Chega acusa Montenegro de “artifício de negociação” do OE2025

  • Joana Abrantes Gomes
  • 10 Setembro 2024

André Ventura critica o primeiro-ministro por não estar presente na segunda ronda de negociações do Orçamento do Estado com os partidos da oposição, que decorre ao longo desta terça-feira.

O líder do Chega, André Ventura, criticou esta terça-feira o facto de o primeiro-ministro não marcar presença nas reuniões que estão a decorrer com os partidos da oposição sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), acusando Luís Montenegro de estar a fazer um “artifício de negociação”. E reitera que voto contra à proposta de Orçamento do Estado para o próximo “é irrevogável”.

É uma negociação que começa manca e errada à partida, em que o primeiro-ministro decide não estar presente nessas reuniões. Esse é o primeiro sinal errado, de que o primeiro-ministro não quer viabilizar este OE“, lamentou André Ventura, sobre a segunda ronda de negociações entre o Governo e as forças políticas com assento parlamentar, que arrancou esta manhã, às 10 horas.

Para o presidente do Chega, que falava aos jornalistas em Castelo Branco, onde decorrem as jornadas parlamentares do partido, “é impensável que o primeiro-ministro, num cenário de minoria política, não se digne a falar com os seus adversários, com quem precisa de construir maiorias” para viabilizar o Orçamento.

André Ventura empurra a viabilização do documento — cuja posição contra do Chega garante ser “irrevogável” — para as mãos da bancada socialista, de quem o “país está à espera” para saber a decisão, e diz que, para o PS chegar a entendimento com o Governo, implica que este mude muitas das suas medidas, nomeadamente em sede fiscal, para ir ao encontro do que o PS quer”.

“O Governo tinha a opção de legislar e governar à direita, em matéria fiscal e de trabalho, e optou por fazer basicamente o mesmo que o PS tinha feito. Portanto, diria que a consequência normal e natural é entender-se com o PS”, atira, acusando o Executivo de ter colocado o país “numa situação em que o que quer que aconteça será mau”.

Questionado se o Chega irá marcar presença se houver mais reuniões com o Governo, André Ventura respondeu que “depende do motivo” desses encontros. “Se o Governo nos disser que a reunião serve única e exclusivamente para negociar a viabilização do OE, então o Chega não vai estar presente; agora, se nos disser, como disse, que vai apresentar novos dados para compreendermos o cenário macroeconómico, isso certamente que estaremos”, detalhou.

O presidente do Chega assegurou ainda que, apesar do voto contra, o partido “não vai deixar de apresentar propostas na especialidade” e de “participar neste debate orçamental”.

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Von der Leyen adia apresentação de equipa para terça-feira após mudanças para mais mulheres

  • Lusa
  • 10 Setembro 2024

A presidente da Comissão Europeia adiou a apresentação da equipa para a próxima semana, de modo a poder integrar o novo nome proposto pela Eslovénia, que trocou de candidato para uma candidata.

A presidente da Comissão Europeia adiou para a próxima terça-feira a apresentação, em Estrasburgo, da sua equipa para um segundo mandato à frente da instituição, após a Eslovénia ter trocado de candidato para candidata pela ambicionada paridade.

Depois de ter começado, no final de agosto, a entrevistar os nomes propostos pelos Estados-membros da União Europeia (UE) para comissários europeus, Ursula von der Leyen tinha previsto apresentar esta quarta-feira a sua proposta de equipa e de atribuição de pastas, mas segundo fontes europeias ouvidas pela Lusa isso só acontecerá no dia 17 de setembro, na cidade francesa de Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu.

Fonte oficial do executivo comunitário confirmou à Lusa o adiamento por uma semana, para a próxima terça-feira, justificando que “o governo esloveno informou a Comissão de que o parlamento esloveno irá emitir o seu parecer sobre o candidato proposto para o cargo de comissário na sexta-feira”, sendo que “só depois desta etapa é que a nomeação do candidato estará completa e será oficial”.

Já fonte oficial da assembleia europeia indicou à Lusa que, por esta razão, “a Comissão solicitou ao Parlamento Europeu que adiasse a apresentação da presidente Von der Leyen à conferência de presidentes [que junta a líder do Parlamento, Roberta Metsola, e os responsáveis dos partidos políticos] sobre a composição do futuro colégio até que a lista de nomeados esteja completa”. A mesma fonte oficial garantiu que a instituição, que terá de dar aval à equipa de Von der Leyen, “está pronta para iniciar o processo de audições”.

A presidente da Comissão Europeia, que lidera a instituição desde 2019 e vai agora iniciar um segundo mandato até 2029, estipulou como um dos objetivos para o seu colégio de comissários a paridade, mas inicialmente a maioria dos países avançou com nomes masculinos de candidatos

Para esta quarta-feira de manhã estava marcada uma reunião entre Ursula von der Leyen e a conferência de presidentes do Parlamento Europeu, mas o encontro passa agora para dia 17 de setembro em Estrasburgo. São os eurodeputados que dão aval ou ‘chumbam’ os candidatos.

A presidente da Comissão Europeia, que lidera a instituição desde 2019 e vai agora iniciar um segundo mandato até 2029, estipulou como um dos objetivos para o seu colégio de comissários a paridade, mas inicialmente a maioria dos países avançou com nomes masculinos de candidatos. Foi o caso da Eslovénia que, apesar de ter proposto inicialmente o candidato Tomaž Vesel, trocou esta segunda-feira – o que ditou o atraso – para Marta Kos.

