Exclusivo Negócio fechado. Auchan cumpre “remédios” impostos pela Concorrência para comprar Minipreço
Grupo francês completa desinvestimento nas cinco zonas suscetíveis de levantar problemas de concorrência. Regulador nomeia “intermediário independente para franquia que ainda não está resolvida”.
Ano e meio depois de ter sido anunciada, a compra de 100% da operação do grupo Dia em Portugal está finalmente concluída, depois de a Auchan cumprir os “remédios” que foram impostos pela Autoridade da Concorrência (AdC) para dar luz verde ao negócio avaliado em 155 milhões de euros e que forma a sexta maior retalhista alimentar do país, a seguir ao Continente, Pingo Doce, Lidl e Mercadona, com cerca de 580 lojas e 11 mil trabalhadores no país.
Na deliberação em que “adotou uma decisão de não oposição com condições e obrigações” nesta operação de concentração, o regulador identificou cinco zonas nos concelhos de Aguiar da Beira, Ansião, Castelo Branco, Moimenta da Beira e Sabugal como suscetíveis de levantar problemas de concorrência porque a quota combinada dos franquiados das duas insígnias poderia ultrapassar os 40%.
Para “excluir totalmente a suscetibilidade da operação de concentração gerar entraves significativos para a concorrência efetiva nessas localidades”, obrigou o grupo francês a “intermediar” a celebração de contratos entre os franquiados nessas regiões e uma insígnia concorrente, “sem exigência de qualquer contrapartida financeira e, em qualquer circunstância, sem ter acesso a informação sensível relativamente aos detalhes das negociações ou dos contratos”.
Em quatro das cinco zonas identificadas, a situação está já ultrapassada, restando uma para a qual entrará em funções, a partir de 24 de janeiro de 2025, um intermediário independente aprovado pela Autoridade da Concorrência.
A Auchan Retail Portugal, liderada por Pedro Cid, não conseguiu fechar esse dossiê no prazo inicial de seis meses, que terminou em meados de outubro, tendo nessa altura pedido a prorrogação por três meses para completar esse desinvestimento. Esse período adicional termina precisamente esta sexta-feira, com a AdC a confirmar ao ECO que o antigo Jumbo já cumpriu as condições impostas para o fecho do negócio.
“Em quatro das cinco zonas identificadas, a situação está já ultrapassada, restando uma para a qual entrará em funções, a partir de 24 de janeiro de 2025, um intermediário independente aprovado pela AdC”, respondeu ao ECO fonte oficial da entidade liderada por Nuno Cunha Rodrigues. “O passo seguinte é a nomeação de um intermediário independente para a franquia que ainda não está resolvida”, acrescentou.
Com esta transação que tem no perímetro 489 lojas Minipreço e Mais Perto (próprias ou em regime de franchising), além de vários armazéns e um conjunto de 30 gasolineiras, e prevê a integração de um universo de 2.650 trabalhadores, o grupo de origem francesa reforça a posição no formato de proximidade, em que já opera com a marca MyAuchan. Já prometeu investir outros 100 milhões de euros no desenvolvimento e modernização das lojas Minipreço, que começará a executar no segundo trimestre deste ano e completará em três anos.
Do total de lojas compradas ao grupo espanhol pela Auchan, que não respondeu ao pedido de esclarecimentos do ECO até à hora de fecho deste artigo, mais de 50% operam em regime de franchising.
É a mais antiga e uma das maiores redes nacionais de franquia alimentar. Em outubro, quando recusou responsabilidades no fecho de dois supermercados Minipreço no Porto e Matosinhos por parte de franqueados da marca, o grupo disse ao ECO que encerrou apenas uma loja própria Minipreço em “resultado da obrigatoriedade imposta pela Autoridade da Concorrência”.
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