Consórcio formaliza proposta para aquisição de 85% da Azores Airlines

Agrupamento que junta os empresários Carlos Tavares, Tiago Raiano, Paulo Pereira e Nuno Pereira entregou proposta final para a privatização. Júri terá agora de elaborar o relatório.

Os empresários Carlos Tavares, Tiago Raiano, Paulo Pereira e Nuno Pereira entregaram na segunda-feira à noite a proposta final para a compra de 85% da Azores Airlines, a companhia aérea do Grupo SATA que faz as ligações do arquipélago ao continente e os voos internacionais.

A proposta foi entregue em cima do prazo dado pelo júri do concurso da privatização, que terá agora de avaliar toda a documentação e produzir um relatório que servirá de base para a decisão do Governo regional e do conselho de administração da SATA.

O consórcio passa a ser designado Atlantic Connect Group, juntando Tiago Raiano, presidente do grupo de turismo Newtour, Nuno Pereira, da MS Aviation, Carlos Tavares, antigo CEO da Stellantis e Paulo Pereira, dono da Quinta da Pacheca.

“A proposta submetida considera a atual situação financeira da empresa e incorpora a visão estratégica dos empresários, orientada para a sustentabilidade da companhia e para a consolidação da sua operação, enquanto ativo estratégico para Portugal e para a Região Autónoma dos Açores”, afirma o consórcio em comunicado.

“O Atlantic Connect Group está disponível para, junto do Júri, prestar os esclarecimentos que venham a ser necessários, mantendo, nesta fase, a reserva pública adequada a um processo que se pretende rigoroso, isento e célere”, refere também a nota, onde não é referido o valor proposto para a aquisição da participação de 85% da Azores Airlines.

O Expresso noticiou este mês que o consórcio tinha em cima da mesa uma proposta que atira os encargos da privatização da companhia, a cobrir pelo Governo Regio­nal, para valores a rondar os 622 milhões de euros. Em causa estão 470 milhões em dívida, o prejuízo de 72 milhões previsto para este ano e dinheiro em caixa.

O grupo SATA anunciou a 19 de setembro um prejuízo de 44,2 milhões de euros no primeiro semestre, quase idêntico aos 45 milhões registados no mesmo período de 2024. A Azores Airlines, a transportadora do grupo que está a ser privatizada, conseguiu um EBITDA positivo de 300 mil euros, mas registou prejuízos de 41,1 milhões, mais elevados que no primeiro semestre de 2024.

A Comissão Europeia aprovou em junho de 2022 uma injeção estatal de 453,25 milhões de euros de Portugal à SATA Air Açores. Nesse âmbito, Portugal e a Região Autónoma dos Açores assumiram com a Comissão Europeia o compromisso de vender pelo menos 51% da Azores Airlines até ao final de 2025. A privatização era uma das medidas para “limitar distorções à concorrência” resultantes do auxílio de Estado.

Governo dos Açores admite adiamento da privatização

O presidente do Governo dos Açores congratulou-se pela entrega de uma proposta para a compra da Azores Airlines, mas admitiu o adiamento da privatização da companhia, que não deverá acontecer até ao final do ano. “É preciso voltar a conversar com a União Europeia porque, naturalmente, tudo isso vai provocar prorrogação de prazos e naturalmente haverá adiamento. Faz parte da natureza da resposta do mercado”, afirmou José Manuel Bolieiro, citado pela Lusa

O líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM)flembrou que o Plano de Reestruturação da SATA previa a conclusão da privatização da companhia aérea até ao final de 2025, mas salientou que o “mercado responde nos termos a que responde”. “Continuo com vontade que tudo corra bem. De resto, não posso deixar de ser realista se não reconhecer que haverá com certeza adiamentos”, acrescentou.

Bolieiro, que falava aos jornalistas na Assembleia Regional, na Horta, afastou a possibilidade de fecho da companhia aérea caso a proposta tenha “validade para ser aceite”, quando questionado se o encerramento ainda era um cenário.

(Notícia atualizada às 12h41 com as declarações de José Manuel Bolieiro)

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