Europa deve organizar-se para evitar impacto se EUA reduzirem ajuda à Ucrânia, diz Macron

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2024

"Se os Estados Unidos fizerem a escolha soberana de parar ou reduzir essa ajuda [à Ucrânia], tal não tenha qualquer impacto no terreno", defendeu o Presidente francês, Emmanuel Macron.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou esta terça-feira aos países europeus para apoiarem a Ucrânia “a longo prazo” e compensarem qualquer eventual redução da ajuda norte-americana, a alguns meses das imprevisíveis eleições presidenciais nos Estados Unidos. “Devemos organizar-nos de forma a que, se os Estados Unidos fizerem a escolha soberana de parar ou reduzir essa ajuda, tal não tenha qualquer impacto no terreno”, defendeu Macron, referindo-se aos meios de defesa do país que há quase dois anos combate uma ofensiva russa.

O chefe de Estado francês emitiu este apelo aos países europeus numa conferência de imprensa em Estocolmo com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, no contexto da conclusão entre ambos de uma “parceria estratégica renovada”, com a Defesa no centro dessa cooperação, quando a Suécia está prestes a aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).

A Hungria do primeiro-ministro Viktor Orbán é o último país da União Europeia (UE) a obstruir a disponibilização de uma ajuda europeia de 50 mil milhões de euros em quatro anos à Ucrânia, que estará no centro da cimeira europeia de quinta-feira em Bruxelas. A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, alterou a situação para a Suécia: durante muito tempo militarmente neutra, Estocolmo decidiu aderir à Aliança Atlântica.

A Hungria continua também a ser o último obstáculo a esta adesão, assunto que Ulf Kristersson tenciona discutir na quinta-feira com o homólogo húngaro, à margem do Conselho Europeu. “França e a Suécia partilham o desejo de se aproximarem, de produzirem em conjunto, de ajudarem juntas a Ucrânia, para termos uma Europa que se proteja melhor”, sustentou Macron.

O Presidente da República francês, que em fevereiro se deslocará à Ucrânia, vai abordar as questões da Defesa num discurso que proferirá hoje à tarde perante jovens oficiais suecos da Academia Militar de Karlberg. A Suécia “é um país que tem a mesma visão da soberania que França”, com “a vontade de desenvolver capacidades num espetro muito alargado, tanto capacidades operacionais como industriais”, declarou um conselheiro de Macron, sublinhando uma perspetiva comum da necessidade de entrar numa “economia de guerra”.

Num sinal de clara mudança de atitude, as autoridades suecas chocaram em janeiro a opinião pública quando o chefe do Estado-Maior do Exército sueco, Micael Bydén, declarou que os suecos “deverão preparar-se mentalmente para a guerra”. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a Suécia anunciou que pretendia atingir os 2% do PIB (Produto Interno Bruto) dedicados a gastos com a Defesa “o mais rapidamente possível”.

O país tem uma sólida indústria do setor da Defesa e tanto França como a Suécia têm em comum o facto de terem desenvolvido os seus próprios aviões de combate, o Rafael, do lado francês, e o Gripen, do lado sueco. Paris e Estocolmo vão assinar uma declaração de intenções sobre sistemas de defesa antiaérea e de vigilância aérea, ao passo que as empresas Saab e MBDA deverão concluir “nos próximos dias um contrato sobre o desenvolvimento do míssil antitanque Akeron”, indicou a Presidência francesa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

STCP lança consulta para concessão de publicidade no exterior da sua frota

  • + M
  • 30 Janeiro 2024

A concessão abrange um total de 426 viaturas. São propostos dois lotes, um com um preço base de 966 mil euros e outro de 180 mil euros.

A STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) lançou uma consulta para a concessão da exploração de publicidade no exterior das viaturas que compõem a sua frota de autocarros e carros elétricos.

Para o efeito são propostos dois lotes, um destinado ao exterior dos autocarros com um preço base de 966 mil euros (+IVA) e outro para o exterior dos carros elétricos históricos com um preço base de 180 mil euros. Ambos têm a duração de três anos.

A STCP destaca que “existe a obrigatoriedade de apresentação de preço para ambos os lotes, mas a adjudicação será feita pela melhor oferta para cada um dos lotes, prevendo-se a celebração de dois contratos“.

A concessão abrange um total de 426 viaturas – 420 autocarros a que se somam seis carros elétricos – estando previsto no caderno de encargos a “adição ou remoção de frota, de modo a acomodar o programa de renovação de frota”.

Segundo se refere em nota de imprensa, a STCP já publicou na plataforma Vortal o programa e o caderno de encargos da concessão, devendo as propostas ser apresentadas até às 17 horas do dia 19 de fevereiro na referida plataforma (anúncio de procedimento n.º 1/2024).

Desde o início do seculo XX que a STCP potencia a exploração do exterior da sua frota, criando aproximação dos anunciantes com o público nacional e os turistas que, cada vez mais, viajam nos seus autocarros e elétricos, beneficiando de uma rede que abrange os concelhos do Porto, Gondomar, Matosinhos, Maia, Valongo e Vila Nova de Gaia”, lê-se ainda na mesma nota.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EUA reativam sanções contra setor petrolífero da Venezuela

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2024

O governo norte-americano considera medidas, como "a prisão de membros da oposição democrática e a proibição de candidatos" às eleições, "são inconsistentes com os acordos”.

Os Estados Unidos anunciaram esta terça-feira que vão reativar as sanções contra o setor petrolífero e do gás venezuelano, denunciando o incumprimento por Caracas dos compromissos assumidos tendo em vista as eleições presidenciais deste ano na Venezuela.

Na ausência de progresso (…) incluindo permitir que todos os candidatos presidenciais concorram nas eleições deste ano, os Estados Unidos não renovarão a licença (autorizando a compra de petróleo e gás venezuelano) quando esta expirar em 18 de abril de 2024″, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.