Uma mudança semelhante fez a Roménia, ainda que há mais dias, ao ter passado do candidato Victor Negrescu para Roxana Mînzatu. Fontes europeias justificam as duas alterações com pressões para igualdade de género junto dos países mais pequenos.

De momento, 11 dos 28 nomes propostos para comissários europeus no próximo ciclo institucional são mulheres (sendo que a Bulgária apresentou dois nomes, de um homem e de uma mulher, algo que tinha sido pedido por Von der Leyen). Na semana passada, questionada sobre o assunto, Ursula von der Leyen admitiu que alcançar a paridade na sua próxima equipa será “um percurso difícil”, mas ainda o defende.

Ursula von der Leyen está agora a fechar a sua equipa para o próximo mandato das instituições europeias, de 2024 a 2029, depois de todos os países terem apresentado os seus candidatos. Alguns países propuseram os atuais comissários para fazerem um segundo mandato: Alemanha, Croácia, França, Hungria, Letónia, Países Baixos e Eslováquia. Portugal propôs a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, que segundo fontes europeias já foi entrevistada pela líder do executivo comunitário.

A ex-ministra das Finanças e futura comissária europeia Maria Luís Albuquerque, à chegada para um jantar-conferência na Universidade de Verão do Partido Social Democrata (PSD), que decorre até dia 01 de setembro, numa unidade hoteleira, em Castelo de Vide, 31 de agosto de 2024. NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

Entre final de setembro e início de outubro, devem realizar-se as audições públicas no Parlamento Europeu aos nomes propostos para novos comissários europeus, cabendo à assembleia europeia dar o aval final em plenário para, mais tarde, a nova Comissão Europeia tomar posse. Se todos os nomes propostos tivessem ‘luz verde’ imediata do Parlamento Europeu, o novo colégio de comissários poderia tomar posse já a 01 de novembro, mas com uma rejeição esse prazo já passaria para 01 de dezembro, dado o tempo necessário para o país em causa propor um novo nome e esse candidato ser entrevistado por Ursula von der Leyen e ouvido em audição na assembleia europeia.

No que toca à sua equipa executiva, a presidente da Comissão Europeia é responsável pela escolha e pela atribuição das diferentes pastas tendo em conta a dimensão geográfica do país, as competências dos candidatos e as suas preferências, após nomeações feitas pelos países.

Eis a lista completa, tendo em conta as atuais nomeações:

  • Ursula von der Leyen (presidente, da Alemanha)
  • Kaja Kallas (Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente executiva, da Estónia)
  • Michael McGrath (Irlanda)
  • Teresa Ribera (Espanha)
  • Magnus Brunner (Áustria)
  • Costas Kadis (Chipre)
  • Dubravka Šuica (Croácia)
  • Jozef Síkela (República Checa)
  • Henna Virkkunen (Finlândia)
  • Thierry Breton (França)
  • Apostolos Tzitzikostas (Grécia)
  • Olivér Várhelyi (Hungria)
  • Valdis Dombrovskis (Letónia)
  • Andrius Kubilius (Lituânia)
  • Christophe Hansen (Luxemburgo)
  • Glenn Micallef (Malta)
  • Wopke Hoekstra (Países Baixos)
  • Piotr Serafin (Polónia)
  • Roxana Mînzatu (Roménia)
  • Maros Sefcovic (Eslováquia)
  • Marta Kos (Eslovénia)
  • Jessika Roswall (Suécia)
  • Maria Luís Albuquerque (Portugal)
  • Dan Joergensen (Dinamarca)
  • Raffaele Fitto (Itália)
  • Julian Popov e Ekaterina Zaharieva (Bulgária)
  • Hadja Lahbib (Bélgica)

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Euribor a 6 e 12 meses renovam mínimos de mais de ano e meio

  • Lusa
  • 10 Setembro 2024

A taxa Euribor desceu a três, a seis e a 12 meses e nos dois prazos mais longos voltou a atingir novos mínimos desde 30 de março de 2023 e 15 de dezembro de 2022, respetivamente.

A taxa Euribor desceu hoje a três, a seis e a 12 meses e nos dois prazos mais longos voltou a atingir novos mínimos desde 30 de março de 2023 e 15 de dezembro de 2022, respetivamente.

  • A taxa Euribor a seis meses baixou para 3,293%, um novo mínimo desde 30 de março de 2023 e menos 0,014 pontos.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também recuou para 2,970%, um mínimo desde 15 de dezembro de 2022 e menos 0,016 pontos.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses caiu para 3,460%, menos 0,002 pontos, depois de ter subido para 4,002% em 19 de outubro de 2023, um máximo desde novembro de 2008.

Em 18 de julho, o BCE manteve as taxas de juro diretoras e a presidente do BCE, Christine Lagarde, não esclareceu o que vai acontecer na próxima reunião em 12 de setembro, ao afirmar que tudo depende dos dados que, entretanto, forem sendo conhecidos.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

A média da Euribor em agosto voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas mais acentuadamente no prazo mais longo, tendo baixado 0,137 pontos para 3,548% a três meses (contra 3,685% em julho), 0,219 pontos para 3,425% a seis meses (contra 3,644%) e 0,360 pontos para 3,166% a 12 meses (contra 3,526%).

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Morais Leitão lança novo serviço ligado às criptomoedas

O novo serviço da Morais Leitão dedica-se à investigação e tracing de criptomoedas e outros ativos virtuais. Este serviço oferece uma "nova camada" de segurança para bancos e empresas.

