António Costa versus PGR. Ministério Público tem ou não de mudar a forma de comunicar?

O parágrafo comunicado pela PGR, que levou à queda do Governo, foi necessário ou dispensável? Lucília Gago fez bem em anunciar perante o país esta investigação? A comunicação do MP é adequada?

Na segunda-feira, António Costa, lançou o repto: “Hoje faria exatamente o mesmo que fiz no dia 7 de novembro. É uma decisão — a da demissão — da qual não há retorno. O que pode é perguntar a quem fez o comunicado e a quem tomou a decisão de dissolver a Assembleia da República se fariam o mesmo perante o que sabem hoje”, disse. O primeiro-ministro em gestão referia-se ao comunicado enviado pelo gabinete da Procuradora-Geral da República (PGR) a 7 de novembro, logo após a serem conhecidas buscas em São Bento, no qual, no último e já famoso parágrafo, vinha a menção a uma investigação a António Costa, a decorrer no Ministério Público do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

António Costa disse ainda estar “magoado” com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e reforçou que desconhece as suspeitas que levaram à existência deste processo. Logo após estas declarações do chefe do Executivo, Lucília Gago reagia, denunciando o que chamou de ataques ao Ministério Público (MP) e garantiu que a magistratura vai continuar “inquebrantável e incólume” às críticas que surgiram após a Operação Influencer, que levou à queda do Governo.

Muitos comentários foram feitos e muitos carateres foram escritos — nestas últimas sete semanas — relativamente ao parágrafo escrito pela titular da investigação criminal. Foi necessário? Era dispensável? Lucília Gago fez bem em anunciar perante o país esta investigação, que resultou na queda do Governo? A comunicação do Ministério Público é a melhor ou mais adequada? Os cidadãos sentem-se esclarecidos relativamente às investigações criminais mais mediáticas?

O Estatuto do Ministério Público (EMMP) escreve, no artigo 6.º, que “é assegurado o acesso, pelo público e pelos órgãos de comunicação social, à informação relativa à atividade do Ministério Público, nos termos da lei. Para o efeito enunciado no número anterior, a Procuradoria-Geral da República dispõe de um gabinete de imprensa e comunicação, que funciona no âmbito do gabinete do Procurador-Geral da República”. Acrescentando ainda que “podem ser organizados gabinetes de imprensa e comunicação junto das procuradorias-gerais regionais, sob a orientação dos procuradores-gerais regionais e a superintendência do Procurador-Geral da República”. Que não existem.

O procurador do MP, Adão Carvalho, defende que “sempre que seja previsível que um determinado inquérito vai chegar ao conhecimento público, até pela sua conexão ou origem num outro inquérito que não está já a coberto do segredo de Justiça e está acessível aos sujeitos processuais, envolvendo pessoas com especiais responsabilidades na vida pública, como os titulares de cargos políticos, a Procuradoria-Geral da República tem o dever de informar os cidadãos da existência do inquérito, de forma objetiva e sucinta, designadamente identificando o crime ou crimes em investigação, o estado e o ou os visados na mesma”.

Recorde-se que o comunicado, no que toca a Costa, apenas referia que “no decurso das investigações surgiu (…) o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido”. Tal como manda a lei, “tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça”, diz o comunicado da PGR. Nada era referido em relação a factos concretos ou os crimes pelos quais António Costa pode vir a ser acusado.

Mas Adão Carvalho, também líder do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) assume que “deveria existir é uma melhor capacidade de comunicação no que tange a esclarecer os cidadãos sobre os momentos do processo, o seu âmbito e finalidade, para melhor compreensão dos cidadãos e para que possam filtrar um conjunto de informações falsas, inverídicas ou inexatas com que são bombardeados nas redes sociais e na comunicação social”. Acrescentando que “é evidente que a comunicação do Ministério Público com os cidadãos tem e deve melhorar, mas sem contudo esquecer que no processo penal o Ministério Público não é uma parte, mas uma verdadeira magistratura”.

É evidente que a comunicação do Ministério Público com os cidadãos tem e deve melhorar, mas sem contudo esquecer que no processo penal o Ministério Público não é uma parte, mas uma verdadeira magistratura.

Adão Carvalho

Magistrado do Ministério Público

Já o advogado da MFA Legal, Rui Costa Pereira, assume-se crítico — “há já muitos anos” — da forma como o Ministério Público exerce as suas atribuições em matéria de informação sobre a sua atividade, particularmente no processo criminal. “Do oito passou para o oitenta e a tendência é para piorar.”

As regras que regem o dever de comunicar e de informar do Ministério Público não mudaram assim tanto ao longo dos anos. E o que essas regras ditam, é que o Ministério Público tem o dever de informar em caso de necessidade de restabelecimento da verdade. “Isso pressupõe que aos comunicados da PGR antecedam notícias ou informações públicas sobre os processos. Nunca o inverso. Ao seguir esta prática de informar os cidadãos antes mesmos dos órgãos de comunicação social, como já em tempos disse, a PGR comporta-se como uma agência noticiosa e não como uma magistratura. A Operação Influencer é talvez o exemplo mais infeliz desta prática errada”, acrescenta Rui Costa Pereira.

