Telemóveis Android alertaram primeiro para o sismo. Os iPhones não

Muitos portugueses com telemóveis Android receberam o primeiro alerta do sismo através de uma notificação enviada pelo próprio sistema. Mas quem tem iPhone teve de procurar informação por outras vias.

No campeonato dos smartphones, a “rivalidade” entre quem usa Android e tem iPhone já dura há muitos anos. Mas esta segunda-feira os utilizadores do sistema da Google ganharam mais um argumento contra quem prefere os telemóveis da Apple: os seus equipamentos emitiram alertas sobre a ocorrência do terramoto, enquanto estes últimos não.

Nesta madrugada, pelas 5h11, a terra tremeu em Portugal continental. O sismo de 5,3 na escala de Richter ocorreu ao largo de Sines e foi sentido, sobretudo, na região de Setúbal e em toda a Área Metropolitana de Lisboa. Não há registo de danos significativos, nem vítimas. Até às 9h, já se tinham registado três réplicas de menor intensidade, sem risco de tsunami, de acordo com as autoridades.

À hora do terramoto, muitos portugueses estavam a dormir. Houve quem tivesse acordado com o abalo, ou quem só se tivesse apercebido da ocorrência depois. Mas os telemóveis Android facilitaram a divulgação da informação, testemunhou o jornalista do ECO, a quem uma das primeiras informações sobre o terramoto chegou por esta via, num segundo telemóvel, apesar de o seu iPhone não apresentar qualquer informação.

“Terramoto próximo. Conte com um ligeiro abalo. Magnitude inicial estimada de 5,0″, leu-se na mensagem de alerta, que também avisava qual era a distância relativa do epicentro do sismo face à localização do utilizador. Quem abriu a notificação, foi prontamente avisado de que “as réplicas são comuns”.

O equipamento também partilhou várias informações de segurança, como recomendações para calçar os sapatos “antes de ir para qualquer lugar, até mesmo para a divisão adjacente”, verificar o gás e evitar “edifícios danificados”. “Se a água estiver cortada, utilize provisões de emergência, como um termoacumulador ou cubos de gelo derretidos. Tenha atenção ao limpar. Apague pequenos fogos. Se não conseguir, abandone o local”, foram outras das mensagens exibidas.

Estes alertas estavam escritos no idioma definido no sistema pelo próprio utilizador. Mas nem todos os cidadãos com Android receberam estes avisos: o ECO tem conhecimento de um utilizador de Android que não recebeu qualquer alerta, apesar de outras pessoas nas proximidades, com o mesmo sistema, terem recebido a notificação.

Pelo contrário, os iPhones não têm esta funcionalidade de raiz. Ainda que seja possível receber alertas que são enviados pelas autoridades em algumas geografias, e instalar aplicações próprias para o efeito, não existe um sistema semelhante ao da Google. No fórum da Apple, no ano passado, um utilizador com Android e iPhone queixava-se deste mesmo problema: o primeiro avisou-o de um terramoto próximo, o segundo não.

No caso dos Android, estes alertas são possíveis graças ao Sistema de Alertas de Terramoto do Android, um serviço gratuito que pode até avisar para a ocorrência de um sismo antes de o utilizador o sentir, com recurso a dados recolhidos pelos sensores de milhões de telemóveis com o mesmo sistema, capazes de detetar a vibração.

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“Não se baixa o custo do alojamento de um ano para o outro”, diz ministro da Educação

Ferrando Alexandre lamenta a falta de investimento em residências universitárias e afirma que "não se baixa o custo do alojamento de um ano para o ano".

O ministro da Educação afirma que “não se baixa o custo do alojamento de um ano para o ano“, garantindo que o Governo está a trabalhar num conjunto de medidas para combater a falta de alojamento destinado aos alunos do ensino superior. Fernando Alexandre garante que as residências universitárias são parte da solução.

Perante a pressão imobiliária, Fernando Alexandre diz, em declarações à RTP, que o Governo vai garantir mais 13 mil quartos adicionais este ano, o que representa um financiamento de mais de 30 milhões de euros direcionado a alunos deslocados não bolseiros com rendimentos per capita entre 23 e 28 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), uma medida que já tinha sido anunciado no final de junho pelo Ministério da Juventude e Modernização.

O ministro da Educação constata que “não foi feito um investimento em residências universitárias por parte das instituições do ensino superior”. No entanto, recorda que está em curso um investimento de 400 milhões de euros, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência, que vai aumentar de 15 mil para 26 mil o número de vagas em residências em 2026.

Contas feitas pelo ministro da Educação, 82 mil alunos do ensino superior são bolseiros no público e privado, sendo que 70% recebem a bolsa mínima.

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KGSA assessora startup DeHouse na criação de um novo espaço de cowork

A startup de operação e gestão de coworks DeHouse foi assessorada pela KGSA no processo de criação de um novo espaço de cowork em parceria com a Sonae Sierra.

A sociedade de advogados KGSA assessorou a DeHouse, uma startup de operação e gestão de coworks, na criação de um novo espaço de cowork em parceria com a Sonae Sierra.

“Com esta operação, a DeHouse ultrapassa os 1000 utilizadores em apenas dois anos de existência, mantendo uma taxa de ocupação que ronda, em permanência, os 100%. A comunidade de utilizadores conta como marcas como a Volkswagen Digital Solutions, a PWC e a Web Summit”, refere o escritório em comunicado.

Para o fundador da startup, Tiago Carvalho Araújo, esta parceria representa uma “oportunidade única” de combinar um espaço comercial de “excelência” com uma experiência de trabalho “verdadeiramente inspiradora”. “A localização central do Península, o fácil acesso a transportes públicos e a diversidade de serviços de restauração e outros serviços complementares, conferem o ambiente perfeito para uma experiência de trabalho flexível”, acrescentou.

