Albuquerque revela hoje “parceiro favorito” se não tiver maioria absoluta
“O parceiro favorito digo-lhe mais logo depois de ter a leitura dos resultados”, disse Miguel Albuquerque, sobre cenários de governabilidade depois das eleições, caso ganhe sem maioria absoluta.
O cabeça de lista do PSD às eleições legislativas que hoje decorrem na Madeira, Miguel Albuquerque, reafirmou temer a ingovernabilidade na região e prometeu indicar o “parceiro favorito” para acordos, caso vença sem maioria absoluta, após a divulgação dos resultados.
“O parceiro favorito digo-lhe mais logo depois de ter a leitura dos resultados”, disse aos jornalistas, depois de ter explicado que o “problema da governabilidade” decorre da “leitura da vontade popular”.
Miguel Albuquerque falava aos órgãos de comunicação social após ter votado numa secção instalada na Escola Básica da Ajuda, na freguesia de São Martinho, concelho do Funchal, tendo admitido haver já cansaço da população face aos atos eleitorais sucessivos, nomeadamente as regionais de setembro de 2023, as nacionais de março e agora a regionais antecipadas.
“Claro que há um desgaste”, afirmou, para logo acrescentar: “Nós tivemos três eleições de seguida e isto desgasta as instituições, as pessoas estão cansadas, mas eu acho que é positivo, neste momento, termos um índice de participação mais ou menos semelhante às últimas [regionais].”
Questionado se se sentia responsável por esse cansaço, o candidato social-democrata disse que “não” e considerou que a responsabilidade é de “quem anda sempre a marcar eleições”, acusando o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O senhor Presidente da República sabe qual foi a nossa sugestão, mas nós não vamos discutir o passado. Temos que olhar é para a frente e para o futuro”, disse e explicou: “A nossa ideia é que tínhamos ganho em setembro [regionais], as eleições de março [nacionais] tinham ratificado a maioria [do PSD na região], aliás com mais [cerca de] 2.000 votos e não era necessário fazer eleições, uma vez que o presidente do Governo e candidato era o mesmo.”
“Não foi esse o entendimento do senhor Presidente da República, portanto, nós neste momento estamos outra vez no escrutínio”, acrescentou.
O cabeça de lista social-democrata, também líder do partido na região e presidente demissionário do executivo PSD/CDS-PP, disse ainda que a campanha da sua candidatura assentou no mote de que o “princípio da governabilidade, do equilíbrio e da confiança” é necessário para o desenvolvimento da região, vincando que “os madeirenses e os porto-santenses estão cientes disso”. “Vamos ver se isso tem reflexo nas urnas”, disse.
Questionado sobre as reservas colocadas por todos os outros partidos para acordos consigo, caso vença sem maioria absoluta, Albuquerque foi perentório, ao afirmar: “Se não for eu, vão fazer com quem?”
“Eu é que sou o líder do partido. Portanto, isso é tudo fantasia”, declarou, esclarecendo o PSD é um partido democrático e que o líder do partido está sujeito ao escrutínio pelos militantes.
Miguel Albuquerque insistiu na questão da governabilidade da região e reiterou o alerta para as “contingências da ingovernabilidade”. “Temo que a Madeira, à semelhança do que acontece no país, [fique] sujeita às contingências da ingovernabilidade e as contingências da ingovernabilidade levam à falta de confiança, levam ao adiamento de decisões, levam ao adiamento de investimentos e levam, sobretudo, depois à regressão económica e social”, disse, realçando que a região assinala atualmente um “crescimento ímpar” em todos os setores.
O candidato do PSD declarou, por outro lado, não temer que as suas declarações à saída da secção de voto possam ultrapassar o legalmente permitido por lei em dia de eleições, sublinhando que se limitava a responder às perguntas.
“Vocês fazem as perguntas e eu dou as respostas”, disse e acrescentou: “Eu sei que a gente, ultimamente, anda todos a pisar ovos, é o politicamente correto, não se pode dizer nada.”
E reforçou: “Vocês fazem uma pergunta, eu tenho de responder. Se é para pisar ovos então não digo nada. Faço um sorriso e digo que o tempo está bom.”
Nas eleições de hoje, 14 candidaturas disputam os 47 lugares do parlamento regional, num círculo único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
Nas legislativas regionais, o representante da República, cargo ocupado por Ireneu Barreto, convida uma força política a formar governo em função dos resultados (que têm de ser publicados), após a auscultação dos partidos com assento parlamentar na atual legislatura.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS-PP venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
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