Fed dividida sobre corte de juros. Nem todos apoiam descida em dezembro
As minutas da última reunião de política monetária da Reserva Federal norte-americana mostram que a maioria quis repetir o corte de 25 pontos, apesar da cautela política em torno da inflação.
A Reserva Federal norte-americana (Fed) cortou as taxas de juro em outubro, numa reunião de política monetária no qual o banco central se mostrou amplamente dividido. As minutas divulgadas esta quarta-feira indicam que a Fed avançou para um corte, apesar de os decisores políticos avisarem que custos de empréstimos mais baixos poderiam comprometer o controlo da inflação, que está acima dos 2%.
“Muitos participantes mostraram-se a favor da redução da meta para a taxa de juro dos fundos federais”, lê-se nas atas da última reunião da Fed, que se realizou entre os dias 28 e 29 de outubro. Os documentos referem, segundo a agência Reuters, que alguns membros também teriam ficado satisfeitos em manter as taxas, o que deixa dúvidas sobre o que acontecerá no próximo mês.
Ainda assim, a decisão dos membros do FOMC – Federal Open Market Committee (comité de política monetária) de descer as Federal Funds Rates para o intervalo entre 3,75% e 4% era amplamente esperada por analistas e investidores. Aliás, foi a segunda seguida.
Por outro lado, outros opuseram-se totalmente ao corte e “expressaram preocupação com o facto de o progresso em direção à meta de inflação de 2% do comité ter estagnado”, tendo ainda referido que as expectativas de inflação a longo prazo poderiam aumentar no caso a taxa não regressasse aos 2% “em tempo útil”.
Além disso, a maioria acha que “novas reduções da taxa de juro diretora poderiam aumentar o risco de a inflação mais elevada” ou “ser interpretadas erradamente como uma falta de compromisso dos decisores políticos com a meta de inflação de 2%“.
Tanto que nem todos se comprometeram a fazê-lo na próxima reunião em dezembro. “Os participantes expressaram opiniões fortemente divergentes” sobre se a Fed deveria reduzir as taxas na sua reunião de 9 e 10 de dezembro, segundo as atas, que estão em linha com as declarações de Jerome Powell aos meios de comunicação social.
A divisão dos 19 membros da Fed é um reflexo da ausência de dados oficiais sobre o emprego e a inflação nos Estados Unidos. Desde essa reunião de outubro, os investidores reduziram as ‘apostas’ num corte de juros em dezembro de mais de 90% de probabilidade para praticamente zero.
Na conferência de imprensa, após a reunião de outubro, o presidente da Fed explicou que existiram “opiniões fortemente divergentes” na reunião sobre como proceder. “Um novo corte na taxa de juros na reunião de dezembro não é uma conclusão garantida, longe disso”, disse Jerome Powell, sublinhando que “a política [monetária] não está num rumo pré-definido”.
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