Gonçalo Simões de Almeida, sócio da KGSA, sublinhou também a importância desta operação para o escritório. “As comunidades são um dos ativos mais relevantes para qualquer negócio. Um ativo que nos exige soluções contratuais específicas e a adaptação de antigos modelos ou mesmo a criação de novos. Tem sido muito desafiante e interessante acompanhar projetos que interpretam esta realidade com imenso sucesso, como é o caso da DeHouse”, disse.

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Dos laboratórios para o marketing, Ana Pinho, da Prio, na primeira pessoa

Licenciada em química alimentar, Ana Pinho iniciou a sua vida profissional nos laboratórios. Mas o apelo do marketing foi mais forte, acabando por integrar a Prio, onde é hoje diretora de marketing.

Ana Pinho licenciou-se em química alimentar pela Universidade de Aveiro e deu os primeiros passos profissionais em empregos relacionados com a área em que se formou.

Depois de estagiar e trabalhar na Lactogal, a diretora de marketing e comunicação da Prio “saltou” da área alimentar para os laboratórios da Cromitap, regressando depois durante três anos ao mundo da indústria alimentar, na Frulact, para o desenvolvimento de novos produtos alimentares.

Depois disso resolveu parar e “pensar o que queria fazer da vida”, decidindo que o que queria mesmo era fazer um MBA. Mas o trabalho na Frulact era “bastante exigente”, o que tornava “complicado conseguir conciliar as duas coisas”. Optou então por sair e ir trabalhar durante algum tempo com o seu sogro, numa empresa mais pequena dedicada à higiene e segurança no trabalho e alimentar.

Foi um passo ao lado para depois poder dar dois à frente e hoje em dia acho que foi uma boa aposta. Foi o que me permitiu ter tempo para me dedicar a fazer o MBA, que terminei em 2007, ano em que ingressei na Prio”, conta numa conversa com o +M.

Na entrevista para o MBA, na então Escola de Gestão do Porto (atual Porto Business School) e quando questionada sobre o porquê de alguém da indústria química querer fazer um MBA, Ana Pinho explicou que considerava que “na indústria havia muita falta da pessoa que faz a ponte entre o cliente e a parte de desenvolvimento de produto” e que precisava de valências para eventualmente ser a pessoa que fazia essa ponte.

“Na verdade, quando fui fazer o MBA, em que tivemos uma série de cadeiras de marketing com professores muito bons, percebi que era uma área pela qual tinha interesse e queria saber mais, e depois acabou por se proporcionar assim“, explica.

O convite para a Prio foi feito por um colega do MBA, que já era administrador na empresa que estava ainda num estágio embrionário. “Eu dizia-lhe sempre que ia, e que sabia que havia muito para fazer, mas que o meu objetivo de futuro era conseguir montar um departamento de marketing e comunicação dentro da Prio. E foi um bocadinho com esse foco que vim, para tentar por em prática um pouco daquilo que tinha ouvido no MBA e que me parecia super interessante”.

“Estou na Prio há 17 anos e aqui já fiz muita coisa. Quando comecei nós tínhamos dois postos de abastecimento, estava mesmo no início, ainda éramos mesmo pequeninos e estava ainda tudo por fazer, portanto comecei com a área da qualidade, segurança e ambiente, depois passei para a gestão das lojas de conveniência. Depois em 2014, quando a Prio foi comprada pela Oxy Capital, o nosso CEO na altura convidou-me para assumir a área de marketing e estou com o marketing e comunicação desde essa altura, já lá vão mais de nove anos“, diz a responsável.

Enquanto marca que atingiu a maioridade apenas este ano, num setor com marcas centenárias, a estratégia de comunicação da Prio assenta “muito numa lógica de proximidade”, em conjugação com a “irreverência de sermos os novatos num setor já muito estabelecido“, explica Ana Pinho.

Acho que fomos os primeiros no nosso setor a tratar os clientes por tu e tentamos ter uma comunicação muito simples, sem confusões – como dizia a nossa última campanha de notoriedade – porque isso de facto é a nossa forma de estar. É assim que nós vivemos o dia-a-dia e portanto é assim também que nós comunicamos para fora”, acrescenta.

Além disso, a marca recorre também ao humor na sua comunicação. “Não é tão sexy falar de combustíveis como é falar de cerveja ou de festivais ou comida. Há aqui sempre uma componente de que é aquele dinheiro que as pessoas preferiam não gastar. Portanto, tentamos sempre usar o humor para aliviar um bocadinho o tema e para nos aproximarmos ainda mais do nosso consumidor“, diz.

Ana Pinho lidera uma equipa de marketing “tradicional” de cerca de 12 pessoas, sendo que existe também uma equipa dedicada a digital e redes sociais, que não é da sua responsabilidade. “Sob a sua alçada” estão sim o marido e os dois filhos – ambos rapazes, de 13 e 9 anos – com que vive no Porto.

As origens da diretora de marketing, no entanto, ficam um pouco mais abaixo, em Vale de Cambra, no distrito de Aveiro. “Mas a verdade é que já vivo há mais anos fora de Vale de Cambra do que aqueles que vivi lá, portanto acho que já sou mais do Porto. Mas as minhas raízes estão lá, o meu pai ainda vive lá, portanto a base é lá. Ainda vou lá com frequência, embora menos do que gostaria”, refere.

“Para o bem e para o mal”, quando Ana Pinho vivia em Vale de Cambra, “era uma vila pequena”. “O bom é que de facto nos conhecíamos todos, havia sempre alguém disponível para nos ajudar, um sítio pequeno mas onde fiz amigos que tenho até hoje e com os quais gosto muito de estar”.