A Morais Leitão lançou um novo serviço de investigação e tracing de criptomoedas e outros ativos virtuais. Segundo a firma de advogados, com esta ferramenta reforçam a capacidade de resposta em investigações e compliance de criptomoedas e outros ativos virtuais, “oferecendo soluções eficazes e inovadoras para os desafios digitais atuais”.

Com a utilização de software especializado e a certificação em investigação de criptomoedas, a equipa de Defesa Digital da Morais Leitão passa a dispor de ferramentas para identificar e rastrear transações com criptomoedas. Este serviço oferece ainda uma “nova camada” de segurança para bancos e empresas na verificação de transações relacionadas com criptoativos.

Esta ferramenta e a certificação que obtivemos permitem-nos fazer o tracing completo, ou seja, o seguimento de transações com criptomoedas e outros ativos virtuais. As suas duas principais aplicações são, de um lado, a identificação da origem das criptomoedas, e, do outro, o seu destino final”, refere David Silva Ramalho, associado coordenador e responsável pela equipa de Defesa Digital.

O advogado explicou que a identificação da origem é útil em processos criminais, regulatórios e de prevenção de branqueamento de capitais, onde é necessário comprovar a licitude das criptomoedas. “Nesse caso, existindo uma narrativa ou uma suspeita de ilicitude das criptomoedas, é possível contraprovar rapidamente, com certeza e de forma graficamente expressiva e compreensível, que o trajeto dos valores tem proveniência lícita”, acrescenta.

O tracing do destino das transações é também fundamental em casos, designadamente, de furto ou fraude. “Agora podemos seguir o percurso das criptomoedas através de várias transações, identificando o ponto exato em que chegam a um Exchange, com todos os detalhes necessários – como o endereço de destino, a quantia e o momento da transação. Esta precisão permite acelerar o bloqueio e a recuperação dos ativos e uma atuação rápida, crucial para evitar a dissipação e a identificação dos autores”, refere o associado coordenador.

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Líder mundial de espumantes compra distribuidora portuguesa com vendas de 6 milhões

Francisco Sousa Coutinho vende à Henkell Freixenet participação maioritária na lisboeta Vinicom, que faturou 6,1 milhões em 2023 e distribui marcas portuguesas como Vale Meão e Lavradores de Feitoria.

Fundada em 2004 para distribuir em exclusivo o portefólio de vinhos da Freixenet no mercado português, a Vinicom deixou de ser controlada pelo sócio português, Francisco de Sousa Coutinho, para passar a ser detida na totalidade pela gigante Henkell Freixenet, que até agora detinha 49,5% das ações.

A transação, que reforça a posição em Portugal da líder mundial de espumantes e produtora de vinhos tranquilos, foi concluída na semana passada, por um valor não divulgado. Além do portefólio do grupo formado em 2019, quando a alemã Henkell comprou 50% do capital da espanhola Freixenet, distribui marcas portuguesas como Quinta do Vale Meão, Lavradores de Feitoria, Quinta do Côtto ou os vinhos do Porto Blackett.

Sediada em Lisboa, a Vinicom registou em 2023 um volume de negócios de 6,1 milhões de euros, de acordo com os dados consultados pelo ECO. Distribui vinhos da maioria das regiões vitivinícolas portuguesas e outros produtos de referência de origens como Espanha, França, Itália, EUA, Argentina e Austrália.

Vemos grandes oportunidades de desenvolvimento no mercado para as nossas marcas e parceiros, como a Freixenet e a Mionetto, em conjunto com o excelente portefólio de marcas de vinhos portugueses.

Andreas Brokemper

CEO da Henkell Freixenet

“Vemos grandes oportunidades de desenvolvimento no mercado para as nossas marcas e parceiros, como a Freixenet e a Mionetto [prosecco que passou a estar na lista com a entrada do capital alemão], em conjunto com o excelente portefólio de marcas de vinhos portugueses”, refere Andreas Brokemper, CEO da aliança germano-espanhola Henkell Freixenet.

Citado no mesmo comunicado, Francisco de Sousa Coutinho salienta que a Vinicom “sempre [teve] a missão de desenvolver o mercado português através da construção das marcas dos parceiros e da oferta de produtos de excelente qualidade” e acredita que os novos donos vão “continuar este trabalho árduo e explorar novas oportunidades de crescimento para o mercado”.

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Empregadores menos otimistas. Contratações vão abrandar na reta final do ano

Há mais empresas interessadas em aumentar as suas equipas do que o inverso, mas há sinais de arrefecimento. Se há um ano 46% queriam contratar no quarto trimestre, agora só 35% têm essa intenção.

Começam a aparecer sinais de arrefecimento no mercado de trabalho português, numa altura marcada por instabilidade política a nível nacional, pelo abrandamento das economias europeias e pelos conflitos em curso no leste europeu e no Médio Oriente. De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo ManpowerGroup, só 35% das empresas nacionais estão a contar aumentar as equipas nos últimos três meses deste ano, o que corresponde a um recuo das intenções de contratação tanto face ao trimestre anterior como em comparação com o registado há um ano.

“De um universo de 525 empresas portuguesas inquiridas, 35% pretendem aumentar as suas equipas, 16% antevê reduzir e 48% planeia manter o seu número atual de colaboradores”, revela a empresa de recursos humanos ManpowerGroup, numa análise publicada esta terça-feira.

De olhos postos no terceiro trimestre deste ano, 37% dos empregadores tinham anunciado intenções de recrutar, conforme escreveu o ECO. E no quarto trimestre do ano passado, 46% estavam a contar aumentar as suas equipas. Ou seja, tanto em comparação com o trimestre anterior, como em termos homólogos, regista-se agora um arrefecimento das intenções de contratar.

