Empresa da Covilhã exporta sistema de gestão prisional para a América Latina

A empresa portuguesa IPS prepara a primeira implementação do sistema prisional Horus 360, em janeiro de 2026 na América do Sul, após testes-piloto bem-sucedidos.

Responsável pelo desenvolvimento do projeto Horus 360 iOMS, a empresa portuguesa Innovative Prison Systems (IPS), da Covilhã, prepara-se para exportar pela primeira vez esta solução tecnológica de gestão prisional em 2026.

“A implementação será na América do Sul e está prevista para janeiro. Em março prevemos anunciar outro projeto”, adiantou Pedro das Neves, CEO da IPS, em entrevista ao ECO, sem revelar, contudo, os países onde a solução será instalada. Esta será a primeira implementação real após vários testes-piloto bem-sucedidos.

O responsável explicou que o projeto está agora numa segunda fase “muito mais focada na aplicação de inteligência artificial e em grandes modelos de linguagem (LLM)”. A previsão global de investimento ascende a cerca de 11 milhões de euros até 2028, sendo que até ao momento diz já terem sido investidos entre 6 e 7 milhões.

Pedro das Neves, CEO da IPSIPS

O foco internacional da IPS inclui mercados como Estados Unidos, Austrália e países da América do Sul e da Europa do Norte. “Estamos a trabalhar ativamente no mercado norte-americano, onde já fomos pré-qualificados em várias jurisdições. Mas estes processos demoram sempre vários meses”, indicou Pedro das Neves.

“O Horus é uma solução europeia, totalmente desenvolvida por nós, para gestão prisional. Trabalhamos num setor onde praticamente não existem alternativas europeias e onde muitos países ainda utilizam sistemas com 30 ou 40 anos”, acrescentou. “O nosso objetivo foi criar uma solução comercial configurável, moderna e completa”.

Apesar de existir tecnologia portuguesa pronta a ser utilizada, Portugal ainda não a implementou. “O sistema prisional português continua a usar sistemas obsoletos com mais de 30 anos e é muito fechado a mudanças. Mas acredito que é uma questão de tempo”, confiou. “Já houve contactos institucionais, mas este tipo de sistema não se vende prisão a prisão. A decisão é sempre centralizada”, atirou o CEO.

Como funciona o Horus 360?

O Horus 360 é um sistema informático desenvolvido pela IPS que utiliza inteligência artificial (IA) para apoiar a tomada de decisões na área da justiça criminal. O sistema analisa o perfil dos detidos e fornece informações sobre a probabilidade de violência, suicídio e reincidência, ajudando as autoridades judiciais e prisionais a tomarem decisões mais fundamentadas.

O sistema integra a IA em todas as fases do processo criminal, desde a detenção do indivíduo, passando pelo julgamento, até à gestão no estabelecimento prisional e à definição de programas de reabilitação, de acordo com o perfil do recluso e a disponibilidade dos programas existentes.

Este produto tecnológico abrange áreas como segurança, reabilitação, gestão penal, movimentações internas e externas, a manutenção das instalações e operações diárias. Inclui ainda uma aplicação móvel, que permite aos guardas registar ocorrências em tempo real.

O responsável da IPS descreve o Horus 360 de forma simples: “Costumo comparar a prisão a um hospital. Um detido dá entrada, é feita a triagem, registam-se os dados iniciais, é-lhe atribuída uma cela e um plano de acompanhamento. Depois, tudo o que acontece durante o período em que está institucionalizado fica registado”.

Pedro das Neves faz questão de reforçar que “existe tecnologia desenvolvida em Portugal, apoiada por fundos públicos (Centro 2020), que já está pronta a ser utilizada”. “Estes incentivos são fundamentais para posicionar empresas portuguesas no mercado internacional”, finaliza.

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