A produtora do Flamenco Real e a Câmara Municipal de Madrid programam o flamenco nos principais museus para este verão

  • Servimedia
  • 1 Julho 2024

A delegada da Cultura, Turismo e Desporto da Câmara Municipal de Madrid, Marta Rivera de la Cruz, apresentou a campanha "Refúgiate en la Cultura".

Uma iniciativa inovadora que pretende oferecer aos residentes e turistas um refúgio das altas temperaturas do verão através de atividades culturais e descontos especiais. A campanha, que começa hoje, decorrerá durante os meses de julho e agosto e inclui espetáculos de flamenco, monólogos, visitas guiadas gratuitas e descontos nos cinemas.

A proposta, promovida pela Câmara Municipal de Madrid, conta com a colaboração do Museo Nacional del Prado, do Reina Sofía, do Thyssen-Bornemisza, da Galería de las Colecciones Reales, do Círculo de Bellas Artes, da Federación Española de Cine (FECE) e da Asociación Empresarial Hotelera de Madrid (AEHM). O patrocínio é assegurado pela SO-LA-NA Entertainment.

“Apresentamos um programa inovador que nos enche de satisfação”, afirmou Rivera de la Cruz, sublinhando que o objetivo é que “a cultura, que sempre foi um lugar de refúgio espiritual, seja também um refúgio físico”.

Durante os meses de julho e agosto, entre as 15h00 e as 17h00, terão lugar 46 espectáculos de flamenco em locais emblemáticos como o Museo Nacional del Prado, o Reina Sofía, o Thyssen-Bornemisza, a Galería de las Colecciones Reales e o Museo de Historia de Madrid. A série flamenca, concebida pela SO-LA-NA Entertainment, contará com artistas de renome como o bailarino de flamenco Eduardo Guerrero, que abrirá o programa a 1 de julho no Reina Sofía. Outros artistas de destaque são o guitarrista Daniel Casares, o bailaor Miguel Fernández “El Yiyo” e as bailaoras Raquel Valencia e Nazaret Reyes, entre outros.

O Museo de Historia de Madrid e as bibliotecas municipais Iván de Vargas, Benito Pérez Galdós, Conde Duque e Mario Vargas Llosa oferecerão monólogos do comediante Sergio Pazos. Além disso, o Círculo de Bellas Artes transformará o seu Salão de Baile num refúgio climático com diversas atividades.

DESCONTOS

As salas de cinema pertencentes à Federação Espanhola de Cinema (FECE) oferecerão preços reduzidos nas sessões da tarde, antes das 17h00, durante a campanha. Estes cinemas estão distribuídos por toda a cidade, oferecendo opções culturais para além do centro da cidade.

Os museus municipais, de acesso gratuito, e outros espaços culturais municipais, como as bibliotecas e os centros municipais, permanecerão abertos e oferecerão atividades especiais. A Associação de Empresários Hoteleiros de Madrid (AEHM) apoiará a divulgação da campanha através de folhetos em espanhol e inglês com um mapa e um código QR para aceder a mais informações.

Madrid, conhecida pela sua riqueza patrimonial e artística, continua a atrair mais visitantes durante o verão. Em agosto do ano passado, a cidade atingiu um máximo histórico de 764 374 turistas, de acordo com o Inquérito à Ocupação Hoteleira do INE. A campanha “Refúgiate en la Cultura” procura reforçar esta tendência, oferecendo uma alternativa cultural e refrescante durante os dias mais quentes do ano.

Para mais informações sobre as atividades e descontos, os interessados podem visitar o site ‘Refúgiate en la Cultura’ ou consultar a edição especial de junho da eme21mag, que destaca a campanha na sua capa.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 1 de julho

  • ECO
  • 1 Julho 2024

Ao longo desta segunda-feira, 1 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Amazon alcança o título do Guinness World Records para a maior banda durante “Las Fiestas Prime Day” em Medinaceli

  • Servimedia
  • 1 Julho 2024

A Amazon e a localidade de Medinaceli, em Soria, fizeram história ao conseguir o título de Guinness World Records para a maior banda durante a celebração de "Las Fiestas Prime Day".

Com 269 músicos, 30 bandas de música de todo o país, tocaram durante 6 minutos e em uníssono três dos clássicos musicais que não podem faltar em nenhuma banda: “Paquito el Chocolatero”, “La Sandía” e “La Amapola”.

Depois da avaliação e decisão do júri, as bandas participantes fizeram vibrar a Plaza Mayor de Medinaceli quando chegou o momento de receber o título oficial.

Estamos muito felizes por termos conseguido o título do Guinness World Records para a maior banda durante a celebração de “Las Fiestas Prime Day”. Gostaríamos de agradecer às bandas que participaram, aos organizadores do título e, claro, a Medinaceli e aos seus vizinhos que nos receberam com tanto amor e entusiasmo. Esta conquista reflete o espírito de comunidade e celebração que se viveu durante o dia e é a melhor forma de demonstrar o nosso compromisso com o meio rural e de dar as boas-vindas ao Prime Day, que os clientes Prime desfrutarão nos dias 16 e 17 de julho”, disse Alfonso Serrano, Diretor de Consumo da Amazon.

ATIVIDADES PARA TODOS

As festividades do Prime Day começaram com o tradicional discurso de abertura, que foi proferido por Gregorio Miguel Santander, presidente da Câmara Municipal de Medinaceli, e Ana Costi, diretora da Amazon Prime para a Europa.

Também foram acompanhados pelos criadores de conteúdo Xuso Jones (que atuou como pregoeiro pelo segundo ano consecutivo) e Violeta Mangriñán. E ainda Lalo Tenorio, protagonista do filme “Un hipster en la España vacía”, disponível no Prime Video.

