Hoje nas notícias: almofada do Estado, juros e hospitais

  • ECO
  • 25 Outubro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Estado vai fechar o ano com uma almofada financeira de cerca de 6.000 milhões de euros, em linha com o que sucedeu em 2022. A taxa de esforço criada pelo Governo limita o acesso à bonificação de juros. O Ministério da Saúde espera, até ao final do ano, ter equipas dedicadas às urgências, “pelo menos, nos cinco maiores hospitais do país”, através da criação dos CRI. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional.

Estado vai fechar o ano com almofada financeira de 6.000 milhões de euros

O Estado vai fechar o ano com uma almofada financeira de cerca de 6.000 milhões de euros, em linha com o que sucedeu em 2022, segundo as projeções da agência que gere a dívida pública, o IGCP. Estes dados ficam longe dos máximos alcançados durante o período da troika, quando Portugal não tinha acesso a financiamento nos mercados, ou na pandemia de Covid-19.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Taxa de esforço criada pelo Governo limita acesso à bonificação de juros da casa

A fórmula de cálculo da taxa de esforço adotada pelo Governo, ao considerar o rendimento coletável do agregado familiar e não o rendimento líquido de impostos e contribuições para a Segurança Social, como é considerado pelo supervisor, está a limitar o acesso ao apoio à bonificação de juros criado pelo Executivo. Isso está a fazer com que haja famílias com uma taxa de esforço real perto dos 50% não tenham direito a este mecanismo.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Ministério quer equipas fixas nas urgências dos cinco maiores hospitais do país

O Ministro da Saúde quer avançar com equipas dedicadas nas urgências, de modo a que os profissionais alocados possam trabalhar em exclusivo neste serviços, através da criação de Centros de Responsabilidade Integrados (CRI). “Vamos até ao final do ano implementar no terreno os Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) dedicados às urgências, pelo menos nos cinco maiores hospitais do país: no Lisboa Central (Hospital São José), no [hospital] Santa Maria e em Coimbra. No Porto, será no Santo António e no São João”, revelou Manuel Pizarro. O governante diz ter “absoluta consciência das dificuldades e dos problemas” no SNS e apela à necessidade de chegar a um acordo com os sindicatos médicos.

Leia a entrevista completa no Público/Renascença (acesso livre).

Medicamentos falsos e tabaco com recorde de apreensões nas alfândegas

Depois dos picos registados em 2016 e 2019, as apreensões da Autoridade Tributária (AT) nas alfândegas têm voltado a aumentar. No ano passado, o Fisco realizou 9.683 apreensões, que ascendiam a cerca de 34 milhões de euros, de acordo com os dados do relatório sobre o combate à fraude e evasão fiscal. As apreensões de medicamentos e tabaco foram as que mais cresceram, tendo registado um aumento de 131% e 73%, respetivamente, face a 2021.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

400 trabalhadores ganham mais de 5 mil euros na RTP

Há cerca de 400 trabalhadores da RTP a ganharem mais de cinco mil euros mensais brutos, segundo avançou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV). Os trabalhadores da estação pública estão em greve até sexta-feira, reclamando aumentos salariais e progressão nas carreiras.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A massa consolida a sua presença na alimentação com um aumento de consumo de 17% nos últimos cinco anos

  • Servimedia
  • 25 Outubro 2023

Os espanhóis consomem em média 4,12 quilos por ano.

A massa ganhou presença nos lares durante a última década, conforme refletem os dados coletados no último ‘Relatório de Consumo Alimentar na Espanha (2022)’, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação (MAPA), no qual a massa mantém sua tendência de crescimento progressivo e constante, com um aumento acumulado de 17,3% desde 2018. Em 2022, o consumo médio per capita situou-se em 4,12 quilos.

No contexto do Dia Mundial da Massa, o Grupo Gallo destacou a evolução que o consumo deste produto tem experimentado, “cuja presença nos lares espanhóis é fruto de uma trajetória de quase oitenta anos elaborando a massa líder no mercado”, indicou.

“A massa é um dos pratos mais consumidos na Espanha e ocupa uma posição indispensável na alimentação dos espanhóis. Em suma, a massa se encaixa hoje no perfil de um consumidor cada vez mais exigente, que exige da indústria alimentícia produtos versáteis, acessíveis e que atendam a mais de uma necessidade. Que sejam saudáveis, fáceis de preparar, deliciosos e proporcionem prazer; todos esses requisitos convergem na massa”, afirmou a empresa em comunicado.

Os lares com presença de crianças, particularmente nas idades médias e mais avançadas, são responsáveis por 21% do volume de consumo. Embora sejam os jovens independentes quem lideram o pódio, superando a média em quase 2 pontos, com impressionantes 6 kg por pessoa por ano.

Por outro lado, a compra intensiva de massa é observada em lares cujos responsáveis pela compra têm menos de 65 anos, sendo o grupo de 35 a 49 anos responsável por 31,15% da população e adquirindo 35,24% do volume.

Os lares de classe sócio económica alta, média alta e média são os consumidores mais intensivos de massa, com destaque para a classe média, que compreende 30,69% da população e adquire 33,27% do volume.

A massa alimentícia representa 98,4% do volume total de massa consumida em 2022, contribuindo com 95,7% do valor total. Apesar de uma redução de 2% no volume, o valor experimentou um aumento de 19%, em grande parte devido ao aumento dos preços.

O consumo de massa em Espanha concentra-se na região mediterrânea: a Catalunha lidera o consumo com impressionantes 5,50 kg por pessoa por ano, seguida das Baleares (5%) e de Valência (4,46 kg). Em contraste, as comunidades do norte e do Cantábrico apresentam um consumo mais moderado, com La Rioja (3,36 kg), Navarra (3,40 kg) e o País Basco (3,43 kg) registando os níveis mais baixos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A Fundação Jiménez Díaz ganha o Prémio Top 20 em ‘Gestão Hospitalar Global’

  • Servimedia
  • 25 Outubro 2023

A Fundação Jiménez Díaz foi premiada na XXIV edição do programa Top 20, que a IQVIA realiza anualmente há quase meio século para reconhecer as boas práticas do setor hospitalar.

Nesta edição dos prémios, que bateu um novo recorde de participação de centros hospitalares públicos e privados de várias comunidades autónomas e cuja cerimónia ocorreu ontem em Madrid, o hospital universitário recebeu três prémios que reconhecem sua “excelência hospitalar” e foram recebidos pelos responsáveis pelas respetivas áreas.

Entre os prémios concedidos à Fundação Jiménez Díaz, destaca-se novamente, pelo sexto ano consecutivo, o Prémio Top 20 na categoria de ‘Gestão Hospitalar Global’, dentro do grupo de ‘Grandes Hospitais de referência regional e nacional’, que foi recebido pelo Dr. Javier Arcos, gerente e diretor médico do hospital, das mãos da Dra. Almudena Quintana, diretora assistencial do Serviço Madrileno de Saúde (Sermas), acompanhado das Dras. Ana Leal e Marta Cremades, subdiretoras do centro, e de Ana Gloria Moreno, diretora de Enfermagem.