Que diz ainda acreditar que a PGR não tem vontade “em efetivamente informar”. “Desenganem-se os que consideram que os comunicados da PGR servem apenas para informar, na aceção objetiva do cumprimento de um dever de interesse público. Será assim na minoria das situações. Através dos comunicados, a PGR informa o que quer, quando quer e como quer. Sem ‘dar a cara’. Sem responder às perguntas e interrogações que esses comunicados levantam. Levando ao público a sua verdade, não necessariamente sinónima da verdade”, concluiu.

Desenganem-se os que consideram que os comunicados da PGR servem apenas para informar, na aceção objetiva do cumprimento de um dever de interesse público. Será assim na minoria das situações. Através dos comunicados, a PGR informa o que quer, quando quer e como quer. Sem ‘dar a cara’. Sem responder às perguntas e interrogações que esses comunicados levantam. Levando ao público a sua verdade, não necessariamente sinónima da verdade.

Rui da Costa Pereira

Advogado da MFA Legal

Alexandra Mota Gomes, sócia da Antas da Cunha da área de Criminal, Contraordenacional e Compliance, defende que “a nota para a comunicação social relativa à Operação Influencer seguiu o padrão normalmente utilizado pelo Gabinete de Imprensa”. Mas acrescenta: “Contudo, ao divulgar a invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção no contexto da Operação Influencer, é legitimo que se questione a forma e o conteúdo do comunicado, dadas as inevitáveis consequências políticas daí decorrentes, bem como a ausência de qualquer dever de divulgação dessa informação pelo Ministério Público”.

Explicando que a “forma como o Ministério Público comunica a sua atividade não se encontra prevista no respetivo Estatuto”, a advogada sublinhou ainda que, nesta medida, “a PGR não se encontra impedida de realizar conferências de imprensa. Contrariamente aos países onde esta prática é comum no caso de investigações mediáticas (como EUA e França), em Portugal a opção da PGR recai invariavelmente sobre os comunicados publicados pelo gabinete de imprensa e comunicação”. Mas faz a ressalva: “As conferências de impressa implicariam sempre um foco direto de atenção e, consequentemente, uma maior mediatização do processo, o que conduziria ao aumento da pressão da opinião pública sobre as autoridades envolvidas, o que manifestamente se pretendeu evitar através da opção da PGR pelas notas para a comunicação social”.

Ao divulgar a invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção no contexto da Operação Influencer, é legitimo que se questione a forma e o conteúdo do comunicado, dadas as inevitáveis consequências políticas daí decorrentes, bem como a ausência de qualquer dever de divulgação dessa informação pelo Ministério Público.

Alexandra Mota Gomes

Penalista e sócia da Antas da Cunha ECIJA

“Fala por si o facto de, quatro dias depois do comunicado do dia 7 de novembro ter sido divulgado, o gabinete de imprensa do Ministério Público ter tomado a iniciativa de publicar um esclarecimento. O primeiro comunicado devia ter sido mais claro, evitando-se o segundo”, explica Miguel Pereira Coutinho, advogado da Cuatrecasas. Defendendo que, “claramente, o Ministério Público deve repensar a sua política de comunicação. Não só para que a comunidade escrutine a sua atuação em cada processo, como também para que não se gerem dúvidas quanto à forma como as investigações são conduzidas”.

Lançando a ideia de que “seria muito útil que fosse designado um porta-voz e que o mesmo fosse dialogando com a comunicação social, sobretudo quando estão em causa processos de elevado eco público, como acontece em muitos países da União Europeia. E esse porta-voz devia também poder dar explicações quanto a questões processuais e para pedagogia sobre o funcionamento da justiça penal e as suas várias fases, até porque isso evitaria que se gerassem erros na comunicação social”.

Questionado sobre a necessidade, ou não, da realização de conferências de imprensa pela PGR, o advogado lembra a detenção de Carles Puigdemont. “No nosso país, e pelo menos quando ocorram grandes operações de buscas ou detenções em larga escala, em processos de elevado interesse público, entendo que se justificaria essa prestação de esclarecimentos por parte do Ministério Público, em vez de estar sempre a transferir esse ónus para a Polícia Judiciária. Além disso, embora num nível diferente, julgo que fazia sentido também que, pelo menos no início do mandato e no seu fim, a PGR prestasse contas na Assembleia da República, relativamente à sua atividade de orientação do Ministério Público e de exercício da ação penal, independentemente de para tal ser chamado”.

Além disso, embora num nível diferente, julgo que fazia sentido também que, pelo menos no início do mandato e no seu fim, o PGR prestasse contas na Assembleia da República, relativamente à sua atividade de orientação do Ministério Público e de exercício da ação penal, independentemente de para tal ser chamado.

