“Pai dos vinhos do Alentejo” entra no top 10 de vendas no Douro
Ao fim de 17 anos e dez milhões de investimento na região, João Portugal Ramos, dono do Marquês de Borba, vê os vinhos Duorum chegarem à lista dos mais vendidos no país e a 28 mercados de exportação.
A empresa que os enólogos João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco decidiram lançar em janeiro de 2007, criando um projeto de raiz para a produção de vinhos no Douro, alcançou a fasquia dos três milhões de euros de vendas em 2023. Segundo dados da consultora Nielsen relativos ao mercado nacional, a Duorum fechou o ano passado no top 10 de produtores de vinhos tranquilos na região demarcada.
“A maioria das empresas neste ranking [de vendas nacional] são casas com centenas de anos no Douro. A Duorum, nos seus 17 anos de existência, conseguiu assumir um papel de relevância na região. E temos um portefólio de marcas que tem vindo a evoluir de forma consistente no mercado. (…) É fundamental manter a consistência na qualidade e no perfil dos vinhos. Comunicá-los, ganhar distribuição e inovar, claro”, frisa o produtor, em declarações ao ECO.
Presente em 28 mercados externos, com destaque para o Reino Unido, Canadá, EUA e China, as exportações valem atualmente 30% no negócio. Uma percentagem que o líder do projeto, João Portugal Ramos, espera reforçar nos próximos anos em resultado dos recursos que tem dedicado “em exclusivo à promoção e comercialização deste projeto, desenhado desde o início com uma vertente muito internacional”.
Depois de terminar o último exercício com um crescimento homólogo de 20%, aquele que é conhecido no setor como o “pai dos vinhos do Alentejo” da era moderna e um dos principais embaixadores daquela região, antevê igual progressão no volume de negócios dos vinhos durienses em 2024, “muito focado em ganhos de distribuição na exportação”. Em concreto, com a entrada da marca mais recente (Altitude by Duorum) em “três grandes cadeias europeias”.
Desde o arranque do projeto em 2007, quando “já não passava despercebida a ninguém a pujança e importância que a região do Douro [tinha] para os vinhos portugueses, especialmente no panorama internacional”, João Portugal Ramos calcula um investimento acumulado de 10 milhões de euros. Agora com o filho João Maria e João Perry Vidal à frente da enologia, após Soares Franco decidir reformar-se em 2020, vai torná-lo “visitável a mais pessoas” com a aposta no enoturismo.
Nos últimos anos, o investimento mais relevante na Duorum — expressão latina que significa “de dois” — rondou os 200 mil euros e foi feito na reabilitação da estação de comboios da Quinta de Castelo Melhor, que integra a linha histórica do Douro. Além da preservação das estruturas históricas da quinta situada em Vila Nova de Foz Côa, esta recuperação permitiu construir uma nova sala de provas e alguns quartos para receber clientes e convidados da marca.
Todas as regiões do país estão confrontadas com excessos de stock, e o Douro não foge à regra. Julgo que temos de deixar o mercado ajustar-se a ele próprio e investir mais na fiscalização.
Nesta propriedade do Douro Superior, inserida na Rede Natura 2000 e no Parque Natural do Douro Internacional, assim como no Parque Arqueológico do Vale do Côa, tem atualmente 160 hectares de vinha – foram “juntados a corte e costura”, obrigando a realizar um total de 92 escrituras – e detém ainda 50 hectares arrendados perto da quinta. “Para já, é quanto basta para o projeto que temos, mas só o futuro dirá”, responde o produtor, quando questionado sobre a hipótese de comprar mais terra na região.
Bruxelas acaba de atribuir 15 milhões de euros em apoios de emergência aos produtores portugueses para financiar a destilação temporária de vinho, “visando eliminar quantidades excedentárias e reequilibrar o mercado”. O empresário atesta que “todas as regiões do país estão confrontadas com excessos de stock, e o Douro não foge à regra”. No entanto, prefere “deixar o mercado ajustar-se a ele próprio, investir mais na fiscalização [e] combater narrativas que confundem alcoolismo com consumo moderado de vinho”.
Com 70 anos de vida (e 44 vindimas de experiência), foi em 1980 que o jovem engenheiro agrónomo João Portugal Ramos rumou a Estremoz com o sonho de vir a produzir os seus próprios vinhos numa região que nessa altura tinha uma quota de apenas 2% no mercado doméstico, que compara com os atuais 40%. Marquês de Borba, Vila Santa, Pouca Roupa, Loios e Estremus são algumas das marcas alentejanas de um negócio que tem a continuidade assegurada pelos filhos: Filipa (direção de marketing) e João Maria (enólogo).
No total, João Portugal Ramos comercializa mais de 30 referências próprias divididas por quatro denominações de origem portuguesas. Além do Alentejo e do Douro, explora a Quinta de Foz de Arouce (concelho da Lousã, região das Beiras), que é prioridade dos sogros (os Condes de Foz de Arouce); e tem um projeto mais pequeno nos Vinhos Verdes (sub-região de Monção e Melgaço), onde produz alvarinhos e loureiros. Do portefólio do grupo fazem ainda parte vinhos do Porto, espumantes e a histórica aguardente CR&F, que comprou em 2019.
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