COTEC distingue 61 empresas pela inovação e reporte ESG. Líder avisa que exigências “vão aumentar”

A COTEC acaba de distinguir 61 empresas nacionais, a maioria pequenas e médias, pela inovação e práticas de reporte ESG. Apesar do alívio concedido pela UE, a COTEC conta que as exigências aumentem.

Há cinco anos que a COTEC – Associação Empresarial para a Inovação distribui a distinção “inovadora”. Em 2024, lançou o Inovadora Evolution, que alarga o âmbito da distinção, de forma a incluir boas práticas de reporte de sustentabilidade. Das 1.000 Inovadoras, 128 quiseram candidatar-se ao Inovadora Evolution, e 61 conseguiram este selo. O diretor-geral da COTEC, Jorge Portugal, acredita que, apesar do alívio recentemente proposto pela Comissão Europeia quanto ao reporte de sustentabilidade, a pressão nesta frente não irá esmorecer. Pelo contrário, conta que aumente, à boleia das exigências das empresas para as quais as exigências se mantêm e também dos bancos e dos investidores.

Para arrecadar o Inovadora Evolution, as empresas tinham de respeitar os Critérios Voluntários de Reporte se Sustentabilidade (VSME), desenvolvido a nível europeu. A COTEC pedia o preenchimento de 46 indicadores, relativamente aos anos de 2022 e 2023. As 61 empresas distinguidas preencheram todos os indicadores que se aplicavam ao seu caso.

A partir de agora [as vencedoras] vão poder incorporar nas decisões de gestão esses indicadores”, afirma Jorge Portugal. A diretiva, relembra, só obriga a reportar, e não à ação, mas desta forma cria-se “transparência e responsabilidade”, ao expor eventuais fragilidades que deverão ser colmatadas.

Durante o processo, as principais dificuldades identificadas foram a dispersão dos dados entre diferentes departamentos, sem um ponto de contacto único ou um documento centralizado Além disso, muitas variáveis não eram regularmente acompanhadas. “A ausência de processos estruturados e de sistemas internos integrados levou a um esforço significativo em termos de tempo e recursos para reunir os dados necessários”, afirma o líder da COTEC.

Entre as empresas que receberam a distinção, as pequenas representam 46%, enquanto as médias empresas correspondem a 43%. As Mid Cap (com volume de negócios acima de 50 milhões de euros) e XL (com volume de negócios acima de 250 milhões de euros) constituem, respetivamente 10% e 2% do total. Olhando a setores, 56% dos selos Inovadora Evolution couberam a empresas da indústria transformadora, seguidas das de Informação e Comunicação (10%) e das de Comércio (10%). Esta distribuição, explica a COTEC, está em tudo alinhada com a composição do grupo de empresas que recebeu o selo Inovadora anteriormente.

Em média, as empresas analisadas reduziram o consumo de energia em 14% entre 2022 e 2023, o consumo de água diminuiu 6% no mesmo período, a eletricidade renovável gerada subiu 7%. O gap salarial detetado é de 1,8%, mas o responsável da COTEC reconhece que será necessária uma análise mais profunda.

Omnibus não trava esforços, entende COTEC

Na ótica de Jorge Portugal, o pacote Omnibus, uma proposta europeia que promete simplificar a legislação quanto ao reporte de sustentabilidade, “não altera o espírito da diretiva”, apesar de cortar em 80% o número de empresas abrangidas e de atrasar em dois anos a implementação, que deveria acontecer este ano.

A expectativa e as exigências não vão parar. Vão aumentar.

Jorge Portugal

Diretor-geral da COTEC

Em relação ao corte, Jorge Portugal assume que “não é tão substancial como parece”, assumindo que a fatia de 20% de empresas que se mantém sobre escrutínio serão das mais poluidoras, pela dimensão. Ao mesmo tempo, admite que são estas que têm maior ascendente sobre as restantes, ao estarem a jusante da cadeia de valor, e tendo desta forma influência nas práticas dos seus fornecedores.

Quanto ao adiamento, a COTEC interpreta que, nos países que já transpuseram a diretiva, as obrigações de reporte mantêm-se, pelo menos até as alterações serem aprovadas a nível europeu. Portugal é um dos países que ainda não transpôs a diretiva. “Já devia ter começado”, acusa o líder da COTEC.

Independentemente das datas vinculativas que venham a ser definidas, Jorge Portugal acredita que as expectativas do mercado e dos bancos quanto à transparência nas métricas de sustentabilidade mantenham a pressão sobre as empresas, e que as maiores continuem a exigir dos seus fornecedores. “A expectativa e as exigências não vão parar. Vão aumentar”, defende.

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