A eDreams ODIGEO aumenta a rentabilidade em 28% e ultrapassa os 6,5 milhões de subscritores

  • Servimedia
  • 19 Novembro 2024

Resultados do primeiro semestre do exercício de 2025, terminado em 30 de setembro de 2024.

Conforme relatado pela empresa na terça-feira, as principais métricas da empresa como plataforma de assinatura (número de assinantes e lucratividade) registaram um crescimento sólido no primeiro semestre, com assinantes Prime e Ebitda Cash aumentando significativamente 28% para 6.5 milhões de assinantes e 81.1 milhões de euros, respetivamente.

A empresa indicou que, sendo um negócio baseado em subscrições, a rentabilidade é principalmente impulsionada pela crescente maturidade dos membros Prime. Os subscritores a partir do segundo ano contribuem com mais valor, uma vez que recorrem cada vez mais ao Prime como solução para todas as suas necessidades de viagem.

A eDreams ODIGEO afirmou que está no bom caminho para cumprir os objetivos que impôs a si própria em novembro de 2021, com 3,5 anos de antecedência, até março de 2025. Até ao final do atual exercício, a empresa espera atingir 7,25 milhões de assinantes Prime e um Ebitda Cash de 180 milhões de euros ou mais.

Os subscritores Prime cresceram 28% em termos anuais para 6,5 milhões. As adições no segundo trimestre atingiram as expectativas em 303.000. O crescimento da rentabilidade foi particularmente forte no negócio Prime, com um aumento de 53%, impulsionado por uma base de custos fixos estável e pelo crescimento do negócio. O lucro marginal atingiu 130,8 milhões de euros, um aumento global de 20% e de 45% apenas no Prime, que representa atualmente 87% do lucro marginal.

Em termos globais, as receitas atingiram 361,2 milhões de euros no primeiro semestre, mais 2%, dos quais 69% provêm agora do negócio Prime, confirmando a transição efetiva da empresa para um modelo de subscrição, refere a empresa, destacando também a “maior flexibilidade financeira” graças a um cash flow que continuou a registar avanços significativos, que atingiu 41,7 milhões de euros, mais 61%, representando uma melhoria homóloga de 15,8 milhões de euros.

Além disso, a empresa assinalou que concluiu “com êxito” a recompra de ações suficientes para financiar as entregas no âmbito do plano de incentivos a longo prazo até 2027. Além disso, o Conselho de Administração aprovou um novo programa de recompra diária de 50 milhões de euros, com 3,4 milhões de ações para financiar as entregas ao abrigo do plano de incentivos a longo prazo no exercício de 2028 e o restante a ser resgatado.

Dana Dunne, CEO da eDreams ODIGEO, afirmou: “Os nossos resultados e desempenho não deixam dúvidas: a nossa estratégia está a impulsionar o crescimento e a criar valor duradouro para os nossos clientes, acionistas e para a empresa no seu todo. Estamos a cumprir as nossas promessas, alcançando um crescimento constante em termos de rentabilidade e margens, assinantes, satisfação dos clientes e solidez financeira, e reforçando o nosso negócio todos os dias.

“Continuamos a fazer a diferença com a nossa execução”, acrescentou, ”impulsionada por uma plataforma de subscrição escalável e orientada para a inteligência artificial que beneficia de receitas previsíveis e recorrentes e de relações de longo prazo com os clientes, posicionando-nos como uma referência num setor que, para todos os outros concorrentes, é transacional. Com as nossas realizações consistentes, orgulhamo-nos de ver que os nossos ambiciosos objetivos a longo prazo para 2025 estão ao nosso alcance. Estamos entusiasmados com as oportunidades de crescimento significativas para além de 2025 e com o grande futuro da eDO como a principal plataforma de subscrição de viagens do mundo.

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Konecta nega que vá descontar nos seus salários as faltas dos seus trabalhadores devido à DANA de Málaga

  • Servimedia
  • 19 Novembro 2024

A multinacional espanhola Konecta desmente as notícias publicadas nas últimas horas, segundo as quais iria descontar as faltas dos trabalhadores nos seus ordenados, em consequência da DANA.

A empresa desmente categoricamente e garante no seu comunicado que “na Konecta, a nossa prioridade sempre foi a proteção e o bem-estar dos nossos trabalhadores”. Em relação à informação publicada sobre alegadas deduções na folha de pagamentos devido à DANA, indica que não foram nem serão efetuadas quaisquer deduções na folha de pagamentos para o dia correspondente ao aviso de alerta vermelho.

Salienta ainda que, desde o início, a empresa tomou as medidas necessárias para garantir a segurança de todos os colaboradores nas zonas afetadas e acrescenta que, para as campanhas que o permitiram, o teletrabalho foi ativado como solução imediata.

Além disso, diz no comunicado, para aqueles que não puderam comparecer aos seus postos de trabalho ou realizar o seu trabalho à distância, foi comunicado que as suas ausências seriam plenamente justificadas, garantindo que não haveria repercussões económicas.

Segundo a Konecta, estas decisões estão em conformidade com as práticas do setor, tal como foi recentemente discutido numa reunião com responsáveis de RH de várias empresas. “Reiteramos o nosso compromisso com a segurança e o respeito pelas nossas equipas, trabalhando sempre de forma transparente e de acordo com as melhores práticas do setor. Agradecemos a todos os nossos trabalhadores e representantes sindicais pela sua cooperação nestes tempos difíceis”, conclui.

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Ordem dos Advogados vai comprar imóvel de 3,4 milhões sem recorrer a empréstimo bancário

Feitas as contas, o valor para esse investimento na aquisição de um novo imóvel será de 3,1 milhões para a compra em si e 300 mil euros para as obras de adaptação do novo espaço.

A Ordem dos Advogados (OA) – liderado pela bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro – mantém a intenção de investir na compra de um imóvel para novas instalações, e que “deverá ser financiado na sua totalidade por saldos próprios do Conselho Geral, ao contrário do que foi apresentado no orçamento anterior, em que parcialmente se recorria a financiamento bancário”. O aviso consta das propostas de Plano de Atividades e Orçamento do Conselho Geral para o ano de 2025, divulgado no site da instituição. Questionada pelo ECO as razões da mudança da forma de financiamento, a bastonária apenas respondeu que “tal como está referido no Orçamento, não haverá recurso a financiamento bancário”.

“Por uma questão de prudência, visto não existir data de concretização de aquisição de instalações complementares, mantém-se igualmente neste orçamento a necessidade de aquisição de um imóvel que satisfaça as prementes necessidades da Ordem dos Advogados”, pode ler-se no documento. Esta referência está incluída no capítulo das “despesas de investimento” que incluem a “aquisição de hardware, equipamento eletrónico, software, outro tipo de equipamento ou obras de benfeitoria ou construção” (ver quadro abaixo).

“Estas despesas decorrem da necessidade de melhorar o cumprimento pela Ordem dos Advogados das suas obrigações legais, nomeadamente, no que respeita à qualidade da informação prestada ao Estado, nas diversas vertentes em que a mesma é efetuada, bem como melhorar qualidade dos serviços que a Ordem dos Advogados presta aos seus associados, através da substituição de soluções informáticas que estão na base do funcionamento dos serviços ou que constituem a fonte de informação dos Advogados, já obsoletas e incapazes de proporcionar um tratamento da informação com a qualidade, celeridade e rigor que se impõem, por novas aplicações, desenvolvidas à medida das necessidades da Ordem dos Advogados”, explica a OA.