O ManpowerGroup divulga também a projeção para criação líquida de emprego — a diferença entre as empresas que planeiam aumentar as suas equipas e aquelas que estão a prever fazer o inverso –, e também neste campo o cenário é menos otimista do que até aqui.

Para o quarto trimestre, a projeção para a criação líquida de emprego é de 19%, menos 16 pontos percentuais do que no trimestre homólogo de 2023, sendo que, nessa altura, as expectativas de contratação dos empregadores eram “vigorosas, apesar dos sinais de abrandamento no crescimento económico que já se faziam sentir”.

Perante estes dados, Rui Teixeira, country manager do ManpowerGroup Portugal, explica que “o cenário de instabilidade política nacional, resultante do atual contexto parlamentar e reforçado neste momento pela necessidade de aprovação do Orçamento do Estado”, bem como as eleições nos Estados Unidos, os conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente, e o abrandamento do crescimento em países motores da economia europeia estão a deixar as empresas portuguesas mais conservadoras nas suas intenções de recrutamento.

“Ainda assim, os empregadores sabem que o talento é hoje um ativo fundamental para alcançarem importantes desafios de crescimento, transformação digital e transição verde, pelo que continuam focados em assegurar o acesso às competências necessárias para alcançar esses objetivos”, completa o mesmo responsável.

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Júri recomenda adjudicar primeiro troço da Alta Velocidade a consórcio da Mota-Engil

Júri do concurso público propõe a adjudicação do primeiro troço, entre o Porto e Oiã, ao consórcio Lusolav, o único que concorreu. Preço proposto teve avaliação "baixa".

O júri do concurso aprovou a proposta do consórcio português Lusolav para a construção do primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto- Lisboa. O relatório, a que o ECO teve acesso, recomenda ao Governo a adjudicação da obra.

O consórcio Lusolav – Gestão da Ferrovia de Alta Velocidade, que integra a Mota-Engil, a Teixeira Duarte, a Casais, a Alves Ribeiro, a Conduril e a Construções Gabriel A.S. Couto, apresentou a única proposta considerada válida. Foi avaliada positivamente pelo júri no critério da qualidade, que teve um peso de 30% na avaliação.

“A única proposta apresentada obteve uma avaliação manifestamente positiva nos subfatores de avaliação B1 – Estação de Campanhã e B3 – Ponte, tendo obtido a pontuação máxima em mais de metade dos subfatores de avaliação elementares que os compõem”, refere o relatório.

“No caso do subfator de avaliação B3 – Gaia (Santo Ovídio), apesar de a sua avaliação ter sido prejudicada pela classificação obtida no subfator ‘B2.1 – Qualidade estética e coerência global da solução conceptual’, em grande parte devido às soluções assumidas pelo Concorrente n.º 1 no que concerne à componente à superfície da estação, os restantes elementos da proposta são, na sua generalidade, bastante positivos, nomeadamente, a qualidade da solução para a parte enterrada da estação, onde se irá desenvolver grande parte do seu funcionamento”, assinala ainda.

Já no que toca ao preço, critério que pesa 70%, a avaliação da “proposta é mais baixa, por ter sido apresentado um valor atualizado líquido (“VAL”), com referência a dezembro de 2023, de 1.661.362.811,55 euros, muito próximo do preço base de referência”, refere o relatório.

A pontuação global atribuída é de 4,448 pontos, mas “o modelo de avaliação não faz corresponder qualquer pontuação a uma avaliação qualitativa de ‘insuficiente’, ‘suficiente’, ‘boa’ ou ‘muito boa’, nem fixa valores mínimos de pontuação abaixo dos quais a proposta deve ser considera como não admissível”. Serve apenas para hierarquizar as propostas, sendo que neste caso foi considerada apenas uma.

Face à avaliação, os jurados deliberaram “propor a sua adjudicação ao órgão competente para a decisão de contratar”, neste caso os ministérios das Finanças e das Infraestruturas e Transportes.

O primeiro troço, entre o Porto e Oiã, no distrito de Aveiro, tem um total de 71 km. É considerado o mais complexo, já que inclui 11,6 km em túnel e 20,2 km em pontes e viadutos, a modernização da estação da Campanhã, a construção de uma nova estação em Vila Nova de Gaia e uma nova travessia rodoferroviária sobre o Douro.

O concurso prevê a conceção, construção, manutenção e gestão da linha em regime de Parceria Público-Privada, por um período de 30 anos. O concurso para o segundo troço, entre Oiã e Soure, foi aprovado em julho, tendo a Mota-Engil já manifestado interesse em concorrer.

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Professores nacionais recebem menos 9,4% que a média da OCDE

A disparidade salarial entre os professores nacionais e a média da OCDE e da União Europeia reduziu ligeiramente no último ano, mas a carreira docente continua a perder atratividade.

Os professores portugueses continuam a auferir salários inferiores à média dos seus colegas europeus e à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Mas mantêm uma vantagem significativa face aos trabalhadores nacionais com habilitações semelhantes.

Segundo os dados divulgados esta terça-feira pela organização internacional no seu relatório anual “Education at a Glance 2024”, os salários dos docentes em Portugal em 2023 eram 9,4% inferiores à média dos salários registados nos 38 países da OCDE e 4,1% inferiores aos rendimentos médios dos professores a União Europeia a 25, quando ajustados à paridade do poder de compra.