O governo norte-americano considera que “as ações de Nicolas Maduro e dos seus representantes na Venezuela, incluindo a prisão de membros da oposição democrática e a proibição de candidatos concorrerem nas eleições presidenciais deste ano, são inconsistentes com os acordos” assinados pelos representantes do Presidente venezuelano e da Plataforma Unitária.

O Departamento de Estado assegura que os Estados Unidos continuam empenhados em apoiar o diálogo entre as partes e a colaborar com a comunidade internacional para assegurar o respeito pelo Acordo de Barbados. O Acordo de Barbados é uma série de pactos firmados pelo Governo venezuelano e pela oposição naquele país sul-americano para a promoção de eleições limpas e justas em 2024.

“O acordo sobre o roteiro eleitoral de Barbados continua a ser o mecanismo mais viável para resolver a crise política, económica e humanitária de longa data da Venezuela e para realizar eleições competitivas e inclusivas na Venezuela”, reconhece o overno norte-americano.

Dessa forma, Washington garante que “exigirá que Maduro e os seus representantes defendam os princípios do roteiro e garantam que os atores políticos da oposição tenham a oportunidade de direito de selecionar livremente os seus candidatos para as eleições presidenciais de 2024”.

O Governo da Venezuela, em resposta, ameaçou rever os mecanismos de cooperação bilateral entre Caracas e Washington e revogar de imediato os voos de repatriação de venezuelanos se os EUA intensificarem as sanções económicas contra o país.

“Se derem o passo em falso de intensificar a agressão económica contra a Venezuela, a pedido dos lacaios extremistas do país (…) qualquer mecanismo de cooperação existente será revisto como contramedida à tentativa deliberada de atacar a indústria petrolífera e de gás venezuelano”, anunciou a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, na sua conta do X, antigo Twitter.

Delcy Rodriguez qualificou ainda a posição de Washington de “chantagem grosseira e indevida”.

Adianta ainda que “a partir de 13 de fevereiro vão ser imediatamente revogados os voos de migrantes e venezuelanos” e que “a Venezuela, inspirada na sua glória e dignidade históricas, continuará a esforçar-se para recuperar a economia venezuelana com os seus próprios esforços, em união nacional”.

A medida foi anunciada pelo Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC, sigla em inglês), num comunicado em que o Departamento do Tesouro ordena estejam concluídas antes de 13 de fevereiro todas as operações com a empresa atualmente a serem processadas.

A medida proíbe igualmente quaisquer transações que envolvam pessoas sancionadas pelos EUA, membros do Governo da Venezuela, do Banco Central da Venezuela e do estatal Banco da Venezuela SA Banco Universal.

Em março de 2019 o OFAC sancionou a Guayana Minerven e o presidente da empresa, Adrián António Perdomo Mata, por “apoiar o regime ilegítimo de Maduro”, saquear a riqueza do país, pôr em risco povoações indígenas, invadir áreas protegidas e causar desflorestação.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h13)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pedro Nuno diz que comboio Lisboa-Madrid está a avançar

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2024

Pedro Nuno Santos realçou que "do lado espanhol está em curso um investimento muito importante" para as ligações ferroviárias em comboio rápido entre Madrid e Badajoz.

O líder do Partido Socialista e ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse esta terça-feira que a nova ligação de comboio entre Madrid e Lisboa “está em curso” e não há “nenhum esquecimento”.

“Está em curso neste momento, não há nenhum esquecimento e, portanto, era importante que todos os líderes políticos ou políticos que vão falando sobre o tema da ferrovia saibam o que é que está neste momento em curso, com prejuízo de estarem a dizer e a fazer afirmações sem sentido”, disse Pedro Nuno Santos, em Madrid, após um encontro com o secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez.

O líder do PS defendeu que novos projetos da ferrovia têm avançado em Portugal, com os governos socialistas de António Costa, “depois de décadas de abandono”, e, dentro das ligações transfronteiriças, apesar de a linha de alta velocidade entre Lisboa e Vigo ter sido considerada prioritária, “a ligação Lisboa-Madrid está em curso”.

“Ouço às vezes alguns discursos, alguns políticos, com alguma incompreensão, porque não sei se eles sabem o que é que está em curso neste momento”, acrescentou, em resposta a perguntas dos jornalistas. Pedro Nuno Santos realçou que “do lado espanhol está em curso um investimento muito importante” para as ligações ferroviárias em comboio rápido entre Madrid e Badajoz, o mesmo acontecendo no lado português, com o objetivo de haver uma ligação entre Évora e a fronteira com Badajoz com uma velocidade média de 250 quilómetros por hora.

O líder do PS reiterou que foi dada prioridade às ligações com a Galiza, pelo norte de Portugal, por “a procura projetada” ser dez vezes superior e por haver uma relação entre a Galiza e o norte da Europa que é “muito estreita” do ponto de vista económico e social que é também importante para Portugal. “Mas ela não substitui a ligação Lisboa-Madrid, que em curso neste momento”, sublinhou.

O encontro desta terça com Sánchez foi o primeiro a nível internacional de Pedro Nuno Santos desde que assumiu a liderança do PS, em dezembro passado. No final da reunião em Madrid só Pedro Nuno Santos falou com os jornalistas e revelou que entre os temas que abordou com Sánchez esteve o combate à extrema-direita e a articulação de posições na União Europeia, assim como dossiês bilaterais, como a gestão dos rios comuns ou as ligações ferroviárias.

Em relação a este tema da água, e quando regiões fronteiriças de Portugal e Espanha enfrentam problemas de seca, o líder do PS disse não estar em causa neste momento qualquer revisão da Convenção de Albufeira, que regula a gestão dos rios partilhados pelos dois países, mas acrescentou que existe a intenção de levar esta questão “para a frente do debate europeu”.

“A água é uma preocupação em Espanha e em Portugal, é um problema europeu, não é apenas um problema português e espanhol”, afirmou. Depois de Madrid, na quarta-feira, o secretário-geral do PS terá em Bruxelas uma série de encontros com responsáveis do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia, assim como uma reunião com os eurodeputados do PS.