Quais as razões invocadas para este investimento?

  • A necessidade “desde há muito identificada de disponibilização de instalações complementares às já existentes para acomodar o bom funcionamento dos órgãos e respetivos serviços de âmbito nacional da Ordem dos Advogados, bem como dos novos órgãos – o Conselho de Supervisão e o Provedor dos Destinatários dos Serviços, com a alteração do Estatuto da Ordem dos Advogados”;
  • As atuais instalações afetas aos órgãos de âmbito nacional da Ordem dos Advogados e respetivos serviços – prédio sito no Largo de S. Domingos e prédio sito nas Escadinhas da Barroca são arrendadas e são propriedade da CPAS – Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores;
  • A Direcção da CPAS – Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores no decorrer do ano de 2023 informou o Conselho Geral da sua intenção de não renovar o contrato de arrendamento do prédio denominado as “Escadinhas da Barroca”, o que colocou a Ordem dos Advogados na iminência de ficar despojada dessas instalações num prazo de 60 dias, que é o prazo de não renovação previsto no contrato de arrendamento existente, sendo que o mesmo tem renovação anual. O objetivo do senhorio era, naturalmente, aumentar a renda num valor bem acima do coeficiente legal permitido, ou seja, propôs um aumento de 20% na renda, o que veio a ser concretizado através de correio eletrónico que deu entrada neste Conselho em setembro de 2023;
  • Mais recentemente, foi comunicado ao Conselho Geral, por parte da Direcção da CPAS, que teria de devolver o espaço localizado no 3º andar do prédio sito no Largo de São de Domingos n.º 14, cedido há quase 20 anos pela CPAS à Ordem dos Advogados (contrato de comodato). Espaço esse essencial para a atividade desta Ordem, especialmente considerando que, face às recentes alterações legislativas, irão ser eleitos novos Órgãos – o Conselho de Supervisão e o Provedor dos Destinatários do Serviços e os respetivos serviços administrativos que os terão de assessorar;
  • As atuais instalações, são, assim, “manifestamente insuficientes para as necessidades e serviços do Conselho Geral, das Comissões e Institutos, do Conselho Superior, do Conselho de Supervisão, que ainda não tomou posse, do Conselho Fiscal, e do Provedor dos Destinatários dos Serviços a designar, onde exercem as suas funções estatutárias e regimentais e onde trabalham mais de 60 (sessenta) funcionários da instituição”;
  • O atual Conselho Geral entendeu, “por tudo isso, manter a intenção de investir na aquisição de um imóvel que servirá como instalação complementar do atual edifício, que deverá ser financiado na sua totalidade por saldos próprios do CG, ao contrário do que foi apresentado no orçamento anterior, em que parcialmente se recorria a financiamento bancário”.
Sede da Ordem dos Advogados.Hugo Amaral/ECO

Em janeiro, a bastonária da Ordem dos Advogados (OA) – e o seu Conselho Geral – anunciaram a compra de um edifício na Av. Gago Coutinho, em Lisboa, para acomodar alguns serviços da OA.

Para isso, o Orçamento para 2024 estimava que, com esta aquisição, se gastasse 3,4 milhões de euros. Feitas as contas, o valor para esse investimento na aquisição de um novo imóvel seria de 3,1 milhões para a compra em si e 300 mil euros para as obras de adaptação do novo espaço.

Uma despesa não foi bem vista com bons olhos pelo Conselho Fiscal da OA. No parecer desta proposta, o presidente Pedro Madeira de Brito, explicava que “o Conselho Fiscal manifesta alguma preocupação com o facto do saldo orçamental global ser negativo e estar-se a consumir as reservas de tesouraria acumuladas e bem assim, com a assunção de encargos futuros com a contratualização de financiamento bancário, para além de não ter sido efetuada uma demonstração de custo benefício da opção tomada e do seu efeito no médio prazo”. Compete ao CF acompanhar e controlar a gestão financeira da Ordem dos Advogados bem como dar pareceres, fiscalizar e pronunciar-se sobre assuntos a nível orçamental, contabilístico, financeiro e fiscal.

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Governo quer limitar férias e afinar pré-avisos de greve da Função Pública

Proposta do PSD e CDS no OE2025 visa impedir que funcionários gozem dias de pausa ao mesmo tempo e deverá obrigar os sindicatos a detalhar os serviços mínimos em áreas essenciais como a saúde.

O Governo quer impedir que todos os funcionários públicos de um determinado serviço gozem férias na mesma altura e pretende mudar as regras dos pré-avisos de greve que afetem necessidades essenciais, como a saúde, devendo obrigar os sindicatos da Função Pública a detalhar o número de trabalhadores para os serviços mínimos. A mudança consta de uma proposta de alteração do PSD e CDS ao Orçamento de Estado para 2025 (OE2025) que visa clarificar o âmbito do pedido de autorização legislativa, com validade de um ano, que o Governo inscreveu na proposta orçamental. Esta iniciativa estende-se também às baixas médicas dos funcionários inscritos na Caixa Geral de Aposentações (CGA) e às regras de mobilidade dos trabalhadores do Estado.

A proposta tenta esclarecer as pretensões do Executivo, mas ainda suscita várias dúvidas e não estará fechada, uma vez que as negociações sobre estas matérias com as três federações sindicais (Fesap, Frente Comum e STE) arrancam esta terça-feira de manhã, no Ministério das Finanças, com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido.

Depois de várias críticas dos sindicatos, mas também da oposição, designadamente do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP, à omissão, no pedido de autorização legislativa, do sentido e extensão das mudanças em seis matérias da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acabou por anunciar que já tinha solicitado “aos grupos parlamentares que suportam o Governo uma proposta de alteração para tornar mais explícito aquilo que o Governo pretende ter como autorização legislativa”, sinalizou aos deputados na passada sexta-feira, no Parlamento, no âmbito da apreciação na especialidade do OE2025. O diploma dos partidos da Aliança Democrática (PSD e CDS) deu entrada no site da Assembleia da República ainda na noite da passada sexta-feira.

Na audição parlamentar, Miranda Sarmento tentou tranquilizar a líder do BE, Mariana Mortágua, sobre o que a deputada classificou de “mistérios que pairam” no OE, mas em vão. “Precisamos de fazer pequenos acertos na lei relativamente à entrega de atestados médicos, à comunicação de greves, à dispensa de acordo do serviço de origem para a mobilidade e todos eles serão benéficos para os trabalhadores da Administração Pública“, assegurou o ministro das Finanças.

A garantia dada pelo responsável parece não convencer os sindicatos. Analisando a proposta de PSD e CDS que já indica o sentido e a extensão das alterações à lei, o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), José Abraão, conclui que “o diploma ainda levanta muitas dúvidas”, alertando que, “quanto mais se regulamenta, mais se condicionam direitos”.