A IQVIA também reconheceu a Fundação Jiménez Díaz com os Prémios Top 20 na ‘Área Digestiva’, dentro do grupo de ‘Hospitais com cirurgia geral de alta complexidade’, e Top 20 na ‘Área de Rim e Vias Urinárias’, dentro do nível de ‘Hospitais com cirurgia urológica’. Ambos os prémios foram recebidos, respetivamente, pelos Drs. Benjamín Polo e Héctor Guadalajara, chefes associados dos serviços de Aparelho Digestivo e Cirurgia Geral e Digestiva do hospital madrileno, e pelo Dr. Alberto Ortiz, chefe do Serviço de Nefrologia, e Dra. Carmen González, chefe do Serviço de Urologia do centro universitário.

A Fundação Jiménez Díaz conquistou os três prémios Top 20, se destacando entre os 185 hospitais participantes – 57% deles públicos e 43% privados – de diferentes comunidades autónomas, que foram reconhecidos como os mais avançados e eficientes em função do seu tamanho e gestão, em nove áreas. São elas: ‘Digestivo’ e ‘Rim e Vias Urinárias’, além de ‘Sistema Nervoso’, ‘Coração’, ‘Músculo esquelético’, ‘UTI’ e ‘Pediatria’ – especialidades em que o hospital madrileno também foi finalista, sendo especialmente destacada a última, que é nova este ano e na qual a Fundação Jiménez Díaz também foi candidata -, ‘Mulher’ e ‘Sistema Respiratório’.

OUTROS PRÉMIOS

Além disso, os outros três hospitais da Quirónsalud integrados na rede pública de Madrid (Sermas) também foram reconhecidos nesta edição do programa Top 20 em diferentes áreas assistenciais. Assim, o Hospital Universitário Rey Juan Carlos (Móstoles) recebeu o prémio na categoria de ‘Gestão Hospitalar Global’, dentro do grupo de ‘Hospitais com especialidades de referência’, enquanto o Hospital Universitário Infanta Elena (Valdemoro) foi premiado com dois prémios Top 20 na Área Digestiva, como ‘Hospital com cirurgia geral comum’, e na Atenção ao Paciente Crítico, no nível de ‘Hospitais sem neurocirurgia’, categoria pela qual também foi premiado o Hospital Universitário General de Villalba (Collado Villalba).

Segundo explica a organização, este programa é baseado em indicadores objetivos obtidos a partir de informações extraídas do conjunto mínimo básico de dados que todos os centros reportam sobre os pacientes hospitalizados, e na qual participam hospitais públicos e privados de forma gratuita, voluntária e anónima; um processo de comparação no qual os centros não são avaliados conjuntamente, mas sim analisados com base no estabelecimento de níveis de acordo com seu tamanho e grau de especialização.

Nesse sentido, Carles Illa, diretor da área de Healthcare da IQVIA, destacou durante o evento que “o programa Top 20 tem evoluído para uma abordagem voltada para processos clínicos específicos, contribuindo para que as organizações disponham da ferramenta mais precisa para analisar detalhadamente tanto seus pontos fortes quanto os aspetos a serem melhorados”. E acrescentou que “o efeito transformador que o Top 20 vem experimentando está conectado a outras iniciativas que vão além do tradicionalmente possível e que aspiram a converter não apenas nossa rede hospitalar, mas todo o sistema de saúde”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 25 de outubro

  • ECO
  • 25 Outubro 2023

Ao longo desta quarta-feira, 25 de outubro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

McCann Worldgroup é o grupo onde o investimento em criatividade tem um maior retorno para os seus clientes

  • Servimedia
  • 25 Outubro 2023

McCann Worldgroup é a rede de agências mais eficaz da Europa, pelo sétimo ano consecutivo, de acordo com os resultados do último Global Effie Index.

Esta classificação é um marco histórico e quebra todos os recordes da indústria. Além disso, é uma grande conquista para a rede de agências, que conseguiu superar a concorrência mais próxima em quase 200 pontos na última edição do ranking.

O Effie Index identifica e classifica as agências, marcas, redes e holdings mais eficazes da indústria de marketing e oferece uma visão detalhada de quem está criando ideias que realmente funcionam em todo o mundo. “A sua metodologia oferece os resultados mais confiáveis globalmente sobre a excelência na efetividade do marketing e é a ferramenta mais abrangente e reconhecida mundialmente para medi-la”, afirmam.

O trabalho criativo impactante e eficaz é a métrica mais tangível do valor que um grupo pode criar para as marcas, liberando seu potencial de crescimento, explicam. E neste aspeto é onde o grupo, liderado por Marina Specht na Espanha, se destaca “significativamente”, consolidando-se como a rede de agências que gera o maior retorno económico no investimento publicitário das marcas na Europa.

Também é importante destacar que neste mesmo ano, McCann Worldgroup foi nomeada a Melhor Rede de Agências Criativas da Europa pela prestigiosa revista ‘Campaign’. O júri destacou especialmente “os fortes exemplos como líderes de opinião em todo o negócio, além da sua sólida cultura de diversidade e inclusão, flexibilidade, bem-estar e capacitação dos seus funcionários”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Economistas analisam desafios do país. CFP divulga análise à proposta de OE2024. O ministro do Ambiente e da Ação Climática é ouvido na AR.

No dia em que os economistas se reúnem em congresso para analisar os desafios do país, o Conselho das Finanças Públicas divulga o relatório 10/2023: Análise da Proposta de Orçamento do Estado para 2024. Já o ministro do Ambiente e da Ação Climática é ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Economistas analisam desafios do país

Os desafios que o país enfrenta, como a necessidade de aumentar a competitividade das empresas nacionais, reduzir o desemprego e promover o crescimento económico. Ou até as questões relacionadas com a dívida pública e o equilíbrio orçamental vão estar em análise no Congresso Nacional dos Economistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que conta com a presença do ministro das Finanças, Fernando Medina.

Ministro do Ambiente e da Ação Climática ouvido em Comissão

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, é ouvido esta quarta-feira, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação no âmbito dos requerimentos apresentados pelo PCP, PSD, PS, BE e IL sobre a aquisição de navios elétricos e de baterias pela Transtejo.

CFP divulga análise à proposta do OE2024

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) vai, esta quarta-feira, publicar o relatório 10/2023: Análise da Proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE2024). A proposta do OE foi entregue, a 10 de outubro, na Assembleia da República, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.