Ao longo do dia, os participantes tiveram a oportunidade de desfrutar de uma ampla gama de atividades, como a “Prime Box”, uma caixa gigante da Amazon localizada na Plaza Mayor de Medinaceli, onde puderam conhecer todos os benefícios oferecidos pela Amazon aos clientes Prime, bem como descobrir exclusivamente algumas das ofertas que estarão disponíveis no Prime Day.

Também visitaram o mercado de pequenas empresas “Espanha a um clique”, onde uma representação das mais de 15.000 pequenas e médias empresas que vendem no sítio Web da Amazon expôs e vendeu os seus produtos.

O “Las Fiestas Prime Day” incluiu um almoço popular fornecido pela Amazon Fresh e atividades ao longo do dia, como jogos populares e bancas de feira. O ponto alto do dia foi a conquista do título da maior banda.

UM PRELÚDIO PARA O PRIME DAY

Com as “Prime Day Parties”, a Amazon celebrou a chegada do Prime Day, que regressa a 16 e 17 de julho com a sua décima edição e com grandes poupanças e ofertas exclusivas para os clientes Prime.

A partir das 00:00 de 16 de julho até às 23:59 de 17 de julho, os clientes Prime terão acesso exclusivo a centenas de milhares de ofertas, tanto em grandes marcas como ASUS, Cecotec, Dodot, ghd, Levi’s ou Samsung, entre outras, como em pequenas e médias empresas como Create, Fisura, Natulim, Nutralie, Olistic Science ou Siroko.

Assim, os clientes Prime poderão descobrir alguns dos melhores preços do ano até à data na Amazon em produtos de marcas como Ariel, CeraVe, Lenovo, PlayStation, Under Armour ou Xiaomi.

Durante o ano passado, os clientes da Amazon em todo o mundo pouparam quase 24 mil milhões de dólares em ofertas e cupões, com os clientes Prime a beneficiarem mais, incluindo 2,5 mil milhões de dólares durante o Prime Day 2023.

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O fabricante de sapatilhas de culto Golden Goose adia a OPI devido à súbita volatilidade do mercado

  • Servimedia
  • 1 Julho 2024

A Golden Goose Group SpA, a marca de sapatilhas de 500 euros, adia a sua OPI, devido à súbita volatilidade dos mercados europeus, para evitar o efeito sobre as suas expectativas de valorização.

Embora houvesse uma procura suficiente para as ações em oferta, a marca de sapatilhas apoiada pela Permira deveria ter sido cotada a 9,75 euros por ação, ou seja, no limite inferior da sua gama de 9,50 a 10,50 euros. Este facto, juntamente com a volatilidade dos mercados acionistas europeus, alimentou as preocupações de que as ações caíssem após a estreia, de acordo com fontes citadas pela Bloomberg.

Os especialistas afirmam que a decisão de cotar as ações surgiu numa altura em que as empresas de luxo estavam em queda, atingidas pela redução das margens e pela queda da procura chinesa; grandes nomes como LVMH, Moncler e Rolex estão a ser castigados pelos investidores. A eclosão do risco político após as eleições europeias de há duas semanas e as eleições legislativas francesas deste fim de semana estão a provocar incerteza e afetaram as previsões da Golden Goose, que descreve a sua decisão de adiar a OPI como uma pausa.

A Golden Goose, sediada em Milão, tinha previsto vender cerca de 10,5 milhões de ações, enquanto a Permira, proprietária maioritária, iria oferecer 43,6 milhões de ações existentes, estando o lançamento da campanha previsto para 21 de junho. De acordo com as estimativas dos analistas, a cotação máxima da Golden Goose teria permitido obter um montante próximo dos 600 milhões de euros, elevando a avaliação da empresa para cerca de 1,7 mil milhões de euros.

A IPO da Golden Goose teria sido a maior da bolsa de Milão, depois da Lottomatica em maio do ano passado. Outras empresas oficialmente adiadas esta semana incluem a Greyhound e a Flix; e especula-se que o mesmo acontecerá com a Zabka Polska e a Tendam, ambas no âmbito da CVC.

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Havas apresenta diversas identidades sexuais e de género com nova campanha

  • Servimedia
  • 1 Julho 2024

Por ocasião do Dia Internacional do Orgulho Lgtbiqa+, a Havas juntou-se ao lançamento de campanha multitarget.

Esta campanha procura ensinar e tornar visíveis, num tom amigável e acessível, todas as identidades de género e sexuais que coexistem nas sociedades de hoje, sob o lema “Se não me nomeia, não sou”.

A campanha segue a linha da campanha lançada no ano passado, “I’m not”, que promoveu a inclusão do coletivo Lgtbiqa+ no domínio do marketing e da comunicação. Este projeto foi apoiado por diferentes associações a favor dos direitos deste grupo, como a REDI, à qual pertence a Havas, bem como por organizações relacionadas com o setor da publicidade.

Nesta ocasião, “Si no me nombras, no estoy” promove a elaboração de um glossário com o nome de “Castellano de la L al +”, baseado no glossário oficial da ONU, que reúne todas as definições necessárias para conhecer tudo o que está relacionado com o coletivo, desde conceitos que abrangem a sexualidade até à identidade de género. Este conjunto de definições trará noções que podem não ser tão familiares à população em geral e aos profissionais do setor, ajudando assim a gerar uma maior consciência, visibilidade e reconhecimento das pessoas que não se identificam com papéis e géneros “tradicionais” e que coexistem nas sociedades multiculturais e diversas de hoje.

Além disso, a campanha conta com a colaboração de criadores de conteúdos de renome nas redes sociais, como Benja Serra e Susana Reyes, que, através de uma série de vídeos e pílulas nos seus canais de Instagram, ilustrarão os diferentes conceitos e identidades aos profissionais do grupo e ao resto do público, num tom amigável, sem perder o foco na importância desta questão.