Entre as seis matérias em causa, algumas são apenas clarificações, mas outras deixam pontas soltas na forma como foram expostas no articulado do diploma de PSD e CDS. Por exemplo, relativamente às férias, o objetivo é dividir ou ratear os trabalhadores por períodos diferentes para evitar o gozo de pausas na mesma altura. Na proposta da alteração lê-se que, o Governo fica autorizado a “aumentar o período de incidência para rateamento, como previsto no nº 6 do artigo 241º do Código do Trabalho, aplicável por remissão do artigo 126º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas“.

Ou seja, o Governo pretende remeter o diploma que regula a Função Pública para a norma que consta da lei laboral e que impede que todos os trabalhadores tirem férias ao mesmo tempo, de modo a que o serviço não encerre ou fique com escassez de recursos humanos para desenvolver a atividade. O Código do Trabalho estabelece que, “na marcação das férias, os períodos mais pretendidos devem ser rateados, sempre que possível, beneficiando alternadamente os trabalhadores em função dos períodos gozados nos dois anos anteriores”. Com esta medida, o Executivo poderá querer evitar o caos que se costuma verificar nas férias do verão com as urgências fechadas.

No entanto, para o líder da Fesap, “esta é uma não questão, uma vez que os dirigentes máximos dos serviços já fazem a gestão de modo a que o período de férias não seja coincidente, dividindo-o entre os vários trabalhadores”. No entanto, a Lei de Trabalho em Funções Públicas não tem, de facto, a mesma regra do Código do Trabalho.

A proposta de lei visa ainda “aumentar o período de incidência para rateamento”, o que “pode significar um alargamento do prazo para ajustes nos mapas de férias que têm de ficar fechados a 15 de abril“, indica José Abraão. “São matérias que pretendemos ver esclarecidas assim como se o Governo está disposto a repor os três dias de férias que foram retirados durante o período da troika“, sublinha.

Em lado algum está escrito que se pretende restabelecer os três dias extra de férias por idade, e que permitia o gozo de 25 dias até aos 39 anos, de 26 dias até aos 49 anos, de 27 aos 59 anos e de 28 dias a partir dos 59 anos de idade. Do mesmo modo, não há referência alguma à retirada dos dias extra que se ganham por cada dez anos de serviço, além dos 22 dias normais, como temiam as estruturas sindicais.

No que diz respeito aos pré-avisos de greve dos sindicatos, “as dúvidas também são muitas”, alerta o líder da Fesap. A proposta de PSD e CDS determina que o Governo fica autorizado a exigir “a comunicação por escrito”, o que já decorre da lei, e acrescentou este ponto: “preferencialmente por meios eletrónicos”, isto é, por email. Esta matéria é pacífica para as estruturas sindicais. Já as condicionantes aos pré-avisos é vista com prudência.

O diploma prevê “a necessidade do conhecimento tempestivo da comunicação dos avisos prévios de greve que envolvam necessidades sociais impreteríveis é essencial para a promoção dos mecanismos legalmente previstos com vista à definição de serviços mínimos e meios necessários para os assegurar durante a greve”.

A Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas estabelece que o prazo mínimo para a comunicação do pré-aviso é de cinco dias. No entanto, “no caso de órgãos ou serviços que se destinem à satisfação de necessidades sociais impreteríveis”, como saúde ou transportes, “o prazo é de dez dias úteis”. Com a formulação dada pelo diploma dos partidos da Aliança Democrática (AD), o “Governo poderá querer que os sindicatos detalhem logo no pré-aviso o número exato de trabalhadores afetos aos serviços mínimos”, segundo José Abraão.

O dirigente sindical explica que, até agora, “o pré-aviso basta referir que o sindicato assegura os serviços mínimos, não sendo necessário indicar o número de trabalhadores”. “Só depois é que a DGERT (Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho) solicita essa informação ao sindicato. Se não houver acordo por parte do serviço em causa, a proposta de serviços mínimos é definida em tribunal arbitral”, salienta.

O Executivo poderá querer evitar a tragédia que aconteceu na sequência da greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM e que terá provocado 11 mortes. No entanto, a proposta de OE entrou muito antes dessa paralisação, ainda que a clarificação do pedido de autorização legislativa por via de um diploma de PSD e CDS só foi entregue no Parlamento a 15 de novembro, já depois da greve às horas extraordinárias, que terminou no dia 7.

Baixa para doentes oncológicos e cardíacos alargada para 90 dias

Noutro conjunto de matérias, a proposta de alteração da AD visa apenas simplificar procedimentos e até melhorar alguns direitos dos trabalhadores, com é o caso das baixas médicas que serão alargadas. Neste momento, os funcionários públicos inscritos na Caixa Geral de Aposentações (CGA) com doenças como cancro, tuberculose ou doença cardíaca, só podem gozar de baixas de até 30 dias. Enquanto o limite da certificação da incapacidade temporária para os trabalhadores do Estado que descontam para a Segurança Social é de 90 dias.

O Governo pretende equiparar os dois regimes, aumentando o limite da validade das baixas médica de 30 para 90 dias dos funcionários inscritos na CGA, no caso de patologias mais graves e/ou prolongadas (cancro, doença cardíaca, AVC, tuberculose) tal como já acontece para os trabalhadores que contribuem para Segurança Social.

A proposta quer ainda alargar aos serviços de urgência dos hospitais, aos setores privado e social a emissão de baixas médicas para os funcionários públicos inscritos na CGA tal como já acontece no regime da Segurança Social. “Alargamento dos serviços competentes para a emissão dos certificados de incapacidade temporária para o trabalho, por motivo de doença, dos trabalhadores integrados no regime de proteção social convergente, em termos idênticos ao estabelecido para os trabalhadores integrados no regime geral da Segurança Social”, lê-se no mesmo diploma.

No caso da mobilidade dos trabalhadores do Estado para outra categoria ou carreira, a proposta pretende reforçar “as garantias processuais quanto à falta de decisão do dirigente máximo do serviço de origem, afigurando-se que o prazo de seis meses é razoável para que o serviço de origem prepare a saída do trabalhador”.

A Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas já estabelece que “é dispensado o acordo do órgão ou serviço de origem do trabalhador, para efeitos de mobilidade, quando tiverem decorrido seis meses sobre recusa de acordo do órgão ou serviço de origem, numa situação de mobilidade relativa ao mesmo trabalhador, ainda que para outro serviço de destino”. E lembra que “o prazo regra” é “de dez dias úteis previstos no Código do Procedimento Administrativo”. Contudo, “na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, o legislador não definiu qualquer prazo para o serviço de origem se pronunciar sobre os pedidos de mobilidade que lhe sejam dirigidos”, escrevem os deputados da AD.

A Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas já estabelece que “é dispensado o acordo do órgão ou serviço de origem do trabalhador, para efeitos de mobilidade, quando tiverem decorrido seis meses sobre recusa de acordo do órgão ou serviço de origem, numa situação de mobilidade relativa ao mesmo trabalhador, ainda que para outro serviço de destino”. E lembra que “o prazo regra” é “de dez dias úteis previstos no Código do Procedimento Administrativo”. Contudo, “na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, o legislador não definiu qualquer prazo para o serviço de origem se pronunciar sobre os pedidos de mobilidade que lhe sejam dirigidos”, escrevem os deputados da AD.

