feira e foi constituído arguido nos autos. Segundo o Expresso, o MP suspeita que o ministro tenha intervindo em quase todas as matérias objeto de investigação.

O MP suspeita ainda que Galamba tenha ajudado a convencer a Câmara Municipal de Boticas a não se opôr à exploração do lítio. Em contrapartida, financiaria a autarquia com uma estrada no valor de cerca de 20 milhões de euros. Ou seja, um possível acordo feito com o presidente da APA. Também sobre Duarte Cordeiro recaem suspeita que tenha intercedido a favor de Lacerda Machado, mas não foi constituído arguido.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba.MIGUEL A. LOPES/LUSA

Sobre Galamba recai também suspeitas que utilizava os motoristas que estavam ao seu serviço no seu gabinete de secretário de Estado para deslocações pessoais, como transporte das filhas e compra de garrafas de vinho.

Já o Público, avançou também que o atual ministro das Infraestruturas é suspeito de ter levado a Conselho de Ministros diplomas que foram produzidos por advogados pagos pela Start Campus. Os diplomas em causa favoreciam o projeto que a empresa estava a desenvolver em Sines, nomeadamente a criação do data center.

O autarca de Sines

Nuno Mascarenhas já esteve de braços dados com a justiça portuguesa. O presidente da Câmara Municipal de Sines, desde 2013, foi condenado em junho pelo Tribunal de Contas num processo relacionado com a nomeação ilegal de cinco dirigentes para a autarquia. Na altura, Mascarenhas afirmou que estava convicto de que estas nomeações eram legais.

O autarca socialista teve de pagar uma multa de 2.300 euros por ter cometido uma infração financeira negligente, uma vez que o Tribunal não aceitou os argumentos invocados por Nuno Mascarenhas.

O presidente da Câmara de Sines está ao serviço da autarquia desde 1998, estando atualmente no seu terceiro mandato na presidência, onde é responsável por áreas como a gestão financeira, projetos subjacentes a investimentos e a Divisão de Planeamento e Gestão Estratégica.

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Costa sugeriu quatro nomes a Marcelo para evitar eleições antecipadas

  • ECO
  • 8 Novembro 2023

Mário Centeno, António Vitorino, Carlos César e Augusto Santos Silva terão sido as hipóteses lançadas por António Costa ao Presidente da República para lhe sucederem no cargo.

Nas duas conversas que manteve com o Presidente da República antes de se demitir, António Costa sugeriu quatro nomes para lhe suceder no cargo e assegurar o cumprimento da legislatura, de modo a evitar um cenário de eleições antecipadas, avança o Expresso (acesso pago).
Mário Centeno, António Vitorino, Carlos César e Augusto Santos Silva terão sido as hipóteses lançadas pelo primeiro-ministro, de acordo com o semanário. O primeiro-ministro demissionário terá sinalizado que estes nomes garantiam uma solução estável e estão alheios às divisões internas dos socialistas.
Não obstante, Marcelo Rebelo de Sousa estará inclinado para dissolver a Assembleia da República e, consequentemente, convocar eleições antecipadas.
Segundo o Expresso e o Observador (acesso pago), o Chefe de Estado vai dar tempo que o Orçamento do Estado seja aprovado, bem como para que o PS se reorganize e escolha o próximo candidato a primeiro-ministro.

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Saída de Costa não representa riscos para o rating de Portugal, nota S&P

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

A agência norte-americana adverte, no entanto, que “a incerteza política poderia atrasar o desembolso da terceira parcela dos fundos do NextGenerationEU".

A Standard & Poor’s afirmou esta quarta-feira que a demissão do primeiro-ministro, António Costa, não representa riscos imediatos para a avaliação da agência à dívida soberana portuguesa, atualmente em ‘BBB+’.

Num relatório, que não constitui uma ação de rating, a agência de notação financeira recorda que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá decidir agora se convoca eleições antecipadas ou se deixa a maioria do Partido Socialista de Costa formar um novo gabinete com um novo primeiro-ministro.

A Standard & Poor’s (S&P) salienta que a demissão de António Costa “não representa riscos imediatos para a qualidade de crédito do país” e que “os riscos para as finanças públicas do próximo ano parecem modestos”.

A agência alerta que “eleições antecipadas podem potencialmente perturbar a aprovação final do OE2024, prevista para o final deste mês” e que uma mudança política após as eleições “poderá levar a um desvio do longo historial de prudência orçamental de Portugal após 2024 e desacelerar a redução da dívida pública”.

A agência adverte ainda que “a incerteza política poderia atrasar o desembolso da terceira parcela dos fundos do NextGenerationEU (NGEU), uma vez que tal cenário poderia perturbar a execução de marcos políticos fundamentais ou levar a uma supervisão mais rigorosa da implementação dos projetos por parte da Comissão Europeia”.