A campanha “Se não me chamas, não estou aqui” será implementada fisicamente em Havas Villages, a sede do grupo de comunicação, através da instalação de cartazes publicitários, vinis e diferentes materiais audiovisuais. Os gráficos incluem um código bidi que dá acesso ao glossário. Outra das ações a levar a cabo será a distribuição em Havas Villages de um “livro de exercícios” com o qual todos os colaboradores da empresa poderão reforçar os seus conhecimentos através de alguns exercícios simples.

A campanha, que mais uma vez foi desenvolvida por profissionais das diferentes agências do grupo Havas, tanto dentro como fora do grupo, apela ao pleno reconhecimento da liberdade sexual e da identidade de género, sem discriminação, bem como à promoção da tolerância e do respeito por qualquer opção na vida de qualquer pessoa, seja ela qual for, sem preconceitos.

Enrique Escalante, Head of People & Talent da Havas Espanha, explicou que “enquadramos esta campanha no propósito da Havas de impulsionar mudanças positivas na sociedade, graças ao poder das ideias criativas e da comunicação. Em 2023 demos um importante passo em frente com ‘I’m not’ e este ano continuamos a avançar nessa direção para a diversidade e inclusão com esta nova campanha com a qual queremos informar, educar e sensibilizar, para além do setor da comunicação e publicidade, a população em geral. Estamos especialmente orgulhosos pelo facto de o trabalho, tal como no ano passado, ter sido realizado por voluntários da nossa empresa que demonstraram, como sempre, grande empenho e profissionalismo por um trabalho bem feito. Esperamos realmente que isso nos ajude a continuar a avançar em direção à sociedade que todos desejamos”.

A Havas estará empenhada em continuar o conceito desta campanha ao longo deste ano e do próximo, promovendo diferentes iniciativas no seu compromisso com a igualdade real e efetiva entre todas as pessoas.

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Manifesto propõe tornar a UE uma “superpotência marítima” com novo fundo europeu e estratégia para os oceanos

Um manifesto entregue no Parlamento Europeu avança várias propostas com o objetivo de transformar a indústria dos oceanos na Europa.

Tornar a União Europeia numa “superpotência marítima”: este é o repto inscrito num manifesto que foi entregue no Parlamento Europeu, assinado por 29 personalidades do setor dos Oceanos que pretendem colocar o tema na agenda do Velho Continente, agora que um novo ciclo político se inicia. Entre várias iniciativas, os autores sugerem a criação de uma nova estratégia europeia para os oceanos e de um fundo europeu para o mesmo fim,

A Europa é, hoje, a região número um, a nível mundial, no que toca a navegação marítima de longa distância, na tecnologia de ponta e equipamento marítimo, na energia eólica offshore, no consumo de peixe, no turismo marítimo e costeiro e na ciência do oceano, começa por referir o Manifesto para um Pacto Europeu dos Oceanos.

Tudo isto pode fazer da União Europeia uma superpotência marítima, desde que embarque numa estratégia nova e ambiciosa que combine sustentabilidade económica, ambiental e social: o Pacto Europeu dos Oceanos”, defendem os autores que, ao longo das páginas do manifesto, avançam várias iniciativas no sentido de impulsionar a competitividade das economias europeias através de atividades ligadas ao oceano, assim como para a sua preservação.

A economia azul é uma grande oportunidade para Europa, mas não pode continuar a ser desenvolvida em detrimento do ambiente marinho. Sabemos que o oceano é um sistema que funciona como um todo e, se continuar a apresentar maus sinais como hoje, pode pôr em causa o desenvolvimento de todas as atividades económicas”, defende Tiago Pitta e Cunha, o presidente da Fundação Oceano Azul, em declarações ao ECO/Capital Verde.

O manifesto, desenvolvido pela Fundação Oceano Azul e o think tank Europe Jacques Delors, foi entregue no Parlamento Europeu em abril, e é apresentado esta terça-feira em Lisboa. Na altura na qual foi apresentado no PE, foi “muito bem recebido”, mas os autores do manifesto estão agora a reiniciar o contacto com os novos deputados, eleitos no passado dia 9 de junho.

“Vimos que nas conclusões do Conselho apresentadas na quinta-feira há duas referências aos oceanos, relativas à conservação e à segurança. Isso é muito positivo. Esperamos que estas referências venham a ter respaldo na estratégia europeia dos próximos anos”, indica Pitta Cunha.

Uma das “frentes de ataque” do manifesto é a aposta em indústrias do oceano que estão em desenvolvimento. É o caso da construção naval e dos portos, assim como da pesca, que apesar de indústrias maduras estão a entrar numa fase de desenvolvimento sustentável.

No que diz respeito à construção naval, Pitta e Cunha realça a necessidade de a indústria trabalhar novas formas de propulsão dos navios: para que estes recebam combustíveis mais sustentáveis, precisam de outro tipo de motores, e portanto a produção tem de ser ajustada a estas novas necessidades. Já os portos têm de começar por se eletrificar, de forma a alimentar com energia limpa os navios que neles atracam e lá consomem energia do respetivo motor.

Na pesca, a questão é outra: a subsidiação. Os subsídios que são entregues ao setor das pescas muitas vezes acabam por apoiar más práticas do ponto de vista ambiental. O manifesto propõe acabar com a sobrepesca e subsídios a atividade piscatória prejudicial, banindo gradualmente práticas destrutivas assegurando aos pescadores uma transição suave.

Por fim, o manifesto realça a necessidade de apostar também em atividades mais emergentes, como é o caso da energia eólica offshore. O líder da Fundação Oceano Azul realça o potencial de produção energética desta fonte, mas ressalva que “é importante que esta oportunidade de ouro não seja estragada porque o trabalho de casa não é feito com rigor científico“, no que toca ao respeito pela vida marinha.

