Montepio vai a eleições a 19 de dezembro. Oposição prepara lista concorrente

Virgílio Lima não terá concorrência na corrida à liderança da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), cujas eleições estão marcadas para 19 de dezembro, mas deverá enfrentar oposição de, pelo menos, uma lista concorrente para a assembleia de representantes. Essa lista ainda está a ser preparada, mas já se sabe quem será o cabeça de lista: o arquiteto e professor universitário Tiago Mota Saraiva.

Contactado pelo ECO, Tiago Mota Saraiva não quis fazer muitos comentários, mas confirmou implicitamente a iniciativa. “Neste momento, ainda estamos em processo de construção da lista pelo que me parece ainda prematuro falarmos”, adiantou o arquiteto.

A lista estará associada a nomes que integraram a lista C nas últimas eleições, que foi encabeçada por Eugénio Rosa, economista ligado ao PCP, tendo conseguido eleger cinco dos 30 membros que compõem a assembleia de representantes — que veio substituir o conselho geral da instituição, extinto em 2020, e também a assembleia geral de asscoaidos, e tem o poder de aprovar e chumbar orçamentos e contas, decidir a venda de participações de entidades do grupo e eleger a comissão de remunerações da administração, entre outras competências.

A maior associação mutualista do país, com mais de 600 mil associados, vai a eleições no final do ano para eleger os membros dos órgãos sociais e cargos associativos para o mandato 2026-2029.

Como o ECO revelou em primeira mão, o atual presidente, Virgílio Lima, vai liderar a única lista que concorre para o conselho de administração e conselho fiscal – perspetivando-se mudanças nos nomes que integrarão estes dois órgãos.

Ao contrário do que acontece para o conselho de administração e conselho fiscal, os candidatos à assembleia de representantes não necessitam de parecer prévio do regulador, a Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF), o que facilita a apresentação de listas concorrentes.

Quem quiser candidatar-se terá de formalizar a sua candidatura até 15 de outubro, depois de lançada a convocatória na semana passada e que apontou a data das eleições para 19 de dezembro.

O grupo saiu dos holofotes nos últimos anos, mas continua a apresentar muitos desafios. Apesar dos lucros, mantém-se sob pressão sobretudo ao nível do seu balanço inflacionado pelos ativos por impostos diferidos e pelo Banco Montepio (como o auditor tem repetido na certificação das contas), e também pela necessidade de convergir para as regras do setor dos seguros exigidas pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) até 2030 – as quais obrigam a reduzir a sua exposição ao banco. O próximo mandato será por isso desafiante para o futuro da mutualista.

Oferta reforçada na saúde e habitação

Entretanto, para esta quarta-feira, está agendada uma assembleia geral de associados para votarem o novo regulamento de benefícios, resultado do trabalho desenvolvido nos últimos três anos e que teve como objetivo flexibilizar e agilizar o processo de alteração e criação de modalidades de poupança e assegurar uma maior rendibilidade para os associados, entre outros.

Entre as novidades do novo regulamento está o lançamento de produtos mutualistas que visam responder às necessidades dos associados nomeadamente na aquisição e construção de habitação (incluindo uma modalidade em que o associado paga uma renda e no final pode ficar com a casa) e também no âmbito da saúde com uma vertente de promoção de medicina preventiva.