Pedro Nuno atribui méritos do crescimento da economia a governos de Costa

O líder do PS congratulou-se ainda com o crescimento da economia portuguesa em 2023 e atribuiu méritos aos governos de António Costa, sublinhando as diferenças entre socialistas e direita na resposta às crises. Pedro Nuno Santos realçou que Portugal “está a crescer acima de qualquer outro país” da União Europeia, o que prova que “as políticas que têm sido tomadas ao longo dos anos são políticas boas que promovem o crescimento económico”.

Este crescimento económico deve-se a todos os portugueses, às empresas e aos trabalhadores”, mas “deve-se também ao trabalho dos governos e aos governos liderados por António Costa”, afirmou.

Pedro Nuno Santos defendeu que os dados do crescimento económico mostram que é possível “ter confiança no país e no futuro de Portugal” desde que seja “o Partido Socialista a liderar um governo”, sublinhado as diferenças entre a resposta da direita (os anteriores governos do PSD/CDS) à crise financeira, “com cortes nos salários, com cortes nas pensões, com aumento dos impostos”, e a forma como o PS “lida com as crises”.

“A nossa preocupação em garantir a estabilidade, a previsibilidade, a segurança da vida das pessoas, da vida dos portugueses, de quem trabalha, das empresas, foi testada na forma como nós lidamos com a pandemia e com a crise inflacionista”, defendeu, antes de acrescentar que, porém, o futuro “é de grande incerteza” e de pedir aos eleitores para não caírem “na tentação de se refugiarem” em projetos populistas como o do Chega, que além de não apresentarem “soluções realistas”, têm “um discurso que explora o ódio”.

Segundo Pedro Nuno Santos, o PS apresenta-se às eleições de 10 de março com a consciência de que “há uma parte dos portugueses que estão zangados” e assumindo que nem todas as respostas dadas pelos governos socialistas “foram boas ou suficientes”, mas também realçando que, “ainda assim, é o Partido Socialista que está melhor preparado, que tem mais experiência, tem soluções credíveis”.

Defendendo que o PSD só conseguirá governar Portugal com uma aliança com o Chega, “mesmo que ela seja hoje rejeitada pelo líder do PSD”, Luís Montenegro, o secretário-geral do PS disse que a ascensão da extrema-direita é “motivo de grande preocupação” e defendeu que “só há um partido em Portugal que pode travar o avanço de projetos populistas ou de extrema-direita”, o PS. Segundo disse aos jornalistas, o avanço da extrema-direita em toda a Europa foi um dos assuntos que esteve na agenda do encontro que teve hoje com Pedro Sánchez.

“Há uma ameaça que preocupa os dois governos, a ameaça da extrema-direita, a ameaça do populismo que atravessa toda a Europa, também os nossos países, Portugal e Espanha”, disse Pedro Nuno Santos, que considerou essencial que Lisboa e Madrid continuem a ter “governos progressistas” e “a trabalhar em conjunto na frente europeia”.

Além do combate à extrema-direita e a articulação de posições na União Europeia, os líderes do PS e do PSOE abordaram dossiês bilaterais, como a gestão dos rios comuns ou as ligações ferroviárias. “É muito importante que a relação que tem sido construída ao longo dos anos entre o governo português e o governo espanhol seja uma relação aprofundada”, disse Pedro Nuno Santos, que realçou que há “muitos dossiês bilaterais” e que as duas economias estão integradas.

Depois de Madrid, na quarta-feira, o secretário-geral do PS terá em Bruxelas uma série de encontros com responsáveis do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia, assim como uma reunião com os eurodeputados do PS.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministro da Defesa assegura que Telavive manterá controlo militar de Gaza

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2024

Quando a guerra terminar, "é absolutamente claro que o Hamas não controlará Gaza. Israel irá controlá-lo militarmente, mas não de um ponto de vista civil", disse Yoav Gallant.

O ministro da Defesa de Israel disse esta terça-feira que o Exército israelita manterá o controlo militar da Faixa de Gaza após o fim do atual conflito, apontando para a possibilidade de uma situação semelhante à que existe na Cisjordânia. “Depois da guerra, quando esta terminar, penso que é absolutamente claro que o Hamas não controlará Gaza. Israel irá controlá-lo militarmente, mas não de um ponto de vista civil”, assegurou Yoav Gallant.

“Quando falamos de liberdade de operação a nível militar, olhamos para o que aconteceu esta noite em Jenin”, disse Gallant, referindo-se a uma operação realizada no interior de um hospital desta cidade da Cisjordânia, durante a qual morreram três membros do braço armado do grupo islamita palestiniano Hamas.

Desde o início da ofensiva militar na Faixa de Gaza, vários políticos israelitas têm defendido a possibilidade de reocupar o território e até de reconstruir colonatos no enclave, que faz parte dos Territórios Palestinianos Ocupados, uma opção rejeitada pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, um aliado tradicional de Telavive.

A atual guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de 200 reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva no território palestiniano que causou mais de 26 mil mortos, segundo dados das autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas desde 2007.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, pelo menos 370 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 5.600 detenções.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dos ingredientes-estrela aos “heróis na cozinha”, conheça as dez tendências do setor agroalimentar para 2024

Num evento que juntou mais de 200 representantes da indústria agroalimentar na Maia, a PortugalFoods apresentou uma análise sobre as dez grandes tendências do setor agroalimentar para este ano.

A PortugalFoods apresentou esta terça-feira as dez grandes tendências do setor agroalimentar para este ano, no âmbito de uma conferência que juntou mais de 200 representantes da indústria agroalimentar portuguesa no auditório do Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (TecMaia).

A análise apresentada por Marta Delgado del Río, da Innova Market Insights, mostra que o consumidor atual tem uma atenção redobrada em relação ao que ingere, está atento aos ingredientes presentes nos rótulos das embalagens, procura produtos com benefícios para a saúde e que protejam o ambiente e a natureza. Paralelamente, os alimentos à base de plantas e as águas com sabor começam a ganhar destaque.