Além deste segmento, a bioeconomia azul tem “toda uma revolução em curso que deve ser apoiada”, incluindo áreas como a biotecnologia ligada aos oceanos, destaca Pitta e Cunha. “Há indústrias inovadoras a surgirem que também podem ser um grande motor de competitividade“, refere o líder da fundação. Estima-se que o setor da bioeconomia azul venha a atingir globalmente o valor de 200 mil milhões de euros em 2030.

Novo fundo e licenças de carbono a apoiar os oceanos

Fora do capítulo das indústrias em desenvolvimento, ainda há espaço para sugestões ligadas aos mercados financeiros. O manifesto pede a promoção das obrigações azuis como meio de financiamento do setor dos oceanos.

Além desta fonte de financiamento, o manifesto defende a criação de um Fundo Europeu para os Oceanos, alimentado tanto pelo Quadro Financeiro Multianual como pelas receitas do mercado das Licenças de Emissões de Carbono (ETS, na sigla em inglês). Este mercado, onde se compra e vende o direito a poluir, integra o transporte marítimo desde o início deste ano, e é a fatia colhida com este setor que os autores do manifesto entendem que deve ser canalizada para investir nos oceanos.

Há que repensar completamente a política de incentivos e de atribuição dos fundos“, defende o presidente da Fundação Oceano Azul, ao mesmo tempo que aponta que 90% do Fundo Europeu para os Oceanos é atualmente dedicado às pescas e aquacultura, áreas que “não contribuem para a transição sustentável da economia europeia”.

Há um problema de governança: Europa tem de se reorganizar

A abordagem da União Europeia em relação à governança dos oceanos mantém-se muito fragmentada”, aponta o manifesto. Neste sentido, os autores sugerem a criação de um grupo de comissários para os assuntos marítimos, que fique encarregue de entregar uma “Estratégia Integrada para os Oceanos” até 2026.

Já na sede do Parlamento Europeu, o Comité das Pescas deveria ter uma transformação, defendem os autores. Este comité deveria chamar-se “Comité dos Assuntos Marinhos e Marítimos, ou Comité da Política Marítima Integrada, de forma a debruçar-se não só sobre políticas relacionadas com a pesca mas também com o ambiente, energia, transporte e turismo que estão ligados ao mar. Ao mesmo tempo, ficaria responsável pelo Pacto dos Oceanos.

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Quase três em cada dez portugueses que ganham salário mínimo têm dificuldade em pagar as contas

Quem ganha salário mínimo nacional (SMN) tende a ter mais dificuldades em pagar as contas, mas o desafio varia muito em função do país. Na Grécia, quase 80% têm dificuldades.

Há quase uma década que o salário mínimo português está a subir, ano após ano, mas quem o recebe continua a ter sérias dificuldades em pagar as contas ao fim do mês. Quase três em cada dez desses portugueses confessam que é desafiante equilibrar o orçamento familiar, situação que a inflação elevada dos últimos anos veio agravar.

De acordo com os dados da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound), os trabalhadores que recebem o salário mínimo — em Portugal ou em qualquer outro país europeu — tendem a ter mais dificuldades em fazer face às suas despesas do que aqueles que ganham vencimentos acima dessa fasquia.

Tanto que, enquanto no conjunto da União Europeia cerca de 23% dos trabalhadores que recebiam o salário mínimo em 2022 admitiam ser desafiante pagar as contas ao fim do mês, entre os demais trabalhadores só 13% estavam nessa situação.

Há, no entanto, variações significativas entre a situação dos trabalhadores que recebem o salário mínimo, consoante o país europeu onde residem.

Por exemplo, no Luxemburgo — país com a retribuição mínima garantida mais expressiva do Velho Continente –, pouco mais de 10% de quem recebe esse salário tem dificuldade em pagar as contas. Já na Grécia, para quase 80% dos trabalhadores com salário mínimo é um desafio equilibrar o orçamento familiar todos os meses.

E em Portugal? Quase 30% dos trabalhadores portugueses que recebem a retribuição mínima garantida dizem ser difícil fazer face às despesas, ou seja, supera a média comunitária.

Pior, Portugal está entre os países europeus onde a situação desses trabalhadores se agravou por efeito da inflação elevada, a par, por exemplo, da Bulgária, de Espanha e da Holanda, como mostra o gráfico abaixo.

“A fatia de trabalhadores com salário mínimo a sentir dificuldades aumentou em quase dois terços dos Estados-membros. Nos demais 11 países, esse não foi o caso”, destaca o Eurofound.

Na análise agora conhecida, explica-se também que, regra geral, os trabalhadores têm maiores dificuldades em pagar as contas nos países com economias menos desenvolvidas.

Desde 2015 que o salário mínimo nacional tem subido todos os anos, mesmo durante o período da pandemia. Ainda assim, e conforme já tinha mostrado o Eurostat, continua preso no meio da tabela, e até perdeu um lugar, sendo ultrapassado este ano pela Polónia.

Salários mínimos crescem em termos reais

TIAGO PETINGA/LUSATIAGO PETINGA/LUSA

Janeiro de 2024 foi sinónimo de “subidas notórias” dos salários mínimos por toda a Europa. E com a inflação a desacelerar os trabalhadores que o recebem puderam, então, recuperar algum poder de compra, explica o Eurofound, que indica que Portugal está entre os países onde o salário mínimo subiu mais de 5% em termos reais, entre 2023 e este ano.

O poder de compra do salário mínimo melhorou em todos os países europeus, exceto França (onde estabilizou), entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024. O grau de melhoria em termos reais segue as seguintes demarcações: o salário mínimo nacional subiu em termos reais mais de 10% em cinco países europeus, mais de 5% em sete países e menos de 5% em nove países”, é salientado na análise publicada recentemente.