Clube de Produtores Continente debate sustentabilidade

No âmbito da comemoração do 25.º aniversário, o Clube de Produtores Continente debate, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o tema da sustentabilidade, no encontro ‘A Criar Raízes Sustentáveis para o Futuro’. Conta com a presença da ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e representantes de todo o setor agroalimentar português.

Grupo Casais inaugura o MITH-Minho Innovation

O Grupo Casais inaugura o MITH-Minho Innovation and Technology Hub, em Guimarães. Assente em valores de construção sustentável e inovação, este será um espaço dedicado a negócios, tecnologia e para atrair gabinetes de engenharia e arquitetura. Assim como é direcionado para a criação de startups e scaleups.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Aquilo que tínhamos como bom”, as reflexões e experiências de Nacho Cardero Cardero diante de uma crise permanente

  • Servimedia
  • 25 Outubro 2023

Nacho Cardero (Guadalajara, 1974), jornalista e diretor do 'El Confidencial' desde 2011, apresentou no Círculo de Bellas Artes de Madrid o seu último livro, ‘Aquilo que tínhamos como bom’.

Cardero repassa na sua obra como quando tudo parecia estar bem, com um mundo seguro e confortável, veio o barulho, a confusão e o confronto: primeiro, com uma crise sanitária mundial; depois, uma guerra no coração da Europa; e mais tarde, o questionamento das democracias liberais. Assim, a incerteza, o medo, o caldo de cultura para populismos, tomaram conta da cidadania.

Nacho Cardero reflete sobre a ‘permacrise’, os problemas sociais mais urgentes, o papel das redes sociais e dos meios de comunicação. Além disso, compartilha com o leitor alguns episódios autobiográficos especialmente difíceis vividos nos últimos anos.

O próprio autor reconhece que seria difícil encaixar esse trabalho em um género que poderia abranger desde um ensaio até um romance ou uma crónica jornalística, mas que na realidade são reflexões pessoais e, por vezes, mais íntimas, de um dos jornalistas mais proeminentes e influentes do país.

“Este livro não é um ensaio, não é um romance baseado em fatos reais, não é um diário e também não é uma autobiografia. No entanto, tem algo de tudo mencionado anteriormente. Este livro não é uma crónica jornalística. Não se encaixa em nenhuma categoria académica e está longe de querer ser um manual de autoajuda. Há quem veja isso como ajuste de contas. Nada mais distante da realidade. Também não é um livro que agradará aqueles que se consideram detentores da verdade absoluta, nem aqueles que estão acostumados com rótulos”, escreve.

Cardero conta que o livro foi gestado com anotações rápidas, na sua maioria urgentes, de algumas palavras, que ele ia anotando no celular sem outra intenção senão deixar suas reflexões registadas. Reflexões que se transformaram em uma espécie de diário, que sem pretendê-lo, “refletia a quotidianidade da incerteza desse tempo e servia como um elixir para expulsar os demónios. Anos em que vivemos perigosamente”.

‘Aquilo que tínhamos como bom’ é, nas palavras do autor, um livro “escrito de coração aberto, sem anestesia, que descreve em voz alta as experiências de muitos, o que vivemos e o que sentimos quando a crise se tornou permanente e a escala de valores sobre a qual construímos nossa sociedade desmoronou pouco a pouco”. A ideia, cada vez mais profunda, de que os alicerces em que sustentávamos nossas vidas e o contrato que acreditávamos ter com a sociedade desabaram.

Portanto, trata-se de um livro muito pessoal e íntimo que aborda os principais acontecimentos mundiais e domésticos dos últimos anos: desde a pandemia do covid até a guerra na Ucrânia, passando pela crise económica, crise política… Além disso, é especialmente incisivo, logicamente pela sua profissão e sua determinação em dignificá-la, com o jornalismo. Reflete sobre o papel da media na sociedade e o gradual deterioro das liberdades.

Precisamente, um dos capítulos do livro tem como título ‘Quando o jornalismo era uma profissão respeitável’, no qual ele conta a história de como o rei Felipe VI concordou em apresentar os prémios do ‘El Confidencial’.

Cardero, sem hesitar, alinha-se com as novas tecnologias e a evolução que os meios de comunicação tiveram desde a chegada da internet, mas dúvida da forma, da imediatidade e da escassa reflexão: “Uma revolução comunicativa da qual somos filhos, uma época em que a verdade se mostra próxima porque chega antes, mas que, em essência, está distante porque peca por ser demasiado flexível e pouco duradoura. A propaganda. A superabundância. A realidade aumentada. O acesso imediato. Antes, as histórias duravam séculos. Agora, a queda de Troia cabe em vinte segundos de Instagram”, afirma.

O autor resgata seu discurso na entrega dos prémios ‘El Confidencial’ do ano passado, onde começou dizendo: “Se o exercício da profissão jornalística é essencial para a saúde democrática de um país, isso é ainda mais verdade nesses tempos de incerteza, nos quais o mundo, nas palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, está em perigo e paralisado, e quando os valores inerentes às democracias liberais são questionados”.

A profissão deve recuperar prestígio, respeito e valor entre a população, afirma. “Os jornalistas nunca foram bem vistos. No ranking das profissões mais valorizadas, estamos na mesma posição que os advogados, ou seja, na última colocação, o que é significativo. A nossa missão consiste em questionar aquilo que é evidente, exercendo um papel de vigilância constante sobre a sociedade para que esta fuja da indolência e da aceitação submissa. O nosso mundo, assim como nossas vidas, é arbitrário, frágil, suscetível de ser abalado por qualquer acontecimento imprevisível”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O mercado imobiliário espanhol impulsiona o crescimento das ‘proptech’

  • Servimedia
  • 25 Outubro 2023

Espanha concentra 11% das 'proptechs' ativas no mercado europeu e tornou-se um dos principais hubs de inovação imobiliária.

A revolução tecnológica da inteligência artificial, robótica ou realidade virtual também chegou ao setor imobiliário. Após o impacto da recessão económica de 2008 no mercado residencial, a tecnologia imobiliária está a tornar-se dominante num setor cada vez mais digitalizado.

Se casas inteligentes, visitas virtuais e chats já são uma realidade nos dias de hoje, a mais recente grande revolução se encontra nas chamadas proptechs imobiliárias, que estão a ditar o ritmo na gestão de propriedades e aluguéis de imóveis residenciais e comerciais.

A Europa é um terreno fértil para esse tipo de plataforma, que se encarrega da gestão completa de aluguer a médio e longo prazo, concentrando mais da metade das proptechs do mundo. A Espanha não está a ficar para trás e já está adquirindo um ritmo vertiginoso, tornando-se um dos principais hubs de inovação imobiliária da Europa, com 11% do mercado europeu.

