Com EuroBic, Abanca sobe à segunda liga da banca em Portugal
Compra do EuroBic vai dar músculo ao Abanca em Portugal. Espanhóis passam a ter volume de negócios acima dos 18 mil milhões de euros no país, posicionando-se ao lado Montepio e Crédito Agrícola.
“Sem pressas, mas sem pausas”, referiu Juan Carlos Escotet, dono do Abanca, quando veio a Lisboa em junho para anunciar a compra do negócio de retalho Deutsche Bank em Portugal. Escotet dava o mote para a estratégia de crescimento do banco galego no país. Meio ano depois, há nova compra potenciada pela circunstância polémica em torno do Luanda Leaks: vai ficar com pelo menos 95% do EuroBic, onde Isabel dos Santos era acionista. Resultado? O Abanca sobe à segunda liga dos maiores bancos no mercado português em termos de volume de negócios, ao lado dos históricos Crédito Agrícola e Banco Montepio.
Há uma semana, confrontado com o interesse no banco português, Escotet disse que tinha dinheiro para avançar, que não compraria por comprar, mas frisou o objetivo de construir a partir da fortaleza da Galiza um banco ibérico, com negócios dos dois lados da fronteira entre Portugal e Espanha, a exemplo de Santander e CaixaBank (dono BPI).
Esta segunda-feira, deu mais um passo nesse sentido, com a formalização do memorando de entendimento para a aquisição do banco cuja reputação estava a ser chamuscada pela exposição à acionista angolana. Não se conhece o valor do negócio, que ainda está dependente de dois passos: a due diligence que fará uma análise aprofundada ao EuroBic; e a autorização do Banco Central Europeu (BCE).
Portugal já era o segundo maior mercado para o Abanca antes da aquisição do EuroBic e após a compra do Deutsche Bank em Portugal. Prepara-se agora para ficar ainda maior.
O banco liderado por Teixeira dos Santos apresentava no final de 2019 um volume (crédito+depósitos) a rondar os 11,7 mil milhões de euros — isto sem contar com o impacto do Luanda Leaks, que levou à saída de alguns depósitos do EuroBic. Na prática, o Abanca está a comprar um banco que é quase o dobro do seu tamanho em Portugal (6,7 mil milhões).
Tudo somado, o novo Abanca passará a ter um volume de 18,4 mil milhões de euros em Portugal, o que vai tornar o banco galego no oitavo maior em Portugal, atrás dos cinco habituais (Caixa Geral de Depósitos, Santander, BCP, BPI e Novo Banco, que estão na primeira liga) e praticamente ao lado de dois bancos com forte implementação no país: Crédito Agrícola e Banco Montepio. Com o BCE a pressionar a margem com juros em mínimos históricos, é aumentando o volume de negócios (com todas as implicações que isso traz) que os bancos conseguem faturar mais.
O próprio Escotet sublinhou isso esta segunda-feira: “A nossa aposta é ibérica, é termos uma vocação ibérica e dar um salto importante em volume de negócios porque supõe a incorporação de mais de 11 mil milhões ao nosso volume de negócios. Entramos num valor de volume de negócios de mais de 100 mil milhões de euros. (…) É uma referência em termos de escala mínima para assegurar a rentabilidade e sustentabilidade”, disse, referindo-se aos 85 mil milhões de euros de volume de todo o grupo.
Volume de negócios na banca nacional
Fonte: Bancos
Mais negócio, menos estrutura
Escotet disse na passada terça-feira que só lhe interessam negócios que sejam complementares ao Abanca.
Com o EuroBic, o banco galego dará um forte impulso ao seu negócio de crédito e depósitos, ficando com uma estrutura que, ainda assim, é mais pequena do que a concorrência mais direta.
Aos 70 balcões que detém atualmente em Portugal (que pertenciam sobretudo ao Deutsche Bank), o Abanca vai juntar as 184 agências do EuroBic, operando assim numa rede com 254 pontos em todo o país. Será o oitavo maior banco visto deste prisma. Em Espanha, o Abanca tem mais de 700 agências, a maioria delas na região da Galiza.
Fonte: Bancos
Em relação ao número de trabalhadores, o Abanca conta hoje em dia com 500 trabalhadores na operação portuguesa. O quadro de pessoal será multiplicado por quatro com a compra do EuroBic, que emprega 1.482 pessoas. O Abanca Portugal passará a ter quase 2.000 trabalhadores. O Banco Montepio e o Crédito Agrícola, que estão na mesma divisão do novo Abanca, têm 3.500 e 4.000.
“Agregamos uma rede bastante densificada, com boa capilaridade, que está presente em todo Portugal, em todos os distritos”, destacou o chairman do Abanca.
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