Esta disparidade aumenta com o nível de experiência dos professores. Se em 2023 em Portugal um professor recém-entrado no ensino recebia um salário bruto anual médio de 36 mil euros, cerca de 6,4% inferior à média dos países da OCDE, um professor com 15 anos de experiência tinha um salário médio de 42 mil euros, menos 10,5% que os cerca de 46,4 mil euros da média de um professor da OCDE.

No entanto, os dados da OCDE mostram que a disparidade salarial entre os professores nacionais e da média da OCDE foi reduzida em cerca de um ponto percentual entre 2022 e 2023. Aumentou, porém, ligeiramente face à média verificada no bloco da União Europeia a 25.

Além disso, os dados da OCDE destacam também que, quando comparados com os restantes trabalhadores nacionais, os professores portugueses continuam a beneficiar de uma posição relativamente favorável.

“Em Portugal, os salários reais dos professores são, pelo menos, 25% superiores à média ponderada dos rendimentos de trabalhadores com níveis de educação semelhantes no país”, lê-se no relatório da OCDE, destacando que Portugal é uma exceção no contexto da OCDE dado “serem poucos os países onde os salários dos professores equiparam-se ou excedem os salários dos trabalhadores com formação superior ou com níveis de educação semelhantes.”

É de notar, contudo, que este diferencial positivo face aos restantes trabalhadores nacionais sofreu uma redução significativa face ao ano anterior. Em 2022, a vantagem salarial dos professores medido em paridade de poder de compra face aos seus pares com formação semelhante era de, pelo menos, 32%.

Esta evolução sugere que, apesar de manterem uma posição relativamente privilegiada no contexto nacional, os professores têm perdido terreno em termos de valorização salarial face a outras profissões qualificadas no país.

O relatório da OCDE sublinha, assim, a importância de salários competitivos para atrair e reter profissionais qualificados no ensino, um fator crucial para a qualidade da educação. Neste contexto, a posição de Portugal abaixo das médias internacionais, aliada à redução do diferencial face a outras profissões, pode representar um desafio para o sistema educativo nacional.

Estes dados vêm alimentar o debate sobre a necessidade de uma maior valorização da carreira docente em Portugal, não só para aproximar os salários dos professores portugueses dos padrões europeus, mas também para manter a atratividade da profissão face a outras opções de carreira para os jovens licenciados no país.

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“A bola está do lado do PS”, diz Governo. Socialistas entregam propostas para o OE2025 até ao fim da semana

Socialistas vão analisar o cenário macroeconómico apresentado pelo Governo e só depois irão apresentar contrapropostas para o IRC e IRS Jovem, anunciou a líder parlamentar.

O Governo estima ter um excedente orçamental de “cerca 500 milhões de euros” no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), revelou esta terça-feira a porta-voz e deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, no final da segunda ronda negocial com o Executivo, no âmbito da preparação do OE. A parlamentar avançou em declarações aos jornalistas que a previsão não incorporava medidas como o impacto da redução do IVA da luz e do fim das portagens das ex-SCUT, aprovadas pelo Parlamento à revelia do Executivo, mas fonte do Governo esclareceu ao ECO que o impacto das medidas está previsto no saldo.

Isso mesmo já era refletido no quadro de políticas invariantes, remetido aos deputados. Segundo as contas do Governo, a redução do IVA da eletricidade vai custar aos cofres do Estado 110 milhões de euros e a eliminação das portagens 180 milhões de euros. Em relação às perspetivas de crescimento económico, a parlamentar adiantou que o Governo estima uma evolução do PIB em torno dos “2% a 3%”. Em julho, as Finanças já projetavam um crescimento acima de 2% este ano e no próximo.

Neste segundo encontro, o Governo de Luís Montenegro já apresentou aos partidos o cenário macroeconómico subjacente à proposta do OE2025. Antecipando em cerca de um mês aquela que é a prática habitual na negociação dos orçamentos, o Executivo vai avançar as previsões de crescimento, saldo orçamental e dívida pública, para o próximo ano. Os valores ainda não são públicos mas sabe-se que as Finanças estão a apontar para um excedente em torno de 0,2% ou 0,3%, em 2025. Ora este saldo corresponde à folga anunciada por Inês de Sousa Real de 500 milhões de euros.

Sabemos que há um saldo positivo de cerca de 500 milhões de euros, que se traduz num saldo de 0,2% a 0,3% em 2024 e 2025“, afirmou a deputada única. “Não há perspetiva de défice, existe sim um superavit que se continua a manter”, vincou a parlamentar, defendendo que devia “existir a possibilidade de acomodar medidas como o fim da isenção sobre os produtos petrolíferos, que custa 300 milhões de euros, e que pode servir por exemplo para financiar a gratuitidade dos passes sociais”, sugeriu Inês de Sousa Real.

Recebida a informação em falta, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, anunciou que o partido “irá analisar” os dados que os socialistas tinham pedido e que são “muito importantes”, mostrando disponibilidade para continuar a reunir com o Governo “nos moldes e formato que o Governo entender”. Ou seja, o maior partido da oposição deixa nas mãos do Executivo a decisão de manter os encontros sem a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o que dará com que o secretário-geral do PS também não compareça.

“Ficamos disponíveis para continuar as negociações com o Governo”, sublinhou a líder parlamentar, indicando que ainda aguarda esclarecimentos do Executivo “sobre a trajetória da despesa”.

Leitão não quis ainda adiantar que contrapropostas o PS vai apresentar para a redução do IRS Jovem e do IRC, que o Governo quer cabimentar no Orçamento do Estado para 2025, e que são linhas vermelhas para os socialistas para a viabilização do OE. De lembrar que as duas medidas deram entrada no Parlamento sob a forma de pedidos de autorização legislativa, à margem do plano orçamental, mas depois o seu impacto na perda de receita tem de estar inscrita no OE. Só IRS Jovem vai custar, no próximo ano, mil milhões de euros.

