Medo de imigrantes “não tem a ver com a realidade estatística”, diz Marcelo

  • Lusa
  • 15:23

Presidente da República diz que "é uma tarefa muito difícil a de equilibrar a onda que se vive no mundo, na Europa e também em Portugal, que é uma onda contrária às migrações".

O Presidente da República afirmou esta quarta-feira que Europa “reage com medo” à chegada de imigrantes por ser um continente envelhecido e considerou que equilibrar a “onda contrária às imigrações” é uma “tarefa muito difícil”.

Num discurso no encerramento da conferência Millennium Talks Lisboa – COTEC Innovation Summit, na FIL, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu Portugal e a Europa assistem a uma “onda contrária às migrações”, considerando que equilibrar essa atitude é “uma tarefa muito difícil”.

“É uma tarefa muito difícil a de equilibrar a onda que se vive no mundo, na Europa e também em Portugal, que é uma onda contrária às migrações. É um facto. Não tem a ver com a força A, B, C, D, porque está em toda a Europa. É um continente velho, envelhecido, a reagir com medo”, argumentou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, este medo foi acentuado pela pandemia e “não tem a ver com a realidade estatística, mas com a realidade psíquica das pessoas”. O Presidente da República considerou que foi “copiada a análise da [imigração] de França ou da Alemanha” e sublinhou, para exemplificar a contradição entre a estatística e as perceções, que não há peso de imigrantes muçulmanos ou árabes em Portugal.

Na gestão da questão migratória, Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou a importância de “não cortar pontes com a CPLP”, porque desses países podem vir contributos para áreas-chave da economia nacional, como nas obras públicas, na restauração e hotelaria ou instituições sociais.

O Presidente da República afirmou que, nessas áreas, “os portugueses estão ser substituídos por brasileiros, angolanos, cabo-verdianos, ucranianos”, acrescentando que “noutros tempos” os países “ao falarem de regulação” priorizavam certos imigrantes, como terá feito o Luxemburgo em relação aos portugueses.

“Noutros tempos, os países, ao falarem em regulação, pensaram assim. Foi assim que o Luxemburgo optou, na altura devida, por portugueses. Fez uma escolha. Optou. E criou, portanto, condições mais favoráveis aos portugueses em relação aos jugoslavos, aos espanhóis, aos italianos, aos do norte de África e de outros países vizinhos”, acrescentou.

No mesmo discurso, sublinhou a importância de Portugal “estar bem” num contexto em que o mundo não está, salientando os números portugueses no crescimento económico, no turismo e no investimento estrangeiro.

“Não há dúvida que Portugal é seguro, bem localizado geograficamente, condições de natureza meteorológica únicas, de acolhimento únicas, de hospitalidade única, de natureza, de disponibilidade humana (…) todos os que aqui estão, que podem viajar pelo mundo, sabem que é cada vez mais raro ter esse conjunto de condições”, acrescentou.

 

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