“Quem não deve, nada teme”. Humberto Pedrosa “tranquilo” com buscas ligadas à privatização da TAP
Envolvimento do grupo na privatização da TAP "foi sempre pautado pela correção, legalidade e vontade de trabalhar e ajudar Estado português a manter a TAP como uma empresa forte, ao serviço do país".
Humberto Pedrosa, empresário e acionista do Grupo Barraqueiro e da Atlantic Gateway, afirmou esta quarta-feira estar “completamente tranquilo” e que “nada deve e, por isso, nada teme”, na sequência das buscas realizadas no grupo.
Na mensagem interna enviada para tranquilizar os colaboradores, a que a Lusa teve acesso, Humberto Pedrosa sublinha que o envolvimento do grupo na privatização da TAP, em 2015, “foi sempre pautado pela correção, legalidade e, sobretudo, pela vontade de trabalhar e ajudar o Estado português a manter a TAP como uma empresa forte, ao serviço do país”.
“Fiz na TAP aquilo que sempre fiz ao longo de quase 60 anos de vida empresarial: trabalhar arduamente para criar empresas saudáveis, boas para as pessoas que cá trabalham e para os nossos clientes”, escreve o empresário, reforçando que sempre agiu “dentro da legalidade, correção e transparência”.
[Envolvimento da Barraqueiro na privatização da TAP em 2015] foi sempre pautado pela correção, legalidade e, sobretudo, pela vontade de trabalhar e ajudar o Estado português a manter a TAP como uma empresa forte, ao serviço do país.
“Estamos, por isso, completamente tranquilos, não existindo qualquer motivo de preocupação relativamente a este processo“, conclui Humberto Pedrosa, acionista da Atlantic Gateway (juntamente com David Neeleman), que venceu a privatização da TAP no governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelhos.
A mensagem surge no dia seguinte ao Ministério Público ter constituído quatro arguidos — duas pessoas e duas empresas — na “Operação voo TP789”, após buscas à TAP, ao Grupo Barraqueiro e à Parpública, entre outros locais, relacionadas com a privatização de 2015.
As diligências, realizadas em 25 locais, estão associadas a suspeitas de administração danosa, participação económica em negócio, corrupção passiva no setor privado, fraude fiscal qualificada e fraude à Segurança Social qualificada, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
O Grupo Barraqueiro já tinha confirmado as buscas em comunicado, assegurando “total confiança e tranquilidade” na sua intervenção no processo e lembrando que entregou voluntariamente ao Ministério Público um dossier com “toda a informação relevante”, incluindo “extensa prova” de não ter praticado qualquer irregularidade.
A investigação resulta de uma queixa apresentada em 2022 e abrange a aquisição de 61% da TAP SGPS pela Atlantic Gateway em 2015.
Um dos temas mais abordados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Tutela Política da Gestão da TAP, em 2023, foi o dos chamados fundos Airbus, um negócio feito pela sociedade DGN, liderada por David Neeleman, com a fabricante de aviões, que implicou a anulação de um contrato anterior para o leasing de 12 aviões A350, e a concretização de um novo para a aquisição de 53 aeronaves de outra gama.
No âmbito desse negócio, a Airbus providenciou créditos de capital à DGN, no valor de 226,75 milhões de dólares (195,5 milhões de euros ao câmbio atual), para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway.
O consórcio Atlantic Gateway — composto pelos acionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa — venceu a privatização da TAP, levada a cabo na reta final do Governo do PSD/CDS-PP, operação que foi parcialmente revertida em 2015, pelo executivo de António Costa (PS).
Naquela altura, a tutela política da TAP era da responsabilidade do atual ministro das Infraestruturas e habitação, Miguel Pinto Luz.
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