CTT lucram mais 66% em 2023 e aumentam dividendo para 17 cêntimos por ação

Lucros de 60,5 milhões de euros em 2023, com receitas de encomendas a superarem o correio pela primeira vez no quarto trimestre. Dividendo engorda para 17 cêntimos. Há 200 rescisões na calha em 2024.

O ano passado foi positivo para o negócio dos CTT CTT 0,00% . A empresa postal viu os lucros dispararem mais de 66% em 2023, em comparação com o ano anterior, alcançando um resultado líquido de 60,5 milhões de euros, de acordo com informações submetidas esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Com este aumento, a administração vai propor em assembleia geral pagar um dividendo maior aos acionistas, de 17 cêntimos por ação (contra os 12,5 cêntimos do exercício anterior), ao mesmo tempo que tem em curso um programa de recompra de ações próprias, pretendendo ainda avançar com uma redução do seu capital social.

Mesmo com uma quebra no negócio do correio, a empresa beneficiou do crescimento do Banco CTT, mas, principalmente, do segmento de Expresso e Encomendas. Aliás, pela primeira vez na história dos Correios, foram as encomendas que geraram mais receita no quarto trimestre de 2023, embora por uma margem muito curta.

No ano completo de 2023, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu 17,5%, para 151,9 milhões de euros. “O EBIT recorrente atingiu 87,6 milhões em 2023 (+35,7%), acima do guidance que foi revisto duas vezes em alta durante o ano, com uma margem de 8,9% (7,1% em 2022), em resultado do forte crescimento do Expresso e Encomendas, Serviços Financeiros e Retalho e Banco CTT”, aponta a empresa.

Os rendimentos operacionais excluindo “itens específicos” cresceram 8,7% e alcançaram 985,2 milhões de euros. Dando a volta pelos diferentes negócios, destaca-se a queda de 5,8% no negócio do Correio e Outros, que é historicamente a maior rubrica de receita da empresa, para 434,1 milhões de euros. No ano passado, o volume de correio voltou a sofrer uma queda, ao descer 8%, o que significa que foram entregues menos 36,5 milhões de objetos do que no ano prévio.

Encomendas brilham, sobretudo em Espanha

Pelo contrário, o Expresso e Encomendas brilhou, e não foi pouco, à medida que a empresa foi-se estabelecendo como parceiro de vários marketplaces internacionais durante o ano passado, o que lhe permitiu ganhar quota.

As receitas deste segmento dispararam 31,5% e atingiram 340,6 milhões de euros. É preciso isolar o quarto trimestre do ano para encontrar uma notícia de futuro: entre outubro e dezembro, a empresa obteve com o Expresso & Encomendas receitas de 111,1 milhões de euros, os mesmos 111,1 milhões que gerou com o correio. Os CTT não indicam a diferença exata no relatório, mas confirmam que, “pela primeira vez na história”, as encomendas foram “o negócio que mais contribuiu para as receitas”.

O crescimento dos CTT neste negócio é justificado com o aumento do tráfego em Espanha e em Portugal, “beneficiando de ganhos de quota de mercado e do aumento da adoção” do comércio eletrónico. Só em Espanha, o crescimento dos rendimentos foi de quase 52%, enquanto em Portugal foi de cerca de 13%. O mercado vizinho gerou mais receitas, 186,8 milhões contra os 149,1 milhões em Portugal. Em Moçambique, o aumento dos rendimentos neste negócio para os CTT foi de 21%, num total de 4,7 milhões.

Banco supera três mil milhões em depósitos

A melhoria das receitas também foi expressiva no Banco CTT, que viu os rendimentos subirem 17,3% em 2023, face ao ano anterior. Totalizaram 147,7 milhões de euros num período muito marcado pelo aumento das taxas de juro. Esse contexto explica o aumento da margem financeira de 32,9%, para 98,8 milhões em 2023, com o montante de juros recebidos a aumentar em 51,7 milhões de euros, segundo a empresa, enquanto, pelo contrário, os juros pagos subiram 27,3 milhões face a 2022.

No período, a carteira de crédito à habitação líquida de imparidades engordou 10,5% e fechou o ano a valer 727,5 milhões de euros. “A produção de crédito à habitação situou-se em 212,2 milhões de euros em 2023”, crescendo 45,8% no ano passado. Já no crédito automóvel, os CTT fecharam o ano com uma carteira de 860,3 milhões a um juro médio de 6,2%, com a produção a situar-se em 270,3 milhões, mais 3% que em 2022.

Enquanto isso, e ainda no Banco CTT, os depósitos dos clientes superaram os três mil milhões de euros, depois de terem crescido 37,7%, para um total de 3.091 milhões.

Passando aos Serviços Financeiros e Retalho, e apesar do bom momento gerado pela corrida aos Certificados de Aforro nos primeiros cinco meses do ano, a alteração das condições deste produto pelo Governo reduziu a “atratividade” e limitou a subscrição no resto do ano. Mesmo assim, o negócio cresceu 3,4% e gerou receitas de 62,8 milhões para os CTT.

Os CTT colocam números nessa corrida. Destacam que, em 2023, os portugueses subscreveram 12.590,1 milhões de euros em títulos de dívida pública, um ritmo médio de 50,8 milhões por dia, que compara com os 8.138 milhões de euros subscritos em 2022.

CTT preveem 200 rescisões em 2024

Passando aos gastos, a empresa assistiu a um aumento de 6,7% nas despesas, que totalizaram 907,4 milhões de euros. O maior agravamento percentual (15,9%) foi nos fornecimentos e serviços externos, mas a empresa também viu os gastos com pessoal aumentarem 8,8%, “essencialmente reflexo do aumento salarial, incluindo o aumento do salário mínimo nacional”.

Em 2023, os CTT realizaram rescisões amigáveis com 116 trabalhadores em 2023 e tencionam rescindir com mais 200 trabalhadores em 2024, para a qual estabeleceram uma provisão no montante de 13,4 milhões, já registada no ano de 2023. Mesmo assim, no ano passado, o saldo de trabalhadores no quadro foi positivo, tendo aumentado em 194 efetivos.

Feitas as contas, a 31 de dezembro, a companhia tinha 13.670 trabalhadores, a maioria efetivos em Portugal, um saldo positivo de 1.164 pessoas face ao balanço do final de 2022.

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