Exclusivo Imobiliárias de Vieira avançam com PER para ‘libertar’ terrenos
Sociedades do ex-líder do Benfica pediram ao tribunal para entrarem em Processo Especial de Revitalização. Novobanco vai dar suporte financeiro às empresas para avançar com venda dos terrenos.
Em situação financeira muito difícil, as sociedades imobiliárias de Luís Filipe Vieira em Portugal avançaram com pedidos de Processo Especial de Revitalização (PER), um passo que vai permitir ‘desbloquear’ a venda dos terrenos e pagar uma parte das dívidas ao Novobanco, que ascendem a centenas de milhões de euros.
Em causa estão as sociedades Imocochão, Muscateinvest Portugal, Royal Iberia e Overbrick, que nos últimos dias submeteram os processos de recuperação junto do tribunal de Lisboa, para responderem às dificuldades financeiras que enfrentam: estão sem dinheiro para funcionarem e encontram-se em risco de falência.
Ao avançarem com estes planos, vão recuperar algum fôlego financeiro. Isto porque, no âmbito destes processos, está previsto que o Novobanco injete fundos na ordem de alguns milhões de euros de apoio à liquidez das sociedades. O dinheiro vai ajudar a fazer face às despesas das sociedades, incluindo gastos administrativos e investimentos com o desenvolvimento dos projetos, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.
Nesse sentido, o objetivo é que as sociedades possam depois lançar novamente os processos de vendas dos terrenos que detêm nos arredores de Lisboa (Loures e Vila Franca de Xira) e no Algarve (Tavira) e que podem valer mais de 100 milhões de euros. Dinheiro que vai ajudar a liquidar parte da dívida do grupo ao Novobanco e que, em 2017, ascendia a cerca de 400 milhões de euros, incluindo os chamados VMOC no valor de 160 milhões da Promovalor e da Inland, que o tribunal considerou terem sido saldados por parte de Vieira com a conversão dos títulos.
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Terrenos sem interessados
As empresas do antigo presidente do Benfica estão incluídas no Fundo de Investimento Alternativo Especial (FIAE), criado em 2017, no âmbito do processo de reestruturação da dívida do grupo Promovalor ao Novobanco.
O banco ficou com a maioria das unidades de participação do FIAE gerido pela C2 Capital, detida pelos chineses da Gaw Capital, e, em contrapartida, as sociedades de Luís Filipe Vieira entregou todo o património imobiliário para o fundo valorizar e vender.
Entre os terrenos mais valiosos que foram transferidos para o FIAE encontram-se o Parque Oriente (Overbrick), localizado em Loures, ao lado do terreno onde foi construído o palco para visita do Papa nas Jornadas Mundiais da Juventude, em 2023, e ainda outro em Santa Luzia, em Tavira.
Mas, como o ECO noticiou há cerca de um ano, o anterior processo de venda acabou por não atrair interessados, devido à falta de licenciamento dos terrenos, entre outros motivos, com os potenciais interessados a considerarem exagerado o valor pedido pelo banco.
Fundo de Resolução deixou de ser responsável por Vieira
Em 2017, ao abrigo da reestruturação da dívida de Vieira, o FIAE recebeu ativos localizados em Portugal, Espanha, Brasil e Moçambique, com o valor de 220 milhões de euros.
Além dos 11 terrenos em Portugal, a lista de ativos transferidos para o fundo incluiu o hotel na Reserva do Paiva, no Brasil, atualmente explorado pelo grupo espanhol Meliá (pertencia ao Sheraton), e um edifício de escritórios no centro de Maputo, em Moçambique.
Estes ativos integravam o perímetro do mecanismo de capital contingente (CCA) que chegou ao fim em dezembro. Ou seja, o Fundo de Resolução deixou de ter uma palavra a dizer sobre estes ativos e também já não é mais responsável por eventuais perdas adicionais que possam a dar ao banco.
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