Bruxelas anuncia aumento das tarifas do aço para 50%
A Comissão Europeia duplicou as taxas alfandegárias de 25% para 50% sobre as importações de aço em todo o mundo. A quota de aço importado isento de tarifas foi reduzida a quase metade.
A Comissão Europeia oficializou esta quarta-feira o aumento das tarifas para a siderurgia. Bruxelas vai reduzir para quase metade a quota de aço importado de países fora da União Europeia que fica isento de taxas aduaneiras (UE) e duplicar as tarifas sobre as importações de 25% para 50%.
O anúncio foi feito esta terça-feira pelo vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta da Prosperidade e Estratégia Industrial. Numa publicação na rede social X, Stéphane Séjourné defendeu a medida como uma forma de “salvar as nossas siderúrgicas e os nossos empregos europeus”. “Esta é a nova cláusula de salvaguarda do aço. Esta é a reindustrialização da Europa”, escreveu o francês Stéphane Séjourné no antigo Twitter.
A proposta da Comissão Europeia é que o volume de importações isentas seja de 18,3 toneladas métricas por ano, o que corresponde a uma redução de 47% em relação aos contingentes de 2024. Segundo a agência Reuters, devido ao aumento das importações e das tarifas dos Estados Unidos, os produtores de aço da União Europeia estão a operar com apenas 67% de capacidade. O plano é aumentar a produção em 80%.
Quanto às tarifas, estão em linha com as do Canadá e dos Estados Unidos e abrangem as importações provenientes de todos os países terceiros à exceção dos parceiros do Espaço Económico Europeu. Ainda assim, quem comprar aço deve divulgar onde a matéria-prima foi fundida.
Tweet from @steph_sejourne
A deterioração da indústria siderúrgica, “um pedra angular da economia europeia”, é a principal preocupação da instituição liderada por Ursula von der Leyen. No período de uma década, a balança comercial do setor do aço passou de um excedente de 11 milhões de toneladas para um défice de 10 milhões. A produção de aço está em declínio, com 65 milhões de toneladas perdidas desde 2007 e menos 30 mil postos de trabalho desde 2018.
A saúde da indústria siderúrgica da UE e a sua posição a nível mundial são essenciais para garantir a autonomia estratégica, incluindo as nossas capacidades em muitos setores, como defesa e o automóvel. No entanto, a sobrecapacidade mundial, impulsionada por políticas e práticas não mercantis, está a ameaçar a competitividade a longo prazo do aço europeu.
Na semana passada, a Bloomberg já tinha avançado que Bruxelas planeava aumentar as tarifas sobre as importações de aço para 50% e reduzir em quase metade o volume de aço permitido antes da imposição desta taxa mais elevada.
Em causa está o facto de a União Europeia dispor de um mecanismo temporário, para proteger a siderurgia do Velho Continente, que impõe uma tarifa de 25% sobre a maioria das importações após o esgotamento das quotas. No entanto, como o instrumento expira a 30 de junho de 2026, o executivo comunitário esteve a trabalhar noutra regulamentação.
Quem não reagiu da melhor forma foram as empresas siderúrgicas britânicas. A UK Steel, que representa a indústria do aço do Reino Unido, teme que as consequências das taxas europeias sejam mais penalizadoras do que as dos Estados Unidos. “Podem ser fatais para muitas das nossas restantes empresas siderúrgicas”, alertou esta segunda-feira o diretor-geral do grupo de lóbi UK Steel, em declarações ao Financial Times.
Notícia atualizada às 17h22 com mais informação
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