Portugal está nesse grupo intermédio, a par da Lituânia, da Estónia, de Malta, da República Checa, da Grécia e da Irlanda. Já os países com maiores aumentos reais foram a Polónia, a Bulgária, a Croácia, a Letónia e a Hungria.

Em contraste, as menores melhorias foram registadas em países que tipicamente se destacam por terem salários mais robustos, como Luxemburgo, Holanda e Alemanha.

Em termos absolutos, o salário mínimo que mais subiu em janeiro foi o polaco, com um acréscimo de 21%. Já o salário mínimo belga ocupa o lugar oposto desse ranking, tendo subido apenas 2%. Em Portugal, o salário mínimo cresceu de 760 euros para 820 euros, um avanço de 60 euros (o equivalente a 7,9%).

Por outro lado, o Eurostat destaca que a taxa de inflação continua a ser o indicador mais frequentemente usado para guiar os salários mínimos na União Europeia. Menos comum é o uso de indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB), o desemprego e a produtividade do trabalho.

Em Portugal, foi celebrado em 2022 um acordo de rendimentos na Concertação Social que prevê a trajetória do salário mínimo até 2026. Mas, tal como realça o Eurofound na sua análise, dois parceiros sociais importantes ficaram de fora desse entendimento: a CGTP logo em 2022 e a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) aquando do reforço do acordo em 2023.

Além disso, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, já sinalizou abertura para rever o que ficou previsto nesse âmbito, o que abre a porta a que o salário mínimo vá mais longe do que os 835 euros atualmente previstos para 2025.

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5 coisas que vão marcar o dia

O Banco de Portugal vai divulgar os dados da dívida pública referentes a maio de 2024. Já a Hungria assume a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.

Esta segunda-feira, o Banco de Portugal vai divulgar os dados da dívida pública referentes a maio de 2024 e o INE vai revelar as estimativas mensais de emprego e desemprego também do mesmo período. Já a Hungria assume a presidência rotativa do Conselho da União Europeia. A marcar o dia está ainda o início do Fórum do BCE em Sintra e a subida dos combustíveis.

Banco de Portugal revela dívida pública

Esta segunda-feira, o Banco de Portugal vai divulgar os dados da dívida pública referentes a maio de 2024. Em abril, a dívida pública aumentou em 2,5 mil milhões de euros, para atingir 273,4 mil milhões. Depois de uma queda no final do ano passado, a dívida voltou a subir e está agora nos níveis mais altos desde setembro de 2023.

INE publica taxa de desemprego referente a maio

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar esta segunda-feira as estimativas mensais de emprego e desemprego referentes a maio de 2024. Em abril e pelo segundo mês consecutivo, o desemprego recuou (ainda que ligeiramente), fixando-se a taxa em 6,3%, valor inferior tanto face ao do mês anterior, como ao do mesmo período do ano passado. Desde agosto, que o desemprego não estava tão baixo. Também a taxa de emprego recuou. Neste caso, a redução foi de 0,3 pontos percentuais em cadeia e de 0,1 pontos percentuais em termos homólogos.

Hungria assume presidência do Conselho da UE

Esta segunda-feira, a Hungria assume a presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE). O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, reagiu negativamente ao acordo conhecido na passada terça-feira quanto aos nomes para desempenharem os cargos de topo da UE, incluindo em torno do nome de António Costa para presidir o Conselho Europeu. Em janeiro, Orbán sublinhou que o seu governo não se deixará “chantagear” pela Comissão Europeia para alterar a sua posição sobre questões fundamentais como a migração.

Começa o Fórum do BCE

O Fórum anual do Banco Central Europeu (BCE) regressa a Sintra esta segunda-feira e decorre até quarta-feira. Este evento, que se tornou um marco no calendário económico global, ganha uma relevância acrescida este ano, na sequência da recente mudança na política monetária do BCE, que realizou o primeiro corte das taxas diretoras em quase cinco anos. O Fórum reúne anualmente governadores de bancos centrais, académicos e especialistas do mercado financeiro para discutir os desafios mais prementes da economia global e contará com Christine Lagarde, presidente do BCE, e Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA.

Combustíveis vão voltar a subir

Os preços dos combustíveis vão voltar a subir esta semana. O gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, deverá subir um cêntimo, enquanto a gasolina deverá aumentar 1,5 cêntimos, avançou ao ECO fonte do mercado. Subidas ligeiramente inferiores às verificadas esta semana. Assim, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,595 euros por litro de gasóleo simples e 1,741 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira. Desde o final de abril que os preços do diesel não estavam tão elevados.

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Primeiro fundo de crédito tem 300 milhões para emprestar às PME

A Five Credit quer revolucionar o mercado e concorrer com a banca através do primeiro fundo de crédito registado em Portugal. Tem 300 milhões para emprestar a cinco mil pequenas e médias empresas.

A Five Credit tem 300 milhões de euros para empresar a cinco mil pequenas e médias empresas (PME) através do primeiro fundo de crédito registado em Portugal e com o qual quer revolucionar o mercado de financiamento e concorrer com a banca tradicional no financiamento empresarial.

“Esta solução alternativa de financiamento, simples e rápida para PME, destaca-se por ser acessível, completamente digital, recorrendo a uma plataforma desenvolvida com as tecnologias mais recentes, mas também extremamente célere”, aponta Mafalda Duarte, fundadora e CEO da Five Credit, em comunicado.

A Five Credit compromete-se a creditar o valor solicitado na conta da empresa num prazo máximo de apenas cinco dias, “seja um crédito para fazer face a despesas imediatas, como o pagamento do IVA, seja um financiamento a 3 meses ou a 5 anos”, destaca a gestora.