Para o líder do Fesap, “o Governo deverá querer forçar o dirigente de origem a tomar uma decisão no prazo máximo de seis meses, uma vez que, neste momento, não há essa obrigatoriedade”. “E muitos serviços deixam passar esse prazo e não se pronunciam”, salienta.

No que diz respeito à remuneração que será auferida pelo trabalhador que integre outro serviço em mobilidade, a proposta defende “a publicitação da oferta de mobilidade da possibilidade de remuneração pela posição remuneratória imediatamente seguinte àquela em que um trabalhador se encontre”. O dirigente sindical esclarece que “apenas nas ofertas de recrutamento, publicadas na Bolsa de Emprego Público, são indicados os salários que serão auferidas pelos trabalhadores”.

O diploma pretende ainda harmonizar as “normas aplicáveis ao posicionamento remuneratório nas situações de mobilidade, com vista à eliminação de problemas relacionados com a colocação de trabalhadores entre posições remuneratórias”.

Por fim, a proposta de autorização clarifica que os descontos para a Caixa Geral de Aposentações (CGA) incidem sobre a remuneração bruta do trabalhador, tal como definido pelo Estatuto da Aposentação. Deixa, por isso, de fazer sentido que, na Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas, se mantenha a possibilidade de o trabalhador optar “pela manutenção do regime de proteção social de origem, incidindo os descontos sobre o montante da remuneração que lhe competiria na categoria de origem”, como se lê na alínea b do número 3º do artigo 242º do diploma que regula o trabalho em funções públicas.

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OSUR assinala que a gestão pública da Taigua em Terrassa aumenta as tarifas e reduz o investimento na rede de água

  • Servimedia
  • 19 Novembro 2024

Indica que as tarifas aumentaram 42% em cinco anos, enquanto o investimento em infra-estruturas diminuiu menos de metade em comparação com a gestão anterior.

O Observatório dos Serviços Urbanos (OSUR), que avalia a qualidade dos serviços públicos municipais, efetuou um estudo sobre a gestão da empresa pública Taigua, responsável pelo abastecimento de água em Terrassa desde 2018, e salienta que a sua gestão em Terrassa aumenta as tarifas e reduz o investimento na rede de água.

O relatório refere que a Câmara Municipal de Terrassa substituiu a empresa privada Mina Pública d’Aigües de Terrassa, que operava no município desde o século XIX, pela empresa pública Taigua. O relatório refere que, desde a mudança do modelo de gestão, há cinco anos, as tarifas da água aumentaram 42%, “quase o dobro do aumento registado noutras cidades de dimensão semelhante, públicas ou público-privadas, que situam o aumento médio em 21%. Este aumento foi justificado como necessário para equilibrar as contas de Taigua. No entanto, os dados do relatório revelam que o aumento das tarifas não foi acompanhado por uma melhoria da qualidade do serviço e da eficiência do sistema”.

Segundo o OSUR, verifica-se uma diminuição da eficiência hidráulica da Taigua, “que passou de 80% no tempo da Mina para 78% atualmente”. Isto significa que, para cobrir a mesma procura de água, a Taigua tem de comprar mais 2,6% do que anteriormente, devido ao aumento das perdas na rede de abastecimento, o que aponta para uma falta de manutenção das infra-estruturas. Acrescenta ainda que “a falta de investimentos adequados na rede está a provocar uma deterioração progressiva das instalações, o que pode resultar em custos de reparação mais elevados e em perda de eficiência a médio e longo prazo”.

Em termos económicos, o OSUR refere um aumento de 56% nos custos com pessoal desde a municipalização, devido a um aumento de 30% do pessoal, “sem que isso se tenha traduzido num maior número de serviços diretos”. Ao mesmo tempo, o investimento na manutenção e renovação das infra-estruturas diminuiu 31,6%, acrescenta, o que poderá estar relacionado com a deterioração da eficiência da rede e da qualidade do serviço, segundo o OSUR.

Diz que os investimentos executados pelo operador entre 2019 e 2023 foram de 14,16 milhões de euros, “valor que contrasta significativamente com os 20,06 milhões de euros que o anterior gestor do serviço investiu nos seus últimos cinco anos de contrato (2012-2016)”. De notar que a quase totalidade do investimento da Mina foi para melhorias na rede, enquanto a Taigua gastou cerca de 60%.

A OSUR sublinha que a decisão de assumir diretamente a gestão da água em Terrassa foi tomada com base na premissa de que, enquanto empresa pública, os custos seriam reduzidos através da eliminação da rubrica destinada aos lucros das empresas e da redução do imposto sobre as sociedades. No entanto, a OSUR afirma que o estudo revela que a rubrica de lucros foi absorvida por outras rubricas de custos, incluindo “custos indiretos”, e que os benefícios fiscais e a atribuição gratuita de instalações de rede não compensaram os desequilíbrios de gestão, levando a aumentos drásticos das tarifas para evitar perdas.

Segundo a OSUR, “a experiência da Taigua em Terrassa reflete os desafios associados à gestão direta de um serviço tão complexo como o abastecimento de água, em que a municipalização deve basear-se em critérios de viabilidade e eficiência. No caso de Terrassa, os aumentos tarifários e a redução da eficiência hidráulica indicam que a decisão envolveu custos económicos e técnicos elevados, que foram transferidos para os utilizadores. A falta de manutenção adequada e o aumento dos custos de exploração prejudicaram os benefícios fiscais da gestão direta, sugerindo a necessidade de uma análise mais aprofundada em futuros processos de remunicipalização. A gestão de serviços urbanos complexos exige uma abordagem que garanta não só a sustentabilidade financeira, mas também a qualidade e a eficiência do serviço em benefício dos cidadãos.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 19 Novembro 2024

Reunião do G20 e indicadores económicos marcam a agenda internacional. Por cá, Governo reúne-se com sindicatos e Mário Centeno preside a última assembleia geral do BdP enquanto governador.

Lá fora, o dia fica marcado pela divulgação de indicadores a nível europeu e pelo último dia da reunião do G20, no Brasil. Por cá, sindicatos da Função Pública e Governo reúnem-se para discutir dois pedidos de autorização legislativa apresentados pelo Governo e Mário Centeno preside à última assembleia geral do BdP do primeiro mandato como governador.

Inflação da Zona Euro

Depois de uma primeira estimativa, divulgada no final do mês passado, o gabinete de estatísticas europeu, Eurostat, divulga esta terça-feira os dados finais relativos à inflação em outubro. O índice de preços terá voltado a acelerar para os 2%. Além dos dados da inflação, o Eurostat dará nota da balança de pagamentos, referente ao mês de setembro, e ainda as vagas de emprego, custo do trabalho e acidentes de trabalho.

Sindicatos da Função Pública reúne-se com Governo

As principais estruturas sindicais da Função Pública vão reunir-se com a secretária de Estado da Administração Pública no Ministério das Finanças para discutir dois pedidos de autorização legislativa apresentados pelo Governo com o objetivo de mudar o regime de férias, baixas médicas, direito à greve e sistema de avaliação da Função Pública (SIADAP), no Orçamento do Estado para 2025. BE, PCP e Livre já apresentam propostas de alteração para eliminar essas normas.