Miguel Pereira Coutinho

Penalista na Cuatrecasas

António Costa critica. PGR responde

De “consciência absolutamente tranquila”, António Costa sublinhou que “aquele” parágrafo no comunicado da PGR foi “determinante” para a sua demissão. “Perante um comunicado, onde a Procuradora-Geral da República entende comunicar oficialmente ao país e ao mundo que além de tudo mais, foi aberto um processo contra o primeiro-ministro, tenho um dever que transcende a minha dimensão pessoal. Há uma dimensão institucional na função de primeiro-ministro”, referiu.

O primeiro-ministro em gestão reforçou que desconhece as suspeitas que levaram à existência deste processo e mostrou-se confiante na Justiça. “Como confio no sistema de Justiça, tenho a certeza que, provavelmente mais tarde do que a minha vida gostaria, mas no tempo que a Justiça entende, tudo se vai esclarecer. Não tenho dúvidas nenhumas qual é a conclusão final”, sublinhou.

Já a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, garantiu que a magistratura vai continuar “inquebrantável e incólume” às críticas que surgiram após a Operação Influencer, que levou à queda do Governo.

“É de lamentar e refutar abordagens bipolares que tanto parecem enaltecê-lo como, quando fustigado por vendavais que incidem e impacientam certos alvos de investigações, o passam a considerar altamente questionável e inoperante, clamando por redobradas explicações, nunca suscetíveis, desse ponto de vista, de atingir o limiar da suficiência”, acrescentou.

“Estão hoje bem patentes as profundas e entrecortadas raízes dos ataques desferidos a uma magistratura com provas dadas e que permanecerá inquebrantável e incólume a críticas desferidas por quem a visa menorizar, descredibilizar ou mesmo, ainda que em surdina ou subliminarmente, destruir”, concluiu.

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Nuno Rebelo de Sousa envolvido no negócio da Santa Casa no Brasil

  • ECO
  • 15 Dezembro 2023

Filho do Presidente da República manteve contactos com a ministra Ana Mendes Godinho e a nova provedora da Santa Casa entre abril e junho deste ano.

Depois do caso do tratamento milionário das gémeas luso-brasileiras, Nuno Rebelo de Sousa está envolvido numa nova polémica. Segundo uma notícia da TVI, o filho do Presidente da República esteve envolvido no negócio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para internacionalizar os jogos sociais na capital brasileira.

Entre abril e junho deste ano, Nuno Rebelo de Sousa manteve contactos com a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, tendo chegado a propor-lhe um encontro com responsáveis do Banco de Brasília, que seria o parceiro da Santa Casa.

A governante garante ter recusado o encontro com o presidente do banco brasileiro, confirmando apenas que teve duas reuniões com o filho de Marcelo Rebelo de Sousa, uma delas com a presença da nova provedora da Santa Casa, Ana Jorge. O tema terá sido abordado apenas numa dessas reuniões, num “comentário genérico” de Nuno Rebelo de Sousa.

O negócio acabou por ser cancelado em outubro pela provedora Ana Jorge, por suspeitas de irregularidades, com o Estado português a arriscar perder 50 milhões de euros.

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UE vai desbloquear verbas para a Autoridade Palestiniana

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

"O pagamento será feito antes do Natal", garantiu Borrell, depois de Bruxelas ter passado em revista a ajuda à Palestina no valor de 691 milhões de euros.

A Comissão Europeia vai desbloquear antes do Natal os fundos previstos para a Autoridade Palestiniana que foram suspensos após o ataque do movimento islamita Hamas contra Israel, indicou esta sexta-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Dentro de alguns dias, a Comissão irá desbloquear à Autoridade Palestiniana os fundos que foram bloqueados desde outubro e o pagamento será feito antes do Natal”, disse Borrell, numa conversa com um grupo de órgãos de comunicação social, citada pelas agências internacionais.

Na sequência dos ataques do Hamas em 7 de outubro, a Comissão Europeia decidiu realizar uma auditoria ao financiamento aos palestinianos – além da ajuda humanitária, que não foi afetada pela suspensão – para determinar se foram desviadas verbas para apoiar o terrorismo, o extremismo ou o antissemitismo.

A Comissão Europeia passou em revista a ajuda no valor de 691 milhões de euros entre 2021 e 2023 prevista para a Autoridade Palestiniana, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), bem como para organizações não-governamentais (ONG) e projetos de assistência à população. A conclusão do estudo foi de que os fundos não contribuem para alimentar o terrorismo ou o extremismo.

Em Bruxelas há uma preocupação crescente com a situação na Faixa de Gaza mas também em relação à Cisjordânia ocupada, e a União Europeia (UE) já está a trabalhar em possíveis sanções contra colonos israelitas responsáveis por atos de violência contra os palestinianos naquele território. Borrell alertou que dezenas de milhares de palestinianos perderam os seus empregos e não têm rendimentos, enquanto 300 mil famílias perderam empregos que dependiam da economia israelita.

“A crise económica na Cisjordânia é um dos motivos de preocupação, não só pela explosão da violência, mas também pela destruição de habitações”, comentou o chefe da diplomacia europeia. Na cimeira dos líderes europeus que terminou esta sexta em Bruxelas, foi realizado um “debate estratégico” sobre a situação na Faixa de Gaza, mas não foram adotadas quaisquer conclusões, que necessitam do consenso de todos os países.