O mercado de aluguer imobiliário na Espanha, com mais de 3,5 milhões de residências alugadas a médio e longo prazo e uma idade média do locador próxima aos 50 anos, favorece a procura por soluções e serviços que automatizem os processos de gestão, além de facilitar a comunicação entre locadores e locatários. Sem dúvida, essas plataformas se beneficiam das circunstâncias favoráveis no setor imobiliário, como a discrepância entre a procura e a escassez de inventário, além do aumento dos preços das moradias, o que impulsionou a procura por aluguéis.

A homming é uma das proptechs de referência na Espanha. Desde 2019, possui uma carteira diversificada de clientes, desde pequenos proprietários até imobiliárias e grandes operadores, para atender às diversas necessidades do setor, e tem acompanhado o crescimento imparável dessas plataformas, que encontram na tecnologia seu grande aliado para oferecerem à oferta e à procura o que necessitam. “Na homming, cobrimos todo o ciclo do aluguer de forma abrangente, em apenas alguns cliques, graças a uma gestão inteligente, centralizada e eficiente de qualquer tipo de imóvel alugado a médio e longo prazo, seja por inteiro ou por quartos, permitindo reduzir o tempo de gestão em mais de 60% a 80%”, afirma Jorge Montero, CEO da homming.

A procura por essas soluções de gestão imobiliária não para de crescer, uma vez que oferecem ferramentas flexíveis e versáteis, que atendem às necessidades de todos os segmentos do aluguel, um mercado em constante expansão e atrativo para os investidores. Hoje, a Espanha é o terceiro país da Europa em número de empresas proptech, depois do Reino Unido e da França.

REFERÊNCIAS MUNDIAIS

A presença das proptechs é global, com referências como a estadunidense Doorloop ou a alemã Vermietet. A Doorloop, fundada há cinco anos, já levantou 30 milhões de dólares até o momento, o que reflete a elevada procura por essas soluções no mercado americano. O caso da Vermietet é semelhante, com uma carteira de cerca de meio milhão de proprietários num país onde metade das moradias é colocada para aluguer e dois terços dos locadores são particulares.

Os especialistas da homming apostam na concentração do mercado na Espanha, com as proptechs que realmente agregam valor e resolvem um problema real permanecendo. “Operamos em um ecossistema saudável, com aumento na intenção de contratação e faturação, mas estamos atingindo uma estabilização e uma seleção natural das empresas que não acompanham o ritmo com o qual a tecnologia e as necessidades evoluem”, afirma o CEO da homming.

As utilidades oferecidas pelas proptechs se adaptam às necessidades de todos os tipos de proprietários, independentemente do volume de ativos que administrem, uma vez que possibilitam eficiência nos processos e maior controle da carteira disponível. Em uma única plataforma e de forma simples, essas ferramentas tecnológicas imobiliárias facilitam a comunicação entre gestores, proprietários, inquilinos e fornecedores, permitindo verificar a solvência do inquilino, gerar e assinar contratos digitalmente, conciliar receitas e despesas e gerir problemas.

O investimento em tecnologia e o conhecimento do setor são as chaves do sucesso dessas proptechs, que não apenas atendem ao problema real da habitação, mas também facilitam a gestão de aluguéis a médio e longo prazo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Da IA à Justiça mais rápida, estes são os desejos para a advocacia

Esta quarta-feira celebra-se o Dia Europeu do Advogado e a Advocatus foi tentar saber quais são os desejos dos advogados para o setor nos próximos anos.

No dia em que se celebra o Dia Europeu do Advogado, a Advocatus foi saber quais são os desejos dos advogados para o setor nos próximos anos. Tecnologia, Inteligência Artificial e multidisciplinaridade são alguns desafios apontados pelos advogados contactados.

“O meu desejo para o setor da advocacia passa por estarmos atentos e sermos proativos no desenvolvimento de soluções para fazer face às alterações estruturais que iremos verificar nos próximos anos“, sublinhou Duarte de Athayde, chairman da Abreu Advogados.

Associado ao desafio da multidisciplinaridade, que se avizinha no setor, João Lima Cluny, sócio da Garrigues, deseja uma adaptação “bem conseguida”, não só com “aproveitamento das vantagens que o mesmo inequivocamente apresenta, mas garantindo sempre o cumprimento das regras deontológicas da profissão e que, aos cidadãos, é prestado um serviço de qualidade, por pessoas conhecedoras e competentes nas matérias relevantes”.

João Lima Cluny, partner da Morais Leitão, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07SET22
João Lima Cluny, sócio da GarriguesHugo Amaral/ECO

Também Francisco Cabral Matos, sócio da Vieira de Almeida (VdA), acredita que se irá esperar de um advogado um conhecimento cada vez “mais abrangente” de um leque vasto de áreas do conhecimento. “A antecipada multidisciplinaridade levará a uma incorporação de matérias não jurídicas no âmbito da assessoria jurídica, trazendo mais valor acrescentado à função do advogado e reforçando a sua função como trusted advisor“, afirmou.

“A advocacia de negócios vê-se constrangida pela desigualdade entre sociedades portuguesas e estrangeiras. E, no futuro, ainda com as sociedades multidisciplinares, com outro regime fiscal e outra capacidade de investimento. Prejudicam-se novamente os portugueses“, defendeu José Luís Moreira da Silva, sócio da SRS Legal.

Da tecnologia à IA

Ciente de que a tendência dos próximos anos passará por uma forte transição digital, com um foco “muito grande” no desenvolvimento tecnológico e uma maior utilização das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) na estratégia empresarial das organizações, Duarte de Athayde, chairman da Abreu Advogados, defende que o setor tem de ser mais dinâmico.

Temos de ser mais dinâmicos, transformadores e atentos às novas realidades que afetam o mundo, procurando caminhos multidisciplinares, personalizados e disruptivos para fazer face aos desafios que esta transformação digital e foco na sustentabilidade vão naturalmente trazer à forma como exercemos o Direito”, sublinhou, relembrando também que os fatores ESG e de sustentabilidade serão cada vez mais uma prioridade para o trabalho de todas as empresas.

Duarte de Athayde, chairman da Abreu AdvogadosAbreu Advogados

Também João Lima Cluny garante que é desejável que o setor aproveite as novas tecnologias. “Que a advocacia seja capaz de aproveitar as novas tecnologias para poder fornecer um aconselhamento mais detalhado e especializado, com benefícios de tempo, eficácia e qualidade”, disse.

Já Francisco Cabral Matos acredita que o desenvolvimento tecnológico incrementará a qualidade do aconselhamento prestado. “Ainda que o papel do advogado esteja longe de poder ser substituído por um software, é inevitável uma mudança de paradigma: no passado, a tecnologia contribuiu para simplificar processos e melhorar a eficiência de funções de suporte; o advento da inteligência artificial levará à utilização da tecnologia também para funções de natureza intelectual – como a assessoria jurídica“, explicou o sócio da VdA.