Última reunião de Centeno no BdP

Os mais de 1.700 trabalhadores do Banco de Portugal (BdP) foram chamados, esta terça-feira, para a reunião geral anual e, desta vez, os serviços de atendimento presencial do Banco de Portugal, como as tesourarias, não estarão operacionais. O momento marca a última reunião do primeiro mandato de Mário Centeno enquanto governador do BdP.

Termina cimeira do G20

O dia marca o fim da cimeira dos líderes das 20 principais economias do mundo, que estão reunidos no Brasil. Em cima da mesa esteve o debate de várias propostas, entre elas um pacto contra a pobreza e a fome e ainda a criação de um imposto universal contra os super-ricos. Portugal participou pela primeira vez como convidado, juntamente com Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização, assim como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Primeiro fórum do poder local no CCB

Esta terça-feira, o ECO organiza no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o primeiro fórum dedicado ao poder local. O evento vai reunir 14 autarcas, a academia, empresas e entidades relevantes para a organização do país que irão debater os temas mais prementes da atualidade, nomeadamente, a retenção e atração de talento, smart cities, marketing territorial e a dinamização da atividade empresarial. Poderá acompanhar o evento em transmissão em direto no site do ECO.

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Mota-Engil sobe lucros em 51% até setembro com carteira de encomendas recorde

A Mota-Engil revelou que o resultado líquido até setembro cresceu para 77 milhões de euros, com o volume de negócios a aumentar 3% e o mercado da América Latina a impulsionar engenharia e construção.

A Mota-Engil EGL 0,71% obteve lucros de 77 milhões de euros nos nove meses até setembro, resultado 51% superior ao obtido no mesmo período de 2023, revelou a empresa esta terça-feira num trading update aos mercados, destacando um novo recorde na sua carteira de encomendas.

Nestes nove meses, a construtora melhorou o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) em quase 11%, para 609 milhões de euros. O volume de negócios foi 3% superior face ao ano passado, na ordem dos 4.146 milhões de euros, indica a empresa num documento enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A engenharia e construção (E&C), o principal negócio da Mota-Engil, aumentou o volume de negócios em 4% face ao período homólogo, para 3.675 milhões de euros. Este segmento foi “influenciado principalmente pela performance da América Latina, enquanto a Europa foi impactada pela redução da atividade na Polónia (ainda consolidada em setembro de 2024) e por África, devido à fase inicial de execução de grandes projetos que tiveram início no primeiro semestre e que terão maior contribuição nos últimos meses do ano”, detalha a empresa liderada por Carlos Mota Santos.

A carteira de encomendas do grupo voltou a bater um recorde, de 14,8 mil milhões de euros, “impulsionada pela adjudicação de projetos de grande dimensão nos mercados principais”, explica a Mota-Engil. México, Angola e Nigéria representam 78% desta carteira.

Este valor ainda não inclui os contratos de engenharia industrial na Costa do Marfim, Mali e Etiópia, assinados com a Allied Gold, nem o contrato para o primeiro troço do comboio de alta velocidade Porto-Oiã em Portugal, salienta a Mota-Engil na apresentação aos investidores. A empresa líder do consórcio Lusolav, ao qual foi adjudicada a obra em Portugal, numa empreitada que ultrapassa os 1.600 milhões de euros, indica no documento que a “entrega da proposta” está “agendada para janeiro de 2025”.

Deste modo, segundo a Mota-Engil, com vários projetos na calha, “a carteira de encomendas suporta uma perspetiva positiva para a evolução futura da atividade e da rendibilidade”. O rácio de encomendas na E&C face ao volume de negócios está num valor “confortável de 2,8 anos”, diz a empresa.

Desta feita, com a carteira de encomendas a suportar 82% da meta de volume de negócios de 2026 — isto é, 6.000 milhões de euros de volume de negócios em 2026, de acordo com o plano estratégico da Mota-Engil –, a empresa diz estar no “bom caminho” para alcançar esse objetivo, prevendo uma melhoria gradual da margem EBITDA e “atividade robusta com foco na rendibilidade”.

O grupo também refere na apresentação desta terça-feira que o rácio dívida líquida/EBITDA é inferior a 2x, “em linha com os objetivos estratégicos”.

Na segunda-feira, a Mota-Engil revelou ainda ter vendido a participação de 28,73% na concessionária mexicana que explora uma autoestrada entre as cidades de Cardel e Poza Rica, por 66 milhões de euros.

Em setembro deste ano, a Mota-Engil reapareceu no radar dos short sellers, com um fundo da Muddy Waters a abrir uma posição a descoberto sobre 0,65% do capital da empresa.

Evolução das ações da Mota-Engil em Lisboa

(Notícia atualizada pela última vez às 7h48)

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Prémio salarial de licenciados cai, mas do mestrado sobe. Tecnologias têm o mais elevado

Estudo aponta para redução do prémio salarial associado ao ensino secundário e licenciatura. Ramos de atividade escondem diferenças, com conhecimento e tecnologia a gerar os mais elevados.

O prémio salarial, ou a diferença de remunerações entre os trabalhadores da mesma idade e do mesmo sexo, mas com níveis de ensino distinto, tem vindo a reduzir-se há duas décadas para quem tem o ensino secundário e a licenciatura, conclui um estudo do Centro de Planeamento e Avaliação de Políticas Públicas (PLANAPP), divulgado esta terça-feira. Por outro lado, o prémio salarial tem vindo a aumentar para os mestrados.

As qualificações dos trabalhadores em Portugal melhoraram substancialmente entre 1991 e 2021, o que influencia este quadro. Em três décadas, a proporção de trabalhadores com ensino básico reduziu-se em quase metade, enquanto a proporção de trabalhadores com ensino superior foi multiplicada por 10, recorda o estudo.

Assim, apesar de existir uma associação positiva entre o nível de educação e os salários auferidos, regista-se “uma redução dos prémios salariais médios associados ao ensino secundário e à licenciatura, ainda que, mais recentemente, aquele comportamento tenha sido acompanhado pelo aumento dos prémios associados ao ensino pós-secundário não superior e ao mestrado“.

O estudo conclui, assim, que o prémio salarial dos trabalhadores com o secundário e com a licenciatura já atingiu o seu pico em 2006 e em 1996, respetivamente. Desde então, o prémio “tem vindo a reduzir-se progressivamente, chegando, em 2021, a perto de 42%”.

Segundo a análise, “os prémios do mestrado (e, ainda que de modo menos robusto, do doutoramento) têm aumentado“, ao mesmo tempo que “a tendência de subida do prémio salarial no ensino pós-secundário não superior (versus o secundário) no período em análise, ainda que somente impulsionado pelo prémio médio dos homens”.

Deste modo, os trabalhadores que ganharam prémios mais baixos aumentaram o seu peso relativo no conjunto de trabalhadores com o mesmo nível de ensino, embora os prémios mais altos não tenham desaparecido. “Como consequência, estes níveis de ensino tornaram-se mais desiguais em termos do prémio salarial que lhes está associado”, refere. Já no universo dos trabalhadores com ensino pós-secundário não superior e os com mestrado tornaram-se mais igualitários.