“Mas depois não tinha as outras coisas – que hoje em dia são fundamentais quando se está a formar uma criança – que são as atividades extra. Lá não havia instituto de inglês, não havia ballet, não havia piano. Fazíamos essas coisas em Santa Maria da Feira, e na altura demorávamos quase uma hora a chegar. Mas os nossos pais multiplicavam-se e iam à vez, partilhava-se as boleias, e por isso fiz ballet e toquei piano durante muitos anos“, acrescenta.

A infância foi também em grande parte passada com o irmão, de quem é muito próxima. “Temos só dois anos de diferença, pelo que os nossos amigos eram quase os mesmos, tirando aquela fase em que ele já estava mais na adolescência e eu ainda menos, e que ele já não gostava tanto que eu andasse atrelada a ele, mas foi uma infância muito boa, muito feliz, muito na rua, que hoje em dia infelizmente não consigo dar aos meus filhos, mas em que nos divertíamos muito e as férias de verão pareciam durar meio ano“, recorda.

Os filhos adoram também ir a Vale de Cambra, sendo que recentemente estiveram lá a passar uma semana com o avô. “Gostam muito do grupo de amigos do avô com quem vão às vezes, ao sábado, passear. É um grupo que nomearam ‘Gangue da Vito’, porque um dos amigos tem uma Mercedes Vito e todos os sábados vão passear, conhecer o país, e comer em bons restaurantes. E os meus filhos adoram ir com eles e estar num ambiente que no Porto não lhes é tão possível, de proximidade e liberdade também“, explica.

Nos seus tempos livres, Ana Pinho aproveita para colocar a leitura em dia, sendo que “A máquina de fazer espanhóis”, de Valter Hugo Mãe, foi uma obra que leu recentemente e da qual gostou muito “até por fazer refletir bastante sobre a velhice, a solidão e isolamento”. Além disso, este ano retomou as aulas de piano, que tinha abandonado na faculdade, e pratica pilates, uma modalidade que conheceu por necessidade física, mas que agora faz por gozo.

Mas gosto muito também de receber os amigos em casa, de cozinhar, ouvir música. Coisas um pouco banais, mas que de facto para mim são muito terapêuticas, como chegar a casa ao final do dia, ligar a música e fazer o jantar, receber os amigos“, explica, adiantando que consegue tocar em todas as vertentes da culinária sem se “sair muito mal”, mas que faz um “ótimo risoto”.

Dispondo de um carro híbrido da empresa – a gasolina e energia elétrica – Ana Pinho é defensora de que é preciso procurar as melhores soluções energéticas dentro daquilo que é o dia-a-dia de cada pessoa.

“Eu acho que a escolha de um automóvel também tem muito de ser feita dentro dessa vertente de simplificar a vida. Se eu faço muitos quilómetros por dia e por semana, se calhar um elétrico não é a melhor solução para a minha vida. Pode ser para o ambiente, mas não é para a minha vida. Mas hoje em dia já temos muitas soluções energéticas, de combustíveis mais sustentáveis, que nos permitem contribuir para a proteção do meio ambiente, ao mesmo tempo que não complicam a nossa vida. Acho que a escolha tem de ser muito pensada tendo em conta o estilo de vida que levamos”, entende.

É na tentativa de encontrar o equilíbrio entre a vertente pessoal e profissional que a diretora de marketing de 47 anos encontra o seu maior desafio. “Acho que é encontrar esse equilíbrio entre as diversas facetas – de mãe, de profissional, de mulher, de amiga, de filha – aquilo que é o maior desafio da minha vida. Porque, na verdade, sentimos sempre que estamos a falhar em alguma frente. O tempo não estica e queremos sempre conseguir dar mais apoio, estar mais presente“, entende Ana Pinho.

Ana Pinho em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Por norma são campanhas com um propósito, que nos deixam de sorriso na cara ou lágrima no canto do olho. Para além dessas – que temos tido em Portugal vários exemplos muito bem concretizados, como quase todas as da Vodafone por exemplo –, diria que a forma como as marcas conseguem aproveitar um tema da atualidade e torná-lo uma campanha brilhante e impactante para essa marca também me faz parar para pensar.


Temos o exemplo de como a McDonalds aproveitou o efeito “meteorito” e o vídeo de TikTok viral da jovem Mila Refacho para lançar a sua mais recente receita, utilizando-a como protagonista do filme publicitário. É fantástico conseguir aproveitar o hype do tema e aproveitar o momento. Não são muitas as marcas com esta agilidade.

A nível internacional, a campanha que me tem feito procurar saber mais, é a mais recente da Nike para os jogos olímpicos de Paris. Tem tudo! Tem aquela voz fantástica do Willem Dafoe que “faz o anúncio” por si. A mensagem – “Winning isn’t for everyone. Am I a bad person?”. A música em crescendo que completa a narração. Os atletas (e são tantos) aspiracionais – Serena Williams, Vinícius Jr. ou LeBron James – a inclusão e a ideia de que num mundo em que não querer vencer é equivalente a já ter perdido. “Winning isn’t for everyone” fala sobre a coragem, determinação e sacrifício que os atletas apontam como necessários para chegar ao topo do desporto. Mostra-nos o que é preciso para se chegar lá (aos jogos Olímpicos) – sermos obstinados, egoístas, obsessivos. É fantástico para a marca, para o desporto, para os atletas e para o marketing, porque nos consegue deixar agarrados ao spot e ainda ficar com pele de galinha.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Consciente de que o orçamento é limitado e de que nunca conseguiremos fazer tudo aquilo que o negócio e a marca necessitam, o mais difícil é mesmo encontrar o equilíbrio entre as necessidades imediatas da marca e dos negócios e o que necessitamos fazer para construir uma marca sólida, coerente, consistente e que acrescente valor ao cliente. É muito difícil quando com um orçamento e um plano aprovados a conjuntura de mercado muda (seja uma alteração de legislação, seja uma pandemia, seja uma alteração no perfil da concorrência) e somos obrigados a alterar o plano e a fazer escolhas para garantir o cumprimento tanto do orçamento como dos objetivos. É importante manter uma visão global dos objetivos da marca e dos negócios, mas também do mercado e dos consumidores. Foco é palavra-chave.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

A nível pessoal a minha família – o meu pai, o meu marido, os meus filhos, o meu irmão, os meus sogros, a minha sobrinha, os meus amigos. Em termos profissionais, enquanto marketeer, o cliente e a consistência e coerência da marca. Ah, e muitas perguntas. Sempre muitas perguntas.