Os 27 do bloco europeu mantêm uma divisão de opiniões, nomeadamente sobre a necessidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, como ficou comprovado na última votação na Assembleia-Geral da ONU, em que 17 Estados-membros votaram a favor desta medida, dois contra e os restantes abstiveram-se. A resolução, que não é vinculativa, foi aprovada por esmagadora maioria da Assembleia-Geral da ONU. De qualquer forma, Borrell deixou claro que “a preocupação com o elevado número de vítimas civis” é comum.

O Governo israelita declarou guerra ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – em retaliação ao ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado hebraico, em 1948, perpetrado em território israelita por combatentes daquele grupo a 07 de outubro, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, segundo as autoridades de Telavive.

O número de mortos na Faixa de Gaza aproxima-se agora dos 19 mil – 70% dos quais mulheres, crianças e adolescentes –, vítimas dos intensos bombardeamentos israelitas que têm visado o enclave palestiniano, segundo o Ministério da Saúde local, tutelado pelo Hamas.

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+M

Banco Atlântico Europa suspende acesso da Global Media à conta e retém receitas da Vasp

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

O Banco Atlântico Europa reteve ainda "as receitas oriundas da Vasp, invocando o impacto mediático do plano de reestruturação em curso", adianta a administração do grupo.

A administração da Global Media informou esta sexta-feira que o Banco Atlântico Europa suspendeu o acesso à conta e reteve as receitas da Vasp, “invocando o impacto mediático” da reestruturação, o que impediu o pagamento aos prestadores de serviços.

Num comunicado a que a Lusa teve acesso, a Comissão Executiva da Global Media Group (GMG) informa que “o pagamento a todos os prestadores de serviços, à semelhança do que é habitual, foi processado para pagamento a partir do dia 10 de dezembro”.

Mas, “infelizmente, e sem que previamente tivéssemos sido informados, o Banco Atlântico Europa suspendeu o acesso à conta, retendo assim as receitas oriundas da Vasp, invocando o impacto mediático do plano de reestruturação em curso”, adianta a administração.

No entanto, “a Comissão Executiva está a envidar as diligências necessárias para que os pagamentos em falta sejam efetuados já no decorrer da próxima semana”. A Comissão Executiva, liderada por José Paulo Fafe, “agradece a compreensão de todos, e garante que, normalizados que estão os procedimentos que causaram este ligeiro atraso, tudo fará para que situações análogas não se repitam”.

No dia 6 de dezembro, em comunicado interno, o GMG avançou que iria negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

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+M

Trabalhadores da Lusa rejeitam acionista “sobre o qual nada se sabe”

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

Com a venda da Paginas Civilizadas e da Global Media ao fundo de investimento World Opportunity Fund (WOF), com sede nas Bahamas, 45,71% da Lusa passaram a ser detidos indiretamente pelo WOF.

As Organizações Representativas dos Trabalhadores (ORT) da Lusa rejeitam que a agência tenha como acionista o World Opportunity Fund “sobre o qual nada se sabe”, vincando ser necessário garantir a autonomia, independência e isenção.

“As ORT da Lusa rejeitam que a única agência de notícias de Portugal tenha como acionista um fundo de investimento estrangeiro sobre o qual nada se sabe”, lê-se num comunicado conjunto da Comissão de Trabalhadores, Conselho de Redação, Sindicato dos Jornalistas (SJ), Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (Sitese) e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA).

Em causa está a venda da Paginas Civilizadas e da Global Media ao fundo de investimento World Opportunity Fund (WOF), com sede nas Bahamas. Na sequência desta operação, 45,71% da Lusa passaram a ser detidos indiretamente pelo WOF.

Os ORT sublinharam que a Lusa “tem de ter garantida a autonomia, independência e isenção, pelo que o Estado, através do Presidente da República, da Assembleia da República e do Governo e a sociedade em geral devem ser os primeiros interessados em preservar a independência da agência de notícias”, sobretudo num contexto em que se precisa “cada vez mais de órgãos de comunicação social fortes”.

Para os trabalhadores, a importância da comunicação social e, em particular, da Lusa “não se coaduna com a falta de transparência sobre a propriedade”. Assim, defendem ser fundamental ficar claro quem são os acionistas da empresa, de modo a que possa ser garantido o seu escrutínio. Por outro lado, consideram que foi perdida uma oportunidade de resolver a questão da propriedade da Lusa, com um reforço da posição do Estado na estrutura acionista da agência.

Em 6 de dezembro, o Global Media Group (GMG) atribuiu o fracasso da venda das suas participações na agência Lusa a um “processo de permanente interferência política”, garantindo que a operação financeira “estava totalmente fechada”, com o “acordo expresso” do PSD.

“Ao longo do período que duraram as negociações entre o WOF e Marco Galinha, não foram poucas as tentativas de interferência por parte de alguns setores e personalidades políticas, criando e fomentando boatos que visavam descredibilizar o negócio e o próprio fundo de investimento”, lê-se num comunicado interno emitido pela Comissão Executiva do GMG.