Daniel Rosário, associado sénior da Miranda & Associados

Um dos desejos de Daniel Rosário, associado sénior da Miranda & Associados, é que o setor se consiga adaptar ao impacto da IA e que os profissionais atinjam o work life balance.

“Urge assim que os advogados sejam capazes e estejam disponíveis para se adaptar ao impacto transformador que a IA irá ter na profissão e na vida dos seus clientes. Correlativamente, deverão os advogados conseguir um work life balance com todos os benefícios que tal irá trazer no seu rendimento profissional, saúde e benefícios para os clientes”, frisou o advogado.

Da aproximação da Ordem à CPAS

A Ordem dos Advogados não ficou esquecida e também foi apontada entre os desejos dos advogados. O sócio coordenador da área de Laboral da Cuatrecasas, Rui Vaz Pereira, revelou que entre os seus principais desejos está uma maior aproximação entre a Ordem e os profissionais do foro, sejam eles de grandes sociedades ou em prática isolada. “Apenas assim se conseguirá uma maior coesão na classe, essencial para resolver os nossos principais problemas”, notou.

Rui Vaz Pereira , sócio CuatrecasasHugo Amaral/ECO

Precisamos também que sejam clarificados e/ou decididos temas como a multidisciplinaridade das sociedades ou a integração da CPAS na Segurança Social. São assuntos que, não obstante a ampla discussão que já tiveram, merecem uma especial atenção dos poderes executivo e legislativo, e também de cada um dos advogados”, acrescentou o sócio da Cuatrecasas.

Também Daniel Rosário almeja um sistema “digno” de previdência para os advogados. “Que os advogados tenham acesso a um sistema digno de previdência e de proteção na doença, invalidez, desemprego e reforma”, desejou.

Da Justiça à fiscalidade

Um dos desejos apontados pelos advogados prende-se com o setor da Justiça em geral. Rui Vaz Pereira anseia uma maior estabilidade legislativa e maior previsibilidade nas decisões, realização de reformas estruturais e uma maior celeridade nos processos judiciais. “Para isso será necessário o esforço conjunto de todos os atores judiciais, atendendo às suas reivindicações específicas, mas sem que isso paralise o sistema judicial”, defendeu.

“Que seja feito um investimento sério no sistema judiciário e que sejam dadas condições materiais, humanas e dignas a todos os seus operadores por forma a se garantir uma tutela jurisdicional efetiva“, defendeu Daniel Rosário, associado sénior da Miranda & Associados.

Também José Luís Moreira da Silva, sócio da SRS Legal, deseja que a morosidade nos tribunais seja resolvida, tal como as condições de acesso à Justiça e a simplificação dos processos.

José Moreira da Silva, sócio da SRS Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 16OUT20
José Moreira da Silva, sócio da SRS AdvogadosHugo Amaral/ECO

“Sugiro começar-se por uma reforma do regime fiscal das sociedades de advogados, permitindo que estas sejam taxadas por aquilo que hoje são: verdadeiras empresas. Deixar de lado regimes datados e iníquos, com mais de 40 anos, feitos para uma realidade que já não é a existente“, disse o sócio da SRS.

Para José Luís Moreira da Silva, também a advocacia de contencioso se vê “a braços” com atrasos nos tribunais, derivados de velhos problemas de falta de meios e de recursos humanos. “Quem paga são os cidadãos e as empresas, que não veem os seus problemas resolvidos, o que afugenta investidores internacionais e remete para soluções que não estão ao alcance de todos, como a arbitragem internacional sediada noutros países. O Estado demite-se de resolver o problema e deixa cidadãos e PME sem soluções. A Justiça fica para os mais ricos”, garantiu.

Sobre a área de prática de Direito Penal, o sócio da Garrigues deseja que aos advogados continue a ser concedido o poder de defender os seus constituintes perante os “abusos e erros” que são cometidos nos processos, agindo a advocacia como garante de aplicação efetiva dos direitos, liberdades e garantias. “Num tempo em que o julgamento é, muitas vezes, realizado antes do tempo, é essencial que aos advogados, enquanto colaboradores na realização da Justiça, sejam concedidos todos os meios para, livremente, exercerem a sua atividade e poderem defender os seus constituintes nos vários campos em que os mesmos são visados”, acrescentou João Lima Cluny.

Da formação ao Direito Europeu

A formação dos advogados está também entre os desejos dos advogados contactados pela Advocatus. Mas não só, uma análise e balanço ao Direito Europeu e à Autoridade da Concorrência é também apontado.

“O atual contexto VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity and Ambiguity) obriga a uma maior capacidade de adaptação, para a qual é essencial a aposta na formação contínua e na partilha de conhecimento. Aos advogados (e sociedades de advogados) coloca-se o desafio de equilibrar novas formas de colaboração (v.g. trabalho remoto) com o benefício inequívoco da interação direta e da aprendizagem on job“, disse Francisco Cabral Matos.

Francisco Cabral Matos, sócio da VdA

Também Daniel Rosário aponta a formação como essencial para os advogados. “Que os advogados façam uma aposta forte na sua especialização, em benefício próprio e dos seus clientes. Nessa linha, e tendo em conta os acontecimentos terríveis dos últimos 18 meses, deverão os advogados estar mais atentos e disponíveis para assessorar questões relacionadas com a defesa dos direitos humanos”, sublinhou.

Já Rui Vaz Pereira apontou ainda os temas da sedimentação do modelo de estágio, o combate à procuradoria ilícita e a promoção da saúde mental como alguns dos que gostaria de ver “avanços relevantes”.

Por fim, Joaquim Caimoto Duarte, of counsel da equipa de Direito Europeu e da Concorrência da Gómez-Acebo & Pombo, considera relevante que nos próximos tempos se proceda a um balanço, a uma “análise séria”, de determinados aspetos em torno da nossa profissão, que impactam com a nossa atividade. “Desde logo, muito proximamente Portugal celebrará 40 anos de integração europeia, após a entrada na então Comunidade Económica Europeia, sendo importante que também se faça um balanço exaustivo da participação dos agentes jurídicos nacionais no sistema jurisdicional da União Europeia ao longos dessas quatro décadas, como as empresas e os advogados”, referiu.

Segundo o of counsel, dados estatísticos sobre o grau da participação dos diferentes agentes nacionais naquele sistema jurisdicional serão importantes, de forma a aferir, por exemplo, como os tribunais portugueses, os advogados ou as empresas afetadas por temas de direito europeu interagiram com o Tribunal de Justiça da União Europeia ao longo do período em causa.