“Merece, em qualquer caso, destaque o facto de que, entre trabalhadores licenciados, a distribuição de prémios foi sempre, no período de 2010 a 2021, notoriamente menos desigual que as distribuições de prémios para os trabalhadores de ensino secundário, do ensino pós-secundário não superior e do mestrado“, pode ler-se.

Prémios salariais mais elevadas nas tecnologias

As áreas da tecnologia e conhecimento estão associadas a prémios salariais mais elevados, enquanto diferentes ramos dos serviços e indústria apresentam disparidades significativas, de acordo com o estudo.

O ramo de atividade da eletricidade, gás e água é o que se destaca por apresentara mediana de prémios salariais de mestrado mais elevada, enquanto a indústria da fabricação de coque e produtos petrolíferos apresenta a mediana de prémios de licenciatura mais alta“, indica.

Os autores destacam também os ramos das telecomunicações, dos transportes aéreos e das atividades de serviços financeiros. Por outro lado, a restauração tem a mediana de prémios de mestrado mais baixa, enquanto as atividades de investigação e segurança de prémios de licenciaturas mais reduzida.

O estudo sugere ainda que “a capacidade do tecido produtivo em Portugal absorver trabalhadores com qualificações superiores acompanhado de uma dinâmica sustentada de valorização salarial ocorre predominantemente ao nível do mestrado“.

Focado nas áreas de estudo, “as tecnologias da informação e comunicação, ciências exatas e da saúde, e engenharia tendem a ter prémios salariais mais elevados, apresentando, inclusive dinâmicas de valorização em termos relativos“. Destacam ainda uma “redução acentuada” da posição relativa das áreas de estudos associadas à educação nos prémios salariais para mestrados.

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IGCP vai ter novo presidente. Pedro Cabeços, um “pragmático” que percebe “muito de dívida pública”

O profissional regressa a Portugal -- e ao IGCP -- após vinte anos a trabalhar em grandes bancos no estrangeiro. Uma experiência que "pode ajudar o Estado" na gestão da dívida nacional.

Vinte anos depois de ter saído da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, para abraçar uma carreira internacional, Pedro Cabeços regressa para assumir a liderança do instituto que gere a dívida pública portuguesa. “Pragmático”, “entusiasta” e de trato “muito fácil”, o gestor que conta com uma longa carreira no exterior, é o nome escolhido pelo ministro das Finanças Joaquim Miranda Sarmento para suceder a Miguel Martín, após o término do seu mandato, segundo avançou o ECO esta segunda-feira.

Gosto muito dele. Percebe muito de mercado de dívida pública. É uma ótima escolha [para liderar o IGCP]”, adianta ao ECO João Moreira Rato, antigo presidente do IGCP, entre 2012 e 2014, e Senior Advisor da Morgan Stanley, onde Pedro Cabeço trabalhou entre 2009 e 2016, como diretor, enquanto responsável pela área de negócio de ‘flow’ de taxa de juro com responsabilidade pela Península Ibérica.

João Moreira Rato refere que se cruzou com Cabeços na Morgan Stanley, mas conhece-o “muito antes disso da banca [de investimento em Londres]”, onde o atual presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) também trabalhou ao longo de 12 anos, em várias instituições, incluindo a Goldman Sachs, a Lehman Brothers e a Morgan Stanley, precisamente antes de vir assumir a presidência do IGCP, em 2012.m

“É muito focado nesta área [da dívida pública], esteve muito tempo fora e agora vai ter que se ajustar à Administração Pública em Portugal”, nota João Moreira Rato, destacando que Cabeços está a traçar uma trajetória semelhante à que ele próprio fez. “É bom as pessoas virem de fora. É bom sinal conseguir contratar pessoas que tiveram uma boa carreira fora. Pode ajudar o Estado“, destaca.

João Moreira Rato diz que Pedro Cabeços é “muito pragmático, muito prático, muito fácil de trabalhar“. Para o antigo CEO do IGCP, Cabeço “é um entusiasta, que trabalha muito bem em equipa“.

Com uma longa carreira internacional, onde passou pelo Société Générale, Morgan Stanley e Royal Bank of Scotland, onde esteve até final do ano passado, com responsabilidade pelo negócio de fixed income, também no mercado ibérico, Cabeços regressa a uma casa que conhece bem: foi trader da sala de mercados do IGCP, entre 2000 e 2004.

Cabeços vem assim substituir Miguel Martín, uma escolha surpreendente do anterior ministro Fernando Medina, que veio da concessionária de autoestradas Ascendi, e tinha sido administrador financeiro da Águas de Portugal entre 2016 e 2019, período em que coincidiu com o secretário de Estado socialista João Nuno Mendes quando era presidente daquela empresa pública.

Licenciado em Economia no ISEG e com MSc em Risk Management no ICMA Centre da Universidade de Reading (Reino Unido), o futuro presidente do IGCP vai assumir a liderança da agência que gere a dívida pública num momento em que a atividade da entidade regressa à normalidade depois de um ano marcado pela corrida aos certificados de aforro, que teve um “efeito disruptivo” na operação do IGCP, segundo adiantou o ainda presidente do IGCP no Parlamento, numa audição em setembro.

“No ano de 2023, a forte subida das subscrições dos certificados de aforro perturbou a atuação regular do IGCP e, por conseguinte, no ano passado o IGCP esteve em termos de emissão de Obrigações do Tesouro cinco vezes em mercado, quando o expectável são 10, e em Bilhetes do Tesouro esteve quatro vezes em mercado, quando é expectável 10 operações”, justificou Martín, acrescentando que este ano é de “regresso à normalidade”.

O presidente do IGCP, que enfrentou um período de subida de juros devido à política de agravamento de taxas do BCE, foi alvo de críticas pelas mudanças nos certificados de aforro, com o fim da antiga série, que pagava até um máximo de 3,5%, por uma nova linha, onde a taxa não vai além de 2,5%. Foi precisamente a alteração nos certificados que travou as subscrições recordes destes produtos no arranque de 2023.

O IGCP terá ainda ajudado o antigo Governo a colocar a dívida pública abaixo dos 100% do PIB e reduzir o stock da dívida em 2023.

Depois de dois anos marcados pela subida dos juros, 2025 deverá ser de queda das taxas, à boleia da política do BCE. No entanto, a dívida pública portuguesa enfrenta novos desafios, como a eleição de Donald Trump nos EUA, que poderá prejudicar a economia europeia.

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Espanhóis do Caixabank querem BPI a crescer 4% ao ano no crédito e depósitos até 2027

Caixabank considera que BPI tem sido uma "história de sucesso" desde que adquiriu o banco português em 2017, mas quer reforçar quotas no mercado de crédito e depósitos nos próximos anos.

Os espanhóis do Caixabank querem o BPI a reforçar a sua quota de mercado em Portugal e contam que o banco português consiga crescer acima de 4% ao ano no crédito e nos recursos de clientes até 2027, quando se espera que normalização das taxas de juro venha a afetar os lucros do setor nos próximos anos.