O Governo anunciou em 30 de novembro que o processo de compra, pelo Estado, de 45,7% da agência Lusa pertencentes à Global Media e à Páginas Civilizadas falhou por “falta de um consenso político alargado”. No dia 22 de novembro de 2023, a Direção Geral do Tesouro e Finanças apresentou, em nome do Estado, “uma proposta formal de aquisição”, abrindo um processo negocial “exigente e confidencial”, que “incluía a liquidação integral da dívida do grupo Global Media à Lusa”.

“No momento atual, não existindo um consenso político alargado, a operação revelou-se inviável”, de acordo com um comunicado então divulgado pelo Ministério da Cultura. Mas, para poder ser concluída, a negociação “esteve sempre associada à existência de um compromisso político alargado uma necessidade que já era reconhecida em agosto e que as atuais circunstâncias políticas só tornaram mais premente”, após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, e que levou à convocação de eleições antecipadas.

Entretanto, o ministro da Cultura, Pedro Adão Silva, “foi informado da posição do PSD, rapidamente tornada pública em vários órgãos de comunicação social”, de que “qualquer decisão ‘deveria ser tomada pelo próximo governo’”.

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Afinal, preço regulado da luz sobe mais em 2024. Agrava 2,9%

O preço regulado agrava em 2,9% face a 2023, acima da proposta lançada em outubro. Um casal com dois filhos vai pagar mais 3,27 euros por mês, em média, para um total mensal de 95,70 euros.

O regulador da energia comunicou, esta sexta-feira, que os preços da eletricidade vão subir em 2024 no mercado regulado, acima daquilo que constava da proposta lançada em outubro. O aumento é de 2,9% para os 947 mil clientes que estão no mercado regulado da eletricidade, e que são portanto abastecidos pela SU Eletricidade.

Estes clientes, que representam 6,4% do consumo a nível nacional, vão ter os preços agravados em 2,9% face a 2023 – e um aumento superior, para 3,7%, na fatura da luz se a comparação for entre janeiro de 2024 e o mês de dezembro de 2023. Estes acréscimos estão em linha com a inflação prevista para 2024, o que representa uma variação nula em termos reais“, indica o regulador, no comunicado enviado à imprensa, referindo-se à projeção de 2,9% de aumento.

Na prática, a fatura média mensal de um casal sem filhos (considerando uma potência de 3,45 quilovolts-ampére (kVA) e um consumo de 1.900 quilowatts-hora por ano), vai encarecer 1,05 euros, para um total de 37,67 euros. Já um casal com dois filhos (potência de 6,9 kVA, consumo de 5.000 kWh/ano) vai pagar mais 3,27 euros por mês, em média, contando um total de 95,70 euros por mês.

No passado mês de outubro, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) havia proposto que as tarifas para os clientes do mercado regulado subissem 1,1% em 2024, comparativamente a 2023.

A proposta lançada em outubro esteve desde então, e até meados de novembro, a ser alvo de avaliação pelo conselho tarifário do regulador, o qual conta com os contributos de empresas do setor mas também representantes dos consumidores. Os pareceres destas entidades são depois entregues ao regulador para que este possa reavaliar a proposta que fez em outubro e mantê-la ou alterá-la.

Cocktail de energia mais barata e preços fixos com maiores custos justificam mudança

A razão para esta revisão em alta dos preços da luz prende-se com maiores custos da produção que beneficia de uma remuneração garantida, em comparação com o previsto em outubro. Desde esse mês, explica o regulador, a diferença entre os preços fixos pagos à produção e os valores de mercado da energia aumentou, pelo que este custo foi maior.

Outra das componentes do preço da luz, que sai afetada pela diminuição do preço da energia em mercado, é a tarifa de acesso às redes, que, como o nome indica, serve para cobrar aos consumidores a utilização das infraestruturas de redes. Esta componente é definida pelo regulador tanto para o mercado regulado como para o mercado livre, afetando assim as faturas em geral.

Dentro da tarifa de acesso às redes incluem-se os chamados Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) que, em 2022 e 2023, devido ao disparo dos preços de mercado, geraram sobreganhos, que foram devolvidos aos consumidores. Isto é, nestes anos, os preços fixos serviram como seguro, porque estavam abaixo do preço de mercado da energia, logo, os consumidores ficaram a ganhar. Os consumidores “arrecadaram” a diferença, que foi usada como desconto pelo regulador na componente da Energia, o que permitiu aliviar o preço final da luz. Neste momento, com preços de mercado mais baixos, as tarifas voltam a ser positivas.

Contudo, nem tudo são más notícias: a componente da energia beneficia geralmente de preços mais baixos no mercado grossista (onde os produtores vendem a energia aos comercializadores). No mercado livre, a componente da Energia é definida por cada comercializador.

Considerando que se prevê que os preços no mercado grossista de eletricidade sejam inferiores aos registados em 2023, tal ajudará a minorar o impacto do aumento das tarifas de Acesso às Redes nos preços finais de todos os níveis de tensão“, escreve a ERSE.

