Costa toma posse no Conselho Europeu com promessa de “proteger” valores da UE: “Unidade é força vital”

António Costa tomou posse como presidente do Conselho Europeu, prometendo encetar esforços para proteger os valores da União Europeia. "A unidade é força vital" dos 27, disse.

António Costa tomou posse esta sexta-feira como presidente do Conselho Europeu. Num discurso proferido em inglês, em Bruxelas, no edifício Justus Lipsius, o novo líder do órgão que representa os 27 Estados-membros prometeu encetar esforços, ao longo dos dois anos e meio do seu mandato, para proteger os valores do bloco europeu.

“A unidade é força vital da União Europeia”, afirmou, acrescentando: “Será a minha missão construir e assegurar essa união.” Presente na tomada de posse estava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, bem como a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

No discurso de tomada de posse, o novo presidente do Conselho Europeu defendeu que a Europa “é sobre valores e princípios que devem ser defendidos”, e que essa deve ser a base dos 27 Estados-membros. “Dignidade humana, liberdade, democracia, igualmente, Estado de Direito, direitos humanos e até a proteção de minorias. Estes valores são a essência da Europa e devem ser defendidos”, defendeu.

António Costa disse também que “só um bloco unido consegue dar voz à União Europeia“, aludindo às diversas diferenças políticas que assolam os 27 Estados-membros, numa altura de grandes desafios geopolíticos, dentro e fora de fronteiras europeias.

“Não devemos ignorar as nossas diferenças, nem tratá-las como problemas. Esta é a altura de ser verdadeiramente patriota e construir uma Europa comum”, afirmou. Por isso, comprometeu-se a “consolidar” as diferentes vozes que representam o bloco, garantindo tratar o mandato à frente do Conselho Europeu com a mesma “honra” com que executou o seu mandato enquanto presidente da Câmara de Lisboa ou primeiro-ministro de Portugal.

Orgulho-me de servir a União Europeia. Lisboa é a minha cidade. Portugal é o meu país. E a Europa é a nossa casa comum. Não há qualquer contradição entre estes três níveis”, prometeu.

O discurso debruçou-se ainda sobre a guerra na Ucrânia, que se arrasta há mais de mil dias “em solo europeu”, e que ameaça não só a “paz” daquele país como “os direitos internacionais”, nomeadamente “os direitos de defesa de cada cidadão e a autodeterminação de cada país”.

Por isso, afirmou que a UE deve ser mais “resiliente” e “autónoma” em matéria de segurança e defesa, permitindo, desta forma, “reforçar os pilares da nossa parceria transatlântica”, disse, aludindo à NATO e aos EUA.

No entanto, o diálogo deve ir para além do outro lado do Atlântico. “Vivemos num mundo multipolar, com sete continentes diferentes e 192 países. Temos de os implicar, tecendo em conjunto uma rede mundial. Ao fazê-lo, devemos pôr de lado conceitos como o ‘sul global’ ou o ‘norte global’. A ação externa da UE tem de reconhecer que tanto o sul como o norte são, na realidade, plurais”, advogou.

Internamente e junto dos cidadãos, Costa defende que será necessário reforçar esse sentimento de cooperação, dizendo que a “confiança” é o que une os 27 Estados-membros. “Temos de renovar essa ligação com os cidadãos. Trabalhando em estreita colaboração com os parceiros sociais, as nossas regiões, as nossas cidades e os representantes da sociedade civil”.

Antes de Charles Michel lhe passar o testemunho, passando-lhe o simbólico sino que é tocado no início das reuniões do Conselho Europeu, António Costa prometeu liderar um órgão “fiel aos valores”. “Vamos à obra”, disse no final.

Embora tenha tomado posse esta sexta-feira, o novo presidente do Conselho Europeu só inicia funções à frente da instituição composta pelos chefes de Governo e de Estado da União Europeia no domingo, dia 1 de dezembro, tal como preveem os tratados. É o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h11)

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