“Para assegurarem o seu futuro, os fabricantes da indústria transformadora e as marcas devem capacitar-se para responder ao mercado – e este exige e reage, cada vez mais, a valores e propósitos muito claros, que tornam a missão das empresas mais desafiante. Se o preço ainda faz a diferença, não menos pesam na decisão dos consumidores fatores como a origem dos produtos, a sustentabilidade do processo produtivo, os benefícios para a saúde e os valores defendidos pelas marcas”, aponta a diretora executiva da PortugalFoods.

Para a indústria, acrescenta Deolinda Silva, é um “desígnio crucial ter produtos que sejam competitivos para o consumidor, com qualidade e que transmitam confiança – seja nos novos ingredientes utilizados, seja nas suas iniciativas de sustentabilidade”.

Conheça as dez grandes tendências que vão impactar o setor agroalimentar no curto e médio prazo:

  1. Ingredientes-estrela: Os ingredientes são o fator decisivo na escolha dos consumidores na hora da compra, com a proteína a ser o mais procurado. Cerca de um terço dos consumidores, em todo o mundo, dizem que procuram sempre informação sobre os ingredientes presentes nos rótulos das embalagens. Cerca de 42% dos inquiridos referem que a “proteína” é o ingrediente mais relevante, visto como essencial para uma melhor gestão do corpo e do peso. Esta procura do ingrediente essencial – que a indústria deve comunicar abertamente nas embalagens e na promoção dos produtos – é geracional: se as novas gerações procuram proteína e minerais, as mais velhas querem produtos com vitaminas, fibras ou Ómega-3.
  2. Nutrir a natureza. Os consumidores pretendem que as marcas sejam mais pró-ativas e vão além do “chavão” da sustentabilidade. Querem garantias de que estão a tomar ações concretas que protejam o ambiente e a natureza e, por isso, procuram produtos que usem menos água, protejam as florestas ou utilizem apenas energias renováveis no seu processo produtivo. A implementação de bioengenharia e de tecnologia para criação de variedades mais adaptadas, que necessitem de menos recursos e promovam uma agricultura de precisão que seja mais “amiga do ambiente”, é apreciada, da mesma forma que afirmações da utilização de agricultura regenerativa ou biodinâmica são extremamente positivas para os consumidores.
  3. Priorizar a prevenção. Mais de um terço dos consumidores pretende ser pró-ativo na gestão da sua saúde, mostrando, antes de mais, preocupações com a gestão do peso, mas também com a saúde do coração, dos ossos e das articulações. A indústria, por isso, deve procurar conhecer ao máximo os seus públicos-alvo e definir as mensagens de acordo com as principais preocupações de saúde que cada um demonstra.
  4. Produtos de origem vegetal. Esta tendência, apontada já em 2023, os alimentos à base de plantas sobem claramente de posição na lista de tendências: se, antes, era apenas pensado para o nicho vegan, há espaço para alargar a base de consumidores, uma vez que estes começam a ver nestes produtos uma forma de diversificarem a sua dieta. Mais de metade dos consumidores expressam também o desejo de experimentar versões plant based de culinária tradicional e local, com a indústria a responder com a oferta de refeições prontas em formatos acessíveis e simples – incluindo, por exemplo, finger food, snacks, mas também refeições principais.
  5. Local torna-se global. Os consumidores estão abertos a novas experiências. Mais de dois terços dos inquiridos dizem-se disponíveis para experimentar e incluir nas refeições do dia-a-dia sabores do mundo. E metade dos mais jovens querem mesmo provar e cozinhar refeições de zonas distantes do planeta. No entanto, a preocupação com o ambiente e com os produtos locais mantém-se. Os clientes preferem produtos produzidos nos seus próprios países, valorizando quem apresenta essas opções, mesmo para pratos tradicionais de outras geografias.
  6. Heróis na cozinha. Durante a pandemia, muitos consumidores puderam dedicar mais tempo à cozinha e a criatividade culinária floresceu. Aproveitaram para consumir produtos mais saudáveis e, ao mesmo tempo, que lhes permitissem economizar no custo das refeições. Com a inflação crescente, essa tendência mantém-se no pós-pandemia, seja pelas marmitas saudáveis e económicas, seja por “a casa” se ter tornado num espaço mais acolhedor, onde se convive e se partilha a paixão por produtos, técnicas de cozinha e experiências gastronómicas. As novas tendências passam pelo lançamento de kits com ingredientes para desenvolver determinados tipos de culinária (japonês, coreano, mexicano) ou por produtos pré-confecionados que recriam pratos e bebidas habitualmente consumidos na restauração.
  7. Indulgência saudável. Mais uma vez, uma tendência que junta o melhor de dois mundos num único conceito: os consumidores pretendem que os snacks e aqueles produtos que lhes transmitem conforto – bolachas, produtos de pastelaria, chocolates, gelados, refrigerantes, entre outros – sejam feitos com ingredientes “saudáveis”, adicionando probióticos, prebióticos, antioxidantes, cálcio, fibras naturais; substituindo ou reduzindo açúcares refinados; usando fórmulas e declarações “sem álcool”, etc.
  8. Oceanos de possibilidades. Os oceanos vão ser as quintas do futuro, usando processos produtivos mais sustentáveis, e os produtos de origem marinha vão entrar na alimentação regular. Os lançamentos de alimentos e bebidas com microalgas, por exemplo, aumentaram mais de 42%, em termos acumulados, entre 2020 e 2023. Seja pelo sabor, seja pelo crescimento da dieta vegan, pelas excelentes características nutricionais ou pelas declarações de sustentabilidade, as algas entraram no dia-a-dia dos consumidores.
  9. H2O, diversificar o futuro. Outra das tendências que conjuga saúde e alimentação passa pelo enfoque dos consumidores na hidratação. As bebidas e os ingredientes que antigamente estavam confinados aos desportos e aos ginásios – eletrólitos, isotónicos e bebidas de frutas antioxidantes – saltaram para as prateleiras dos supermercados. A preocupação com o envelhecimento saudável criou um mercado onde águas com adição de nutrientes e as suas características únicas (como, por exemplo, as águas alcalinas) são muito valorizadas pelos consumidores. A necessidade de se manter hidratado fará, igualmente, aumentar o mercado das águas com sabores – já existente –, mas agora mais concentrado em adicionar nutrientes e vitaminas a essa oferta.
  10. Minimizar o ruído. A transparência e a honestidade na informação nutricional são fulcrais para os novos consumidores, numa era de desinformação. Metade refere recear que as marcas os enganem na sua comunicação. Por isso, preferem que as embalagens sejam claras, com um bom conteúdo e sem conteúdos e elementos visuais exagerados.