Dívida tarifária sobe

O valor da dívida tarifária aumentou em 1.717 milhões de euros, para um valor, no final de 2024, de 1.995 milhões de euros, indica ainda o regulador, tal como havia referido em outubro.

“Esta opção foi avaliada na perspetiva da sustentabilidade económica e estabilidade tarifária a médio prazo do SEN, tendo-se concluído que não existem riscos significativos“, garante a ERSE.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h40, com mais informação)

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Associação de Alojamento Local apela à flexibilidade das autarquias nos cancelamentos

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

De um total de 120 mil registos de Alojamento Local, “45 mil não enviou o comprovativo”. "Trata-se de um número muito significativo, que obriga a um cuidado redobrado”, indica a ALEP.

Os empresários do alojamento local apelaram esta sexta-feira ao “bom senso e flexibilidade” das câmaras municipais para evitarem “cancelamentos de registos indevidos ou injustificados”, na sequência da necessidade da entrega de comprovativos de atividade.

Em comunicado, a associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) referiu que “o prolongamento do prazo de seis dias para a entrega de comprovativos de atividade” de alojamento local trouxe “algum alívio para titulares que não conseguiram concluir o processo até 7 de dezembro devido a problemas com a plataforma”.

A associação destacou que “o processo, desde a elaboração da lei até à sua implementação, foi mal concebido, resultando em inúmeros outros constrangimentos que devem ser tidos em consideração”, quando, de um total de 120 mil registos no RNAL (Registo Nacional de Alojamento Nacional), “45 mil não enviou o comprovativo”. “Trata-se de um número muito significativo, que obriga a um cuidado redobrado”, considerou a ALEP.

A associação apelou às câmaras municipais para “que não tomem decisões precipitadas e que tenham em consideração que a legislação contém graves lacunas”, além dos procedimentos “terem sido implementados sob uma enorme pressão de tempo e sem o devido cuidado”.

“É verdade que as câmaras não são responsáveis por estes erros, mas sim a própria conceção da lei, que traz subjacente esta obrigatoriedade proposta pelo Governo, contudo, também é certo que as câmaras ‘herdaram’ o problema e têm agora o ónus de assumir a responsabilidade das consequências do processo”, lê-se na nota.

Nesse sentido, a associação reiterou o apelo para que as autarquias, “além de continuarem a estar sensíveis ao tema, demonstrem um cuidado acrescido antes de decidirem qualquer cancelamento de forma precipitada, pois correm o risco de estar a cometer algumas injustiças ou até mesmo ilegalidades”.

A associação que representa os empresários do setor recordou que “os problemas não se limitam às falhas técnicas da plataforma destinada à submissão dos comprovativos”, mas também no facto “de os não residentes, em especial estrangeiros, e os idosos não conseguirem submeter por meios próprios a declaração por não terem cartão de cidadão com chave-móvel digital ou similar”, exigido para aceder à plataforma.

A ALEP apontou ainda os casos de “quem faz alojamento local na sua residência permanente por menos de 120 dias que, segundo o texto da lei, está isento de enviar qualquer comprovativo”.

“A lei não menciona sequer que existe a obrigação de enviar prova da sua isenção. Esta situação originou a que muitos tivessem seguido a lei e não tivessem enviado o comprovativo, deixando as câmaras numa situação delicada, uma vez que desconhecem se quem está em falta com a obrigação está isento ou, efetivamente, inativo”.

Assim, a associação reforçou “a importância de uma abordagem cuidadosa e flexível por parte das autarquias, que no mínimo, deve passar pela aplicação das regras básicas dos processos administrativos”, com a notificação dos interessados do potencial incumprimento “e que dão direito de resposta e audiência”, antes de uma “possível decisão de cancelamento de forma precipitada”.

Governo estendeu até 13 de dezembro o prazo para os proprietários de alojamento local submeterem o comprovativo de atividade, que terminava em 7 de dezembro, depois dos constrangimentos registados na plataforma na Internet para o registo.

A Lei n.º 56/2023, de 06 de outubro, aprovou medidas no âmbito da habitação, procedendo a diversas alterações legislativas. Um dos artigos do diploma determina que, “no prazo de dois meses a contar da data de entrada em vigor” da lei, “os titulares do registo de alojamento local são obrigados a efetuar prova, mediante apresentação de declaração contributiva, da manutenção da atividade de exploração, comunicando efetividade de exercício na plataforma RNAL – Registo Nacional de Alojamento Local, através do Balcão Único Eletrónico”.

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Lufthansa e Swiss retomam voos para Telavive e Beirute

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

"As companhias aéreas do grupo vão oferecer um total de 20 ligações semanais de e para Telavive", declarou a Lufthansa.

As companhias aéreas Lufthansa e Swiss anunciaram esta sexta-feira que iriam retomar os voos para Telavive, em Israel e a Beirute, no Líbano, depois de as ligações terem sido suspensas devido ao conflito naquela região.

A Lufthansa indicou que retomará a partir de 8 de janeiro os serviços para Telavive, suspensos desde o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro. “As companhias aéreas do grupo vão oferecer um total de 20 ligações semanais de e para Telavive”, declarou a companhia, citada pela AFP.