4 – O briefing ideal deve…

Ser claro, objetivo, conciso, identificar bem que problema queremos resolver e que objetivos queremos alcançar. Temos de conseguir transformar as 1001 necessidades do negócio e da marca – porque também as tem – num objetivo único, porque senão corremos o risco de não conseguir passar nenhuma mensagem porque quisemos dizer tudo e acabamos a não dizer nada. Um bom briefing tem muitas outras características essenciais que vão perdendo peso à medida que trabalhamos com uma agência que nos conhece, que conhece a marca, como ela comunica e para quem fala, a quem damos liberdade criativa, que vemos como companheiro de trabalho. É importante que no briefing se dê todo o contexto de negócio e de mercado, que pode ser essencial para a elaboração da proposta. Por último, mas não menos importante, deve inspirar a agência a fazer ainda melhor.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Nos conhece, não tem medo de arriscar, se desafia e nos desafia, que nos vê como parceiros e não como clientes, que quer o melhor para a nossa marca, que é ágil na resposta, que é focada nos objetivos e estratégias da marca (mais do que nos prémios), que trabalha em rede com as outras agências da marca na construção de um projeto colaborativo com resultados no curto, médio e longo prazo. Para mim, e não esquecendo que marcas e agências são feitas de pessoas, é essencial que haja “química” entre os agentes de um e outro lado para que corra bem.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Uma não vive sem a outra! Diria que ambas as formas de estar são essenciais. Contudo, é importante estar consciente sobre o momento para arriscar e o momento para jogar pelo seguro. Para isso é preciso estudar, estar atento ao mercado, observar e questionar. Na posse do máximo de informação possível, certamente tomaremos o caminho certo. Uma análise racional e clara de objetivos pode obrigar a seguir o caminho mais seguro sob pena de pôr em causa a sustentabilidade da marca ou do negócio, por exemplo.

Contudo, noutros momentos é importante arriscar, inovar, guerrilhar, espicaçar, para conseguir gerar uma emoção e levar a uma ação. Conscientes de que nem sempre se acerta, mas que errar faz parte do crescimento da marca – desde que se aprenda mesmo com o erro. Mas, e quando se acerta?! Como diz o poeta Eric Hanson: “What if I fall? Oh but my darling, what if you fly?”. Pode valer muito a pena tentar e arriscar – sem medos, mas sempre com os pés bem assentes no chão.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Esta questão é muito parecida com “O que faria se lhe saísse o Euromilhões?”. É tão utópico que creio todos temos dificuldade em responder. Se tivesse um orçamento mais folgado certamente investiria mais nos territórios da marca e em ações de responsabilidade social com impacto real. Estes são aqueles que num mercado maduro e muito concorrencial acabam por ficar para segundo plano, mas são também aqueles que nos permitem criar a estória da marca. Mais do que o dinheiro para investir – que é essencial –, é importante não nos deixarmos limitar por “achómetros”, demasiadas opiniões, medos e mensagens conflituosas. Esses são talvez os maiores entraves ao bom marketing. De qualquer forma, com um orçamento limitado, folgado ou ilimitado, é sempre essencial fazer um investimento racional, objetivo e com retorno para o negócio e para a marca. Ainda assim, somos bons a fazer bem com pouco.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Esta não é de fácil resposta. Diria que ainda é pouco reconhecida, apesar dos vários prémios internacionais que a indústria tem ganho nos últimos anos. Para quem está dentro do tema, a publicidade em Portugal faz do melhor que se faz por aí. Para quem não está, é a malta que faz bonecos e tenta ter alguma piada.

9 – Construção de marca é?

Um processo lento, exaustivo, minucioso, diário e nunca concluído. Não se constrói uma marca de um dia para o outro e nunca se pára de construir a marca enquanto ela existir. Uma marca bem construída é única e facilmente reconhecível. É uma marca que tem uma só voz – interna e externa – e que tem valores bem definidos, uma missão e um propósito que guiam a sua atuação e comunicação. De acordo com o estudo Meaningful Brands do Havas Group, “75% das marcas podem desaparecer que o consumidor não se importaria e seriam facilmente substituídas”. Construção de marca é fazer parte dos 25% das marcas que não podem desaparecer.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Muito possivelmente continuaria no mundo da indústria alimentar, seguindo a minha formação de base, pondo ao serviço dessa indústria a criatividade que tento atualmente aplicar ao marketing.

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Hoje nas notícias: Start Campus, prestação da casa e cursos

  • ECO
  • 26 Agosto 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A REN já deu “luz verde” à Start Campus, em Sines, para aumentar a capacidade de ligação à rede de 495 MW para 1,2 GW. Em dois anos, o peso dos juros na prestação média do crédito à habitação passou de 17% para 60%. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta segunda-feira.