Para a diretora executiva da PortugalFoods, a indústria nacional e as empresas agroalimentares têm conseguido responder às tendências do mercado. “Estamos orientados para o mercado, muito atentos às tendências mundiais e somos dinâmicos nas respostas e nas soluções que encontramos, resultado da visão consistente que temos tido em matéria de inovação e de desenvolvimento de novos produtos. Apresentamos também características de mercado, ideal para testar conceitos dada a adaptabilidade da indústria e dos consumidores portugueses”, defende.

Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoodsJoão Pedro Rocha / Dare2Change

“Os consumidores têm absorvido muita informação nos últimos anos e associam produtos de qualidade a determinados ingredientes saudáveis, desde superfrutas, proteínas ou até bactérias amigas para o organismo. Daí que a primeira tendência de mercado para 2024 seja a aposta clara nos ingredientes-estrela, das proteínas às fibras”, remata Marta Delgado del Río, que faz parte da equipa da Innova Market Insights, consultora responsável pelas conclusões das tendências agroalimentares deste ano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Diretor da Polícia Judiciária explica operação na Madeira. “A PJ não se revê e nunca se reviu na fuga de informação”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 30 Janeiro 2024

Segundo Luís Neves, a operação "não foi comprometida em momento algum". "A ação da PJ nas buscas foi eficaz a 100%, sendo que nenhum dos locais ou visados foi alertado", apontou.

O diretor da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, esclareceu esta terça-feira que as buscas na Madeira envolveram 140 inspetores e 10 especialistas de polícia científica, tendo estes viajado sozinhos para a região autónoma e não acompanhados de jornalistas ou elementos do Ministério Público, como chegou a ser noticiado.

“A operação e o transporte dos investigadores foi preparada entre a PJ e o Estado-Maior da Força Aérea, dias antes do seu cumprimento, no mais completo sigilo e no total respeito pelo segredo de justiça. A PJ não se revê e nunca se reviu na fuga de informação e procura evitar que ela possa ocorrer“, afirmou Luís Neves, em conferência de imprensa para esclarecer a “verdade” sobre as buscas.

A PJ congratula-se pela “eficácia a 100%” no cumprimento das 130 buscas, uma vez que “nenhum dos locais ou dos visados foi antecipadamente alertado”, acrescentou o responsável, assinalando que a imprensa não teve antecipadamente conhecimento da operação e não acompanhou nenhuma das diligências realizadas “logo a partir das 7 da manhã”.

De acordo com Luís Neves, a operação “permitiu a salvaguarda da investigação e colocar na sede da PJ toda a prova apreendida” para que no tempo útil (48 horas) o Ministério Público tivesse acesso e pudesse analisá-la. Em voos comerciais, esse prazo não teria sido cumprido.

Quanto ao timing das buscas, o diretor da PJ revelou que a necessidade da realização da operação foi concluída no final de setembro passado, tendo sido emitidos 107 mandados de busca a cumprir na Madeira, enquanto no continente foram cumpridos 25 mandados.

“Toda a investigação tem formalismos e regras consagradas que não se compaginam com especulações mediáticas, na verdade, uma operação deste envergadura requer muito tempo de preparação, porque é preciso de recolher informação de dezenas ou centenas de moradas, com trabalho minucioso e cirúrgico”, justificou.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h59)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Crescimento económico? “Perdemos largo” para os países do Leste europeu, reage Montenegro

Apesar da subida de 3,4% em 2023, líder da AD diz que economia continua com “crescimento muito limitado”. Montenegro critica eleitoralismo de Pedro Nuno Santos e equipara-o a Sócrates antes da troika.

Poucas horas depois de o Instituto Nacional de Estatística estimar que a economia portuguesa escapou a um cenário de recessão técnica, ao crescer 0,8% em cadeia no quarto trimestre – e que cresceu 2,3% em 2023) acima das estimativas do Ministério das Finanças e de instituições como o Banco de Portugal –, Luís Montenegro preferiu alargar o âmbito temporal da análise para diagnosticar que o país está a “viver um período de estagnação económica”.

“Se nos abstrairmos dos efeitos anuais, positivos ou negativos, que são extraordinários e integram pequenos ciclos influenciados por alguns acontecimentos, desde 2000 temos um crescimento médio anual de 0,8%. (…) É um crescimento muito limitado, que não compete verdadeiramente com os países que são comparáveis connosco”, indicou o líder da Aliança Democrática (AD), em referência aos países de Leste que aderiram à União Europeia duas décadas depois de Portugal.

Durante uma intervenção num almoço organizado pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), num hotel do Porto, Luís Montenegro atestou que, do ponto de vista do rendimento per capita, o país está “cada vez mais na cauda da Europa”, “muito pior” do que no início do século” e “mais pobre”, desvalorizando os dados publicados esta manhã pelo Eurostat, que mostram que Portugal registou a maior subida em cadeia no final de 2023.

“Os tais Estados que se juntaram à UE tiveram índices de desenvolvimento muito superiores. De nada nos vale dizer que estatisticamente temos um crescimento maior do que a média europeia quando isso está influenciado negativamente pelo comportamento das grandes economias, como Alemanha, França e Itália. Se formos comparar com todos os países de Leste que aderiram à UE e que estão no espaço da coesão, nós perdemos – e perdermos largo”, resumiu o líder da AD.