“Crescimento continuado, sólido e rentável” é o que o grupo espanhol pede ao banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa no plano estratégico do Caixabank 2025-2027, divulgado esta terça-feira ao mercado, sendo muito sucinto em relação aos planos para Portugal.

Os objetivos para o BPI passam essencialmente pelo aumento da base de clientes e da quota de mercado, reforço da digitalização e transformação, desenvolvimento de produtos e serviços com foco na sustentabilidade e promoção de projetos conjuntos com outras unidades do grupo.

O BPI regista quotas de mercado de 14,5% no crédito à habitação e 10,2% nos depósitos, de acordo com os dados referentes a setembro, disputando com o Novobanco o estatuto de quarto maior banco em Portugal.

Os espanhóis falam numa “história de sucesso com uma contribuição crescente ao grupo” desde que adquiriram o BPI em 2017 e esperam que assim continue. Neste período, o volume de negócios cresceu 3% ao ano enquanto o rácio de eficiência melhorou 30 pontos percentuais, com os custos de estrutura a passarem de 67% dos proveitos em 2016 para 37% em setembro.

Na conferência de apresentação do plano, o conselheiro delegado Gonzalo Gortázar explicou que “o BPI tem uma trajetória recente de ganho de quota de mercado, melhoria da eficiência e rentabilidade”. E que o que espera do banco em Portugal é o mesmo para o resto do grupo. “Todas as tendências de crescimento em Espanha também as vemos em Portugal, as dinâmicas são muito parecidas”, afirmou aos jornalistas.

Nos primeiros nove meses do ano, o BPI registou lucros de 444 milhões de euros e uma rentabilidade dos capitais próprios acima dos 18%, mas João Pedro Oliveira e Costa já alertou que a margem financeira já está a ser pressionada pela redução das taxas de juro e vai cair mais no próximo ano.

O plano estratégico do Caixabank não faz qualquer referência a aquisições em Portugal, embora o grupo espanhol seja considerado um dos principais candidatos a comprar o Novobanco ao fundo Lone Star, cujo processo avançará em 2025.

Também não menciona a venda do lucrativo negócio do BPI em Angola, que arrancará no próximo ano através do IPO do Banco de Fomento Angola (BFA) na bolsa de Luanda.

Caixabank distribui até 60% dos lucros e aponta para recompras

Em relação ao Caixabank, o plano estratégico estabelece um rácio de pagamento de dividendos de 50% a 60% dos resultados entre 2025 e 2027 e ainda uma distribuição adicional em função do excesso de capital que registar sempre que o rácio CET1 exceder os 12,5%, através de dividendos ou recompra de ações.

No anterior plano, o banco espanhol devolveu aos acionistas mais de 10 mil milhões de euros entre 2022 e 2024.

O Caixabank espera registar uma rentabilidade dos capitais próprios acima dos 15% em média nos próximos três anos, acima da média de 14% dos últimos três. Como em Portugal, também conta crescer 4% ao ano em termos de volume de negócio neste período.

As ações estão a cair mais de 4% para 5,43 euros na bolsa de Madrid esta terça-feira, mas acumulam um ganho de 50% desde o início do ano.

(Notícia atualizada às 10h37 com declarações de Gonzalo Gortázar, conselheiro delegado do Caixabank)

O jornalista viajou a Madrid a convite do Caixabank.

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O legado de Miguel Martín à frente do IGCP em três atos

Miguel Martin fica ligado à baixa do rácio da dívida para o nível mais baixo dos últimos 14 anos, mas o mandato não foi isento de críticas, como as mudanças nos Certificados de Aforro.

Depois de quase três anos à frente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, Miguel Martín deixará de liderar a entidade responsável pela gestão da dívida pública a partir do próximo ano, como o ECO noticiou esta segunda-feira em primeira mão. Vai ser substituído por um homem dos mercados, Pedro Cabeços, mas para a história ficará um mandato que se iniciou em setembro de 2022 e que ficou marcado pela redução do peso da dívida pública no PIB e pelas mudanças das condições de remuneração dos Certificados de Aforro, num período marcado pela subida mais repentina das taxas de juro da história do euro. Foi uma escolha que causou surpresa, porque Miguel Martín não vinha dos mercados, mas da área financeira de uma empresa de infraestruturas, a Ascendi, depois de ter estado na gestão da empresa pública Águas de Portugal.

Um dos resultados do mandato de Miguel Martín foi o contributo do IGCP para a redução do rácio da dívida pública face ao PIB em 2023. Sob a sua liderança, a agência implementou uma estratégia em conjunto com o então ministro das Finanças, Fernando Medina, que permitiu baixar o rácio da dívida pública para o nível mais baixos dos últimos 14 anos, com o fardo da dívida a atingir um valor equivalente a 97,9% do PIB no final do ano passado, cerca de 13,3 pontos percentuais abaixo do rácio da dívida verificado em 2022. Esta redução significativa – a maior em termos percentuais desde pelo menos 1953, ano que marca o início da série do Banco de Portugal — resultou de uma combinação de fatores, incluindo o crescimento nominal do PIB, o saldo primário positivo e ajustamentos défice-dívida. No entanto, não foi uma operação livre de críticas.

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) classificou mesmo que a redução da dívida pública alcançada 2023 foi “artificial”, argumentando que houve casos em que as opções de gestão financeira foram condicionadas por orientações do Governo anterior. Um dos casos citados, e revelados pelo ECO, foi o recurso à Segurança Social. Um dos trunfos de Fernando Medina e Miguel Martín para baixar o rácio da dívida pública em 2023 foi o dinheiro das pensões futuras dos portugueses. Através do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) e da Caixa Geral de Aposentações (CGA) foram investidos mais de 7,7 mil milhões de euros na aquisição de títulos de dívida da República, nomeadamente de obrigações do Tesouro. Outra operação foi através da Águas de Portugal, com uma transferência de 100 milhões de euros no último dia de 2023.

1. Alisamento do calendário de reembolso da dívida

Ao longo do tempo que liderou o IGCP, a gestão da dívida pública foi também marcada por várias operações de recompra de obrigações de curto prazo e por emissões de títulos de mais longo prazo, visando evitar picos de amortização e reduzir o risco de refinanciamento da República. No centro desta estratégia esteve sempre o objetivo de garantir que “o alisamento do perfil de reembolsos mantém-se como objetivo orientador na gestão da dívida pública portuguesa”, destaca o IGCP no relatório anual de 2023.

Destaque, por exemplo, para as 17 operações de recompra de obrigações do Tesouro com maturidades entre 2023 e 2027 realizadas no ano passado num montante superior a 5 mil milhões de euros; e para a última emissão sindicada de 3 mil milhões de euros de uma obrigação do Tesouro a 30 anos realizada em maio deste ano, com quase 85% do montante a ser adquirido por bancos, fundos de investimento, seguradoras e outros investidores privados.

Os números alcançados na operação sindicada revela a capacidade de o IGCP ter conseguido alargar a base de investidores de dívida pública ao longo dos últimos anos, numa altura em que desde março de 2023 o Eurosistema deixou de reinvestir a totalidade do montante dos títulos vincendos e desde julho de 2023 os reinvestimentos da carteira do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) do Banco Central Europeu estarem a diminuir, em média, 15 mil milhões de euros por mês.