“O que o Governo nos apresentou são previsões de excedente, este ano e no próximo, e isso dá uma ideia da margem que temos analisar, porque o equilíbrio orçamental é fundamental para o PS. E ficámos com dúvidas sobre a trajetória de despesa plurianual”, indicou a socialista. Questionada sobre quando o PS irá apresentar propostas alternativas à descida do IRC e IRS Jovem, Leitão insistiu que primeiro o partido precisa de analisar a informação disponibilizada para depois poder tomar “um conjunto de propostas”.

“Tudo aquilo que tivermos de conversar com o Governo será dito em primeiro lugar ao Governo”, afirmou. A deputada indicou ainda que o partido “não perguntou se o Governo cedia ou não no IRC e no IRS Jovem”.

Do lado do Governo, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, no final das reuniões com todos os partidos, que “o balanço do dia é bastante positivo“, após o Executivo ter recolhido um “conjunto significativos de propostas medidas dos diferentes grupos parlamentares”. A única exceção na entrega de propostas foi o PS, que pediu “mais 48 horas/36 horas para poderem preparar as suas medidas e poderem apresentá-las ao Governo”.

Nesta altura a bola está do lado do PS. Acertamos que haverá um contacto da nossa parte até ao final da semana e a partir dai percebermos como é que vai continuar este processo negocial, que continuamos a desejar que chegue a bom porto“, afirmou, ao lado do ministro das Finanças e do ministro da Presidência.

Nesta altura a bola está do lado do PS. Acertamos que haverá um contacto da nossa parte até ao final da semana e a partir dai percebermos como é que vai continuar este processo negocial, que continuamos a desejar que chegue a bom porto

Pedro Duarte

Ministro dos Assuntos Parlamentares

Segundo Pedro Duarte, este “é um sinal positivo” da parte dos socialistas. O governante recusou-se, contudo, a comentar as declarações da IL sobre não votar a favor da proposta orçamental se o Executivo ceder demasiado ao PS. “Nesta fase em que o Governo está muito focado em aprofundar o seu espírito de diálogo não vamos entrar nesse tipo de discussão. Faz parte do jogo partidário”, justificou.

As rondas negociais arrancaram de manhã. A deputada única do PAN, a primeira a ser recebida, espera que, numa próxima reunião, “haja maior abertura” por parte do Governo para “acomodar essas medidas” e outras relacionadas com “a proteção animal, a transição energética”, afirmou no final do encontro. Uma das linhas vermelhas para o PAN é a plena execução do Orçamento do Estado para 2024 no que diz respeito à proteção animal.

“O que nos preocupa é que não existam medidas de continuidade em relação à proteção animal. E os 300 milhões de euros para os processos de esterilização para apoiar as famílias e as autarquias, aprovados no Orçamento do Estado para 2024, ainda não saíram do papel”, criticou.

Ainda sem revelar qual será o sentido de voto no OE para 2025, Inês de Sousa Real saiu da reunião, pedindo ao Governo mais “ambição”. “Não podemos ter um microorçamento”, atirou.

Por seu lado, o deputado do Livre, Rui Tavares, destacou que o Governo prevê a contínua redução da dívida pública, afirmando que “Portugal muito provavelmente estará abaixo dos 90% do Produto Interno Bruto (PIB) durante esta legislatura”. Em declarações aos jornalistas à saída da reunião, Rui Tavares considerou que “o Governo não está perto de aprovar o Orçamento”.

Para o deputado, “ou Governo consegue um acordo orçamental com os deputados que lhe fazem falta”, e nesse acordo “aprova medidas desse parceiro”, ou “a discussão na especialidade é muito mais aberta” e a proposta que “sai da votação final global” é muito distinta da que deu entrada no Parlamento a 10 de outubro. O partido frisou que tem medidas emblemáticas, como o alargamento do passe ferroviário às quais o Executivo não deu resposta, e que “a disponibilidade para avançarem com medidas sociais, ecológicas e de inovação na economia não está lá”.

O Governo acha que dando de mão beijada as receitas do IRC e do IRS Jovem vai ter o crescimento económico necessário para que as contas batam certo“, disse.

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acompanhado pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, conversam com o porta-voz do Livre, Rui Tavares e com a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, para discussão do Orçamento de Estado 2025, na Assembleia da República, em LisboaJOSÉ SENA GOULÃO/LUSA 10 setembro, 2024

Após a reunião do Livre, seguiu-se uma curta reunião com o PCP, que foi o primeiro partido a anunciar o voto contra. “Não foi nenhuma surpresa aquilo que o Governo nos transmitiu”, afirmou a líder parlamentar comunista, Paula Santos. Em declarações aos jornalistas nos Passos Perdidos, defendeu que “o país precisa de uma valorização efetiva dos salários e pensões”, mas o Governo “opta” por beneficiar os grandes grupos económicos. Neste sentido, advoga que “não vai ser o Orçamento que vai dar resposta aos problemas com que os portugueses estão confrontados”.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, reiterou que o partido “não irá viabilizar o Orçamento do Estado”, porque este “é um mau orçamento em matérias cruciais“, apontando para a redução do IRS Jovem e do IRC, para a “privatização da saúde” e para o “privilégio” dado ao Alojamento Local em detrimento da habitação.