Joaquim Caimoto Duarte_Gómez-Acebo & Pombo

“Por último, também seria relevante fazer-se um balanço aos 20 anos da Autoridade da Concorrência em Portugal, extensível ainda ao sistema de defesa da concorrência que tal implementação acarretou. Englobando ainda nessa análise, porque necessariamente inserido naquele sistema de defesa da concorrência, uma reflexão sobre a atividade ao longo destes anos do tribunal de primeira instância de recurso das decisões da AdC – o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão – incluindo ao nível dos prós e contras da atual localização geográfica desse tribunal (um debate que terá de incluir necessariamente todos os stakeholders envolvidos)”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mais de 90% dos trabalhadores gostariam de ver salário indicado nos anúncios de emprego

A transparência salarial é valorizada pelos portugueses, tanto dentro das empresas, como no recrutamento. Mais, segundo o estudo "O estado da compensação", 65% estão insatisfeitos com compensação.

Quantas vezes já se deparou com anúncios de trabalho que não revelam que salário está em cima da mesa? Não é uma ocorrência rara, mas mais de 90% dos trabalhadores portugueses gostariam que tal mudasse e que a faixa salarial viesse indicada nas ofertas de trabalho. Esta conclusão consta do estudo “O estado da compensação” da autoria da empresa portuguesa Coverflex, que será apresentado esta quarta-feira.

“A percentagem de pessoas que referem querer ver o valor salarial nas ofertas de trabalho é de 90,65%, contra apenas 4,5% que não querem e 4,85% que referem não saber ou não ter a certeza”, é explicado na análise, que teve por base um inquérito no qual participaram 2.247 indivíduos.

Entre os profissionais mais jovens, essa vontade é ainda mais expressiva: 92,4% dos inquiridos dos 18 aos 44 anos indicaram que gostariam de conhecer que salário está em cima da mesa logo nas ofertas de trabalho, face a 83% dos inquiridos com idades acima dos 45 anos.

Em declarações ao ECO, Inês Odila, country manager da Coverflex em Portugal, salienta que a transparência salarial (quer interna, quer no momento do recrutamento) é vista “claramente” pelos trabalhadores como tendo mais vantagens do que desvantagens, pelo que há hoje mais empresas (especialmente na área tecnológica) a indicar logo nos anúncios de empregos a faixa salarial à disposição.

Contudo, estes empregadores, admite a responsável, têm ainda “baixa expressão” no total das ofertas disponíveis no mercado, referindo-se apenas a empregos com “ofertas salariais mais aliciantes“.

Ainda assim, Inês Odila sublinha que revelar o ordenado logo no anúncio é um sinal de “uma forte cultura de transparência, e o mundo está cada vez mais a pedir essa cultura”. Ou seja, fazê-lo pode ser vantajoso para a atração e fidelização dos trabalhadores, já que estes acabam por sentir que há maior equidade. “O colaborador consegue ver o valor das faixas salariais, consegue situar-se, não precisa de suponho”, realça a country manager.

Também no que diz respeito à transparência salarial, convém destacar que 55,6% dos inquiridos disseram que gostariam de ver os salários publicados no seio das próprias empresas. Já 25,6% referiram o desejo contrário, enquanto 18,8% disseram não saber ou não a certeza quanto a esta questão (ver gráfico abaixo).

E por falar em salários, o estudo da Coverflex concluiu que somente 35% dos portugueses estão satisfeitos com a sua compensação. Ou seja, apesar dos aumentos dos últimos anos, 65% dos trabalhadores não recebem valores que os satisfaçam.

Mas, atenção, esse nível de satisfação não é impactado somente pelo número que veem chegar à conta bancária. O modelo de trabalho adotado também importa. Segundo a análise, entre quem trabalha remotamente, 44% manifestam satisfação com a sua compensação. E 33,5% dos que trabalham em regime híbrido dizem-se satisfeitos a esse nível. Já entre quem trabalha presencialmente, só 27% consideram-se satisfeitos com a sua compensação.

A flexibilidade de não perder uma hora para ir trabalhar e outra para chegar a casa é algo que as pessoas valorizam cada vez mais“, observa a country manager da Coverflex, em jeito de explicação para esse desfasamento entre os níveis de satisfação. Aliás, segundo a responsável, a adoção do trabalho híbrido tem aumentado não somente por efeito da passagem do trabalho presencial para esse regime, mas também em resultado da passagem do modelo remoto para o híbrido. “Nas tecnológicas, é o que está a acontecer“, relata.

Há a destacar também “diferenças significativas” entre setores de atividade, na satisfação dos trabalhadores com a sua compensação. Enquanto entre quem trabalha nas tecnologias de informação e desenvolvimento de software, 42,5% dizem-se satisfeitos com a sua compensação, entre quem trabalha em marketing, comunicação e publicidade, só 22% manifestam o mesmo nível de satisfação.

Um quarto queriam que empresa oferecesse subscrição do Netflix, mas só 1% têm esse benefício

Além do salário, também importa aos trabalhadores portugueses os benefícios extra ordenado que são assegurados pelos empregadores. De acordo com o estudo da Coverflex, o benefício mais comum atualmente são os seguros de saúde, com 52,2% dos inquiridos a indicarem que têm acesso a esse tipo de oferta. Seguem-se os apoios para as despesas de educação e formação (33.47%) e os apoios para despesas com tecnologia (25.90%).

Há, por outro lado, benefícios que são muito desejados, mas pouco praticados. É o caso da oferta por parte das empresas de subscrição de serviços como o Netflix e o Spotify. Quase um quarto desejam-no, mas só 1% têm acesso, o que resulta num fosso de 23,28%, é calculado.

O mesmo acontece, por exemplo, no que diz respeito ao apoio para combustível. Embora mais de 35% queiram ter este benefício, só 7% têm atualmente acesso, o que equivale a um fosso de 27,68%. Este benefício é particularmente relevante numa altura em que os preços dos combustíveis têm registado alguma volatilidade, por efeito das tensões no Médio Oriente.

E também se verifica esta dinâmica no que diz respeito aos benefícios associados à poupança para a reforma: mais de 32% dos trabalhadores desejam-no, mas só 23,36% têm acesso. Há, portanto, um fosso de 8,99%, avança o estudo que será apresentado esta manhã.

Já no que diz respeito ao subsídio de refeição, apenas 16% dos inquiridos recebem 9,6 euros diários, valor até ao qual há isenção de IRS e contribuições sociais, no caso dos pagamentos feitos em cartão de refeição. Aliás, o estudo dá conta que as empresas que menos oferecem cartão refeição são empresas pequenas. “Apenas 79% dos inquiridos que trabalham em empresas de 1-10 colaboradores têm cartão refeição, em média”, é indicado.

Contas feitas, a Coverflex estima que os portugueses têm direito, em média, a 197,59 euros em benefícios mensais. Entre quem trabalha em regime híbrido ou remoto, esse valor é superior do que o registado para os trabalhadores presenciais (200 euros contra 183 euros).