No programa económico apresentado na semana passada – e que, “do ponto de vista comunicacional “perturbado” pela crise política na Madeira, reconheceu –, a aliança entre o PSD, o CDS-PP e o PPM prevê chegar ao final da próxima legislatura, em 2028, com uma taxa de crescimento próximo dos 3,5%. E, acrescentou, crescer sempre na casa dos 4% numa legislatura completa “não é um sonho ou irrealizável”.

“Na década de 1985 a 1995 tivemos esse comportamento. Podemos aspirar a ter uma década ou duas décadas de desenvolvimento económico que seja duradouro e robusto. Não temos tido nem uma coisa nem outra: nem robustez nem durabilidade. Os ciclos têm sido muito pequenos, quase anuais”, ilustrou Luís Montenegro, que recusou prestar declarações aos jornalistas, mantendo o silêncio, que dura há cinco dias, sobre a crise política na Madeira.

“Regresso ao socratismo”. Montenegro ataca “eleitoralismo” de Pedro Nuno

Falando a uma plateia de empresários e gestores, Luís Montenegro aproveitou para denunciar o “eleitoralismo” de algumas propostas que têm sido lançadas pelo principal opositor nas legislativas de 10 de março, falando num contexto em que “os sonhos que pareciam ontem irrealizáveis agora são muito fáceis”.

“De um momento para o outro, para muita gente passou a haver dinheiro nos cofres do Estado para retribuir todas as reivindicações e até para prescindir de taxas de portagens” nas antigas SCUT, destacou o líder da AD. Promete manter as contas públicas equilibradas e “não entrar em loucuras”, alertando para aquilo que diz ser o “regresso do socratismo (…) e de uma política que trará fatalmente desequilíbrios orçamentais no futuro”.

“Ouvindo algumas narrativas políticas, diria que estamos em 2009, quando se prometeu de uma assentada, na véspera das eleições, fazer aumentos salariais com fartura, uma diminuição de impostos e perspetiva de facilidade. Isso acabou num défice de 11,2% e com uma troika que nos condicionou durou muito tempo. Há alguma similitude entre protagonistas e discursos políticos, do ponto de vista do espírito com que estão a intervir e a apresentar soluções”, criticou.

Há alguma similitude entre protagonistas [Pedro Nuno Santos e José Sócrates] e discursos políticos, do ponto de vista do espírito com que estão a intervir e a apresentar soluções.

Luís Montenegro

Líder da Aliança Democrática (AD)

Durante o mesmo almoço, ao qual chegou acompanhado pelo cabeça-de-lista da AD no Porto, Miguel Guimarães, o líder social-democrata criticou Pedro Nuno Santos pela ideia, transmitida no congresso do PS, de que “o Estado tem a obrigação de fazer escolhas quanto aos setores e tecnologias a apoiar”. Algo que, para Montenegro, “corresponde à velha visão socialista, influenciada pelo marxismo e do trotskismo, de que a capacidade produtiva deve ter prioridades escolhidas pelo poder político”.

“É muito sintomática a proposta do secretário-geral do PS de dizer que as ajudas públicas, o que os poderes públicos podem disponibilizar aos agentes económicos, devem ser [dirigidos] a setores específicos da atividade económica. O Estado decide o que cada empresa vai fazer em termos de investimento? Há quem ache que isto crie mais riqueza; nós achamos precisamente o contrário, [defendemos] a livre iniciativa, dentro das regras do mercado. O país sabe que tem estas duas opções em cima da mesa e terá de optar por uma delas”, concluiu.

Nesta iniciativa da CCP, Montenegro propôs, por outro lado, “travar a forma como se concebem os Orçamentos de Estado em Portugal”, que diz serem uma “manta de retalhos e de transformação da legislação fiscal”. E, caso lidere o próximo Governo, vai avançar com estímulos fiscais às fusões e aquisições de empresas, para que obtenham ganhos de escala, notando que “o país será tão mais desenvolvido quanto mais grandes empresas tiver”.

(Notícia atualizada às 15h50)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pereira da Costa, a escolha de Villas-Boas para CFO do FC Porto

José Pedro Pereira da Costa foi administrador financeiro da Nos até 31 de dezembro e é um dos trunfos de André Villas-Boas para convencer os sócios no FC Porto nas eleições contra Pinto da Costa.

André Villas-Boas apresentou a sua candidatura à presidência do FC Porto e prometeu divulgar nas semanas seguintes os nomes da sua equipa de gestão. José Pedro Pereira da Costa, até ao fim de 2023 administrador financeiro da Nos, deverá ser o gestor escolhido por Villas-Boas para liderar as finanças de um clube que, nas suas próprias palavras, é “incapaz de acautelar a sua responsabilidade”.

José Pedro Pereira da Costa foi administrador executivo da Nos nos últimos dez anos, com a responsabilidade da área financeira, e antes já tinha sido Chief Financial Officer (CFO) da PT, entre 2003 e 2007, e depois da ZON, empresa que viria a dar origem à NOS, na sequência da fusão com a Optimus. Mas particularmente relevante na escolha de José Pedro Pereira da Costa são as competências num dos negócios centrais dos clubes de futebol: a venda de direitos de televisão, uma das fontes mais relevantes de receitas e que está em processo de transformação com a anunciada centralização destes direitos, obrigatória a partir da época 2028/29. José Pedro Pereira da Costa era, de resto, administrador não executivo da Sport TV. É este o perfil que André Villas-Boas quer ter na sua equipa de gestão. Oficialmente, nenhuma das partes faz comentários, mas o ECO sabe que o antigo treinador deverá anunciar a equipa executiva nas próximas duas semanas.