Para agilizar os processos, o primeiro fundo de crédito em Portugal, que é lançado pela Circle Capital SGOIC, com a supervisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), disponibiliza uma plataforma de financiamento 100% digital através da qual vai conceder crédito às PME nacionais com, pelo menos, três anos de atividade.

Sem divulgar as condições de financiamento em termos de comissões e taxas de juro, para este ano a missão é “dar a conhecer o projeto ao ecossistema das PME portuguesas e posicionar-se como um parceiro das empresas”.

Nos próximos anos, o objetivo passa por financiar entre três mil e cinco mil empresas, incluindo os investimentos necessários para que possam cumprir os critérios de ESG, nomeadamente no processo de transição energética.

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Fórum do BCE em Sintra testa Lagarde e Powell

Sintra transforma-se na capital mundial da política monetária nos próximos três dias, com banqueiros, analistas, investidores e economistas a procurarem respostas para a economia mundial.

O Fórum anual do Banco Central Europeu (BCE) está de regresso a Sintra entre esta segunda-feira e quarta-feira. Este evento, que se tornou um marco no calendário económico global, ganha uma relevância acrescida este ano, na sequência da recente mudança na política monetária do BCE, que realizou o primeiro corte das taxas diretoras em quase cinco anos.

Inspirado no simpósio de Jackson Hole nos EUA, o Fórum do BCE reúne anualmente governadores de bancos centrais, académicos e especialistas do mercado financeiro para discutir os desafios mais prementes da economia global. E este ano, na celebração do seu 11.º aniversário, tem como tema central a “Política monetária numa era de transformação“.

O programa inclui painéis de discussão sobre tópicos como a política monetária face a múltiplos choques de oferta, a avaliação dos custos da inflação e as alterações estruturais nos mercados energéticos e as suas implicações para a inflação.

Porém, o ponto alto do evento será o painel de discussão no segundo dia, que reunirá Christine Lagarde, presidente do BCE, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA (Fed), e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil. Este painel promete ser particularmente interessante, dada a recente divergência nas políticas monetárias destas instituições.

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), na conferência de imprensa do Conselho do BCE de 6 de junho de 2024, em Frankfurt, na Alemanha, quando anunciou o primeiro corte das taxas diretoras em quase cinco anos.© Felix Schmitt/ECB

Em junho, o BCE anunciou um corte de 25 pontos base nas suas taxas diretoras, colocando a taxa de depósito em 3,75%. Esta decisão marcou uma viragem da política do banco central, que tinha mantido as taxas inalteradas desde setembro de 2023, após um ciclo de 10 subidas consecutivas.

Christine Lagarde justificou a decisão “com base numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, considerando por isso que era o momento “apropriado para moderar o nível de restritividade da política monetária.”

Esta mudança de rumo do BCE contrasta com a postura mais cautelosa da Fed, que tem adiado qualquer redução nas Fed Funds, tal como tem feito o Banco de Inglaterra que optou pela sétima vez consecutiva em manter as taxas inalteradas em 5,25%. Por outro lado, a decisão do BCE alinha-se com a decisão do Banco Nacional Suíço, que em março se tornou o primeiro grande banco central a cortar as taxas de juro, reduzindo-as em 25 pontos base para 1,5%.

Os economistas Kristin Forbes, Jongrim Ha e M. Ayhan Kose argumentam que “o futuro da política monetária promovida pelos principais bancos centrais será marcado por uma crescente influência de fatores globais”. Esta perspetiva, presente num paper que irão apresentar no Fórum do BCE, sugere que os bancos centrais terão de adotar uma abordagem cada vez mais holística e interconectada na formulação das suas políticas.

Esta ideia reflete, por exemplo, o alerta de Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e membro do Conselho do BCE, que se mostrou preocupado com o crescimento da Zona Euro. “Não crescemos há ano e meio. É uma grande preocupação”, referiu o governador em declarações à CNBC. Esta declaração sublinha os desafios que os decisores de política monetária enfrentam ao tentar equilibrar o controlo da inflação com o estímulo ao crescimento económico.

À medida que o BCE navega nas águas turbulentas de uma “era de transformação”, os olhos do mundo financeiro estarão, nos próximos dias, fixos em Sintra, ávidos por decifrar as pistas sobre o próximo capítulo da política monetária global.

Os investidores e analistas estarão assim atentos a quaisquer sinais que possam ser dados durante o Fórum do BCE sobre a trajetória futura das taxas de juro por parte dos bancos centrais. É importante notar que, historicamente, as declarações feitas durante o Fórum de Sintra têm tido um impacto significativo nos mercados financeiros.

Em 2022, por exemplo, os comentários de Christine Lagarde sobre a necessidade de normalizar a política monetária contribuíram para um aumento das expectativas de subida das taxas de juro, influenciando os movimentos nos mercados de obrigações e ações.

Com a economia global numa encruzilhada, entre a ameaça persistente da inflação e os riscos de estagnação, e o mundo envolto num ambiente de fortes tensões geopolíticas, as palavras proferidas nestes três dias por alguns dos maiores decisores do mundo económico no Fórum do BCE poderão determinar o rumo dos mercados nos próximos meses.

À medida que o BCE navega nas águas turbulentas de uma “era de transformação”, os olhos do mundo financeiro estarão, nos próximos dias, fixos em Sintra, ávidos por decifrar as pistas sobre o próximo capítulo da política monetária global. Num momento em que cada palavra pode mover mercados, o Fórum do BCE promete, mais uma vez, ser o palco onde o futuro da economia global começa a ser escrito.

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Orbán, a “pedra no sapato” que presidirá uma UE em convulsão

Serão seis meses de expectativa para os 27, numa altura em que ainda se sente o abanão político na Europa. A Hungria assume agora a presidência rotativa da UE, antecipando-se bloqueios e entraves.