Ao ECO, a country manager da Coverflex explica quem está em regime remoto ou híbrido tem uma série de benefícios para o exercício das funções à distância (como orçamentos para a montagem de escritórios em casa), daí essa diferença.

De notar, por outro lado, que a desigualdade entre géneros também se sente a nível dos benefícios oferecidos. “As mulheres que recebem benefícios recebem, em média, 167 euros por mês contra 222 euros dos homens (gap de 32%)”, lê-se no estudo.

Pandemia terminou, mas teletrabalho veio para ficar

Ainda que os dias das restrições pandémicas estejam já a alguma distância, o trabalho remoto continua a ser adotado de forma expressiva. E entre quem não o tem, trabalhando, então, em regime presencial, 56,5% dizem-se insatisfeitos com o seu modelo de trabalho. Em contraste, somente 29% das pessoas que trabalham em regime híbrido e 12% dos teletrabalhadores preferiram outro regime que não o que estão atualmente a implementar.

“Regista-se também uma diferença significativa entre géneros, uma vez que 63% das mulheres que trabalham presencialmente não estão satisfeitas com o seu regime de trabalho contra 50% dos homens”, é detalhado.

Além disso, oito em cada dez dos teletrabalhadores consideram que o seu horário de trabalho é muito flexível ou flexível. Já entre os trabalhadores presenciais, só 46% avançam com essa avaliação.

Convém notar que, segundo as várias empresas de recursos humanos, a flexibilidade horária é hoje considerada muito importante pelos trabalhadores, no momento da escolha do seu emprego. Oferecer este benefício pode ser determinante na retenção e atração de talento, recomendam os especialistas.

Em conversa com o ECO, Inês Odila afirma que ainda não se sabe qual o modelo ideal de trabalho, uma vez que este depende não só do setor, mas também das condições do país e da própria faixa etária do trabalho. “A pandemia é muito recente. É agora que as empresas estão a começar a medir o efeito do que aconteceu. Mas já existem estudos que dizem que as pessoas são mais produtivas se estiverem em regime híbrido“, remata.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Oposição já tem propostas para travar aumento do IUC para carros anteriores a 2007

PSD e IL querem eliminar a medida, Chega pede uma redução transversal do imposto e PCP quer penalizar as grandes fortunas. Livre e PAN preferem castigar as empresas mais poluentes.

Toda a oposição está contra o aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) sobre veículos anteriores a julho de 2007, sendo que PSD, Chega, IL, PCP, PAN e Livre vão apresentar propostas de alteração durante o debate na especialidade do Orçamento do Estado (OE) para 2024 para evitar a penalização dos carros velhos, segundo o levantamento feito pelo ECO. Bloco de Esquerda (BE) não deve, para já, entregar projeto, mas já se mostrou contra o agravamento do imposto.

À direita do Parlamento, todas as bancadas vão submeter projetos de alteração. PSD e Iniciativa Liberal (IL) querem eliminar a penalização do IUC para viaturas entre 1981 e junho de 2007. O Chega também defende a revogação da medida e propõe ainda uma redução transversal do imposto sobre todas as viaturas.

O PSD está a preparar uma proposta para eliminar o aumento do imposto sobre veículos anteriores a 2007″, revelou ao ECO o deputado social-democrata Hugo Carneiro. “O projeto mantém a atualização transversal das taxas em 2,9% para todas categorias de veículos tal como está previsto no Orçamento do Estado para 2024”, acrescenta o vice-presidente da bancada laranja.

A IL também quer travar a penalização dos carros velhos. Lembrando que “no debate quinzenal teve a oportunidade de convidar o primeiro-ministro a recuar na medida”, o presidente do partido, Rui Rocha, anunciou que “a IL vai, no âmbito do processo orçamental, apresentar uma proposta para revogar o aumento do IUC”.

O Chega é mais ambicioso. “Relativamente à questão do IUC”, o deputado Rui Afonso adiantou ao ECO que “vai apresentar uma proposta de alteração que vai muito mais além do que o não agravamento do IUC para viaturas anteriores a julho de 2007”. “O Chega quer uma redução transversal do IUC sobre todas as viaturas, porque também é preciso olhar para aquelas famílias que possuem viaturas posteriores a julho de 2007, que em muitos casos podem ter 10 ou 15 anos, e para as quais o alívio do IUC poderá trazer alguma folga financeira para gastos essenciais”, sublinhou o parlamentar.

À esquerda do PS, o PCP vai “propor a eliminação da proposta de aumento do IUC” para carros anteriores a julho de 2007 e irá “avançar com propostas para tributar as grandes fortunas e os lucros dos grupos económicos”, segundo fonte do oficial do partido. Mais do que compensar a perda de receita fiscal com o recuo no aumento do IUC, os comunistas considera que, “perante uma, de entre outras, propostas no Orçamento do Estado injustas, a questão está em alterar isso e adotar no plano fiscal medidas de justiça fiscal”.

“Esta proposta integra-se num amplo conjunto de propostas para aliviar a tributação sobre os trabalhadores e as micro, pequenas e médias empresas e tributar efetivamente os grandes grupos económicos, com o objetivo de aumentar a receita com justiça fiscal”, precisam ainda os comunistas.

O BE não tenciona, para já, entregar projeto de alteração, remetendo o assunto para o debate na especialidade, mas garantiu que “é contra a medida proposta no OE”.

O PAN e o Livre também se opõem ao agravamento do IUC e propõem, tal como o PCP, fontes alternativas de receita não só para compensar os 84 milhões de euros que os cofres do Estado poderiam perder caso a medida caísse mas também para repor justiça fiscal.

Considerando que “as famílias mais desfavorecidas não podem continuar a ser a mais sacrificadas”, a deputada única e líder do PAN, Inês de Sousa Real, defende que “seria socialmente mais justo e até mais rentável se se pusessem fim às borlas fiscais dirigidas às grandes poluentes ao nível de ISP, que, este ano e em tempo de crise climática, sobem 25%, o que corresponde a cerca de 68 milhões de euros”.

Para além disso, o partido propõe “o reforço significativo da verba e da percentagem de apoio do programa do fundo ambiental de incentivo à aquisição de carros elétricos, a garantia de implementação de soluções de transporte flexível a custo acessível nas zonas onde o transporte público não existe, a redução dos tarifários do transporte público urbano e de longo curso e a garantia que o forte financiamento da implementação de transportes públicos no interior sai do papel”, frisou a parlamentar.

O Livre afina pelo mesmo diapasão. “A transição verde deve ser feita com as pessoas e não contra as pessoas como o Governo está a fazer”, critica fonte oficial do gabinete parlamentar. O partido, liderado por Rui Tavares, deverá apresentar uma proposta contra a penalização dos carros anteriores a julho de 2007, sendo que “a perda de receita fiscal deveria ser compensada através do aumento dos impostos sobre as empresas que mais poluem”, de acordo com a mesma fonte.