Como afirmou Villas-Boas na apresentação da sua candidatura às eleições, com data possível para 18 de abril, a situação financeira do FC Porto é uma prioridade. “Nos últimos dez anos, o FC Porto conseguiu encaixar mais de 700 milhões de euros em vendas e, em 2015, fez o maior contrato de transmissões televisivas. Qual é a realidade atual? Um passivo de 500 milhões e uma dívida de 310 milhões. A nossa capacidade competitiva ameaçada, as contas em total descontrolo. Nos últimos 20 anos, o FC do Porto gerou mais de 2,9 mil milhões de euros em receitas, e hoje temos um clube incapaz de acautelar a sua responsabilidade”, afirmou o antigo treinador do FC Porto.

Villas-Boas já tinha apresentado dois nomes da sua equipa. Por um lado, anunciou o de Angelino Ferreira, antigo administrador financeiro do FC Porto, para o cargo de presidente do Conselho Fiscal. “Como presidente vou exigir a Angelino Ferreira que continue a ser como é: sério, rigoroso, um portista ‘dos quatro costados’“, refere André Villas-Boas, citado pelo Público. “Não ser conivente com qualquer ato de gestão em que os principais interesses dos associados não estejam a ser defendidos“. O próprio Angelino Ferreira afirmou, nesse contexto, que a “SAD [do FC Porto] pertence aos credores”.

Além disso, anunciou também o nome de António Tavares para presidente da Assembleia Geral.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Agricultores espanhóis juntam-se ao movimento de protesto europeu

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2024

Agricultores defendem a necessidade de mudanças a nível da União Europeia, nas políticas governamentais e na aplicação pelas comunidades autónomas.

As três principais organizações agrícolas espanholas anunciaram esta terça-feira a adesão ao movimento de protesto dos agricultores europeus com uma série de mobilizações em todo o país durante as próximas semanas. “O setor agrícola na Europa e em Espanha enfrenta uma frustração e um mal-estar crescentes devido às condições difíceis e à burocracia sufocante gerada pela regulamentação europeia”, justificaram em comunicado, segundo a agência francesa AFP.

Os protestos foram convocados pela Associação Agrária Jovens Agricultores (Asaja), pela UPA – União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e pela Coordenadora de Organizações de Agricultores e Ganadeiros (COAG). Os primeiros atos de protesto terão lugar à escala regional nas “próximas semanas”, mas os organizadores não especificaram datas, segundo a agência espanhola EFE.

Entre os motivos, referiram a necessidade de mudanças a nível da União Europeia (UE), nas políticas governamentais e na aplicação pelas comunidades autónomas. Os representantes do setor vão pedir ao ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação, Luis Planas, “soluções imediatas” para resolver os problemas decorrentes da seca, da guerra na Ucrânia, da Política Agrícola Comum (PAC) e das questões laborais.

Em relação à UE, destacaram a “concorrência desleal” e a luta dos agricultores contra um mercado desregulado que importa de países terceiros “a preços baixos” e com regulamentos desiguais. Consideraram tratar-se de “uma contradição e hipocrisia” que põem em causa a viabilidade de milhares de explorações agrícolas.

Anunciaram que vão exigir a suspensão da ratificação dos acordos com o Mercosul e a Nova Zelândia, e das negociações com o Chile, o Quénia, o México, a Índia e a Austrália. Também vão exigir o aumento dos controlos das importações provenientes de Marrocos.

Vão igualmente protestar contra a atual PAC, cuja campanha começa na quinta-feira, 01 de fevereiro, que consideraram implicar uma burocracia insuportável e com custos ambientais. A nível nacional, vão exigir a alteração e o alargamento da lei sobre a cadeia agroalimentar para proibir práticas desleais, de modo a que os preços dos agricultores cubram os custos de produção.

Exigirão também que o Ministério da Agricultura crie um observatório das importações e que a batalha em Bruxelas seja reforçada para exigir reciprocidade para todos os produtos agrícolas e pecuários que entram no território da UE. Os agricultores vão também pedir às comunidades autónomas “reformas urgentes em termos de simplificação dos procedimentos burocráticos que asfixiam os profissionais da agricultura”.

O campo espanhol junta-se assim às ações conjuntas de agricultores de países como a França, a Itália, a Bélgica, a Alemanha, a Polónia e a Roménia. No âmbito do movimento, os agricultores franceses continuaram esta terça a bloquear vias estratégicas em torno de Paris e noutros pontos do país, aumentando a pressão sobre o Governo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

APA chumba renovação de declaração ambiental do aeroporto do Montijo. ANA vai contestar

Proposta de decisão da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) chumba revalidação da autorização ambiental para a construção do aeroporto no Montijo. A ANA discorda e vai contestar.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) rejeitou a renovação da Declaração de Impacte Ambiental do aeroporto do Montijo, depois de um parecer negativo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), avançou a SIC Notícias e confirmou o ECO. A concessionária vai contestar e considera que a decisão “pode prejudicar as opções disponíveis ao próximo Governo” para aumentar a capacidade aeroportuária na região de Lisboa.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, a agência considerou que “não estarem reunidas as condições necessárias à prorrogação da Declaração de Impacte Ambiental” do aeroporto do Montijo, acrescentando que “face ao sentido da decisão foi promovido um período de audiência prévia nos termos do Código do Procedimento Administrativo”.

A avaliação da APA ao novo aeroporto na Base Aérea n.º 6 foi emitida a 21 de janeiro de 2020, conforme consta do documento, e tinha de ser renovada este mês, por mais quatro anos, por parte desta entidade. Caso contrário, expirava e teria de ser realizada uma nova.

A ANA remeteu no ano passado um pedido à APA para a revalidação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA). A agência enviou para a concessionária uma proposta de decisão em que chumba o pedido de renovação, segundo confirmou ao ECO o CEO, Thierry Ligonnière, que diz ter ficado “surpreendido”. Segundo a SIC Notícias, o ICNF deu um pareceu negativo, sustentando que houve uma alteração das circunstâncias e do quadro ambiental.

Após a notificação, a ANA tem dez dias para se pronunciar e o responsável garante que a concessionária vai contestar. “Esta proposta constitui uma surpresa na medida em que se baseia no relatório intercalar da Comissão Técnica Independente (CTI), que foi objeto de fortes críticas durante a consulta pública”, assinala o CEO.