A Bélgica passa esta segunda-feira à Hungria o testemunho da presidência rotativa do Conselho da União Europeia, conhecido informalmente como Conselho. Viktor Orbán, que é várias vezes acusado de euroceticismo, ficará encarregue de discutir, alterar e aprovar pacotes legislativos, juntamente com o Parlamento Europeu, com os ministros dos 27 Estados-membros até dezembro.

Do ponto de vista institucional e político, Orbán não vai ter nenhum relevo por não ser nenhum cargo”, sublinha ao ECO Margarida Marques, ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus e eurodeputada eleita pelo PS na legislatura anterior. “No entanto, não limita o meu receio de que haja por parte dos ministros húngaros pouco apetite político para progredir em algumas áreas da agenda. Pode avançar-se muito pouco durante a presidência húngara”, diz.

No topo da agenda estará o programa comum desenhado em conjunto entre os primeiros-ministros espanhol e belga, Pedro Sánchez e Alexandre de Croo (que presidiram ao Conselho nos últimos 12 meses), e o próprio Orbán, para os 18 meses de presidência rotativa deste trio. A estratégia está assente em seis pilares: defender o estado de direito, democracia e unidade; reforçar a competitividade; dar continuação à transição ecológica e justa; reforçar a agenda social e sanitária; proteger as pessoas e fronteiras; e promover uma Europa global.

Ora, o Conselho (não confundir com o Conselho Europeu) funciona na mesma ótica do Conselho de Ministros a nível nacional. Não tem membros fixos e reúnem-se mensalmente apenas os ministros em função da área política agendada. Por exemplo, quando o Conselho se reúne para debater assuntos económicos e financeiros (o Conselho ECOFIN), são os ministros das Finanças de cada país que marcam presença (no caso de Portugal, Joaquim Miranda Sarmento). Esses Conselhos de Ministros serão presididos pelos ministros húngaros das respetivas pastas.

Presidências rotativas do Conselho da União Europeia:

Orbán entra assim na fase final de um mandato rotativo de 18 meses, tendo, por isso, a responsabilidade de dar continuidade aos trabalhos em curso. Porém, não se exclui que, dentro deste plano, Viktor Orbán tente levar avante a sua agenda pessoal, com especial enfoque sobre a competitividade, imigração e fronteiras. Afinal de contas, “Make Europe great again” (“Tornar a Europa grande outra vez”, tradução livre do inglês) é o mote da sua presidência, numa alusão ao slogan MAGA (Make America great again) popularizado por Donald Trump.

“Vai ser um mandato que começa com um estrondo [após eleições europeias e nomeações para cargos de topo], e desde logo com um slogan que anuncia o que aí vem. Será uma presidência, sobretudo, proclamatória e de tentativa de bloqueio, sempre em troca de algo”, prevê Paulo Sande, antigo assessor político do Presidente da República e especialista em assuntos europeus ao ECO. “Orbán será uma pedra no sapato [da União Europeia] e não mais do que isso”, diz.

Face à pouca margem de manobra, será dentro do programa comum que Orbán tentará movimentar-se tentando garantir que os seis meses da sua presidência serão produtivos para o bloco, isto apesar de haver entre os 27 Estados-membros uma preocupação de que não será bem assim. Com isto em mente, a presidência belga procurou, nos últimos três meses, acelerar a adoção de pacotes legislativos fraturantes, com receio de que sob liderança húngara ficariam na gaveta. Entre eles, o pacto de migrações e asilo, o 14.º pacote de sanções à Rússia e o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia. “Algo que não é costume”, aponta Paulo Sande. “Há uma preocupação com possíveis bloqueios na tomada de decisões como costuma ser habitual com Orbán”, diz.

“[O primeiro-ministro húngaro] vai fazer a sua agenda dentro do espírito do programa comum. O seu foco deverá recair sobre a proteção das pessoas e fronteiras, o reforço da industria e da competitividade, tentando construir uma ponte entre a UE e a China”, explica José Filipe Pinto, politólogo e professor catedrático de Relações Internacionais na Universidade Lusófona ao ECO. Recorde-se que é na Hungria que está instalada a fábrica da construtora automóvel BYD, fruto de um acordo de cooperação estratégica assinado entre Budapeste e Pequim. Enquanto Orbán reforça as relações com Xi Jinping, “sempre numa ótica pragmática e nunca ideológica”, garante José Filipe Pinto, Bruxelas, em sentido contrário, aumenta as taxas aduaneiras sobre a importação de carros elétricos chineses.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, diz que a atual Comissão Europeia é “a maior ameaça” ao seu paísLusa

Mas mais importante do que isso, Orbán vai analisar a questão da Ucrânia, “procurando levantar obstáculos e tornar o processo mais moroso”, alerta José Filipe Pinto.

Desde o início da invasão russa, em 2022, que o líder húngaro se tornou num obstáculo no apoio dos 27 a Kiev. A oposição traduziu-se em sucessivos vetos em Conselhos Europeus que deixaram um mal-estar entre os seus homólogos. A proximidade indiscutível a Putin culminou no momento em que Orbán saiu da sala quando o Conselho Europeu se preparava para votar a favor do alargamento a Kiev. Foi graças a esta ausência que hoje o bloco está mais perto de voltar a ser composto por 28 países.

Agora na presidência, embora não possa congelar o processo que arrancou, oficialmente, em junho, será expectável que a Hungria coloque entraves até dezembro, mês em que decorrerá o último Conselho Europeu do ano, do mandato de Orbán, e o primeiro de António Costa enquanto presidente do órgão que representa os 27 Estados-membros.

