Depois do Note 7, vem aí um novo telemóvel da Samsung
É o dia D para a Samsung. A empresa sul-coreana vai apresentar o primeiro telemóvel após o escândalo das baterias do Note 7. O que esperar do Galaxy S8, o próximo topo de gama da marca?
Agora é a vez da Samsung. Depois de ultrapassar o semestre mais complicado da sua história, a marca sul-coreana está de regresso e vai apresentar, esta quarta-feira, um novo telemóvel topo de gama, o Galaxy S8. É o primeiro aparelho da marca a ver a luz do dia desde o escândalo das baterias defeituosas do Galaxy Note 7 que, estimam os analistas da Bloomberg, terá custado mais de seis mil milhões de dólares aos cofres do conglomerado.
A empresa tem agora oportunidade de fazer cicatrizar a confiança ferida dos consumidores e vai pôr no mercado um telemóvel que, segundo informações veiculadas pela imprensa internacional, aposta em dois grandes pilares: um desenho elegante e uma nova assistente pessoal, a Bixby. As expectativas estão em níveis máximos. E, para a Samsung, é imperativo corresponder ou, no limite, superá-las.
As fugas de informação surgiram em catadupa no último par de meses. Fazendo fé, o Samsung Galaxy S8 deverá ter duas versões com ecrãs de 5,7 e 6,2 polegadas de diâmetro. Esta última deverá chamar-se Galaxy S8+ (ou S8 Plus) e, a confirmarem-se as informações, serão dois modelos de grande dimensão, já perto do conceito de phablet — isto é, um telemóvel grande com características de um tablet pequeno.
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No entanto, a dimensão final dos dois modelos não deverá ser muito superior ao que o segmento dos dispositivos móveis já nos habituou. A diferença far-se-á sentir, antes, no tamanho do ecrã e não tanto no do modelo: a marca terá eliminado as margens laterais tanto quanto pôde, pelo que o Galaxy S8 deverá incluir, assim, um grande ecrã curvo AMOLED [cores vivas e brilhantes] que ocupa uma generosa percentagem da parte frontal do aparelho.
É tido como muito provável que o habitual botão físico a meio do telemóvel seja substituído por um botão virtual no ecrã. A Samsung também deverá passar para a parte traseira o sensor de impressões digitais, um posicionamento característico dos anteriores Nexus e do novo Google Pixel, e que era também uma característica forte de alguns modelos mais musculados da Huawei. Junto ao sensor, terá uma câmara de, alegadamente, 12 megapixels. A das selfies deverá ter oito megapixels.
No campo das baterias, o calcanhar de Aquiles do Note 7, a Samsung deverá apostar em qualquer coisa como 3.000 mAh [miliampere hora] no modelo menor e 3.500 mAh no modelo maior — capacidades, ainda assim, superiores às do iPhone 7 Plus. O principal foco será, de longe, a segurança. Aqui não há lugar para grandes aventuras e a Samsung aprendeu-o da pior maneira.
Espera-se que inclua o mais recente processador da Qualcomm, o potente Snapdragon 835. Deverá ser à prova de água, com versões de 64, 128 e, possivelmente, 256 GB de espaço de armazenamento. Sobre se terá ou não entrada para auscultadores, os rumores apontaram nos dois sentidos mas as últimas imagens que foram postas a circular parecem indicar que vai poder continuar a ligar os seus auscultadores ao Galaxy S8 como sempre fez com outros telemóveis. Isto por mais um ano, pelo menos.
Ao nível do software, é praticamente certo que o Galaxy S8 trará instalado o Android Nougat, a última versão do sistema operativo da Google.
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Olá, Bixby
A Bixby é o trunfo da Samsung para concorrer contra os assistentes virtuais da Google, Microsoft, Apple e Amazon. A empresa já confirmou que o Galaxy S8 vai ter mesmo um botão físico para invocar a assistente. Segundo a marca, a funcionalidade permitirá novas formas de interagir com o dispositivo, sempre numa lógica de que é o telemóvel que tem de se adaptar ao utilizador e não o contrário.
Embora a marca esteja a passar a mensagem de que é uma tecnologia integralmente nova, uma fonte próxima indicou ao The Wall Street Journal que a Bixby é, no fundo, uma evolução do S Voice, um assistente básico que a Samsung outrora incluía em vários modelos desde o lançamento do Galaxy S3. Mas nunca fiando, até porque a firma adquiriu, no ano passado, a Viv Labs, uma promissora empresa de inteligência artificial.
Citada pelo The Telegraph, fonte da Samsung indicou que, num assistente virtual, “o interface tem de ser suficientemente natural e intuitivo para nivelar a curva de aprendizagem [do utilizador], independentemente do número de funções que sejam adicionadas”. “A Bixby é o resultado continuado desse esforço”, acrescentou. De acordo com o jornal britânico, a funcionalidade será gradualmente adicionada aos demais produtos que a Samsung for lançando nos próximos tempos.
Esta aposta acontece numa altura em que a Google, que fornece o sistema operativo à Samsung, também quer expandir o seu próprio assistente. A gigante tecnológica tem intenções de pôr a ferramenta na maioria dos telemóveis. Por isso, neste segmento, as empresas entrarão em concorrência direta.
Chega tarde, mas bem
O lançamento desta quarta-feira, 29 de março, chega tarde. A marca costuma atualizar a gama Galaxy S no Mobile World Congress, a maior feira de dispositivos móveis do mundo, que decorreu no mês passado, em Barcelona (Espanha). Não este ano. Os responsáveis do conglomerado sul-coreano fizeram questão de dar mais um tempo para garantir que tudo corre bem com o Galaxy S8. Um problema, por mais pequeno que seja, poderia ter consequências irreparáveis na credibilidade da marca.
Ainda assim, esta parece ser uma boa altura para a Samsung se relançar no mercado. Analistas citados pelo Financial Times indicam que o Galaxy S8 é um telemóvel promissor, capaz de pôr a empresa a competir em força com a rival Apple e, muito provavelmente, reanimar o mercado global dos smartphones (que parece ter adormecido no último trimestre de 2016).
É que, como recorda o The Wall Street Journal, a Samsung garantia a maior quota de mercado até setembro do ano passado. Nos últimos três meses de 2016, foi novamente ultrapassada pela fabricante do iPhone, algo que não acontecia desde 2014. De acordo com dados da consultora Counterpoint Research, a Apple fechou o quarto trimestre do ano com uma “fatia” de 17,8% do mercado, seguida de perto pela Samsung, com 17,7%. Em terceiro, a Huawei, com 10,2%.
Com tudo isto, não é de estranhar que as expectativas estejam mesmo em alta. Resta saber se a Samsung consegue ou não surpreender, pois só isso conseguirá fazer com que o público esqueça de vez as explosões do Note 7 e, mais recentemente, a detenção do vice-chairman na Coreia do Sul, Lee Jae-yong, indiciado por corrupção num escândalo político que se alastra mesmo até ao Governo. Ainda não se sabe o preço do Galaxy S8, mas tudo vai ficar em pratos limpos esta tarde: os eventos de lançamento vão decorrer nos Estados Unidos e no Reino Unido. O ECO está em Londres para acompanhar o lançamento.
O ECO viajou para Londres a convite da Samsung Portugal.
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