“O IRC e IRS Jovem refletem uma visão elitista é governar para os mais ricos mas não só. Temos a privatização ou a entrega de centros de saúde a unidades privadas que vão competir com o SNS para contratar médicos há o pagamento de dezenas de milhões de euros a hospitais privados para fazer atendimentos que deviam estar a ser feitos pelos hospitais públicos. E, na habitação, tem sido privilegiado o Alojamento Local”, criticou.

Para Mortágua, “há uma visão ideológica para a saúde, habitação e politica fiscal que é muito distante do BE, representa uma visão contraria à do BE”, sublinhou. Nesse sentido, argumenta, “não faria sentido que qualquer partido à esquerda do PSD viabilizasse este Orçamento”.

No entanto, e caso o OE passa na generalidade, o BE não se irá demitir da sua responsabilidade de apresentar uma “alternativa”, vincou. “O BE não fará um processo negocial com o Governo mas vai apresentar as suas propostas em sede de especialidade”, reforçou.

Quanto ao dossiê da TAP, a líder bloquista afirmou que o “Governo mantém a intenção de privatizar” a companhia aérea, “mas sem dar qualquer outra resposta” quanto ao valor da venda e ao ponto de situação do negócio.

Mariana Mortágua voltou a acusar o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, de “não ter condições para gerir este processo”, depois da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) à privatização da TAP, em 2015, quando o então governante era secretário de Estado das Infraestruturas, ter concluído que o negócio foi financiado com dinheiro da própria empresa.

Por isso, o BE já pediu para ouvir Pinto Luz já esta quarta-feira, na comissão permanente do Parlamento e também chamou Maria Luís Albuquerque, na altura ministra das Finanças, e agora candidata a comissária europeia. “Espero que o PSD viabilize esses requerimentos”, salientou.

“Se dúvidas há sobre o futuro” da TAP, “certezas há em relação ao passado sobre uma privatização ruinosa e opaca“, atirou. “E o responsável é o mesmo vai gerir a nova privatização”, acrescentou.

Por seu lado, a Iniciativa Liberal anunciou a entrega de um documento com propostas ao Governo, entre as quais um programa de incentivos às poupanças dos funcionários públicos, geradas pelos projetos, que, segundo o deputado Bernardo Blanco, o Executivo “mostrou-se bastante aberto para aprovar”. O parlamentar indicou que o Governo sinalizou que a carga fiscal não irá subir no próximo ano. “Agrada-nos pouco, porque gostávamos que houvesse uma descida”, disse.

Segundo Bernardo Blanco, se o Governo retirar as propostas do IRS Jovem e do IRC da proposta orçamental “por contrapartida à mão de Pedro Nuno Santos” o partido não irá “acompanhar” a proposta. “Não vamos apoiar um Orçamento que seja completamente desvirtuado”, justificou, esclarecendo que, contudo, se o Executivo optar por modelar a proposta analisará a medida.

“Se as medidas que o PS quer ou reverter fora do Orçamento do Estado ou alterar como a descida de IRC e incluir grandes aumentos de despesa que não são desejáveis, não poderemos votar a favor um Orçamento que fique igual aos Orçamentos de António Costa”, salientou.

Esta segunda ronda de reuniões entre Governo e partidos da oposição com assento parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2025 decorre esta terça-feira no Parlamento, sem a participação do primeiro-ministro e dos líderes do PS, Chega, IL e PCP. Mas, numa prova de “abertura ao diálogo, o Executivo vai entregar já aos partidos o cenário macroeconómico”, apurou o ECO junto de fonte governamental.

Os partidos da oposição têm acusado o Executivo de não avançar com a informação necessária às negociações, nomeadamente a margem orçamental que o Governo definiu para acomodar medidas da oposição. O Executivo contrapõe dizendo que já remeteu “toda a informação” necessária para negociar o Orçamento. Mas, especialistas em finanças públicas consideram que o Quadro Plurianual das despesas públicas entregue na sexta-feira pelo Governo ao Parlamento como foi apresentado com dados não consolidados não permite tirar conclusões sobre o ritmo de crescimento da despesa e da receita que está a ser preparado no OE2025.

O Quadro Plurianual de Despesa Pública prevê um crescimento de 4% na despesa e na receita fiscal no próximo ano, sem contar com os reembolsos e emissão de dívida. A publicação do Quadro Plurianual de Despesa Pública foi uma das exigências feitas pelo PS como condição para negociar o Orçamento do Estado para 2025, embora os socialistas insistam que falta “um elemento que é obrigatório por lei”, o saldo estrutural, que permitiria “uma aproximação àquilo que é a margem orçamental disponível para o próximo ano”.

Esta segunda-feira, o ministro Leitão Amaro manifestou a disponibilidade do Governo para encontrar uma “possibilidade de compromisso” com os partidos no Parlamento que permita a aprovação da proposta orçamental 2025 e reiterou abertura para negociar “propostas fundamentais” para o executivo como a descida de um terço do IRS para os jovens até aos 35 anos e a redução gradual do IRC até final da legislatura – que o secretário-geral do PS recusa para viabilizar o documento.

“Estaremos com lealdade à conversa que deverá existir nas mesas negociais, com lealdade, disponíveis, proativos, para chegar a um compromisso que viabilize o Orçamento de Estado para 2025”, assegurou o ministro da Presidência.

(Notícia em atualização)

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Tribunal de Justiça da UE confirma multa de 2,4 mil milhões de euros da Google

  • Joana Abrantes Gomes
  • 10 Setembro 2024

O tribunal considera que a tecnológica teve práticas anticoncorrenciais, ao destacar os seus produtos, enquanto apresentava outros, semelhantes e da concorrência, como simples resultados de pesquisa.

