Governo e socialistas voltam à carga nas críticas à Altice
Primeiro foi António Costa a criticar a atuação da Altice na PT Portugal sobre o "desmembramento" da empresa. Santos Silva e Carlos César dão agora continuidade ao ataque socialista ao grupo francês.
Governo e dirigentes socialistas voltam à carga nas críticas contra o comportamento da Altice, tanto na forma como o grupo francês está a proceder na PT Portugal assim como na aquisição da TVI. Isto depois de o primeiro-ministro António Costa ter iniciado o ataque que os analistas consideram que vai beneficiar a Nos.
Carlos César, líder do grupo parlamentar do PS, declarou em entrevista ao Expresso, que está “entre a perplexidade e a preocupação” em relação ao negócio de compra da Media Capital pela Altice, por 440 milhões de euros. Subscreve as críticas do primeiro-ministro à Altice? “Sim. As considerações que o senhor primeiro-ministro teceu sobre essa matéria correspondem às preocupações dos portugueses”, declarou ainda, esperando que “os organismos reguladores acompanhem com a máxima atenção” todo este processo.
Já esta sexta-feira foi o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, a endurecer a posição do Executivo face à transferência de trabalhadores da PT Portugal para outras empresas da Altice e da Visabeira e que motivou uma greve esta sexta-feira junto à sede da empresa, em Picoas, Lisboa. “Se fosse trabalhador da PT também estava a fazer greve”, disse Santos Silva em entrevista à RTP3.
“Eu sou dos que compreendem muito bem a luta que está a ocorrer hoje na PT, porque de facto se eu fosse trabalhador da PT, estivesse na PT aos 20 ou 30 anos, e fosse agora colocado numa empresa subsidiária mantendo os meus direitos apenas por um ano, eu também se calhar estava a fazer greve e estava a manifestar-me”, sublinhou o ministro.
"Se fosse trabalhador da PT também estava a fazer greve. Eu sou dos que compreendem muito bem a luta que está a ocorrer hoje na PT, porque de facto se eu fosse trabalhador da PT, estivesse na PT aos 20 ou 30 anos, e fosse agora colocado numa empresa subsidiária mantendo os meus direitos apenas por um ano, eu também se calhar estava a fazer greve e estava a manifestar-me.”
São críticas e considerações que se seguem ao comentário de António Costa no último debate do Estado da Nação. Nessa ocasião, o primeiro-ministro comentou a transação Altice-Media Capital para referir-se à “forma irresponsável” como a Altice está a reestruturar a PT Portugal. “Partilho consigo os receios sobre a evolução da PT. Porque receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, possamos vir a ter um novo caso Cimpor e um novo desmembramento que ponha em causa não só os postos de trabalho como o futuro da empresa”, disse.
Em reação a estes ataques, Armando Pereira criticou a postura do Governo. “Muitas vezes o Governo português não vê essa importância. Mas nós não fazemos política. Somos industriais e só vemos uma coisa que é importante: fazermos um trabalho e dar trabalho aos portugueses”, disse o cofundador da Altice, garantindo que o grupo francês vai continuar a investir no país.
Para os analistas, este clima de tensão pública e política entre Executivo e Altice vai criar pressão sobre a Meo, abrindo uma janela de oportunidade para os outros operadores de telecomunicações, como a Nos.
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