Jerónimo Martins com menos lucro mas crescimento nas vendas
Deflação alimentar, aliada à inflação nos custos, é conjuntura "particularmente desafiante" para a dona do Pingo Doce. Lucros caem por causa da dotação inicial da nova Fundação Jerónimo Martins.
Confrontada com uma conjuntura de descida dos preços dos bens alimentares e aumento dos custos por causa da inflação, a dona dos hipermercados Pingo Doce apresentou esta sexta-feira uma descida percentual de dois dígitos nos lucros do primeiro trimestre — que, ainda assim, atribui à dotação inicial para a criação da sua nova Fundação, pois as vendas cresceram.
A Jerónimo Martins JMT 0,00% fechou o primeiro trimestre com um lucro de 97 milhões de euros, menos 30,7% do que nos primeiros três meses do ano passado, apesar do crescimento de quase 19% nas vendas e prestação de serviços. A queda é justificada pelo grupo com a “dotação inicial de 40 milhões de euros da recém-criada Fundação Jerónimo Martins”, pelo que o resultado líquido do período, “se excluídos os outros ganhos e perdas de natureza não recorrente”, está “em linha com o mesmo trimestre do ano anterior”, refere a empresa.
“Entrámos em 2024 conscientes de que a conjugação da deflação alimentar com a inflação nos custos iria intensificar o ambiente concorrencial nos diferentes mercados, em especial na Polónia. Mantivemos, por isso, um foco inabalável na liderança de preço como forma de continuar a crescer volumes e a reforçar as nossas posições competitivas”, diz o presidente e administrador delegado, Pedro Soares dos Santos, citado num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta sexta-feira.
A estratégia levou “todas as insígnias do grupo a entregar, nos primeiros três meses do ano, crescimentos de vendas na mesma base de lojas e para além do efeito positivo do calendário, apesar da inflação negativa ou nula registada nos respetivos cabazes”, afirma ainda o gestor, salientando que “o desafio adicional de operar num contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos manter-se-á”.
No relatório enviado esta sexta-feira ao regulador dos mercados de capitais, a Jerónimo Martins indica que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) aumentou 13,9%, para 508 milhões de euros. Para tal ajudou o crescimento das vendas: entre janeiro e março, o grupo aumentou as vendas e prestação de serviços em 18,6% em termos homólogos, para 8.066 milhões de euros
A margem de EBITDA fixou-se nos 6,3%, reduzindo-se em 26 pontos base face ao mesmo trimestre do ano passado, “pressionada pelo investimento em preço e pela inflação nos custos”, segundo a Jerónimo Martins. Os custos operacionais agravaram-se em 18% e alcançaram 1.142 milhões.
No final do mês de março, a dívida líquida da Jerónimo Martins era de 2.583 milhões de euros, um aumento face aos 2.097 milhões registados a 31 de dezembro de 2023.
O desafio adicional de operar num contexto de deflação alimentar e elevada inflação de custos manter-se-á.
Cotação das ações da Jerónimo Martins em Lisboa:
Promoções e promoções
Analisando os diferentes mercados onde opera o grupo, destaca-se a Polónia. A empresa fala “num mercado mais promocional do que nunca e marcado pelo notório reforço da comunicação centrada no fator preço”. “As vendas em moeda local cresceram 9,3%, com um LFL [like for like] de 4,6%. Em euros, as vendas atingiram os 5,8 mil milhões, mais 18,8% do que no primeiro trimestre de 2023″, destaca. No período, o grupo abriu 28 lojas desta insígnia.
Já a Hebe viu as vendas crescerem, em euros, quase 40%, para 130 milhões de euros, tendo fechado o mês de março com sete novas lojas na Polónia. Existem já 350 lojas Hebe naquele país e duas na República Chega, refere a empresa portuguesa.
Em Portugal, o Pingo Doce também “manteve uma intensa estratégia promocional e registou um robusto crescimento das vendas, impulsionado também pela categorial de meal solutions. O bom progresso dos volumes e o efeito positivo de calendário mais do que compensaram a deflação registada no cabaz”, diz a empresa. Feitas as contas, as vendas subiram 8,3%, para 1,2 mil milhões de euros, com um LFL de 9,5%, excluindo combustível. Uma loja Pingo Doce foi inaugurada neste trimestre.
No grossista Recheio, as vendas somaram 2,7% e chegaram a 303 milhões de euros. “O EBITDA da Distribuição Portugal cifrou-se em 78 milhões de euros, 1,7% acima do mesmo trimestre do ano anterior, tendo a respetiva margem atingido 5,3%”, contra 5,6% no trimestre homólogo, encolhendo por causa do “foco no investimento em preço” e “inflação registada nos custos”.
Na Colômbia, onde opera a Ara, “em moeda local, as vendas cresceram 20%, com um LFL de 5,8%”. Em euros, atingiram 711 milhões, um crescimento de quase 44%. Foram acrescentadas 27 novas lojas ao portefólio nos três meses iniciais de 2024.
Os investidores gostaram do que viram. As ações da empresa subiam 7,68% na bolsa de Lisboa ao fim de dez minutos de negociações, superando os 20 euros cada título.
(Notícia atualizada pela última vez às 8h11)
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