PS quer garantir travão de 25 euros ao aumento anual após 2024 com uma precisão legislativa

Uma vez que o PS tem a maioria absoluta, o mais certo é que todas as propostas não passem, devendo apenas ser aprovado o projeto do PS.

Os socialistas estão a negociar com o Governo a introdução no código do IUC do teto de 25 euros ao aumento anual do imposto para garantir que esse travão se mantém a partir de 2025, apurou o ECO, ainda que o Ministério das Finanças já tenha assegurado, esta terça-feira, que esse limite não caduca com o OE.

Na proposta de lei do OE lê-se: “A coleta do IUC, relativa aos veículos das categorias A e E, decorrente das alterações efetuadas pela presente lei, não pode aumentar, anualmente, mais de 25 euros por veículo”.

A questão está na validade do que está previsto no articulado e as interpretações que variam entre os fiscalistas consultados pelo ECO. Para João Espanha, sócio fundador da Espanha e Associados, “o facto da norma transitória estar na lei do OE não significa que caduque no final de 2024, porque enquadra-se numa alteração do IUC que permanece”. Aliás, acrescenta, “este tipo de de procedimentos de encavalitar alterações legislativas no OE é muito comum”.

Rogério Fernandes Ferreira, fiscalista e sócio fundador da RFF, também tem o mesmo entendimento. “Só as autorizações legislativas em matéria fiscal caducam, esta norma manter-se-á no futuro, até ser alterada, numa lei do orçamento ou em lei avulsa”.

Já Afonso Arnaldo, da Deloitte, considera que “é necessário alterar o código do IUC para que o travão se mantenha para lá de 2024”. O fiscalista alerta que “o teto dos 25 euros está num artigo da lei do OE e não num artigo de alteração ao regime do imposto”.

Por isso, o Ministério das Finanças emitiu o seguinte comunicado: “Para que não subsistam dúvidas entre os que argumentam que uma lei pode ser mudada ou que a garantia no orçamento poderia não ser renovada, o compromisso do Governo nesta matéria é claro: não haverá, em qualquer ano, aumentos do IUC superiores a 25 euros”.

Ainda assim e para calar os mais céticos, o grupo parlamentar do PS deverá apresentar uma proposta de alteração que inscreva no código do IUC que o aumento do imposto para veículos anteriores a julho de 2007 não pode ultrapassar os 25 euros por ano, sabe o ECO.

O polémico tema do aumento do IUC deverá marcar o arranque do debate na generalidade do OE para 2024. O ministro das Finanças, Fernando Medina, é ouvido esta quinta-feira à tarde no Parlamento, seguindo-se a audição a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, na sexta-feira de manhã. A votação na generalidade decorre na próxima terça-feira, dia 31. Os partidos com assento parlamentar podem enviar propostas de alteração ao OE até 14 de novembro. A votação final global está marcada para 29 de novembro.

Às 22h desta terça-feira, a petição eletrónica contra a subida do IUC já contava com mais de 356 mil assinaturas, o que garante o seu debate no plenário da Assembleia da República, uma vez que o número mínimo de signatários para o debate no Parlamento é 7.500.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dívida pública dá tombo com reembolso de 9,4 mil milhões aos mercados

Portugal enfrenta o vencimento de uma dívida de 9,4 mil milhões de euros. Para este mês está ainda previsto pagar uma tranche de 1,5 mil milhões a um dos credores que financiou o resgate de 2012.

Portugal já não figura no pódio das economias mais endividadas da Zona Euro e esta quarta-feira prepara-se para cimentar essa posição quando o Tesouro português tiver de devolver aos investidores um cheque de 9,4 mil milhões de euros.

Em causa está o reembolso de uma linha de obrigações do Tesouro que foi aberta há 15 anos e cujo vencimento – de um saldo atual vivo de 9,374 mil milhões de euros – acontece neste dia 25 de outubro.

Foi no dia 10 de junho de 2008, quando o mundo ía a passos largos rumo a uma grave crise financeira, que o IGCP abriu esta linha de obrigações pagando um cupão anual de 4,95%. Nessa operação, que contou com o apoio de um sindicato bancário que incluiu o Lehman Brothers – que havia de falir poucos meses depois –, obteve um financiamento inicial de três mil milhões de euros.

Esta linha acabou por ser reaberta por mais de uma dezena de vezes até 2019, quando as emissões totais atingiram os 12,4 mil milhões de euros. Desde então, o IGCP avançou com várias operações de recompra antecipada para chegar ao dia de hoje com uma “parede” mais suave para “derrubar”.

Portugal paga 6,3 mil milhões em fevereiro

Calendário de reembolsos do IGCP.IGCP

Para este mês de outubro está ainda previsto o pagamento de cerca de 1,5 mil milhões de euros ao Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF) relativo ao apoio financeiro concedido no âmbito do resgate internacional de abril de 2012. O MEEF foi um dos três credores oficiais que salvou Portugal da bancarrota há mais de 10 anos, juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).

Se ao FMI Portugal já nada deve desde 2018, ainda estão por saldar mais de 49 mil milhões de euros junto do FEEF e do MEEF, dinheiro que será devolvido até 2040 e 2042, respetivamente.

De acordo com a agência liderada por Miguel Martin, a dívida direta do Estado ascendia a 291,6 mil milhões de euros no final de setembro. Com os reembolsos aos investidores internacionais e ao credor oficial, tudo aponta para que baixe para perto dos 281 mil milhões de euros no final deste mês.

Portugal tem dívida para pagar até 2052

Calendário de reembolsos do IGCP.IGCP

Para o próximo ano, o calendário de reembolsos do IGCP tem agenda marcada para o dia 15 de fevereiro, quando terá de pagar 6,336 mil milhões de euros aos investidores (mais dívida de curto prazo). Em 2025, a exigência mais do que duplica: há uma devolução de 14,4 mil milhões de euros a fazer aos mercados no dia 15 de outubro e ainda outro reembolso ao FEEF – ainda que o IGCP possa ir realizando operações de troca de dívida ou de recompra antecipada para alisar o perfil de pagamentos.

O Eurostat revelou esta semana que Portugal baixou para quinto lugar da “maldita” lista de países mais endividados, com um rácio de 110,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no final do segundo trimestre, situando-se abaixo das economias de França e Espanha. O próximo “alvo” declarado do ministro das Finanças português é a Bélgica.

“É hoje seguro que terminaremos 2023 com uma dívida pública inferior à Grécia, à Itália, à Espanha, à França e também à Bélgica”, apontou Fernando Medina na apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2024, que prevê uma descida da dívida pública dos 112,4% do PIB em 2022 para 103% este ano e para 98,9% no próximo. Pela primeira vez ficará abaixo da fasquia dos 100% desde 2009.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.