Segundo dados do IGCP, somente este ano, prevê-se que o APP reduza as aquisições líquidas de obrigações do Tesouro em dois mil milhões de euros e o programa de compra de ativos devido à emergência pandémica (Pandemic Emergency Purchase Programme – PEPP) em 300 milhões de euros.

Esta preocupação por parte do IGCP em captar novos investidores é visível com o recente roadshow promovido pela equipa de Miguel Martín ao continente asiático, com o intuito de substituir ainda mais o papel do BCE na carteira de investidores de dívida pública.

O foco desta operação é captar sobretudo o interesse de fundos de pensões e outros grandes investidores japoneses, dado que “o tamanho do Japão é tão grande que facilmente absorve a parte que o BCE deixará de ter”, destacou Miguel Martín na Comissão de Orçamento e Finanças de 13 de setembro.

2. Pressão do BCE e das famílias

O mandato de Miguel Martín à frente do IGCP coincidiu também com o período de subida mais repentina das taxas de juro de que há memória. Mas apesar deste contexto desafiador, a gestão da dívida foi realizada de forma eficiente, com o custo da dívida a apresentar níveis de controlo — isto apesar do aumento do peso da despesa com juros da dívida: em 2025, pelo quarto ano consecutivo, a proposta de Orçamento do Estado prevê uma despesa com juros a tocar nos 7 mil milhões de euros, um acréscimo de 2,2% face ao estimado para este ano (cerca de 6,8 mil milhões de euros e abaixo dos 7,1 mil milhões inscritos no OE2024).

Em 2023, por exemplo, o cupão médio da carteira aumentou de 1,9% para 2,4%, enquanto a yield média diminuiu ligeiramente de 3% para 2,9%, enquanto as taxas diretoras do Banco Central Europeu pularam 450 pontos base, com a taxa de facilidade permanente de depósito a passar de -0,5% em julho de 2022 para 4% em setembro de 2023 — mantendo-se nesse nível até junho deste ano.

Além disso, o prazo médio de amortização da dívida manteve-se em 7,2 anos, além de que “a maturidade média da dívida de médio e longo prazo emitida em 2023 aumentou face aos anos anteriores e situou-se em 15,6 anos (face aos 11,3 anos de média em 2022)”, refere o IGCP no relatório anual de 2023.

A estratégia seguida pelo IGCP ao longo dos últimos anos proporcionou assim uma maior flexibilidade nos planos de emissão de dívida e contribuiu para melhorar a perceção dos mercados sobre a dívida nacional, que ficou espelhado pela revisão em alta das avaliações do risco creditício da República pelas principais agências de rating.

Em março de 2024, a Standard & Poor’s elevou a notação da dívida portuguesa para A-, juntando-se à Fitch, à Moody’s e à DBRS em classificar Portugal no patamar “A”. Esta melhoria nas notações de crédito reflete a confiança dos mercados na gestão da dívida portuguesa e na estabilidade financeira do país.

3. Novas regras nos Certificados de Aforro

Apesar dos feitos alcançados, a equipa de Miguel Martín enfrentou um desafio significativo em 2023 com a gestão da procura sem precedentes das famílias por Certificados de Aforro. A subida acentuada das taxas de juro do BCE desencadeou um desalinhamento entre a remuneração dos Certificados de Aforro da “Série E” e outras fontes de financiamento da República. Os Certificados de Aforro passaram a ser um instrumento mais caro para o Estado, leia-se o contribuinte, e a ganhar um peso excessivo face aos objetivos que constavam do orçamento de 2023.

Este fenómeno resultou num recorde de 10,6 mil milhões de euros de subscrições líquidas de Certificados de Aforro no primeiro semestre de 2023. A “Série E”, com uma remuneração inicial atrativa baseada na Euribor a 3 meses mais um prémio de 1%, foi o principal motor deste crescimento, obrigando o IGCP a rever em baixa os programas de financiamento em mercado para 2022 e 2023. Para reequilibrar a situação, o Governo suspendeu a “série E” e lançou a 2 de junho a nova “Série F” de Certificados de Aforro, com uma maturidade estendida para 15 anos. Mas fê-lo a uma sexta-feira à noite, sem aviso prévio e sem explicações, o que motivou críticas severas sobre a instabilidade criada nas perspetivas de poupança dos portugueses. E ficou a dúvida sobre um favor do Governo aos bancos, que consideravam haver uma concorrência desleal do Estado na atração de poupança.

Esta medida visou corrigir o desalinhamento verificado e garantir um equilíbrio entre a gestão da dívida pública e o incentivo à poupança de longo prazo das famílias, adaptando-se ao novo contexto de mercado e aos objetivos financeiros do Estado, apesar dos novos títulos serem menos interessantes para as famílias que têm “chumbado” estes títulos há 11 meses consecutivos.

Foi talvez o momento mais difícil de Miguel Martín à frente do IGCP, e motivou até críticas da UTAO, que concluiu que seria mais caro para o Estado financiar-se no mercado obrigacionista do que pedir emprestado aos aforradores individuais através dos Certificados de Aforro da referida série E. Qual foi a resposta de Fernando Medina? “Não é dos momentos mais felizes dessa instituição [UTAO]”, disse o então ministro das Finanças.

No entanto, também não será esquecido o facto de ter sido através da equipa de Miguel Martín que os CTT perderam o monopólio de comercialização dos Certificados de Aforro que perdurava há seis décadas, desde 1960 quando foi lançada a “Série A”. Ao introduzir uma revisão do texto que regula estes títulos de dívida do Estado destinado ao retalho, passou a ser permitido que os Certificados de Aforro pudessem passar a ser comercializados por instituições bancárias, como acabou por suceder em março com o Banco Big e que se seguirão outras instituições.

 

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Mota-Engil vende participação de 28,73% em concessionária mexicana por 66 milhões

  • ECO
  • 18 Novembro 2024

A transação de 66 milhões só foi possível de concretizar depois das autorizações necessárias e a conclusão dos contratos finais, revela a gigante da construção civil.

A Mota-Engil concluiu a venda de uma participação de 28,73% na concessionária que explora uma autoestrada entre as cidades mexicanas de Cardel e Poza Rica. A transação foi “concretizada pelo valor de 66 milhões de euros e equivalente a 1,85x sobre o book value“, revela a empresa de construção em comunicado.

O contrato, para concluir a operação, estava previsto ser assinado na segunda metade deste ano, mas estava dependente de autorizações “agora obtidas”, continua a nota da empresa.

De acordo com a nota divulgada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a venda, concretizada pelo valor de 66 milhões de euros, “reafirma a capacidade do grupo na criação de valor na gestão de concessões em regime green field, alicerçada numa estratégia de conceção-construção de projetos de infraestruturas, culminado com a rotação de ativos”, tal como previsto na estratégia para o ano de 2026.

Segundo o comunicado, a rotação de ativos continuará a ser “um modelo a dar continuidade na medida da maturidade dos projetos em operação” face ao “alto potencial num novo ciclo de investimentos” no México. A venda da participação da concessionária Cardel-Poza Rica, no México, é uma das três que a Mota-Engil pretendia concretizar até ao final do ano.

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