Depois de ver negado o recurso interposto em 2021 em primeira instância, a Google recebeu, esta terça-feira, a confirmação de que terá de pagar a coima de 2,42 mil milhões de euros imposta pela Comissão Europeia, face à rejeição, pelo Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), do pedido de anulação do acórdão.

A tecnológica norte-americana e a empresa-mãe Alphabet queriam reverter uma decisão de junho de 2017 do Executivo comunitário, que multou a Google em cerca de 2,4 mil milhões de euros por ter abusado da sua posição dominante em 13 Estados-membros e por preterir serviços desenvolvidos em outras plataformas em detrimento de outros, semelhantes, desenvolvidos pela própria Google.

Em comunicado, o TJUE sustenta a decisão por considerar que ficou comprovado que, apesar de não proibida a existência de uma posição dominante na União Europeia, a Google levou a cabo práticas anticoncorrenciais, ao destacar os seus produtos, enquanto apresentava outros, semelhantes e da concorrência, como simples resultados de pesquisa.

Antes do recurso interposto junto do Tribunal de Justiça, a Google e a Alphabet já tinham recorrido ao Tribunal Geral da UE (primeira instância), que em novembro de 2021 o rejeitou.

Quase três anos depois, o TJUE veio agora dar razão à primeira instância, considerando que o Tribunal Geral “determinou corretamente que, atentas as características do mercado e as circunstâncias específicas do presente processo, o comportamento da Google foi discriminatório e não era abrangido pela concorrência pelo mérito”.

O tribunal recorda ainda que que a gigante tecnológica “apresentava os resultados de pesquisa do seu serviço de comparação de preços em primeiro lugar e dava-lhes destaque nas ‘boxes’, acompanhando-os de informações visuais e de texto atrativas”. Em contrapartida, acrescenta, “os resultados de pesquisa dos serviços de comparação de produtos concorrentes só apareciam como simples resultados genéricos”.

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TJUE nega recurso da Google e confirma multa de mais de 2 mil milhões de euros

  • Lusa
  • 10 Setembro 2024

A empresa pretendia reverter uma decisão de junho de 2017 da Comissão Europeia, que multou a Google em cerca de 2,4 mil milhões de euros por ter abusado da sua posição dominante.

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) confirmou esta terça-feira a multa de 2,4 mil milhões de euros à Google por abusar da posição dominante e ter favorecido o próprio serviço em detrimento de outros.

De acordo com um acórdão, o TJUE negou o recurso interposto pela Google e também pela empresa-mãe Alphabet.

As duas empresas queriam reverter uma decisão de junho de 2017 da Comissão Europeia, que multou a Google em cerca de 2,4 mil milhões de euros por ter abusado da sua posição dominante em vários dos Estados-membros e por preterir serviços desenvolvidos em outras plataformas em detrimento de outros, semelhantes, desenvolvidos pela própria Google.

O executivo comunitário concluiu, na altura, que em 13 países do Espaço Económico Europeu, a Google favoreceu os seus próprios serviços nas páginas de resultados que apresentava aos utilizadores, “face a serviços de comparação de preços concorrentes”.

A Google apresentava os resultados de pesquisa do seu serviço de comparação de preços em primeiro lugar e dava-lhes destaque nas ‘boxes’, acompanhando-os de informações visuais e de texto atrativas. Em contrapartida, os resultados de pesquisa dos serviços de comparação de produtos concorrentes só apareciam como simples resultados genéricos“, recordou o tribunal.

O recurso foi interposto e em novembro de 2021 o Tribunal Geral (primeira instância) negou-o, confirmando a coima aplicada.

A Google e a Alphabet recorreram para o TJUE, pedindo a anulação do acórdão, que hoje veio dar razão à Comissão Europeia e validar a negação do recurso interposto em primeira instância.

Para o tribunal ficou comprovado que, apesar de não proibida a existência de uma posição dominante na União Europeia, a Google levou a cabo práticas anticoncorrenciais, ao destacar os seus produtos, enquanto apresentava outros, semelhantes e da concorrência, como simples resultados de pesquisa.

O Tribunal de Justiça constata que, no caso em apreço, o Tribunal Geral determinou corretamente que, atentas as características do mercado e as circunstâncias específicas do presente processo, o comportamento da Google foi discriminatório e não era abrangido pela concorrência pelo mérito“, dá conta o TJUE.

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Justiça da UE decide que Apple tem de devolver 13 mil milhões à Irlanda

  • Lusa
  • 10 Setembro 2024

Justiça da União Europeia (UE) deu hoje definitivamente razão à Comissão Europeia determinando que a Apple tem de reembolsar 13 mil milhões de euros de benefícios fiscais ilegais à Irlanda.

A Justiça da União Europeia (UE) deu esta terça-feira definitivamente razão à Comissão Europeia determinando que a Apple tem de reembolsar 13 mil milhões de euros de benefícios fiscais ilegais à Irlanda.

Num acórdão divulgado, o Tribunal de Justiça da UE anulou uma decisão anterior do Tribunal Geral europeu que dava razão à multinacional norte-americana num contencioso sobre ajudas de Estado.

Em causa está, segundo um comunicado, benefícios fiscais ilegais dados pela Irlanda à Apple entre 1991 e 2014, no valor estimado de 13 mil milhões de euros.

No seu acórdão desta terça-feira, o Tribunal de Justiça, chamado a pronunciar-se sobre um recurso interposto pela Comissão, anula o acórdão do Tribunal Geral e decide definitivamente o litígio que remonta a 2016.

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