A transportadora alemã também anunciou que retomou os seus voos de e para Beirute, suspensos a 13 de outubro. A Swiss, que é detida pela Lufthsana, disse, por sua vez, que iria retomar os serviços regulares para Telavive e Beirute, suspensos no início de outubro por razões de segurança ligadas à guerra entre Israel e o Hamas.

A transportadora salientou que “dá prioridade absoluta à segurança” e que “continua a acompanhar de muito perto a situação em Israel, em estreito contacto com as autoridades locais e internacionais, não se podendo excluir totalmente a possibilidade de ajustar o programa de voos em função da evolução da situação”, sublinhou.

No entanto, “após uma análise aprofundada da situação, a companhia considera que estão reunidas as garantias de segurança suficientes para a retoma dos serviços aéreos” para Telavive, referiu. A partir de 8 de janeiro, a companhia aérea oferecerá cinco voos semanais diretos entre Zurique e Telavive: às segundas-feiras, terças, quartas, sábados e domingos.

A Swiss servirá também a capital libanesa duas vezes por semana, às quartas-feiras e aos sábados.

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Ex-gestor da General Electric acusado de crimes em projeto de energia em Angola

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

Wilson Daniel Freitas da Costa é acusado de ter utilizado documentos falsos para persuadir o Governo de Angola a rescindir contratos com outra empresa relativos a um projeto de energia e água.

Um tribunal de Nova Iorque acusou um antigo executivo da General Electric Angola, Wilson Daniel Freitas da Costa, de fraude e falsificação de documentos, numa disputa relacionada com um projeto de energia em Angola. O arguido é acusado de ter utilizado documentos falsos para persuadir o Governo de Angola a rescindir contratos com outra empresa relativos a um projeto de energia e água no valor de 1,1 mil milhões de dólares (cerca de 1 milhão de euros).

Na acusação, formulada na quarta-feira pelo tribunal federal de Manhattan, à qual a Lusa teve hoje acesso, Wilson da Costa é ainda acusado de usurpação de identidade. As acusações criminais surgem na sequência de um longo litígio entre a General Electric e uma empresa de infraestruturas detida por empresários portugueses, a AEnergy SA, que levantou alegações de conduta imprudente e de encobrimento contra a empresa norte-americana.

O despacho de acusação acusou Wilson da Costa de falsificar documentos supostamente de funcionários do Governo em Angola como parte do esquema entre 2017 e 2019. A acusação referia-se ao arguido como um “executivo sénior”, embora um porta-voz da General Electric tenha dito que ele era um representante de vendas que deixou a empresa em 2019.

O caso diz respeito a 13 contratos assinados entre a Aenergy e o Ministério da Energia e Águas de Angola, em 2017, para construção, expansão, requalificação, operação e manutenção de centrais de geração de energia elétrica em Angola.

Em 2017, a empresa de energia liderada pelo português Ricardo Machado foi contratada para construir e operar várias centrais estatais, devendo ser financiada através de uma linha de crédito de 1,1 mil milhões de dólares com uma unidade da General Electric (GE), que estipulava que a AEnergy comprasse oito turbinas GE para aquelas centrais.

A AEnergy está envolvida num contencioso com Angola desde que o executivo angolano rescindiu, em 2019, vários contratos com a empresa alegando quebra de confiança devido a alegadas irregularidades, acusações que a elétrica rejeita, garantindo ter alertado o Ministério da tutela e ter executado vários projetos sem receber pagamento.

Em dezembro de 2019, foram arrestadas à AEnergy quatro turbinas, peças e consumíveis da empresa, no decurso de uma providência cautelar intentada pelo Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da Procuradoria-Geral da República por “indícios de violação de contratos”.

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António Costa regista palavras “simpáticas” de Marcelo

António Costa garante que não vai "meter os papéis para a reforma", mas sublinha que o seu futuro político não depende de si, mas "de outras instâncias".

António Costa regista as palavras “simpáticas” do Presidente da República, que considerou que o primeiro-ministro tem condições para ser presidente do Conselho Europeu, mas reitera que a execução de cargos políticos depende da investigação de que é alvo. Não obstante, o ainda secretário-geral do PS garante que não vai “meter os papéis para a reforma” e que depois de 10 de março vai “trabalhar”.

“Não vi as declarações, [mas] já me disseram que eram simpáticas. Já agradeci e acho que é muito simpático“, afirmou António Costa, quando questionado pelos jornalistas sobre os elogios do Presidente da República. “Estou curioso”, acrescentou, após ter votado para escolher o seu sucessor, na sede do PS, no largo do Rato, em Lisboa.

O (ainda) secretário-geral referiu ainda que não tem “idade” para se reformar e, sublinhou, que “nenhum cidadão mete os papéis para a reforma política”. Sem desvendar o seu futuro político após as eleições de 10 de março, o primeiro-ministro demissionário refere ainda que “a página está virada” e que fez aquilo que a “consciência ditou”, por considerar que “quem está sobre uma suspeição oficial não pode exercer funções como primeiro-ministro”.

