Exclusivo Banco Montepio e BPI vendem crédito malparado de 200 milhões
Banco Montepio acabou de lançar no mercado o “Projeto Zêrere” no valor de 120 milhões de euros. Já o BPI tem em curso o “Projeto Copper” com crédito em incumprimento no valor de 85 milhões.
Banco Montepio e BPI estão no mercado para venderem carteiras de crédito malparado com um valor de balanço superior a 200 milhões de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.
No chamado “Projeto Zêzere” do Banco Montepio, com o valor contabilístico de 120 milhões de euros e que foi lançado esta semana pela KPMG, estão incluídas duas tranches non performing loans (NPL): uma tranche secured (com garantias) com um valor 57 milhões de euros, correspondendo a 120 devedores em nome individual e outros 150 da parte de pequenas e médias empresas (PME), e cujo colateral composto por ativos imobiliários está avaliado em cerca de 80 milhões; e uma outra tranche unsecured (sem garantias) no valor de 63 milhões de euros de crédito problemático de PME, das quais 60% está em insolvência.
Já o BPI tem em curso o “Projeto Copper”, um portefólio de crédito tóxico no valor de 85 milhões de euros, dos quais 62 milhões correspondem a crédito unsecured, 12 milhões a crédito secured e outros 11 milhões dizem respeito ao que no jargão financeiro chamam de single names.
Nenhum dos bancos quis fazer qualquer comentário sobre as operações.
Montepio com rácio nos 3%
O banco liderado por Pedro Leitão mantém o esforço de limpeza do balanço, depois de ter baixado o rácio de NPE (exposições não produtivas) para 3,2% no final do ano passado, totalizando os 380 milhões de euros. Em 2018 o rácio era de 14,4% (1,9 mil milhões de euros).
Para a redução dos ativos problemáticos no ano passado contribuiu a venda de uma carteira de NPL no valor de 230 milhões de euros a um fundo americano em dezembro, no âmbito do “Projeto Côa”, como adiantou o ECO na altura.
O Banco Montepio vem de um longo processo de reestruturação que passou não só pela redução do risco do balanço. Também houve um redimensionamento dos quadros (com a saída de 650 trabalhadores em três anos) e de balcões e ainda alienação de operações, como o Finibanco Angola e a licença do Banco Empresas Montepio (BEM).
O banco fechou 2023 com lucros de 28,4 milhões de euros, mas o resultado foi altamente pressionado pela venda da operação angolana, que teve um impacto negativo de cerca de 100 milhões de euros. Sem este negócio, o resultado teria sido de 144,5 milhões.
BPI com o melhor rácio em Portugal
No BPI, o rácio de NPE era de apenas 1,5% no final do ano passado, no valor de 560 milhões de euros, com o banco liderado por João Oliveira e Costa a falar no “melhor [rácio] do setor em Portugal”.
A cobertura por imparidades e colaterais era de 150%, ou seja, por cada 100 euros de ativos não produtivos, havia uma cobertura de 150 euros. O banco registou uma subida de 42% dos lucros para 524 milhões de euros no ano passado e vai pagar um dividendo de 517 milhões ao seu acionista, os espanhóis do CaixaBank.
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