Start Campus de Sines já teve OK da REN para ligação à rede

Um ano após ser publicado o polémico “diploma do bar aberto” — que motivou buscas na Operação Influencer, que acabou por levar à demissão de António Costa –, a Start Campus recebeu “luz verde” da REN para mais do que duplicar a capacidade de ligação à rede do megacentro de dados em Sines, aumentando de 495 MW para 1,2 GW. Quase em simultâneo com esta autorização da REN, a Start Campus anunciou um investimento de 20 milhões de euros na compra, à Siemens, de transformadores para alimentar o desenvolvimento do projeto, que prevê a construção de seis edifícios.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Em dois anos, peso dos juros na prestação da casa mais do que triplicou

A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação baixou em julho pelo sexto mês consecutivo, mas essa tendência tarda em sentir-se na carteira das famílias portuguesas. Desde que o Banco Central Europeu (BCE) iniciou um novo ciclo de subidas das taxas de juro diretoras no verão de 2022, o que, consequentemente, fez escalar as taxas Euribor, o peso dos juros na prestação média da casa está agora 55% acima do valor que se verificava em junho desse ano. Aliás, os juros representam a maior fatia da prestação total, correspondendo a 60% da prestação média em julho, o equivalente a 3,5 vezes mais do que se verificava há dois anos.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

30 cursos ficaram desertos e Politécnico de Bragança foi o mais atingido

Na primeira fase de colocações no Ensino Superior, houve 30 cursos cujas vagas não foram preenchidas. Do total de quase cinco mil vagas que se encontram por preencher, perto de mil são no Instituto Politécnico de Bragança, que, nos últimos anos, tem conseguido ocupá-las em fases posteriores com estudantes internacionais, em especial dos países lusófonos. A lei em vigor permite o funcionamento de cursos com menos de 20 alunos, mas, no segundo ano consecutivo em que isso aconteça, a licenciatura deixa de beneficiar de financiamento do Estado.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Apenas foram pagos 2% dos apoios para janelas

Um mês depois de o Governo ter começado a processar o pagamento do Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis relativo a 2023, apenas 2% dos 80 mil pedidos submetidos foram pagos. No total, foram desembolsados pouco mais de 3,8 milhões de euros, mas há 30 milhões para distribuir. O Fundo Ambiental considerou elegíveis 2.435 candidaturas, tendo sido já pagas 2.137. Em julho, a ministra da tutela, Maria da Graça Carvalho, afirmou no Parlamento que “não pode ficar nada por pagar até ao final do ano”.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Há quase cinco mil vagas por ocupar nas Forças Armadas

Mais de metade das vagas abertas no último ano pelas Forças Armadas ficaram por ocupar, embora o número de candidaturas recebidas seja quatro vezes superior ao das requeridas. A maioria dos candidatos fica pelo caminho, seja por não cumprir os requisitos necessários ou por não comparecer nas provas, uma realidade que reflete as sucessivas perdas de efetivos dos últimos anos nos três ramos das Forças Armadas.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

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Secretária de Estado da Energia confirma presença na conferência Energy 2024

  • ECO
  • 26 Agosto 2024

O presidente da ERSE Pedro Verdelho também vai estar presente neste evento que se realiza a 12 de setembro no CCB, em Lisboa.

O futuro do setor da energia enfrenta um conjunto de encruzilhadas a curto e médio prazo considerando o desenho de novas regras, diversificação de investimentos e incorporação de tecnologias mais recentes pelos principais stakeholders.

A aceleração da transição energética é um ponto focal, mas também constituem debates incontornáveis os que se situam em torno da independência energética da Europa ou a participação de Portugal nas redes/interconexões internacionais e na integração de renováveis na rede elétrica.

Para debater estes e outros assuntos, o ECO irá realizar a 12 de setembro, no CCB, a conferência Energy 2024, que já conta com a presença da Secretária de Estado da Energia Maria João Pereira e do presidente da ERSE Pedro Verdelho.

Esta conferência conta com o apoio da EDP, da REN, do Santander e da Helexia.

A entrada é gratuita, mas sujeita a inscrição aqui.

Conferência Energy 2024

 

PROGRAMA:

09h30 Abertura

António Costa Diretor do ECO
Pedro Verdelho Presidente da ERSE

10h00 RoadMap para as Metas da Transição Energética

Luís Pinho CEO da Helexia Portugal
João Galamba Ex-secretário de Estado da Energia
Nuno Ribeiro da Silva Professor Universitário

Moderação: Ana Batalha Oliveira, Diretora Capital Verde

11h00 Coffee-break

11h15 Talk ECO

com Pedro Vasconcelos, Executive Board Member EDP, conduzida por André Veríssimo, subdiretor ECO

11h45 A nova economia – Industrialização Verde

Emanuel Proença CEO da Savannah
Luís Delgado Membro do Conselho de Administração e da Comissão Executiva da Bondalti
Cristina Melo Antunes Responsável de Negócio ESG e Green Finance, Santander Portugal

Moderação: Mónica Silvares, Editora-executiva ECO

12h30 Encerramento

Maria João Pereira Secretária de Estado da Energia

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Marcelo pede debate sobre prevenção contra sismos na construção de obras públicas

  • ECO
  • 26 Agosto 2024

Terramoto de magnitude 5,3 ocorreu às 5h11 ao largo de Sines. Proteção Civil sem registo de vítimas nem de grandes danos e não há risco de tsunami. Já foram registadas quatro réplicas.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 26 de agosto

  • ECO
  • 26 Agosto 2024

Ao longo desta segunda-feira, 26 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Lisboa é das cidades europeias onde ocupação de escritórios mais cresce

Praga, Lisboa e Londres foram as cidades europeias onde ocupação dos escritórios mais cresceu no primeiro semestre deste ano. Setores da banca e seguros dão impulso.

Com o regime híbrido a crescer, a ocupação dos escritórios nas principais cidades europeias está agora a recuperar, depois da quebra acentuada provocada pela pandemia. De acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pela Savills, nos primeiros seis meses do ano, esse indicador subiu 5%, em termos homólogos. Lisboa foi uma das cidades europeias onde a ocupação de escritórios mais subiu, face à média dos últimos cinco anos, sendo apenas ultrapassada por Praga.

