Exclusivo Portuguesa Apex lança-se no private equity para comprar clubes, ligas desportivas e direitos de media

A gestora de fundos liderada por António Caçorino está a criar um veículo para aquisição de posições minoritárias - entre 20% a 49% - em clubes, ligas ou direitos de media.

A sociedade de investimento Apex Capital, especializada em desporto, lançou-se oficialmente no private equity com um novo fundo para comprar participações em empresas da indústria desportiva. A gestora de fundos portuguesa está a criar um veículo para aquisição de posições minoritárias – entre 20% a 49% – em clubes, ligas ou direitos de media.

“O fundo tem como meta entre 10 e 15 investimentos em aquisições, participações minoritárias estratégicas e negócios minoritários selecionados, com uma clara ênfase nas participações minoritárias estratégicas, nas quais podemos desempenhar um papel ativo na geração de valor comercial. Esperamos que os investimentos individuais em ações variem entre os 15 e os 45 milhões de euros”, avançou ao ECO o CEO da Apex, António Caçorino.

O foco das aquisições “estratégicas” deste fundo de crescimento serão ativos desportivos de média capitalização na Europa, pelo que Portugal também está entre os alvos dos investidores. “A região tem uma cultura desportiva rica, programas de desenvolvimento de talentos reconhecidos a nível global e um forte histórico de desenvolvimento de atletas competitivos e ativos em múltiplas variantes, como futebol e automobilismo”, justifica.

A ideia é investir em áreas ou empresas de média dimensão que se mantêm “negligenciadas” pelos grandes fundos institucionais e estejam comercialmente subdesenvolvidas, embora tenham potencial para criação de valor no longo prazo. Ou seja, a aquisição pretende levar a cabo um plano centrado na melhoria da governança, operações e desempenho das vendas das participadas.

Já estamos já a explorar diversas oportunidades concretas, que se alinham com a nossa tese de investimento

António Caçorino

Cofundador e CEO da Apex Capital

Questionado sobre as diferenças entre desenvolver fundos de capital de risco e este mais alargado, António Caçorino garante que tanto a estratégia de venture capital como a de growth e private equity se assemelham, nomeadamente na abordagem unificada e no valor dos atletas investidores. Contudo, o novo vai procurar “posições de governance mais relevantes em empresas mais consolidadas, o que exige um modelo operacional diferenciado”.

“Por exemplo, a nossa framework de due diligence é mais aprofundada, técnica e personalizada para cada ativo; os processos de transação são, normalmente, mais longos e complexos; as estruturas de governance são geralmente mais robustas; e o nosso envolvimento com os stakeholders, sejam elas equipas de gestão, assessores, parceiros, marcas ou agências comerciais, tende a ser mais abrangente”, detalha o empresário do desporto.

Fluxos “significativos” de capital

A entrada no segmento de private equity acontece numa fase de aceleração do interesse mundial em ativos desportivos, que está a resultar em fluxos “significativos” de capital a entrar nos fundos nos Estados Unidos. Aliás, a Schroders Capital estima que o mercado de private equity de continuidade vai quadruplicar de tamanho na próxima década.

Os analistas da Schroders Capital preveem que o aumento da procura por parte dos investidores e a mudança no contexto das das aquisições faça com que as saídas (exits ou vendas) anuais dos investimentos de continuidade atinjam um valor superior a 300 mil milhões de dólares (cerca de 259 mil milhões de euros) em 2034, o que representa uma subida de 329% em relação ao ano passado.

Na perspetiva dos analistas, o segmento médio-baixo do mercado – onde também a gestora de fundos portuguesa se pretende posicionar – apresenta uma proposta “especialmente atrativa” por dar um conjunto de oportunidades mais amplo e diversificado do que o segmento das grandes compras. Só nos últimos dois anos, mais de dois terços das oportunidades de fundos de continuidade avaliadas pela Schroders Capital correspondiam a empresas avaliadas em menos de 750 milhões de dólares.

Embalada pelo conhecimento do panorama europeu através do trabalho que tem desenvolvido desde 2020, a partir de Caxias, com a equipa de Fórmula 1 Alpine, o clube de futebol italiano Venezia FC e a liga de futsal Baller League, a Apex pretende captar verbas de family offices, atletas, parceiros europeus, da Ásia e Estados Unidos e organizações que procuram exposição ao desporto ou pessoas com elevado património líquido (normalmente acima de um milhão).

Há um claro ponto de viragem na evolução do desporto como classe de ativos. Embora esteja com investimentos sem precedentes, grande parte do mercado, sobretudo nas PME, continua significativamente subcapitalizada, apesar da dinâmica de crescimento. Vemos potencial comercial ainda inexplorado, onde a criação de valor e a prática podem acelerar a performance.

António Caçorino

Cofundador e CEO da Apex Capital

A Apex Capital foi fundada durante a pandemia por António Caçorino, António Félix da Costa (Fórmula E), Pedro Félix da Costa e o piloto neozelandês Mitch Evans. Entre os investidores estão os pilotos Lando Norris (F1), Miguel Oliveira (Moto GP) ou os futebolistas André Silva, Diogo Dalot, Ferdi Kadioglu, Joris van Overeem ou José Fonte.

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