Quanto ao processo de que é suspeito, Costa reitera que sabe do processo “através da comunicação social”, pelo que não faz “a menor ideia se anda, se não anda”. Para já, garante que está “focado” em exercer as funções como Chefe de Governo e reitera que o futuro não depende de si, mas “depende de outras instâncias”.

“Utilizem o tempo que necessitarem para que tudo seja esclarecido”, desejou Costa. E o que fará depois das eleições legislativas antecipadas? “Vou trabalhar”, atirou.

O (ainda) secretário-geral dos socialistas descartou ainda dar “conselhos de bancada” ao líder que for eleito, mas não descartou participar na campanha eleitoral que se avizinha, sinalizando que é um militante “muito disciplinado”, pelo que fará o que o novo secretário-geral pedir. “No domingo, o PS estará todo junto e unido e atrás do seu novo líder para o apoiar para uma grande campanha uma grande vitória no 10 de março”, rematou.

Cerca de 60 mil militantes socialistas podem votar desde esta sexta-feira e até sábado nas eleições diretas do partido, tendo em vista escolher o novo secretário-geral do PS. Na corrida à sucessão de António Costa estão o atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, o ex-ministro e deputado Pedro Nuno Santos e o dirigente socialista Daniel Adrião.

(Notícia atualizada pela última vez às 19h40)

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Exército israelita mata três reféns por engano

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

"As forças de defesa de Israel identificaram erradamente três reféns israelitas como uma ameaça. Como resultado, as tropas dispararam sobre eles, matando-os", indicou o exército israelita.

O Exército de Israel admitiu esta sexta-feira ter matado três reféns israelitas que estavam em cativeiro na Faixa de Gaza, que “foram erradamente identificados como uma ameaça”.

“Durante os combates em Shujaiya, as forças de defesa de Israel identificaram erradamente três reféns israelitas como uma ameaça. Como resultado, as tropas dispararam sobre eles, matando-os”, indicou o Exército, num comunicado.

As mortes ocorreram numa área urbana de Gaza, na zona de Shijaiyah, onde as tropas se envolveram nos últimos dias em confrontos com membros do grupo islamita palestiniano Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.

O porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari, já expressou uma “profunda tristeza” por este episódio e anunciou que as forças militares vão iniciar uma investigação ao incidente.

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Sindicato da construção civil fala em “dezenas de mortes” e pede mais da ACT

  • Lusa
  • 15 Dezembro 2023

O presidente do sindicato, Albano Ribeiro, criticou a atuação da Autoridade para as Condições do Trabalho, por considerar que é insuficiente.

O Sindicato da Construção de Portugal disse esta sexta-feira que o ano de 2023 teve “dezenas de mortes” na construção civil, em particular em obras pequenas, tendo criticado a atuação da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

“Há décadas que tenho intervenção no setor da construção (…) e este é o ano mais negro de sempre do setor”, disse o presidente da direção do sindicato, Albano Ribeiro, à Lusa, relatando que foram já registados “dezenas de mortes”. “É sempre triste quando morre um trabalhador da construção civil, mas estão a morrer trabalhadores como nunca morreram, com 72 ou 73 anos, como aconteceu este ano”, acrescentou em declarações por telefone à Lusa.

Não querendo avançar números concretos, uma vez que o sindicato ainda não tem dados para o ano completo, Albano Ribeiro alertou para as mortes de trabalhadores em quedas em altura. Segundo o dirigente, em 2021 morreram 51 pessoas na construção civil, tendo esse número aumentado para 54 em 2022.

De acordo com o líder sindical, as pequenas obras têm visto um aumento de ferimentos e de mortes, relatando que foram registadas situações em que os trabalhadores não tinham seguros. Em sentido inverso, o presidente do sindicato enalteceu que nas obras grandes não estão a morrer trabalhadores “porque há uma cultura de segurança dos pequenos, dos grandes e dos médios empresários do setor”.

Albano Ribeiro criticou a atuação da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), por considerar que é insuficiente. Ao longo do ano, o sindicato diz ter contactado mais de 30.000 trabalhadores do setor da construção civil, tendo pedido um apoio de cerca de 30.000 euros para deslocações, alimentação, transporte e outras despesas, pedido esse que terá sido rejeitado pela Inspeção-Geral do Trabalho.

Nesse sentido, Albano Ribeiro afirmou que o Sindicato da Construção de Portugal vai solicitar “uma reunião de caráter urgente à inspetora-geral do Trabalho para explicar por que é que não apoiou a campanha do sindicato”. O dirigente sindical alertou, também, para os riscos da economia informal no setor da construção, apontando que “neste momento (…) é cerca de 50%”, o que “desvia milhões de euros da Segurança Social”.

Segundo Albano Ribeiro, há “muitos trabalhadores estrangeiros e portugueses que trabalham para patrões sem seguros de trabalho”. No tema dos trabalhadores estrangeiros, Albano Ribeiro defendeu que deve haver uma mudança na forma como são recrutados, dando o exemplo de empresas que investem na formação antes de os incluírem nas obras – “já como carpinteiros, pedreiros, pintores ou armadores de ferro”.

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