“A ocupação de escritórios na Europa atingiu 1,6 milhões de metros quadrados no segundo trimestre de 2024, um aumento de 9% face ao mesmo período do ano passado. Tal significa que no primeiro semestre do ano foram ocupados 3,7 milhões de metros quadros em escritórios, uma subida de 5% em comparação com o primeiro semestre de 2023“, lê-se na análise divulgada esta manhã pela referida consultora imobiliária, que estima que 2024 superará, assim, no seu todo os valores registados em 2023.

Entre as várias cidades europeias, é Praga que consegue a medalha de ouro, com um crescimento de 45% da ocupação de escritório no primeiro semestre, face à média dos primeiros semestres dos últimos cinco anos. Tal é explicado em grande parte, salienta a Savills, pela nova sede do banco Česká spořitelna, que tomou cerca de 75 mil metros quadrados.

Já a medalha de prata vai para a capital portuguesa, onde a ocupação dos escritórios aumentou 40% nos primeiros seis meses face à média dos primeiros semestres dos últimos cinco anos. A Savills alerta, contudo, que Lisboa beneficiou de um efeito de base, isto é, a média que serve de comparação é “mais fraca”.

A completar o pódio aparece a cidade de Londres, com uma subida de 24% da ocupação de escritórios, em comparação com a média dos últimos cinco anos.

Quanto à distribuição por setores, os dados divulgados esta quinta-feira mostram que foram a banca, os seguros e o setor financeiro os responsáveis pela maior fatia do arrendamento de escritórios registado entre janeiro e abril: 25%. Há um ano, tinham sido responsáveis por 17% do arrendamento deste tipo.

“Alguns dos maiores negócios verificados no primeiro semestre no setor da banca, seguros e finanças são os 31.500 metros quadrados do ING em Amesterdão, os 26.700 metros quadrados da Caixa Geral de Depósitos em Lisboa e a renegociação dos 13.600 metros quadrados do Bank Gospodarstwa Krajowego em Varsóvia”, enumera a Savills.

Quanto ao caso português, e tal como avançou o ECO, em fevereiro a Caixa Geral de Depósitos assinou a escritura para a compra do edifício WellBe, no Parque das Nações, em Lisboa, onde vai instalar a sede em 2026.

Além destes setores, é também de destacar o dos serviços profissionais, que representaram 22% do arrendamento de escritórios de janeiro a junho. E o da tecnologia, informação e comunicação, que foi responsável por 13% dos arrendamentos deste tipo.

Depois de a pandemia ter levado ao fecho temporário de muitos escritórios, a ocupação desses espaços tem vindo a recuperar, à medida que os empregadores têm chamado os seus trabalhadores ao regime presencial. Em Portugal, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, o regime híbrido – que combina alguns dias no escritório, com alguns dias de trabalho remoto – tem ganhado terreno.

Se olharmos apenas para o segundo trimestre, 20,2% da população empregada esteve em teletrabalho. Em causa estão cerca de um milhão de trabalhadores. Destes, quase 403 mil fizeram-no regularmente mediante um sistema que concilia trabalho presencial e em casa.

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Aceleração da economia da Zona Euro adiada para o quarto trimestre

Esperanças de uma rápida recuperação da economia da zona euro no verão são prematuras, segundo os analistas, que identificam aumento dos riscos negativos em torno da atividade económica.

A economia da zona euro deverá manter um ritmo de crescimento tímido no terceiro trimestre deste ano, penalizada por uma indústria a perder gás em diversos países da moeda única. Após um crescimento de 0,3% no segundo trimestre na comparação face ao primeiro trimestre, os analistas apontam agora para um aumento dos riscos negativos nas previsões do Produto Interno Bruto (PIB) em países como a Alemanha.

“Os riscos negativos para muitas das nossas previsões de crescimento do PIB no terceiro trimestre estão a aumentar – especialmente para os 0,1% em termos trimestrais que esperamos para a Alemanha, mas em menor grau também para o resto da Zona Euro“, aponta Salomon Fiedler, economista do Berenberg.

Apesar da Zona Euro ter surpreendido no início do ano, com um crescimento ligeiramente acima do esperado (0,3% em cadeia nos dois primeiros trimestre e 0,6% e 0,5% em termos homólogos no segundo e primeiro trimestre, respetivamente), “as esperanças de uma rápida recuperação parecem prematuras“, considera Bert Colijn, economista sénior do ING.

Um olhar global para a economia da Zona Euro não é à primeira vista totalmente desencorajador. O índice composto de gestores de compras da Zona Euro (PMI, na sigla em inglês), que inclui indústria e serviços, publicado na quinta-feira, subiu para 51,2 em agosto, face a 50,2 em julho, acima do esperado pelos analistas, apontando para uma expansão económica.

Contudo, este aumento deve-se sobretudo à ajuda dos Jogos Olímpicos em Paris, que impulsionou o aumento da atividade em França, o que os analistas apontam como sendo temporário. “À primeira vista, isto parece uma surpresa agradável: a atividade na zona euro aumentou em agosto. Mas um olhar mais atento as números revela que os fundamentos subjacentes podem ser mais instáveis ​do que parecem”, destaca Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, na nota divulgada na quinta-feira.

O PMI francês registou em agosto o primeiro aumento desde abril, para 52,7 pontos, o maior nível em 17 meses, refletindo uma forte recuperação na atividade dos serviços. O PMI desta atividade subiu para 55 pontos em agosto face a 50,1 em julho, mas parte dessa recuperação “pode ser revertida nos próximos meses”, segundo Salomon Fiedler.

O economista destaca que os detalhes apontam para uma economia francesa “muito mais frágil“, como a produção industrial a cair ao ritmo mais rápido desde janeiro, com as encomendas às fábricas a caírem ao ritmo mais rápido em quatro anos e o emprego no setor privado a diminuir pela primeira vez desde janeiro. “Na verdade, para além da melhoria do índice principal, os dados do PMI de agosto destacaram a fragilidade em toda a economia francesa”, considera.

