Dispensados 14 fornecedores de leite da marca Pingo Doce. Produtores exigem mais estabilidade

  • Lusa
  • 27 Agosto 2024

Pelo menos 14 produtores de leite, entre os que fornecem atualmente a marca Pingo Doce, através da empresa Terra Alegre, serão dispensados a partir de janeiro. Setor exige contratos de longa duração.

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) apelou esta terça-feira aos responsáveis políticos, setor cooperativo, distribuição e indústria de laticínios que garantam uma maior estabilidade aos produtores, através de contratos de longa duração e com perspetivas de crescimento.

O apelo foi feito após a associação ter tido conhecimento de que “pelo menos 14 produtores de leite, entre os que fornecem atualmente a marca Pingo Doce, através da empresa Terra Alegre, foram surpreendidos com a informação que serão dispensados e terão de procurar novo comprador de leite a partir de janeiro de 2025″.

Segundo a Aprolep, “a situação não resulta de qualquer falha por parte dos produtores, mas foi comunicado que o comprador pretende reduzir a quantidade de leite que adquire”.

“Esta atitude é surpreendente porque passaram apenas dois anos desde que estes produtores foram convidados a fornecer esta cadeia alimentar com a expectativa de um contrato de longa duração e perspetivas de crescimento”, sustenta a associação, salientando que “estes produtores arriscaram mudar de comprador para poderem aumentar a produção e ganharem uma dimensão sustentável para encarar os desafios do futuro”.

“Fizeram investimentos e têm créditos para amortizar”, acrescenta.

Passaram apenas dois anos desde que estes produtores foram convidados a fornecer esta cadeia alimentar com a expectativa de um contrato de longa duração e perspetivas de crescimento.

Aprolep

Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Aprolep, Carlos Neves, precisou que, no conjunto, os produtores que serão dispensados tinham contratado um fornecimento de 20 milhões de litros/ano à Terra Alegre, variando o preço por litro “conforme o mercado”.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da Terra Alegre Laticínios referiu que a empresa, “como é prática no setor do leite, revê os contratos anualmente em função da sua gestão de stocks existentes e das condições de produção e de mercado em geral”.

“Quando do exercício de planeamento resulta que as necessidades de matéria-prima são menores, como se verifica atualmente, a Terra Alegre procura minimizar o impacto sobre os produtores, trabalhando de forma atempada (aviso prévio) e próxima com cada produtor para encontrar soluções para cada caso concreto”, sustenta.

Garantindo que vem fazendo este trabalho “desde há meses, numa busca conjunta de alternativas de escoamento”, a Terra Alegre assegura que a sua conduta se “pauta por uma relação responsável e respeitadora com os produtores com que trabalha, num espírito de verdadeira parceria”.

Para a Aprolep, esta é, contudo, uma “situação preocupante” que “será grave para todo o setor se não surgirem indústrias ou cooperativas com capacidade para comprar e valorizar esse leite de forma estável e com um preço sustentável, capaz de cobrir os custos de produção”.

“É difícil perceber a dificuldade em escoar e valorizar o leite português, quando Portugal continua a ser deficitário no setor dos laticínios, sobretudo devido à importação de milhões de euros em queijos e iogurtes”, argumenta.

Neste contexto, a associação “lança um alerta e um apelo aos responsáveis políticos, ao setor da distribuição, à indústria de laticínios e ao setor cooperativo”, para que analisem esta situação “com cuidado e responsabilidade, procurando as melhores soluções” para o destino do leite, dos produtores, dos seus funcionários e das suas famílias.

O objetivo, enfatiza, é “não criar um desequilíbrio no mercado que desvalorize o leite português e coloque em causa todo o setor”.

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