“Vamos ter eleições nos Estados Unidos, o debate em torno da defesa vai estar a ferver porque se fala na necessidade de se fazer investimentos de 500 mil milhões em dez anos e o processo da adesão da Ucrânia vai continuar. Tudo isto vai culminar no Conselho Europeu de dezembro, e Costa e Orbán vão defrontar-se”, alerta Paulo Sande. Mas não se espera um confronto difícil. Afinal de contas, António Costa foi nomeado para presidir o Conselho Europeu precisamente por causa da sua capacidade de dialogar mesmo com aqueles com quem não se alinha politicamente.

Até lá ainda muito vai acontecer. Desde logo, as eleições legislativas em França (já neste domingo), a eleição da presidência e vice-presidência do Parlamento Europeu, e a confirmação de Ursula von der Leyen e Kaja Kallas para presidente da Comissão e chefe da diplomacia, respetivamente, no mês de julho. Depois disso, serão escolhidos os vice-presidentes e comissários em outubro. Face a este calendário, espera-se apenas que o trabalho legislativo no bloco europeu recomece apenas já perto do fim do mandato da presidência húngara. Mas isso não significa que não haja espaço para fogos-de-artifício.

Órban vai, certamente, fazer declarações e perturbar o debate político que é fundamentalmente isso que gosta de fazer“, aponta Margarida Marques, que o caracteriza com um líder “populista puro e duro”.

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Fábrica da Indorama em Sines vai estar parada durante um ano. Já perdeu 40% dos trabalhadores

A antiga Artlant, comprada pelo grupo tailandês em 2017, está em lay-off desde outubro do ano passado. Dos 134 funcionários que tinha antes do início da paragem, apenas 80 continuam na empresa.

A fábrica da Indorama Ventures de Sines, comprada pela multinacional tailandesa à CGD por 28 milhões de euros no final de 2017, vai manter o lay-off, iniciado em outubro, pelo menos durante um ano. A empresa justifica a decisão com as pressões macroeconómicas e a concorrência que o setor enfrenta, garantindo que está a falar com os trabalhadores para minimizar o impacto desta medida. Ainda assim, desde o início do lay-off, 40% dos funcionários já abandonaram a empresa.

Tomámos a decisão de suspender temporariamente a produção nesta fábrica até 30 de setembro de 2024, em acordo com o Conselho de Empresa local e a Segurança Social portuguesa“, confirmou ao ECO fonte oficial da multinacional tailandesa. A fábrica de Sines da Indorama iniciou em outubro do ano passado um lay-off que engloba a paragem da produção durante “seis meses renováveis por igual período” e o pagamento de 66% do salário aos trabalhadores por parte da Segurança Social.

Tomámos a decisão de suspender temporariamente a produção nesta fábrica até 30 de setembro de 2024.

Indorama Ventures

“A indústria do ácido tereftálico purificado [matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar, como garrafas para bebidas] tem sido sujeita a pressões competitivas e macroeconómicas sem precedentes, acompanhadas de aumento de custos e importações de baixo custo. Isto aplica-se ao nosso negócio em Sines, Portugal”, justifica a empresa, em declarações escritas enviadas ao ECO.

A antiga Artland, criada pelos espanhóis da La Seda para o projeto petroquímico em Sines, passou de um Projeto de Interesse Nacional (PIN) para um Processo Especial de Revitalização (PER) que desabou em falência. Deixou muitos milhões de euros por cobrar, com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como o principal credor.

A aquisição pela empresa tailandesa, no final de 2017, trouxe a esperança de um renascimento da fábrica. O grupo anunciou um investimento de 150 milhões de euros para que a produção fosse retomada no segundo semestre de 2018. E, segundo a AICEP, gestora do parque industrial e logístico onde estão instaladas várias unidades da indústria petroquímica, a empresa, que empregava na altura mais de 100 trabalhadores, previa aumentar “em 10% a força de trabalho”.

Os trabalhadores não sabem qual vai ser o futuro após outubro.

Hélder Guerreiro

Porta-voz do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul)

Seis anos depois, o futuro da companhia não poderia ser mais incerto, com a empresa tailandesa a manter tudo em aberto sobre o que irá acontecer com a petroquímica de Sines, após outubro. “Os trabalhadores não sabem qual vai ser o futuro, refere ao ECO Hélder Guerreiro, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul). O dirigente sindical mostra-se preocupado com a situação dos trabalhadores, que estão a receber 66% do salário. Uma situação que tem levado muitos a procurar outras alternativas de trabalho.

Segundo adianta Hélder Guerreiro, a Indorama conta atualmente com 80 trabalhadores, menos 40% do que os 134 funcionários abrangidos pelo lay-off, no início deste processo, quando a multinacional tailandesa decidiu suspender a produção de ácido tereftálico purificado na fábrica de Sines.

Desde o início do lay-off saíram várias dezenas de trabalhadores da fábrica da Indorama de Sines. A petroquímica conta atualmente com cerca de 80 trabalhadores, abaixo dos mais de 130 que empregava à data do arranque do lay-off.

Estamos a trabalhar diretamente com os nossos colaboradores, os seus representantes e as principais partes interessadas nacionais para minimizar o impacto deste ciclo económico negativo“, salienta, por outro lado, fonte oficial da empresa. “Informaremos os funcionários e as principais partes interessadas caso haja alguma atualização”, acrescenta.

Com uma capacidade de produção de 700 mil toneladas por ano, a unidade de Sines é uma das mais de 100 fábricas detidas pela Indorama a nível global. Em relação ao futuro da empresa em Portugal, o grupo diz que “todas as opções estão em cima da mesa”, explica Hélder Guerreiro. As justificações que têm recebido da empresa apontam que a produção na Europa não é rentável. O sindicalista refere ainda que uma fábrica idêntica à de Sines, detida pelo grupo na Holanda, já foi encerrada. “Muito provavelmente aqui vai acontecer o mesmo”, lamenta.

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