Os dados dos inquéritos recentes da zona euro “têm estado em linha com a desaceleração do crescimento e, fora o salto nos serviços franceses, o PMI” da Zona Euro “não dá muitas razões para pensar que esteja a ocorrer uma aceleração do crescimento“, considera Bert Colijn.

Os dados dos inquéritos recentes da zona euro “têm estado em linha com a desaceleração do crescimento e, fora o salto nos serviços franceses, o PMI” da zona euro “não dá muitas razões para pensar que esteja a ocorrer uma aceleração do crescimento”, considera Bert Colijn.

Os dados do PMI da Zona Euro apontam, assim, para duas realidades distintas. Ao contrário da aceleração nos serviços, a indústria está em contração, com as empresas a reduzirem novamente as compras de fatores de produção em agosto como resposta à fraqueza da procura. Com menos novas encomendas, os stocks de compras caíram, bem como os de produtos acabados.

Este quadro coincide “com uma diminuição da confiança relativamente às perspetivas futuras para a produção”, segundo a nota da S&P Global em parceria com o Hamburg Commercial Bank, que destaca que “o sentimento caiu para o nível mais baixo em 2024 até agora e ficou abaixo da média da série”, existindo uma redução generalizada do otimismo, com a confiança a cair na Alemanha, França e no resto dos países da moeda única.

Bert Colijn sublinha que relativamente “às expectativas de inflação, o PMI sinalizou um aumento nos preços de venda comunicados pelas empresas, mas também foi reportada uma queda contínua nos preços dos fatores de produção”.

“Isto significa que as pressões inflacionistas em curso estão a enfraquecer, o que é importante para o Banco Central Europeu (BCE), na medida em que define a política a médio prazo”, assinala. Com a reunião de setembro a aproximar-se, grande parte atenção está centrada nos dados mais recentes. O BCE anunciou que o aumento dos salários na zona euro foi de 3,55% no segundo trimestre, face ao período homólogo, o mais baixo desde o último trimestre de 2022, após a subida de 4,74% no primeiro trimestre.

O economista do ING considera que segundo os dados “há poucos motivos para que os falcões se oponham a um corte [das taxas de juro] em setembro”, até porque do lado das ‘pombas’ do BCE não há dúvidas. O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, salientou na sexta-feira passada que “a economia da zona euro não está a crescer” e que a reunião de setembro será “fácil“.

Alemanha em “apuros”

A recuperação prevista para a economia alemã no segundo semestre do ano ainda não começou a ganhar forma e os sinais não são promissores. “Havia boas razões para ter esperança – a inflação mais baixa e os salários mais altos pareciam a receita perfeita para o aumento do consumo”, destaca Cyrus de la Rubia.

Contudo, “parece que a incerteza em torno da política económica colocou um freio nos gastos dos consumidores”, enquanto a recuperação da produção global azedou antes que as empresas alemãs pudessem sentir o impulso. “Em vez disso, as probabilidades de um segundo trimestre consecutivo de crescimento negativo aumentaram”, antevê.

O PMI composto da Alemanha caiu para 48,5 pontos, o nível mais baixo em cinco meses, sinalizando assim uma contração, com a atividade empresarial a cair em agosto pelo segundo mês abaixo dos 50 pontos.

“O país provavelmente permanecerá quase estagnado até pelo menos ao inverno”, considera Salomon Fiedler, considerando que a economia alemã está “em apuros”. Neste sentido, alerta que “devido a graves problemas estruturais (escassez de trabalhadores qualificados, investimento insuficiente na capacidade produtiva, elevados custos de energia, tributação e regulamentação excessivas, etc.), o crescimento potencial do PIB é baixo na Alemanha”.

A nota do PMI deste país, divulgada pela S&P Global, realça que a produção industrial continuou a cair acentuadamente, embora a uma taxa ligeiramente mais lenta do que no mês anterior (índice de 42,9). Paralelamente, o crescimento da atividade empresarial do setor de serviços diminuiu pelo terceiro mês consecutivo para um ritmo modesto, o mais fraco desde março.

Cyrus de la Rubia realça que “as novas encomendas diminuíram mais acentuadamente do que no mês passado, principalmente devido a uma queda significativa na procura externa, sinalizando mais problemas pela frente“, pelo que considera que “não surpreende que as empresas estejam a aumentar os cortes de pessoal” e a reduzir os stocks de forma “ainda mais agressiva”.

Perante este quadro, as empresas expressaram menos otimismo em relação às perspetivas de crescimento no próximo ano.

Confiança dos consumidores cai em agosto

Em agosto, a confiança dos consumidores caiu ligeiramente na Zona Euro para -13,4 pontos (-0,4 pontos percentuais abaixo do mês anterior), situando-se abaixo da média de longo prazo, de acordo com os dados divulgados na quinta-feira pela União Europeia.

Por outro lado, manteve-se globalmente estável na União Europeia (-0,1 pontos percentuais em comparação com julho), situando-se em -12,3.

Já o indicador de sentimento económico manteve-se relativamente estável em junho, tanto na zona euro (0,1 pontos para 95,8), como na União Europeia (mais um ponto para 96,4), e o indicador de expetativas de emprego da Zona Euro caiu 1,8 pontos para 97,8 e da União Europeia 1,6 pontos para 98,7.

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#22 As férias de António Portela. “Oportunidade imensa” na rentrée

CEO da Bial leva três livros e quatro séries na bagagem para estas férias, contando “fazer um reset” para “voltar com as energias totalmente carregadas”.

