Empresas permitiram teletrabalho em dia de greve geral
Face aos constrangimentos previstos nos transportes públicos resultantes da greve geral, empresas de vários setores (da energia à banca) permitiram teletrabalho.
Com a circulação dos transportes públicos reduzida por causa da greve geral levada a cabo esta quinta-feira, foram várias as empresas, da banca à energia, que permitiram aos trabalhadores fazer teletrabalho, de modo a evitar constrangimentos a chegar ao local de trabalho. No centro desta paralisação, está a reforma da lei do trabalho que o Governo pretende fazer.
Com mais de sete mil trabalhadores em Portugal, a Intelcia adianta ao ECO que, no contexto da greve, vários trabalhadores solicitaram o teletrabalho “devido às dificuldades de mobilidade resultantes da redução dos transportes públicos“, pedido a que a empresa acedeu.
“A Intelcia acolheu esses pedidos para garantir condições adequadas de trabalho a quem decidiu exercer a sua atividade neste dia“, explica a multinacional, que garante que esta decisão foi tomada “sem nunca colocar em causa o direito à greve“.
“A medida foi avaliada internamente função a função, assegurando simultaneamente o bem-estar dos colaboradores e a continuidade do serviço aos clientes. A prioridade foi manter condições de segurança, estabilidade e organização para todos os trabalhadores”, afirma fonte oficial.
Na mesma linha, os trabalhadores do ManpowerGroup e da Manpower tiveram a opção de ficar em teletrabalho, no caso das funções compatíveis, esta quinta-feira, segundo avança o diretor-geral, Rui Teixeira, ao ECO.
"Os colaboradores do ManpowerGroup e da Manpower tiveram a opção de trabalhar em teletrabalho, no caso das funções compatíveis.”
“A flexibilidade de teletrabalho já faz parte do nosso modelo híbrido, o que nos permite, em contextos excecionais como este, manter uma boa qualidade de vida e trabalho para os colaboradores sem comprometer a entrega de serviço aos nossos clientes“, realça o responsável.
Outro exemplo de aplicação do teletrabalho nesta data foi o da consultora de recursos humanos Gi Group Holding Portugal. “Sabemos que, hoje em particular, é mais difícil chegar ao local de trabalho e, por isso, disponibilizámos essa opção para todas as funções em que é operacionalmente viável“, conta a diretora de RH, Cristina Simão.
“Em dias com potenciais constrangimentos externos, como o de hoje, seguimos naturalmente esta filosofia: oferecer alternativas que permitam às nossas equipas manter a sua atividade de forma estável, responsável e alinhada com o seu bem-estar“, enfatiza a responsável.
"Sabemos que, hoje em particular, é mais difícil chegar ao local de trabalho e, por isso, disponibilizámos essa opção para todas as funções em que é operacionalmente viável.”
Noutro setor, a banca, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) informou em comunicado que, “dada a impossibilidade de deslocação de alguns colaboradores dos serviços centrais, muitos asseguraram a sua atividade de forma remota”.
O Sindicato de Trabalhadores das Empresas do grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC) veio avisar, porém, que “nos vários serviços, com destaque para os serviços centrais, a atribuição generalizada e sem quaisquer restrições de teletrabalho, está a ser utilizado pela CGD como dissuasor da adesão à greve“.
Há também quem ofereça transporte substituto

Com mais de 14 mil trabalhadores a seu cargo, a Teleperformance explica ao ECO que o teletrabalho já é uma “opção estabelecida e regular para as funções compatíveis”, pelo que esteve disponível também neste dia.
Por outro lado, para os trabalhadores cujas funções não são compatíveis com o modelo remoto (isto é, que precisaram de se deslocar até ao local de trabalho), esta empresa “disponibilizou medidas de caráter exclusivamente logístico, como o reembolso das despesas de deslocação e das despesas de estacionamento, e um serviço de transporte shuttle, com o objetivo de facilitar o seu acesso às instalações”.
“Adicionalmente, desde novembro, a Teleperformance disponibiliza uma ferramenta interna para aqueles que desejem organizar a partilha de boleias entre colegas“, adianta fonte oficial.
"A TP disponibilizou medidas de carácter exclusivamente logístico, como o reembolso das despesas de deslocação e das despesas de estacionamento e um serviço de transporte shuttle, com o objetivo de facilitar o seu acesso às instalações. ”
No mesmo sentido, o Grupo Ageas Portugal indica que já tem há vários anos um modelo de trabalho flexível, pelo que, numa semana como esta os trabalhadores “puderam organizar-se de forma a assegurar o melhor equilíbrio das suas necessidades“.
“Adicionalmente, e no âmbito das soluções de apoio à mobilidade, o Grupo Ageas Portugal disponibiliza um serviço exclusivo de transporte em autocarro com duas rotas na área de Lisboa. Confirmamos que este serviço funcionou normalmente durante o período da manhã, conforme planeado, e que se mantém prevista a sua operação regular também durante o período da tarde“, revela fonte oficial.
Já na energia, fonte oficial da Galp explicou ao ECO que, “para salvaguardar o bem-estar das nossas pessoas e em linha com a política de trabalho remoto da empresa”, recomendou o teletrabalho aos trabalhadores cujas funções o permitam, “assegurando sempre o cumprimento dos serviços mínimos acordados com as equipas”.
"Para salvaguardar o bem-estar das nossas pessoas e em linha com a política de trabalho remoto da empresa, estamos a recomendar o teletrabalho aos colaboradores cujas funções o permitam.”
Por outro lado, a EDP indicou que tem em vigor um modelo de trabalho híbrido aplicável a todos os colaboradores do grupo com funções compatíveis com trabalho remoto. “Este modelo aplica-se independentemente de situações extraordinárias como greves”, afirma fonte oficial.
Importa notar que, conforme escreveu o ECO, o teletrabalho tem de ser, regra geral, aplicado por acordo, mesmo em datas como a desta quinta-feira. Isto é, nem pode ser imposto pelo empregador, nem pelo trabalhador.
No final de julho, o Governo aprovou em Conselho de Ministros e apresentou na Concertação Social o anteprojeto “Trabalho XXI”, que pôs em cima da mesa mais de 100 mudanças ao Código do Trabalho, nomeadamente no que diz respeito aos contratos a prazo, aos despedimentos, às licenças parentais e aos bancos de horas.
Desde essa altura que a UGT tem feito críticas, mas, entretanto, decidiu consensualizar uma data com a CGTP para uma greve geral, em protesto não só contra as medidas que estão em cima da mesa, mas também contra a falta de evolução na negociação.
Tanto a UGT como a CGTP estimam que a adesão a esta greve geral supere os três milhões de trabalhadores, com impacto no setor público e no setor privado. O Governo tem, contudo, desvalorizado a paralisação, ao longo do dia, referindo que a maioria dos trabalhadores não está em greve.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Empresas permitiram teletrabalho em dia de greve geral
{{ noCommentsLabel }}