Ainda assim atualmente a agência não espera que os desembolsos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (RFF) sofram atrasos significativos, dado o forte compromisso do país com o Plano de Recuperação e Resiliência, que Portugal já solicitou a terceira e quarta parcelas dos fundos em outubro e que a Comissão Europeia aprovou o pedido de Portugal para aumentar o montante total desembolsado de 16,6 mil milhões de euros para 22,2 mil milhões de euros (8,6% do PIB).

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Michel defende que UE deve liderar conferência de paz

  • Lusa
  • 8 Novembro 2023

O presidente do Conselho do Conselho fez uma defesa firme da solução de dois Estados, afirmando que não foi investido o suficiente na paz, na justiça e na reconciliação na região.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu esta quarta-feira que a União Europeia (UE) quer ajudar a resolver a crise no Médio Oriente e vai promover uma conferência de paz para reanimar a solução de dois Estados. Num discurso no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o presidente do Conselho fez uma defesa firme da solução de dois Estados, afirmando que não foi investido o suficiente na paz, na justiça e na reconciliação na região.

Lideraremos, em conjunto com outros parceiros, a organização, o mais rapidamente possível, de uma conferência de paz e estabilidade inspirada em iniciativas anteriores e nos Acordos de Abraão”, anunciou Michel, destacando a relevância das relações de Israel com os seus vizinhos árabes.

Desta forma, Michel aceitou o desafio lançado pelo chefe do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, que propôs esta iniciativa no mais recente Conselho Europeu. Sánchez defendeu que devem ser dados passos na criação do Estado palestiniano, algo que Michel sublinhou também perante o Parlamento Europeu, insistindo que será uma peça chave para um acordo político.

O líder do Conselho Europeu defendeu que apoiar um Estado palestiniano credível é um “investimento na paz e segurança na região”, indicando que a UE tem de desempenhar o seu papel “como ator global” através da diplomacia e da política externa.

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Empresas à espera de Marcelo para retirar dinheiro do Fundo de Compensação do Trabalho

Diploma que estabelece regras da mobilização do dinheiro do Fundo de Compensação do Trabalho foi aprovado a 21 de setembro, mas ainda não recebeu "sim" de Marcelo Rebelo de Sousa.

Estava previsto que as empresas poderiam começar a ir buscar o dinheiro que têm no Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) a partir do último trimestre do ano, mas com novembro já quase a meio essa porta continua fechada. O Governo já aprovou o decreto-lei que estabelece as regras para essa mobilização, mas falta o Presidente da República promulgar esse diploma para que as verbas possam ser retiradas.

O acordo de rendimentos firmado em outubro do ano passado na Concertação Social prevê o fim das contribuições para o FCT e a sua reconversão para permitir às empresas que para ele tenham contribuído, nomeadamente, financiar a formação e qualificação dos trabalhadores e apoiar a autonomização dos jovens trabalhadores, “suportando uma parte dos encargos com habitação”.

Desde maio que as empresas já não descontam para esse fundo, mas a mobilização do dinheiro – são mais de 600 milhões de euros – continua a não ser possível.

O último calendário apresentado aos parceiros sociais indicava que as empresas poderiam começar a levantar o dinheiro a partir do último trimestre de 2023. E o Governo aprovou, no fim de setembro, as regras para a mobilização, mas esse diploma ainda não recebeu o “sim” de Marcelo Rebelo de Sousa.

Aliás, esta quarta-feira, a reunião da Comissão Permanente da Concertação Social (CPCS) serviu para o Governo fazer um ponto da situação. “O que nos foi transmitido é que, tendo já sido aprovado em Conselho de Ministros, estará em fase de promulgação“, conta Ana Vieira, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em declarações ao ECO. Na perspetiva desta responsável, a mobilização poderá, então, arrancar só em dezembro ou até mesmo em janeiro.

Já antes da reunião desta tarde, o presidente da CCP, João Vieira Lopes, mostrava preocupação com “esta demora, porque se trata de uma matéria negociada há muito tempo e os valores pertencem às empresas“. “Neste contexto, as empresas precisam de conhecer os contornos deste regime, em múltiplos domínios, nomeadamente como se operacionaliza a devolução das verbas do FCT”, salientava o responsável.

Também da parte da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) chegou ao ECO a mensagem de atenção a esta matéria, antes do encontro desta quarta-feira: “Inicialmente tinha-nos sido referido pelo Ministério do Trabalho que seria a partir de outubro de 2023, o que não aconteceu. Não tendo havido qualquer justificação para o atraso, a CAP solicitou o agendamento da questão para a reunião da CPCS“.

E fonte oficial atirava mesmo que o Governo mostrava muito preocupação com a “situação dramática de falta de habitação, mas não atuava em conformidade“.

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