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

Para António Portela, “fazer um ‘reset’ é fundamental para voltar com as energias totalmente carregadas”. Mas “sem a pressão do dia a dia”, o CEO da Bial vai aproveitar as férias para “refletir sobre os próximos grandes passos, seja a nível profissional, seja pessoal”. No regresso, o gestor já sabe que terá a cabeça ocupada com a revisão da legislação europeia da indústria farmacêutica e com a “oportunidade imensa” de captar uma fatia maior do investimento em I&D para o setor em Portugal.

Que livros, séries e podcasts vai levar na bagagem e porquê?

Levo o “Grande Livro do Adolescente” do Mário Cordeiro, “A Era da Incerteza” do Tobias Hürter” e o “Vaticanum” do José Rodrigues dos Santos. Nas séries, marquei o “Explained”, “Berlin”, “Live to 100: secrets of the blue zones” e “Gentlemen”. Nos podcasts apenas levo alguns episódios do “Top of Mind”, podcast da Bial dedicado a temas de saúde, que ainda não ouvi.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Procuro desligar totalmente. Estamos disponíveis para falarmos se for necessário, mas o objetivo é não nos incomodarmos neste período de férias. Quero aproveitar o tempo com a família e para descansar o mais possível. Fazer um “reset” é fundamental para voltar com as energias totalmente carregadas.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira pessoal?

Inevitavelmente é um momento de reflexão. Sem a pressão do dia a dia, permite-me também pensar em alguns temas mais a fundo e refletir sobre os próximos grandes passos, seja a nível profissional, seja pessoal.

Que temas vão marcar o seu setor na rentrée?

A revisão da legislação europeia da indústria farmacêutica, que está em discussão, é um dos grandes temas que temos em aberto. É necessário ainda trabalhar muito para termos uma solução que permita melhorar o acesso dos cidadãos europeus ao medicamento e que melhore de forma significativa a capacidade de inovação da Europa nos próximos anos.

A nível interno será importante continuar a trabalhar para desenvolver todo o potencial da área da saúde em Portugal. Temos formado excelentes profissionais, mas precisamos de apostar em projetos de inovação e atrair investimento para desenvolver projetos e parcerias de grande inovação. A indústria farmacêutica investe 44 mil milhões de euros todos os anos em I&D na Europa. Para Portugal vêm apenas cerca de 100 milhões de euros. Temos uma oportunidade imensa.

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PRR vai ter mecanismo para libertar verbas de projetos parados

Novo modelo de governação do PRR vai introduzir um mecanismo de descativação de verbas. Bazuca vai ter reforço de 62 pessoas concentradas numa nova brigada móvel.

O novo modelo de governação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), aprovado em Conselho de Ministros na semana passada, vai introduzir um mecanismo de descativação de verbas de projetos que estão parados, que permitirá levar a cabo uma operação de limpeza, à semelhança do que sempre foi feito nos quadros comunitários anteriores.

No Portugal 2020 ficou conhecida como bolsa de recuperação e consistia em cortar os fundos a projetos que estavam parados e atribuir os incentivos libertados a projetos já aprovados em overbooking. Esta prática de gestão, tradicional nos vários quadros comunitários, começou por ser anunciada a 16 de novembro de 2019, mas os promotores só deveriam começar a receber as notificações para explicar os atrasos dos seus projetos em março do ano seguinte. Contudo, a pandemia forçou a suspensão da iniciativa que acabou por ser retomada só em maio de 2022 para acelerar a execução dos programas operacionais regionais. Também ao nível do Compete, os últimos dados divulgados davam conta das sistemáticas anulações de operações.

A ideia do Executivo é introduzir agora um mecanismo de descativação de compromissos financeiros para projetos aprovados sem execução. Ou seja, decalcar para o PRR o que sempre se fez com os fundos estruturais e que tem como objetivo acelerar a execução dos fundos.

Esta aceleração, de acordo com o que foi decidido na última reunião da comissão interministerial do PRR, que reuniu a 22 de julho, passa também por decidir as candidaturas do PRR num prazo máximo de 50 dias e o fazer os pagamentos a 20 dias, tal como o ECO já avançou.

No plano de ação aprovado para impulsionar a execução do PRR ficou decidido encurtar os prazos no PRR face aos restantes fundos europeus. Assim, “as candidaturas não podem demorar mais de 50 dias a serem analisadas e os pagamentos [aos beneficiários finais] não podem exceder 20 dias”, disse, na altura, Manuel Castro Almeida ao ECO, sublinhando que esta é uma meta ainda mais ambiciosa face ao Portugal 2030 e que será possível de atingir graças à “inteligência artificial, que já vem a caminho” e “ao reforço das equipas da Recuperar Portugal”.

Um reforço que passa por 62 pessoas, mas que vão funcionar de uma forma “nada habitual”. Em causa está a criação de uma “brigada móvel” que irá trabalhar junto dos organismos intermédios – IHRU, IAPMEI, Aicep, Fundo Ambiental – que estiverem a necessitar de ajuda, em cada momento.

A ideia já tinha sido anunciada pelo ministro Adjunto e da Coesão no encontro anual do PRR: criar uma bolsa de técnicos a que será possível recorrer pontualmente nos momentos de trabalho acrescido para analisar candidaturas e pedidos de pagamento do PRR, mas também do Portugal 2030. Com recurso a universidades e politécnicos — uma solução já usada no passado –, mas oferecendo um “preço confortável e generoso” por esse trabalho. A escolha das instituições de ensino superior foi feita com base na qualidade dos recursos humanos alocados, e não no preço mais baixo, explicou Manuel Castro Almeida na altura e novamente no ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus.

Em termos de reforço de meios o decreto-lei aprovado, na sequência do deliberado pela Comissão Interministerial do PRR, que altera o modelo de governação do PRR, concretizando propostas integrantes do Plano de Ação aprovado, prevê aumentar os recursos humanos e a capacidade técnica da estrutura de missão Recuperar Portugal e reforçar os meios de fiscalização e mecanismos e controlo da correta aplicação dos fundos da bazuca europeia.

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