Por outro lado, a ANA “não partilha do entendimento da APA de que o referido relatório intercalar, eventuais alterações dos instrumentos de gestão territorial ou o possível aprofundamento por parte da APA sobre os sistemas ecológicos constituam uma alteração das circunstâncias que justifique esta proposta de decisão”.

A concessionária “lamenta ainda a diferença de critérios aplicada aos vários pedidos de renovação da DIA apresentados pela ANA nos últimos anos, concretamente para Alcochete”, e que “a proposta da APA pode vir a prejudicar as opções disponíveis ao próximo Governo para a implementação de uma solução rápida e eficaz para aumentar a capacidade aeroportuária na região de Lisboa“.

A CTI responsável pelo estudo divulgou o relatório preliminar no início do mês, apontando o Campo de Tiro de Alcochete como o que apresenta maiores vantagens. Considerou, por outro lado, o Montijo como uma solução inviável, por as restrições físicas ao aumento da capacidade não permitirem responder ao cenário de aumento da procura após 2050.

O Campo de Tiro também teve uma Declaração de Impacto Ambiental favorável, em 2010, mas que expirou em dezembro de 2020. A ANA pediu a renovação por duas vezes, até esgotar a possibilidade legal de o fazer. Caso a opção recaia em Alcochete, será necessário uma nova avaliação ambiental que dê luz verde ao projeto. A do Montijo demorou nove meses, depois de recolhida toda a documentação.

A ANA tem mostrado preferência pelo Montijo, argumentando com o facto de ser mais rápido de construir e não onerar os contribuintes. A concessionária apresentou em 2017 um projeto para o aeroporto complementar na Base Aérea n.º 6 e chegou mesmo a celebrar um acordo com o Governo em 2019 para a implementar.

Caso se confirme que a DIA não foi revalidada, o projeto da ANA perde uma das vantagens que tinha face a outras opções para a localização do novo aeroporto.

Notícia atualizada às 18h01 com o comunicado da APA

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Compra da Liberty vai aumentar em 250 milhões o lucro da Generali em 2029

  • ECO Seguros
  • 30 Janeiro 2024

O CEO Philippe Donnet falou durante o Investor Day da seguradora italiana sobre a integração da Liberty e de aproveitar a forte solvência para aumentar o apetite pelo risco.

A administração da seguradora italiana Generali revelou esta terça-feira durante o seu Investor Day, que vai propor aos acionistas a recompra de ações próprias no valor de 500 milhões de euros. Philippe Donnet realçou a aquisição da Liberty Seguros que vai expandir o negócio Não Vida em Espanha e Portugal, “aproveitando a forte complementaridade com a presença existente do Grupo na região, ao mesmo tempo que entra no lucrativo mercado irlandês”, indicou.

O CEO, Phillipe Donnet, anunciou aos investidores que vai propor a compra de 500 milhões de euros de ações próprias.

Este encontro visou, segundo informação da seguradora “atualizar a comunidade financeira sobre o progresso do plano estratégico “Lifetime Partner 24: Impulsionando o Crescimento”, confirmando que está no caminho certo para cumprir todas as principais metas financeiras”. Philippe Donnet salientou a recompra de ações “como resultado da nossa confiança na conclusão do nosso plano e na posição de liquidez e capital do Grupo que confirma o nosso foco na remuneração dos acionistas”.

No evento realizado em Milão, para além de Philippe Donnet, estiveram presentes o CEO de Seguros Giulio Terzariol, o diretor geral do Grupo Marco Sesana, o CEO da área International Jaime Anchustegui, o CEO de Asset & Wealth Management Carlo Trabattoni e o CFO Cristiano Borean.

As principais mensagens transmitidas foram:

  • Os negócios de Proteção, Saúde e Acidentes (“PH&A”) tornaram-se contribuintes significativos para a rentabilidade do Grupo, representando 22% dos prémios brutos emitidos em 2022. A Generali espera um crescimento contínuo dos negócios de PH&A, graças “à posição de liderança do Grupo nas linhas pessoais europeias, uma oferta de produtos extensa e renovada e sua rede de distribuição proprietária exclusiva”
  • A aquisição da Liberty Seguros, anunciada em junho de 2023, fortalece significativamente a posição de mercado do Grupo em Espanha e em Portugal, complementando as operações ibéricas existentes da Generali em termos de oferta de produtos e estratégia de distribuição. A aquisição também confere à Generali uma presença no lucrativo mercado irlandês Não Vida. A transação aumentará a rentabilidade e a competitividade e espera-se que a Liberty Seguros contribua, após o excesso de repatriamento de capital, com mais de 250 milhões de euros anuais para o Lucro Antes de Impostos do Grupo em 2029.
  • O acordo Conning, anunciado em julho de 2023, irá acelerar a implementação da visão do Grupo sobre Gestão de Ativos e permitirá ao Grupo entrar no mercado dos EUA. Segundo a seguradora, “a Conning tem um forte ajuste cultural graças a um DNA de seguros compartilhado e capacidades de investimento especializadas”. A parceria de longo prazo com a Cathay Life garante a estabilidade dos ativos em gestão da Conning e oferece oportunidades para expansão de negócios na Ásia. O Grupo espera obter sinergias anuais entre 70 e 80 milhões de euros com a transação no prazo de cinco anos.

As sensibilidades Solvência II do Grupo aos fatores de mercado reduziram significativamente, afirmam os dirigentes da companhia. Como resultado, a Estrutura de Apetência pelo Risco do Grupo foi revista, baixando o limite superior do intervalo alvo de 240% para 230%. O Grupo também beneficia da transição para as novas normas contabilísticas, com o negócio Vida a apresentar um crescimento constante e maior previsibilidade. O reforço tarifário e às medidas técnicas implementadas durante 2022 e 2023, que continuarão em 2024, permitem que o Rácio Combinado não descontado deverá permanecer abaixo de 96% em 2024.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.